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30/01/2012

O Preconceito e a Intolerância Ignorante


Luiz Carlos Barata Cichetto



Em "1984", publicado em 1945, o escritor George Orwell mostra uma sociedade totalitária, dominada por uma "entidade" hamada Big Brother, onde o simples ato de pensar (o "crimidéia) era passível de penalidades severas. As palavras são reduzidas e propositalmente eliminadas a fim de diminuir a capacidade de pensamento e raciocínio das pessoas. 

O livro "Farenheit 451", Ray Bradbury, publicado poucos anos depois nos conta sobre a forma como um sistema totalitário usa bombeiros para queimar os livros e eliminar seus possuidores. Ao longo dos tempos a humanidade sempre conviveu, na ficção ou na realidade com governos totalitários que desejaram eliminar a capacidade de raciocínio lógico e abstrato das pessoas, o que afinal é o que teoricamente nos separa dos animais. Por trás desse infame desejo sempre o eterno desejo de dominação e poder. 

Livros como os citados acima, e ainda outros como “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, “A Revolução dos Bichos”, do mesmo Orwell, “Laranja Mecânica”, de Anthoy Burghess e outros tantos, nos contam sobre isso: estados totalitários que dominam a força, usando métodos truculentos para dominar. De uma forma geral, a tortura, o assassinato e o sequestro são as formas mais utilizadas pelos dominantes para impor seu desejo.

Na obra de Orwell, pessoas que eram pegas cometendo "crimideia" simplesmente tinham todas as referencias á sua pessoa eliminadas, o que fazia com que simplesmente elas nunca oficialmente tivessem existido. Já na de Bradbury, livros eram queimados e seus donos "desaparecidos". Sempre um estado totalitário, violento, truculento ao extremo. E durante muitos e muitos anos a realidade sempre foi dessa forma. A violência física.

As ditaduras, militares ou não, sempre impostas à bala, implantadas à força e à revelia da “maioria”, mataram, torturaram e sequestraram muita gente. E sempre o alvo maior eram os seres pensantes, os que liam e portanto, com base no conhecimento que gera a ação, as maiores vítimas. Falando bem de perto, a Ditadura Militar imposta no Brasil a partir de 1964, que se supõe (supõe, eu disse) terminada em 1984, matou, aleijou e sequestrou escritores, músicos, cientistas, atores, enfim uma classe de perigosos seres pensantes.

Mas a tortura, o sequestro e a morte deixam marcas, mancham de sangue e desgastam, e era preciso encontrar uma forma de dominar sem tal desgaste. Nos livros citados, sempre existia a figura da oposição, como o Winston, de 1984, ou Montag de Farenheit, que de inicialmente parte desse sistema, se rebelam contra ele. São os heróis dessas histórias... 

Mas a realidade não permite heróis e as armas que os dominantes descobriram são muito mais poderosas que espadas, porretes e "paus de arara". E não deixam marcas físicas. Grades de ferro, fechaduras, paredes, guardas armados, fardas, enfim são elementos que nos remetem diretamente ao conceito de prisão. O cerceamento da liberdade de locomoção, e o confinamento do espaço, a tortura física são elementos que não deixam duvidas sobre o que representam. Mas é uma forma desgastante e dispendiosa. E dispendiosa é a coisa que os donos do poder mais detestam. 

Eles estão pouco se lixando para ideologias políticas, poesia e arte... A não ser que possam ganhar com isso. Então, quais são as formas mais eficazes de dominação? A mais eficaz de todas é a ilusão. Mas não aquela ilusão das mágicas de circo, mas a ilusão da liberdade. Se o ser humano tiver a ilusão da liberdade fatalmente vai acreditar nisso e lutar por ela, mesmo que de fato saiba que realmente ela não existe de fato. Então criam formas ilusórias de liberdade e tornam assim desnecessárias as grades, as fardas e os guardas. E a tortura fica por conta do auto-flagelamento que cada um impõe a si mesmo para manter uma liberdade que ele acreditar ter.

B.F. Skinner é o autor de um livro que pode ser considerado de caminho inverso aos aqui citados no inicio, chamado "Walden II - Uma Sociedade do Futuro", que mostra uma sociedade perfeita, igualitária e humanista, que abomina qualquer tipo de competição, mesmo as esportivas, partindo da constatação de que é qualquer tipo de competição o que separa os seres humanos. Nesse livro, todos os conflitos foram resolvidos e as pessoas coabitam de forma pacifica, numa sociedade igualitária. Mas ele próprio é autor de um outro livro chamado "O Mito da Liberdade", onde coloca a questão que a Liberdade não existe de fato no mundo real, é ilusória ou transitória. Efêmera e mentirosa tal como um outro conceito, o da Felicidade. No máximo a Liberdade é um conceito pessoal e intransferível.

E foi baseado nesses conceitos efêmeros de Liberdade e Felicidade que os poderosos criaram o atual estado de dominação "limpa". Mas, sabendo que uma ilusão precisa de "fatos" para que se mantenha funcionando, deflagraram a parte dois. E no que consiste tal parte? Todos conhecem a máxima militar de que a melhor forma de destruir um exército poderoso é "de dentro pra fora", ou seja, plantar dentro dele a discórdia, a ambição e a vaidade tornando-o assim frágil e "quebradiço". É o "dividir para conquistar". Muitos grandes "conquistadores", historicamente se valeram disso e obtiveram sucesso. Ao menos temporariamente.

E de que forma os conquistadores modernos usam tal estratégia, aprendida com as táticas militares e apreendida por profissionais de marketing? Separando, criando rótulos e divisões, acirrando ânimos baseados em cor de pele, preferência política e cultural, entre os dominados. Assim, enquanto preocupados e ocupados com disputas entre si, por questões como essas, são presas fáceis da manipulação. Acham mesmo que os dominantes estão interessados se somos brancos, pretos, beges, roxos ou cinzas? Se somos comunistas, católicos, protestantes ou palmeirenses? Acham que estão preocupados se gostamos de Rock ou de Pagode? Se nos matamos com drogas, legais ou ilegais? Acham que se preocupam se apodrecemos nossos pulmões com cigarros ou os fígados com bebida? Claro que não! O que importa é que não tenhamos um pensamento uníssono e igualitário, que nunca estejamos unidos e assim longe, muito longe de suas gargantas e olhos. 

Então, o "Politicamente Correto" e a "Sustentabilidade", são as peças do jogo da moda. E os mesmos que criaram o preconceito, que entulharam de lixo o planeta, querem nos fazer acreditar, que somos nós e não eles os culpados. Acirram o ódio entre nós em função de cor de pele, opção sexual, cor dos olhos e qualquer fator físico ou psicológico que nos diferenciam e depois colhem os lucros. Nos instigam a reagir brutalmente contra até mesmo uma ingênua piada que tenha conteúdo que envolva qualquer um desses elementos, nos fazem sentir culpados por hábitos e costumes que eles mesmos criaram. E assim nos afastam uns dos outros, nos separam e nos aniquilam. Nos dividem em cidades, paises, continentes, e assim nos separam do Universo. Nos separam por cor, credo, ideologia, gosto e assim nos separam da essência verdadeira. 

E nesta história não existem heróis que de dentro se rebelam. E nessa história não há a recompensa pelo sangue, porque não há sangue derramado, apenas a consciência humana que escorre pelos ralos e se perde em meio à merda. Não nos querem mortos, aleijados e torturados, nos querem bem vivos para que trabalhemos e consumamos tudo aquele que querem para manter seu poder e enriquecer ainda mais.

Eles nos apequenam para sua pequenez pareça grande, nos subjugam para que deles necessitemos sempre mais. E nos fazem sentir uma liberdade falsa que nunca teremos. E pense que as leis, as regras e todas as formas de escravidão verdadeira foram e são feitas para que todos nós, independente da cor da pele ou do cabelo sejamos escravos. E que dominadores não são negros, nem arianos, nem amarelos... Apenas dominadores!  Só é livre aquele que é senhor de si!

Ademais e finalmente, não pertenço a nenhuma raça, a não ser a humana; não tenho nenhum credo, a não ser na Humanidade; e minha ideologia é a anarquia da anarquia. 

E infelizmente estamos num mundo em que ter idéias é perigoso, além de não ter valor algum... E eu sofro, como muitos (nem tantos...) com o maior de todos os preconceitos... O da intolerância ignorante!