O CONTEÚDO DESTE BLOG É ESPELHADO DO BLOG BARATA CICHETTO. O CONTEÚDO FOI RESTAURADO EM 01/09/2019, SENDO PERDIDAS TODAS AS VISUALIZAÇÕES DESDE 2011.
Plágio é Crime: Todos os Textos Publicados, Exceto Quando Indicados, São de Autoria de Luiz Carlos Cichetto, e Têm Direitos Autorais Registrados no E.D.A. (Escritório de Direitos Autorais) - Reprodução Proibida!


Mostrando postagens com marcador Eliton Tomasi. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Eliton Tomasi. Mostrar todas as postagens

15/12/2018

"Olhos Vermelhos", ou " I Only Smile Behind The Mirror"

"Olhos Vermelhos", ou " I Only Smile Behind The Mirror"



Rock com violão nunca deu uma boa química! Certo? Isso foi o que sempre acreditei, sempre defendi e sempre... Ah, certo, sempre foi assim. Todas as bandas que tentaram colocar esse instrumento dentro de uma formação de Rock, tiveram resultados entre desastroso e dispensável. A sonoridade do violão, mesmo que eletrificado sempre ficava encoberta, tímida. Pois é. Sempre foi assim. Até final de 2018. Precisamente até o dia 13 de Dezembro, quando foi lançado o disco "Olhos Vermelhos" da banda de Death/Thrash Metal "Psychotic Eyes". Mas, dirão aqueles que adoram rótulos e bandeiras: "Não é Rock, é Metal, porra!" E eu direi: "Quem gosta de rótulo é vidro de maionese". 

A história de "Olhos Vermelhos" começou, ao menos para mim, há cerca de sete anos. Em 2011 eu tinha uma webradio, a "KFK Webradio", e um programa semanal onde, entre músicas e poesias declamadas, fazia entrevistas com integrantes de bandas. Tinha feito várias, inclusive algumas que tinham sido indicadas por Eliton Tomasi, ex-editor da revista "Valhalla" e que passara a prestar serviços de Press Release e Gerenciamento de Carreira a bandas. Eliton me sugeriu que fizesse com a banda Psychotic Eyes, uma banda de Metal Extremo... "Hummm, pensei, eu nem gosto dessa barulheira, esses caras gritam demais, parecem cachorros roucos latindo. E esse som, com uma bateria que parece maquina de costura... Sei não..." Mas, decidi dar uma chance. Marquei com o vocalista e guitarrista Dimitri Brandi e no dia e hora marcadas começamos a conversar e a gravar, ainda por Skype... Um tanto arredio no começo, mas cerca de dez minutos de conversa depois, percebendo o alto nível intelectual do meu interlocutor me rendi. O golpe de misericórdia no meu preconceito com o estilo veio quando ele me disse que a letra de "The Humachine", faixa do então recém lançado disco "I Only Behind The Mask", tinha sido inspirada num livro que eu já tinha lido e cujo autor era muito familiar. O livro era "O Diabólico Cérebro Eletrônico", do escritor americano David Gerrold, que entre outras coisas, fora um dos roteiristas da série "Jornada nas Estrelas". A entrevista era para ser de uma hora, dentro de um programa com duração de duas, mas acabou ficando com quase três, e foi ao ar integralmente. E no final, aquela sensação de que éramos amigos de infância. 

Um detalhe, no entanto, foi marcante naquela entrevista, e reputo como essencial nesse histórico que nos carrega até "Olhos Vermelhos": eu sempre torci o nariz (seria outro e meus preconceitos?) a bandas brasileiras cantando em inglês, e sempre que entrevistava alguma soltava a pergunta: "Por que compor e cantar em inglês, não em nosso querido português?" As respostas eram sempre evasivas e sempre me cheiravam como desculpa. E Dimitri me soltou um sonoro "Não sei! Sempre fiz assim". Honestidade é sempre algo bom, né?! Tempos depois, o compositor da Psychotic Eyes me confessaria que ficara matutando sobre meu questionamento durante muito tempo, e que aquela semente estaria germinando.

Bem, a partir dessa entrevista, a relação entre este escriba, metido a agitador, que tinha também criado uma "Editora" artesanal, por onde lançava seus livros, e o vocalista e guitarrista da Psychotic Eyes, que seguia seu caminho de banda de Death Metal se intensificou. Dimitri se encantou com um poema em um dos livros que eu tinha lançado, e que tinha o título de "Guernica", e me pediu para musicar e incluir no repertório da banda, o que, claro, me deixou muito orgulhoso, mas a ideia acabou não se concretizando, pois, tempos depois a banda perdia um de seus integrantes, o baterista Alexandre Tamarossi, o que ocasionaria uma parada.

Em meados de 2013, eu tinha escrito um poema falando sobre psicoses e na hora de colocar o título me veio "Olhos Psicóticos". Claro que daí a traduzir isso para o inglês, associando ao nome da banda foi um passo natural. Naquele ano eu lancei meu livro "O Poeta e Seus Espelhos", que tinha a contracapa da artista gaúcha Nua Estrela, que futuramente seria a autora da arte de capa de "olhos Vermelhos", e onde constava o tal poema. O lançamento teve a presença de Dimitri Brandi, que quando o leu o tal poema se apaixonou e disse que gostaria de musicar. "É claro!" 

Barata Com Psychotic Eyes, Lendo o poema "Olhos Vermelhos", 27/9/2014
Foto Leandro Almeida
Cerca de um ano depois, em 2014, quando, após mais de dez anos sem organizar festivais de Rock, e agora à frente de uma revista, a "Gatos & Alfaces" que lançava uma coletânea em CD, decidi criar um evento que, como sempre fora o mote, reuniria Rock com Poesia. "Rock In Poetry". O primeiro contato que fiz para escolher as bandas participantes foi, claro, com Dimitri. Numa conversa pelo Messenger, ele agradeceu, mas disse que a banda estava sem baterista e tal. E o que se seguiu foi justamente o embrião de um "ser" que demorou, entre a gestação e trabalho de parto durou quatro anos para vir ao mundo: "Olhos Vermelhos". 

De uma brincadeira de "Então faz um show de Death Metal acústico...", acompanhado dos indefectíveis "kkkks", a uma apresentação no tal festival, onde a apresentação foi "limitada" a uma leitura feita por mim do poema, acompanhado por Dimitri e Douglas, originalmente baixista da banda, nos violões, passando por uma série de dificuldades em se fazer "caber" na estrutura do "Death Metal" um par de violões acompanhando o estilo vocal gutural inerente ao gênero, para ficar só nos problemas mais "simples", chega-se ao momento em que um novo estilo musical foi criado.

Quando da apresentação da Psychotic Eyes no "Rock In Poetry", já inúmeros sites da Europa noticiaram e saudaram, reconhecendo que, sim, ali havia algo de pioneiro no mundo. Ninguém tinha feio nada igual. E, com efeito, as quatro faixas de "Olhos Vermelhos", não tenho a menor dúvida, entrarão para a história do Rock (Certo, senhor chato: entrarão para a história do Metal), como o marco inicial de um novo estilo musical. Da mesma forma que "Rock Around The Clock", "Johnny B. Good" e "Born To Wild" - esta referenciada como precursora do "Metal". Claro que todas essas citações são conjecturais e sem consenso, mas servem neste texto apenas como referencias didáticas e de contexto. Eu só não consigo pensar que rótulo colocar nesse estilo novo de música que a Psychotic Eyes está lançando, inaugurando, criando: deixo isso à turma do vidro de maionese, e aos críticos de música, que os adoram.

A audição de "Olhos Vermelhos" é algo que vai do deliciosamente surpreendente, ao surpreendentemente delicioso. Não tem como ser diferente. Demonstrando toda a destreza e deixando claro suas influencias, Dimitri e Douglas, os dois instrumentistas, esbanjam técnica precisa e emoção. A conversa do violão com vocal gutural, coisa que com certeza não agradará aos mais xiitas fãs do gênero soa de forma tão clara que parece que foram feitos um para o outro. Claro que aos ouvidos não acostumados, tanto do lado dos "metaleros", quanto dos puristas da musica popular brasileira, essa conversa vai parecer herética. E até os menos radicais, em primeira mão devem estranhar, e não creio que realmente seja tão fácil compreender uma mistura que parece tão "alienígena". 

Mas é aí que está a "graça", ou seja, é aí que se encontra toda a genialidade desse trabalho, que, se feita justiça histórica, será reconhecido pelas próximas gerações como o agente deflagrador, talvez de um novo "movimento" cultural musical. Não estou bem certo se sequer a própria banda tem a noção exata do que está criando, embora, pelo nível intelectual que reconheço no vocalista Dimitri creio que sim. Podem até não estarem, proposital e intencionalmente criando algo com intuito de ser um, digamos, divisor de águas, e, pelo atual contexto do Rock (tá certo, do Metal) no mundo, pode ser que nada disso aconteça, mas se não acontecer será não por termos em "Olhos Vermelhos" algo menos que genial, será por fatores de importância menor, mas que por vezes interferem no curso natural que as coisas pioneiras, perfeitas, mas fora do padrão, deveriam seguir, que é o de ter um lugar na história. 

Falando um pouco sobre as quatro faixas de "Olhos Vermelhos".
1 - "Olhos Vermelhos": Logo nos primeiros acordes, a dupla de violonistas deixa bem claras suas influências musicais. A introdução, bem ao estilo "Chico Buarque", de quem Dimitri se confessa altamente influenciado, já nos primeiros momentos chega até a lembrar a introdução de "Geni e o Zepelim", mas logo se percebe outras belas influências, como Paco de Luccia, genial guitarrista espanhol de flamenco falecido em 2014. Entre os "diálogos" entre o tom suave do violão e o vocal "rude" alternando-se com momentos em que se tem a impressão que as cordas irão estourar pela "violência" com que são tocadas em contraponto ao tom mais "sutil" da voz, há trechos em que a letra é apenas declamada. No final, algo que, no primeiro momento que escutei a musica meses antes, me causou uma surpresa extremante emocionante e agradável: o poema "original" terminava com "... olhos psicóticos que a mim renegam." Dimitri, acrescentou uma estrofe que tornou o texto algo muito mais emocionante, dramático, ao cantar:"... Olhos psicóticos... não mais enxergam".
2 - "Dying Grief", tanto quanto as três músicas seguintes já tinham sido gravadas pela banda em discos anteriores. Dying Grief originalmente saiu no "I Only Smile Behind The Mask", e a letra fala sobre a dor da separação pela morte de um ente amado, e a dureza aparente do vocal parece mais um grito de dor, de lamento pela perda. Até que num determinado momento, o violão toma a si a interlocução, como se fosse uma palavra de conforto de um amigo. A voz retoma, dura e desesperada, e a musica até o final, prossegue nesse tom, encerrando com a pergunta que todos os seres humanos fazem em momentos assim: "Why is it so deep? / How long this pain will last? / This dying grief / how long will hurt me?" (Por que isso é tão profundo? / Quanto tempo essa dor vai durar? / Essa dor agonizante / quanto tempo vai me machucar?") 
3 - "Hand Of Fate" fazia parte do primeiro disco, autointitulado da banda lançado em 2002, onde tinha uma introdução bem suave, que poderia prenunciar uma balada. Mas apenas a introdução, já que depois a musica seguia os passos do estilo, com velocidade e força. Em "Olhos Vermelhos" é a faixa com a levada mais "lenta" das quatro, e também sua letra fale sobre perdas. Se em "Dying Grief", era uma perda "física", ou seja, de um ser amado, no caso um pai, em "Hand Of Fate" essas perdas se multiplicam, e vão da perda da fé religiosa a da capacidade de sonhar e da esperança, e por fim a mais cruel de todas, que é a perda total da fé na humanidade. Os versos finais: "Just feel the signs / Don't run / If you're scared." (Apenas sinta os sinais, não corra se estiver com medo). Seria isso "a mão do destino"?
4 - "Life" , outra faixa presente em "I Only Smile Behind The Mask" de 2011, a que fecha "Olhos Vermelhos" começa com uma pegada bem lenta, mas vai tomando rumos rítmicos bem diferentes, por horas lembrando flamenco, em outras "Django" Reinhardt, violonista belga de ascendência cigana  que viveu na primeira metade do século XX. Quanto à letra, é outra que também fala em perda, e desta feita, mais especificamente perdas amorosas, e tem um trecho poético simplesmente emocionante: "forgive the memories of our little death" ("perdoe as memórias da nossa pequena morte").

(Neste ponto, fui obrigado a parar, após analisar o conteúdo das letras de "Olhos Vermelhos". Meu primeiro pensamento, foi a conclusão de que três das quatro versavam sobre um único tema "perda", sob suas mais diversas formas, e fiquei imaginando se isso foi algo proposital na escolha das musicas que comporiam as faixas. É certo que no gênero em que a banda é classificada, o Death Metal, as letras possuem temas relacionados com a morte, que afinal seria a perda maior de um ser humano, mas não creio que, até pelo fato de que a Psyhotic Eyes não prima pela rigidez qualificativa, seja esse o motivo. Depois de tentar, e desistir de entender isso, pensei que a exceção a esse mote seria exatamente meu poema, a base da letra da faixa título, estaria fora disso, já que ali eu falo sobre... Falo sobre outra coisa... Ah é?! Não... Até esse exato momento, nunca pensei sobre meu poema como se estivesse falando de perda, mas afinal percebo que de todas as formas de perda que são cantadas nesse disco, falava eu sem sequer perceber, sobre a pior de todas as perdas que se pode, de fato suportar, que é a perda de si próprio, ao se renegar e não enxergando a própria face no espelho.)

Por fim, estamos num tempo de extremismos, de intolerância e falta de perspectivas até mesmo sobre nossa própria continuidade como espécie. Um tempo em que parece que nada mais, importa ou interessa à humanidade, incluindo aí as artes. E em tempos como esses, em que tudo se esvai com rapidez, em que tudo acaba tão rápido como começou, em que parece que nada pode impedir o fim, artistas com capacidade e coragem de criar algo que possa ser considerado novo, sem com isso renegar ou sonegar todas as experiências vividas por si ou por outros, podem ser de importância fundamental, como é o caso do que foi criado por Dimitri Brandi e Douglas Gatuso em "Olhos Vermelhos". Pode ser pouco para muitos, mas é muito para poucos. Aos menos aos poucos que ainda não perderam a capacidade humana, demasiadamente humana, em transformar o caos em uma estrela radiante, quebrando o espelho e olhando para dentro de si próprios, pois é ali, e em nenhum outro lugar, onde brilha essa estrela.
Barata Com Psychotic Eyes, Lendo o poema "Olhos Vermelhos", 27/9/2014
Foto Rhadas Camponato

Encerrando essa despretensiosa resenha sobre "Olhos Vermelhos", que não foi escrita por um crítico especializado, por nenhum jornalista formado, e por nenhum fã exaltado do mais puro Metal, mas por um escritor, que tem no Rock (no Metal também, viu, carimbador maluco!) e na Poesia, as maiores paixões da vida, e que sente um orgulho monstro em fazer parte, através da letra de uma das canções, desse lançamento histórico - e quando uso essa palavra é no contexto correto, uma informação técnica e uma curiosidade: o disco está disponível apenas para download, não existindo forma física, e pode ser, a exemplo de seu antecessor, pelo "Bandcamp" por qualquer valor que o ouvinte queira pagar, desde zero. E como curiosidade, o fato de que tinha outro poema de minha autoria que seria incluído no disco "Memento Mori", que foi inclusive anunciado anteriormente, mas como, segundo Dimitri as gravações não ficaram de acordo com o padrão desejado, acabou ficando para oportunidades futuras.

Barata Cichetto, Araraquara, 15/12/2018, dois dias após o lançamento oficial de "Olhos Vermelhos".

---
- Links - 
Nota da Som do Darma Sobre "Olhos Vermelhos": https://www.facebook.com/notes/psychotic-eyes/olhos-vermelhos-o-primeiro-disco-ac%C3%BAstico-de-death-metal-da-hist%C3%B3ria-%C3%A9-lan%C3%A7ado-n/2180531408626414/
Baixar o CD: https://psychoticeyes.bandcamp.com/
Lyric Video de "Olhos Vermelhos"
Matérias Sobre Psychotic Eyes no Blog Rock In Poetry: https://baratacichetto.blogspot.com/search?q=Psychotic+Eyes
Video da Entrevista da Psychotic Eyes, para o programa Partitura, da TV Local de Sorocaba, com minha participação: https://www.youtube.com/watch?v=25RoRzq8Rw4


- - Faixas -
1 - "Olhos Vermelhos"
2 - "Dying Grief"
3 - " Hand Of Fate"
4 -  "Life"

- Músicos -
Dimitri Brandi - Violão e Voz
Douglas Gatuso - Violão e Voz

- Informações Técnicas -
Gravado, mixado e masterizado no estúdio HBC Records em Guarulhos/SP por Humberto Belozupko.
Capa: Nua Estrela

---

- Letras - 

Psychotic Eyes
(Olhos Vermelhos)
(Barata Cichetto / Psychotic Eyes)

Olhos, olhos... Procuro pelos meus olhos no espelho
E os encontro sem brilho, encharcados de vermelho
Aos meus olhos encontro, mas nunca em meu rosto
E parece que até o olhar têm medo do meu desgosto.

Olhos, olhos... E dentro de meu olhar busco a mim
Mas apenas a ausência encontro a buscar tal fim
E até meus olhos, que fogem do meu olhar insano
Sabem que dentro de mim existe algo desumano.

Ah, meus olhos! Onde anda seu antigo resplendor
Exibindo o brilho das flores em todo seu esplendor?
Agora os enxergo opacos, solitários e embaçados
O olhar dos loucos, dos poetas e dos desgraçados.

Ah, olhos meus...  Tremo perante os olhares do terror
Mas ao olhar em meus olhos encontro apenas horror
E entendo que são somente eles que me enxergam
Apenas meus olhos psicóticos que a mim renegam.

---

Dying Grief
(Psychotic Eyes)

By my side
Your demise
Speak to me
(is it a fantasy?)
before we come apart

Hear my voice
I'm by your side
Speak to me
before the dying grief
comes to break my heart

I wondered what would happen
and thought I could foresee
But nothing could prepare me
to face this pain and its reality

I remember every moment
we shared in the past
the words I hadn't said
Did I fail to try my best?

I remember how
we shared our life
Speak to me
(it's not a fantasy!)
just one more time.

Hear my weep
the tears I cry
Cry with me
Share this dying grief
the end of your life

Why is it so deep?
How long this pain will last?
This dying grief
how long will hurt me?

Oh
it hurts so much

Dear father I have more words to say
But it's time to let you pass away
Oh my brother, we'll share this day
But now I have no words to say
Dear mother I'll let you sleep
Tomorrow we could share the pain
Oh myself, would I heal someday?

I remember how
we shared our life
Speak to me
just one more time.

Hear my weep
the tears I cry
Cry with me
before the end of life

Why is it so deep?
How long this pain will last?
This dying grief
how long will hurt me?

---

The Hand Of Fate
(Psychotic Eyes)

I'm living in demise
Forever and ever
In all my memories
We're back together
I'm priest no more
Listen what i said
I don't need any sign
I lost my faith

There is no god

Staying at my house
Surrounded by death
Waiting the world
To be attacked
In visions
I saw nightmares
Come true
Beneath all mankind
What can i do?

No hope
No war

Just trying
To live together
Until
The signs come true
No war
Against your faith
Your signs
Never betrayed

Waiting in my house
To be attacked
Staying in a world
Covered by death
A vision i see
Nighmare came true
Memories of signs
What should i do?

Don't drink the water
Don't breath the air
Just feel the signs
Don't run
If you're scared.

-----

Life
(Psychotic Eyes)

I felt asleep, remembering a taste in mouth
my neck felt a thrill, impulsed by memories of your breath
The window is closed, the wind is carrying a leaf
but only in my dreams my life can yet be yours

My life without you
This life cannot be true

Writing a letter witch words could be sing
listening a calling, a distant voice, strangely yours
mistreating my feelings retracing a picture that looks like you
turning my back, facing a face that can be yours

My life without you
This life cannot be true

Remembering a life that only made sense when we were one
recovering a life that only make sad by not having anymore
retracing the walk that only fake memories have placed before
a word I think no more, a word swallowed to never be yours


the word "love"
had ever been ours
the word "love"

My life without you
This life cannot be true

Used brushes and many canvas painting your face
a pen seizing a line, choosing rhymes that could be sing
the feelings are dead, did they have been yours?
looking for a melody playing the same chords

since our love has gone
tears ceased to wet the floor
since you are gone

I felt asleep, remembering a kiss, a taste in mouth
The window is closed, the wind never cease to speak
my neck felt a thrill, forgive the memories of our little death
but only in my dreams our life remained one 'till now.

---------------

02/08/2012

Imagery - Chocolate Com Pimenta


Imagery - Chocolate Com Pimenta
Imagery – The Inner Jouney - 2012
Luiz Carlos "Barata" Cichetto

O Eliton Tomasi é um sujeito de sorte. E por eu ser ateu e não acreditar nessas coisas, definiria "sorte" por algo que advém de uma série de fatores, como competência e oportunidade, entre outros. Depois de encabeçar uma das mais importantes revistas sobre Rock, a Valhalla, o "sortudo" do Eliton montou a Som do Darma e começou a trabalhar com agenciamento e gerenciamento de bandas. E sua maior "sorte": conta apenas com bandas de uma qualidade impressionantemente alta. Como é o caso da Imagery.

Formada em Londrina, Paraná, em 2008, a partir de duas outras bandas de muita expressão na cidade, a G.A.F. e a Revoult, a Imagery sempre buscou na dualidade a base da massa para seu bolo sonoro. Os ingredientes principais dessa massa: Progressivo e Metal. Uma mistura que poderia fazer com que pessoas de paladar pouco acostumado a misturas, digamos exóticas, torcerem o nariz. Mas os integrantes da banda souberam, e muito, fazer dessa massa algo que agrada em cheio aos mais exigentes e refinados paladares. Em principio, poderíamos pensar que os ingredientes que esses cozinheiros separaram poderiam não dar liga, que seria o mesmo que colocar pimenta em chocolate. E é isso que é: chocolate com pimenta. O chocolate do progressivo com a pimenta do metal. E quem já experimentou sabe o quanto é maravilhoso o resultado.

Mas não apenas de chocolate e pimenta é a massa desse bolo delicioso que é o primeiro CD que tem por título: "The Inner Journey", (A Viagem Interior, em tradução literal), lançado em 2012. De pronto, encanta, com a abertura da primeira faixa, com o teclado de Henrique Loureiro, clássico do Progressivo. E ao longo dos quase cinco minutos dessa faixa instrumental, desfilam todas as influências e tendências da banda, com passagens indo do Jazz a sua prima pobre, a Bossa Nova e aos "riffs" bluseiros, roqueiros e metaleiros da guitarra tocada por Joceir Bertoni.

E a segunda faixa que emenda diretamente, mostra que o guitarrista, que é também o cantor da Imagery, tem um vocal bastante seguro e firme. A musica começa mais pesada, mas logo deixa que o ritmo caia, criando uma atmosfera "Fusion" deliciosa. E assim é a faixa que é também o nome da banda "Imagery". Aliás, eu deixei para falar sobre o nome da banda agora, justamente nessa faixa: "Imagery", significa: imaginário, figura de retórica... Daquelas palavras que se formos traduzir, tem um sentido legal, não uma boa sonoridade em português. Em outras palavras, uma banda com o nome de Imaginário não soaria tão forte.. Embora "Som Imaginário", nome de uma antiga banda mineira que tinha músicos talentosíssimos como Wagner Tiso, Tavito, Robertinho Silva e Zé Rodrix, possa ter sido influência ao Imagery. Mas isso é apenas especulação minha, pois em se tratando de influências, a Imagery sofreu decerto as melhores em todas as áreas da música contemporânea, particularmente das vertentes do Blues e do Jazz, que deflagraram no que hoje conhecemos como Rock. 

A terceira música "Perception" poderia ser alçada ao patamar de legenda do rótulo "Progmetal", ao iniciar totalmente "progueira", com pitadas de “Funk” e de ritmos brasileiros, mas depois engatando uma marcha mais pesada. E ai o vocal de Joceir dá o tratamento Hard-Metal necessário. A musica sofre diversas "desconstruções", indo ali, acolá e alhures, sem perder a liga. Uma música que precisa ser escutada várias vezes para que percebamos suas temperanças e nuances musicais. 

"Start The War", a faixa seguinte tem uma característica clara, de ser uma musica mais tradicional no estilo Hard Rock... Mas isso até a metade, quando sofre uma guinada de volta á base Progressiva e depois retorna. Uma faixa para aqueles mais tradicionalistas escutarem sem receio. Do mesmo jeito que "The Rain", que mantém o estilo pesado com um vocal que lembra em certos momentos algo de “Grunge”. A quinta faixa da jornada interior do Imagery, “The Rain”, ainda segue pelo mesmo caminho, com desconstruções e quebras de ritmo que são no mínimo fascinantes e instigantes, mas sempre mantendo o som pesado como ingrediente principal.

Mas, depois dessas três poderíamos imaginar estarmos, enfim, diante de um estilo marcado, próprio da banda, uma sequencia de músicas com a mesma levada, a mesma mistura de quase sempre os mesmos ingredientes. Mas, como parece que nessa banda nada é previsível e corriqueiro, a sexta musica, a introspectiva "Show Me", começa com um violão dedilhado, numa balada singela, com um vocal emocionante. E o que é necessário para relaxar, fechar os olhos e sentir.

"Stranger", a faixa de numero 7 do disco é, na minha opinião, o mais puro Hard Rock Setentista, com os melhores e mais precisos "riffs" do gênero, sem entratanto parecer "out to date". Pesada e competente, preparando para o final, que é, digamos, a cereja do bolo do disco, "Last".

Propositalmente ou não, parece que banda paranaense compôs e tocou a última faixa do disco com a intenção de ser uma espécie de "amostra grátis" da banda. Tipo "Quer saber qual é o gosto da banda? É assim! Prove essa faixa!", pois ela mostra todas facetas e sabores que o Imagery colocou na sua receita musical, reunindo numa única musica todo o arsenal dos músicos. Ou melhor, não o arsenal, mas abrindo todo o seu armário de ingredientes que compõem esse delicioso bolo chamado "The Inner Journey" da banda Imagery. 

Meu único senão na degustação de “The Inner Journey”, é com relação a um ingrediente que me agrada demais em qualquer bolo sonoro e que não  senti tão presente no disco: o baixo. Achei que na maior parte das músicas ele ficou um pouco escondido demais. E gosto de sentir o sabor dele se destacando em relação aos demais. Acho que dá uma encorpada em qualquer massa sonora.

E quanto ao "sortudo" do Eliton Tomasi, que soube pegar esse bolo e, juntamente com esses cozinheiros sensíveis e competentes, nos apresentar uma das melhores obras atuais da cozinha - ops! - musica brasileira.

Bon appétit! Enjoy Imagery!

Faixas:
1- Fourth Secret
2- Imagery
3- Perception
4- Start The War
5- The Rain
6- Show Me
7- Stranger
8- Last
Músicos:
Joceir Bertoni (Vocal/Guitarra)
Ricardo Fanucchi (Baixo)
Bruno Pamplona (Bateria/Vocal)
Henrique Loureiro (Teclado)

Discografia:
The Inner Journey (2012)

Internet:
www.imageryprog.com.br
www.facebook.com/imageryprog
www.youtube.com/imageryprog
www.twitter.com/imageryprog
www.myspace.com/imageryprog


19/04/2012

Resenha de CD Slippery - First Blow 2012

Resenha de CD
Slippery - First Blow
2012

Que ninguém espere algo diferente, inusitado e com a pretensão de recriar o Rock no primeiro CD da banda de Campinas Slipppery. Assumidamente, a proposta a banda é de apenas divertir-se e fazer o ouvinte se divertir com melodias simples que recriam a sonoridade clássica que marcou os anos 80, o Hard/Heavy Rock, com aqueles coros melosos, riffs simples e uma bateria marcando sem grandes pretensões acrobáticas.

Em meu modo de enxergar, o que melhor retrata essa sonoridade oitentista, tida por muitos como a "Era do Ouro" no Rock e por outros como o principio do fim, é justamente a produção esmerada às quais as bandas passaram a ter. E embora cheire um tanto pasteurizadas, invariavelmente as produções do período tem caprichadas produções. Acredito que isso seja fruto de uma maturidade tanto de músicos quanto de técnicos e produtores, que depois de ralar com a falta de aparato técnico, passaram a ter acesso a uma tecnologia que lhes proporcionou um grau de profissionalismo muito maior que as produções "toscas" das décadas anteriores. Era a á decada da acomodação e o Rock chegou a um ponto de fusão... Não tinha o que ser criado, pois todas as misturas e até mesmo as purezas já tinham sido tentadas e o caminho então foi o de retraçar as linhas que tinham sido traçadas anteriormente, polindo-as quando necessário.

E é dentro desse espírito e cumprindo o que promete, que a Slippery desfila canções simples, com sonoridade simples. Mas simples nunca foi sinônimo de ruim, e o trabalho está longe de ser ruim. É simples porque é bom e é bom porque é simples... E a  simplicidade é um caminho que muitos artistas procuram, e é um caminho tão importante quanto qualquer outro. Aliás, ouso falar que, em uma sociedade tão complicada, tão cheia de tecnologia gelada e pessoas idem, a simplicidade chega a ser revolucionária. E seria assim que eu definiria "First Blow": simplicidade revolucionária. O maior exemplo disso é a faixa "Out Of The Light", que a mim lembrou muito Rainbow em sua fase final, e que reúne todos os elementos para criar uma musica de extremo bom gosto, sem ser chata ou cansativa. Para mim, essa musica é o destaque do CD.

Explicitamente e assumidamente calcado em bandas que fizeram escola, como Def Leppard, Mötley Crüe, Bon Jovi e outras, a Slippery desfila em 10 faixas de extrema competência técnica, com músicos tocando um Rock básico dotado de solos curtos e tecnicamente ótimos, enfilerando todos os clichês do gênero, sem no entanto parecer uma cópía de alguma das bandas citadas. Em termos de letras, segundo a própria banda, eles fogem dos temas mais batidos do Rock como noitadas, mulheres, bebedeiras e encrencas com a polícia, procurando colocar "mensagens positivas, histórias de amor e algumas que retratam o próprio universo da banda."

Follow Your Dreams, Slippery, Two Young Hearts, No Time To Sorrow, Another Chance, Run For Reaction, The First Blow, Sons Of Freedom (Wild At Heart), Out Of The Light, What I Need, são as faixas desse trabalho de estréia da banda campineira, sendo que algumas delas já estavam presentes no EP Follow Your Dreams lançado em 2007, e reunia cinco faixas, tendo sido elogiado pela imprensa especializada, tanto do Brasil como na Europa e Japão. Aliás, essa é uma marca forte das bandas brasileiras que tocam Metal ou Hard Rock em inglês: são sempre muito recebidas na Europa e Japão.

Enfim, First Blow da banda Slippery é um CD que merece ser colocado na estante e tocado sempre que se procurar por algo moderno mas com sonoridade oitentista. Muito bem cuidado e pensado nos menores detalhes para soar como uma banda dessa época, como arte da capa mostrando a bunda de uma metaleira com apetrechos típicos e segurando uma dinamite, imagem típica de lançamento de bandas como Scorpions e as citadas. Pode ser simples e sem pretensão, mas é um trabalho de grande apuro técnico, feito por músicos de grande profissionalismo e técnicos idem.

O destaque final para além dos músicos que compõem o "line up" original,é a participação dos tecladistas Leandro Cipola e do grande musico e poeta Marcelo Diniz.  A produção competentíssima de Atila Ardanuy, conhecido pelos seus trabalhos com o Dr. Sin e Anjos da Noite, que segundo a própria banda foi um responsável por criar o clima necessário à sonoridade buscada por eles. A faixa bonus de First Blow, é um cover para "Night Of The Demon", homenagem a uma das maiores representantes do Metal oitentista, a banda britânica Demon.

E finalmente, concordo plenamente com o texto do release da Slippery que afirma que "Muitas bandas contemporâneas tem pecado pela falta de espontaneidade ou pelo pragmatismo das regras que foram criadas para um estilo musical cujo único objetivo sempre foi o de não seguir regras." Exato e preciso, pois o Rock'n'Roll na sua origem tinha por regra não seguir regras. E mesmo que sigamos um caminho que já foi trilhado, podemos fazê-lo de forma diferente daqueles que antes o percorreram. E é esse a meu ver a maior qualidade de "First Blow".

Faixas:
1-Follow Your Dreams
2- Slippery
3- Two Young Hearts
4- No Time To Sorrow
5- Another Chance
6- Run For Reaction
7- The First Blow
8- Sons Of Freedom (Wild At Heart)
9- Out Of The Light
10- What I Need
11- Night Of The Demon (Bonus Track)

Músicos:
Fabiano Drudi (Vocal)
Dragão (Guitarra)
Kiko Shred (Guitarra)
Érico Moraes (Baixo)
Rod Rodriguez (Bateria)

Discografia:
Follow Your Dreams EP (2007)
First Blow (2012)

Internet:
www.slippery.com.br
Contato:
eliton@somdodarma.com.br