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27/10/2019

Balada Barata Blues

Balada Barata Blues
Barata Cichetto



Um dia acordei Barata, e não era literatura
Mas fruto de uma sessão interna de tortura
E se acordei Barata, então Gregor Samsa ainda vive
Dentro da cabeça do monstro que em mim sobrevive.

Ser Barata não é pouco, louco daquele que não sente
Pois poeta é ser doente, que nunca a si mesmo mente
E nessa balada, ao sabor de uma tempestade mental
Grito de dor, e nada mais pode ser feito com o Metal.

Um dia morri sozinho num buraco lotado de bichas
E era pior que morrer num lugar cheio de lagartixas
Que louca balada era aquela, onde pegaram meu pau
O Inferno das lésbicas, que era não bom nem era mau.

Tinha uma puta anciã, além de uma lésbica quase anã
Mas eu tinha que chegar ao fim num culto ao deus Onã
E então a enrugada e a pequena grudaram suas bocas
Com as mãos enfiadas no meio de suas pernas loucas.

Uma das piranhas gritou: "Hey, Barata, quer casar comigo?"
E eu lhe disse, "Quieta, Rachel, que Lou Reed é meu amigo!"
Então cantaram as putas, as bichas e a lésbica sem jeito:
"Doo-doo-doo-doo-doo!"  E juntas pularam em meu peito.

Naquele Inferno só tinha uísque custando muito dinheiro
Misturado com urina de travesti e desinfetante de banheiro
E se fiquei muito bêbado e sem grana foi culpa do destino
Mas não conseguia sair da privada com cólica de intestino.

De manhã, ainda com gosto de ferrugem suja na língua
Acordei deitado ao lado de uma diarista morta à míngua
E ao pensar que eu tinha comido aquela buceta imunda
Vomitei sem antes enfiar meu pau inteiro naquela bunda.

E se eu era agora um porco, fodendo empregadas nojentas
Que tal ser mais imundo e deixar de viver a bater punhetas?
Então naquela manhã, transformado num inseto monstruoso
Barata ficou sendo o meu nobre apelido de poeta mentiroso.

27/06/2017

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

23/10/2019

O Dia em Que Lou Reed Comeu Patti Smith

O Dia em Que Lou Reed Comeu Patti Smith
Barata Cichetto


Foto by Judy-Linn

Parte 1 - O Filme

Há um tempo sem precisão, mas um domingo de manhã, decerto
Em um cinema imundo do Centro, que não era longe, nem perto
Um daqueles em que as putas chupam pintos na poltrona imunda
E em que as bichas cobram o preço por dar o buraco da sua bunda.

E aquele dia poderia ser um dia no parque, um dia quase perfeito
Poderia ser apenas outro dia em que eu sabendo ser homem feito
Acreditei ser apenas uma boa pessoa, curtindo a barra da cidade
Enquanto na porta do cinema putas fodiam por pura necessidade.

O lugar fedia mijo e tinha marcas de unhas no chão de esteira
Camisinhas jogadas sobre o tapete e na tela umidade e sujeira
O filme sem nunca começar e eu segurando meu pau na mão
Enquanto um sujeito na escada gemia segurando o corrimão.

Mandei a puta que sentou na poltrona ao lado se foder de graça
E olhei a tela com as letras desbotadas e reclamei por tal trapaça
Porque tinha o filme um estranho nome ao cinema pornográfico
E "O Dia em Que Lou Reed Comeu Patti Smith" era o tal gráfico.

A bicha que chupava pau na poltrona de trás reclamou da cena
O cara que pagava puta reclamou que aquilo era coisa obscena
E eu mandei todos tomarem no cu e ficarem de bocas fechadas
Mas enquanto Lou Reed metia na Patti as putas ficavam caladas.

Eu era um homem pobre e podia fazer qualquer coisa no escuro
Mas enquanto os ricos pagavam michê às bichas a preço seguro
Patti com os dedos tatuados mijava no rio segurando suas pregas
E Lou dizia “Ah, menina, deixe de falar de anjos e siga as regras”.

Na porta do cinema as meninas putas esperando por seu homem
Poeiras de estrelas por um barato e a morte enquanto consomem
E dos topos dos edifícios se atiram feito aos pássaros amortecidos
Beijando a calçada onde mijam os últimos bêbados adormecidos.

No cinema não tem mais ninguém e na platéia apenas escuridão
Todos foram embora buscar pelas ruas outros pontos de solidão
Acabou o filme, e cortinas sebentas tomaram o lugar do roqueiro
Sozinha no escuro Patti aguarda a chegada do ultimo mensageiro.


Parte 2 - Viciados

O dia ainda era um domingo, não de manhã, mas ainda perfeito
Era noite e eu tinha com das putas da esquina um retrato refeito
"Porque a noite pertence à luxúria, a noite pertence aos amantes"
E eu era Lou Reed procurando Patti Smith em loucos diamantes.

E ela dançando descalça, dando piruetas sob a lâmpada fosca
Projeta sombras nas vidraças das lojas, com sua alegria tosca
Enquanto busco naquelas pernas finas, tortas e mal cuidadas
A satisfação dos desejos no mistério das infâncias arruinadas.

Dançam a bailarina branca debaixo das lâmpadas de sódio
Mas a negra não consegue, com seu coração cheio de ódio
E Patti pergunta aos anjos e Lou às bichas depiladas a razão
E as bailarinas cantam em coro: "Doodoodoo, ai que tesão!"

Pergunto por Rachel e por trás dos óculos brilhantes escuros
O poeta americano responde: "ótimos aqueles tempos duros"
E aos anjos pergunto sobre Patti e de seu eterno namorado
Ao que Banga responde que ela por ele muito tem chorado.

Então eu disse, Patty, transa comigo e ata-me como aos viciados
Que eu esmago tuas mãos enormes com meus pés embriagados
E éramos eu, Lou Reed e Patti Smith. Lou comia Patti, e eu não
E entre eu e o gigante, ela preferia a bailarina, o palhaço e o anão.

Lembro do cinema onde aquele filme pornográfico foi exibido
E no Centro da cidade onde fui crucificado, morto e ofendido
Não tem cinemas pornográficos agora, e nem as putas seminuas
Morreram da mesma morte, mataram as putas, cinemas e as ruas.

Patti agora chora a morte do amigo, e nem mesmo eu a consolo
As mãos enormes sobre o rosto e eu nem posso pegá-la no colo
Ainda era domingo quando ele morreu, mas não um perfeito dia
Era final de semana e afinal de contas era o que ele sempre pedia.

Os satélites podem subir ao céu e eu não posso segurar sua mão
Seres humanos pisaram na Lua deixando marcas em seu coração
E Lou Reed era Jesus e também não morreu pelos meus pecados
E Patti e eu ficamos no mundo para morrer sem ser crucificados.

06/12/2013

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados