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30/11/2012

Rock da Mortalha


Rock da Mortalha
Raymundo Raine

Última formação da banda em 1979: Orlando Lui (Baixo e Vocal), Marcos Baccas (Guitarra e Vocal), Marco Carvalhanas (Bateria), Participação Especial de Lola (Dançarino).

O embrião desse “power trio”  maldito nasceu em 1968 à margem do bairro histórico do Ipiranga, São Paulo, através da dupla Orlando Lui (Baixo e Vocal) e Marcos Baccas (Guitarra e Vocal) e chamavam-se “Os Bizimbetas”. Nesta ocasião fabricaram suas guitarras e começaram a trilhar a cena bailesca. Em 1969, mudaram o nome para “Missa Negra” e em paralelo o duo foi convidado a em um outro grupo de baile “Os Jades”. Em 1970 tocaram com o “Apollo 5” e com “Os Beatmans”. No limiar dos anos 70 (1971) tocaram com os “Slaves Of Drug” e com “Os Belsons”.

Em 1972, num aprendizado voraz, o duo ainda tocou com “Os Flippers” e, finalmente, com “Os Sifu’s”, último conjunto de baile. Em Setembro desse ano, Orlando (Landinho) contraiu hepatite e ficou recluso por três meses. Fora visitado diariamente por Marcos e ambos começaram a compor repertório próprio, marcado pelo “Hard Rock” e cantado em português.

Verão de 1973, Orlando, místico e inspirado em gibis de terror, grita o nome da lenda “Rock da Mortalha”. Surge a trindade pesada tupiniquim com a adesão do baterista Julinho. Passa a usar vestes negras, portando capas de morcego, tarjas e botas de soldado. Envolvem-se com magia e drogas. No repertório, cantam a luta permanente entre o “Bem” e o “Mal”, falam de reencarnação, buscam o transcendental.

Em Janeiro de 1974 participam do I Festival de Águas Claras em Iacanga (Bauru, SP), encerrando a noite com uma performance que eletrizou seu primeiro grande público. Nessa ocasião havia uma galera argentina que registrou-os em fita cassete. Foram vistos como o “Black Sabbath Tupiniquim”. Um ledo engano e confortante exagero, pois buscavam sua identidade e eram “Sui Generis” comparados às outras bandas de Sampa. 

A partir de então, seu nome começa a ecoar pelos quatro cantos o país. Onde tocaram fizeram estremecer o “Underground”, abalando os pilares sombrios da Ditadura. Numa época em que não se cogitava o Black Metal. Na abertura do show, Orlando escondia a face sob a luz negra, portando um crânio humano ao braço, dando início a um ritual macabro. Monologava sobre nosso cotidiano infernal enquanto um som tétrico envolvia Lola, um bailarino dantesco arrastando-se no palco movediço de gelo seco. Em seguida, Marcos arrancava “riffs” poderosos da partitura da Morte e o público era abençoado pelo anjo do Rock and Roll.

No ano de 1977, chegaram a gravar em 4 canais no Estúdio da Pirata, cujo dono Aurino, é irmão de Eduardo Araújo. Receberam convites sinistros de empresários e seitas satânicas. Nessa época foram rotulados de fazer um “Rock Putrefato Pesadíssimo”. Houve fãs seguidores: um deles vestido á caráter, levou um caixão a um concerto. Participaram de programas de TV, vários festivais, tocaram e inúmeros teatros e bocadas. No ano seguinte, 1978, a banda chega ao auge, troca músicos, muda de visual e termina em 16 de Abril de 1976, quando muda de nome para “Xock”.

Ao começar a década de 80, mudam de nome para “Crisálida” mas ai começa outra longa história... Infelizmente, Marcos e Orlando faleceram há pouco tempo. Seu primeiro baterista pirou e perambula por ai como um fantasma bêbado, atormentado pela própria lenda.

(Texto escrito em memória de Orlando Lui (Landinho), falecido em 23 de Dezembro de 2003.)

Raito Raine
captainray@bol.com.br