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07/06/2017

A Biblia e O Capital

 "O Capital" e "A Biblia" cristã são realmente ótimos livros para se ler, pelos mesmos motivos: cheios de sabedoria alheia, histórias falaciosas, teorias que jamais serão aplicadas e dogmas que apenas fanáticos acreditam. E isso porque ambos desprezam a verdadeira essência do ser humano e querem construir, com base nas mentes de seus criadores, um ser humano com virtudes que nunca teve e nunca terá. Não, não discordo com o nenhum deles: são livros de ficcção, divertidos por momentos. E até poéticos em outros.

07/06/2017

Talento e Preconceito



Um dia quis ser poeta... Epa... Não, não houve um dia em que "quis ser poeta". Também não nasci poeta, como alardeiam alguns amiguinhos, apenas para fazer um charminho, se auto promover. O fato é que um dia comecei a ler poesia, contos, bulas de remédio, tratados de filosofia, cartas, e tudo o que aparecia e achei de começar a escrever. Achei que poderia ser bom naquilo. E fui! E assim se repetiu em quase tudo na minha porca existência de quase sessenta anos. E sempre dediquei meu tempo a aprender a ser o que queria, precisava, gostava, etc. E sempre fiz bem tudo àquilo ao qual me dediquei. Fui um bom poeta, muito bom mesmo, disso não tenho duvidas, pois além de conhecer o ofício, tenho apurado senso critico, e sempre me cobro para melhorar. E muito. Exijo sempre muito de mim. E sei que fui bom cronista, artista plástico, editor artesanal, microfilmador, arquivista, projetista de brinquedos e embalagens... E pai, entre outras coisas. Enfim, a partir do momento em que me apareceu a primeira duvida se eu poderia realizar aquilo, me impulsionando ao aprendizado, a querer saber mais e mais sobre o que me propunha, sempre fiz tudo com muito tesão. Eu não nasci poeta, projetista, pai, patrão, porra nenhuma dessas. Mas sempre fui o melhor naquilo que fiz. Disso estou certo. Acham que estou sendo arrogante? Pois que pensem. Minha humildade nunca me levou a nada, a não ser ao lugar onde me encontro, ou seja ao nada. Há uns dias, um amigo de Facebook me disse que sou um dos caras mais inteligentes que conhece, mas que exagero um pouco na dose de underground. E essa dose, refuto, é por conta de meu isolamento, cada dia mais frequente. Outra amiga, também disse que gostaria que eu fosse, para os negócios, menos sincero. E essa dose excessiva de sinceridade, é por conta de meu posicionamento contra o terrorismo de "esquerda", cujos homens e mulheres-bomba, são criados igual a ratos em laboratórios de faculdades de humanas, e nas redes sociais. Roubaram minha bandeira. Roubaram minha trincheira. Só resta a dinamite. Não bebo mais. Tenho hetapite. Rinite, Sinusite. Artrite. É... Mas um dia quis ser poeta. E fui. Um dia quis ser amante. E fui. Um dia quis ser pai. E fui. Um dia quis ser artista plástico. E fui. E quis ser mais uma porção de coisas. E fui. E fui muito bom em tudo que fui. Um dia eu quis. Um dia fui. Um dia serei. Tudo mais. E nada! Um dia, há vinte anos, criei um site cultural com o slogan: "Liberdade de expressão e expressão de liberdade", mas atualmente liberdade de expressão é algo que não tem mais importância, ou até mais que isso: dizer o que se pensa pode ser considerado crime. Sim, estou em dias de fúria. Há um ano troquei minha poesia por dinamite, depois de trocar por sexo, dinheiro e Rock'n'Roll. Então, não me peçam o coração, que não dou. É a unica coisa que sobrou. Nada dobrou. O dobro ou nada? Não, a vida não me obrigou a ser assim, ela apenas me abriga. Por enquanto. Dinamite nos dentes. Cérebro esparramado na sarjeta. É esgoto. Sim, eu tenho orgulho de tudo isso. Do que fiz, e do que não fiz, não por medo, mas por impossibilidade. Tenho orgulho do que fiz. Mas, que tempo estranho, em que é preciso explicar que ter orgulho do que se é não significa ter preconceito em relação a quem não é igual. Viva a diferença. A dinamite do talento contra os muros do preconceito. Eu respeito as diferenças. Tenho orgulho de ser o que sou. E exijo respeito ao que sou, ao que penso e às minhas diferenças. Respeito é bom e eu tenho. E exijo.

06/06/2017

23/05/2017

Os Outros

Antes, até bem pouco tempo, éramos amigos. Ríamos de piadas, sentíamos nossas artes, discutíamos musica e literatura. Mas aí eles chegaram... Antes, até poucos meses até, éramos amigos, mesmo que nunca tivéssemos nos visto pessoalmente. E nos intimávamos a publicar poemas, listas de musicas e de discos. Mas aí eles chegaram... Antes, até éramos amigos, e nos visitávamos quando possível. E trocávamos artes, sentimentos e confidências até. Tínhamos nossas diferenças e as respeitávamos. Sabíamos que ser diferente é que faz a diferença. Respeitávamos essas diferenças, como deve ser. E nos caçoávamos uns dos outros por causa de alguma cagada, alguma besteira feita ou dita. Ríamos disso. Éramos amigos, afinal. Mas aí eles chegaram...

Mas aí eles chegaram, com suas mentiras, farsas, roubos, corrupção, e lhes disseram que ideologia é melhor que amizade, família, arte e tudo mais. Que todas as coisas das quais brincávamos eram sérias, que piadas eram ofensas de morte. E lhes mentiram sobre eles, sobre suas intenções. E lhes disseram que aquele que não concordasse com essas mentiras eram inimigos, que tinham que ser escorraçados, esquecidos, humilhados. Lhes mentiram, ensinaram errado a matéria, mudaram o sentido das palavras, lhes fizeram acreditar que o certo é o errado, que a sujeira é limpa, e que tudo vale em nome de seus propósitos. Aliás, fizeram-lhes acreditar que os únicos motivos, propósitos e certezas são os deles. E pior, que os seus - deles - propósitos são os seus. Fizeram-lhes acreditar neles e descrer de todos aqueles que discordam de seus pensamentos unicamente voltados ao poder. Compraram-lhes a consciência ao falar em nome dos pobres, lhes convenceram que deviam sentir em nome do povo, mesmo sabendo que vocês são o povo, não eles; distorceram fatos, incriminaram inocentes e transformaram assassinos em heróis. Lhes colocaram rótulos, lhes vestiram com os uniformes deles, fizeram-lhes brandir suas bandeiras, cantar seus hinos e dizer as palavras de (des)ordem que lhes transformou em ecos ocos. Fizeram-lhes acreditar que tudo que é dito é mentira se não for dito por eles. Ofereceram-lhes as desculpas por seus crimes e lhes eximiram de suas culpas contra crimes que eles próprios cometeram. Jogaram-lhe contra pais, irmãos, amigos, parentes, todos aqueles que poderiam lhes ser contra as mentiras deles e lhes deram justificativas para pilhar, quebrar, destruir em nome de uma revolução que jamais será sua, e que nem de fato é. E nunca será.

Enfim, eles chegaram. E não há mais poesia, nem listas de musicas, nem arte. Apenas tristeza e ódio. Doença. A eles pouco importa que sejamos inimigos, a eles interessa apenas o poder. E tudo é válido em nome dessa revolução que nunca irá ter fim, até que não sobre mais ninguém que possa pensar e agir contra eles. Eles lhes roubaram de seus amigos, prostituiram sua educação, sujaram suas mãos de sangue. Lhes fizeram mentir em nome de deles.

Antes, até bem pouco tempo, o inimigo era "eles", agora sou eu. E outros que ousam ainda refutar-lhes os intentos criminosos. Espero apenas, embora até minha esperança eles tenham roubado, que um dia meus amigos e todos aqueles que a mim são caros possam acordar e perceber os crimes que estão cometendo em nome deles. Crimes contra a humanidade. Mas se não acordarem, temo não mais pela perda da amizade que lhes dediquei, mas pelo desperdício de sentimentos. E se um dia a consciência lhes pesar, quando o negro futuro que eles lhes reservam surgir e não haver mais tempo de voltar atrás, fiquem com o consolo de tempos em que ainda acreditávamos em poesia, em arte, em musica.

Luiz Carlos Giraçol Cichetto, 23 de Maio de 2017



18/05/2017

Freak Show

O espetáculo está quase completo: todos os palhaços sem graça no picadeiro. Os domadores acossados pelos leões. O mágico que não sabe fazer mágica - ilusionista fraudulento. O ventríloco que fala o que o boneco lhe diz. O titereiro manipulado pelo títere. Nesse freak show há anões deformados e todos os tipos de aberrações humanas sendo tratadas como lideres de um circo que não tem jeito de pegar fogo. A lona está podre. As jaulas repletas de tigres banguelos. O circo está podre. Malabaristas que não se aguentam em pé, bêbados. O trapezista não consegue pairar no ar e cai sobre o picadeiro sem rede de proteção. O populacho urra. Ursos famintos devoram o leão que devorou o anão. O espetáculo está quase completo. O bilheteiro aumentou o preço do ingresso. A arquibancada de madeira podre já não aguenta o peso do populacho, espectadores risonhos bisonhos que ainda acham graça em palhaços comunistas com piadas sobre crentes. Não tem saída de emergência no circo. O fogo começou no camarim. Joguem gasolina. Acendo meu cigarro. Aplaudam! O espetáculo está no fim. Não há democracia num circo. Freak Show. O ingresso é um quilo de alimento perecido. Ou um ticket do Bolsa Familia. Não há graça. Só desgraça. Que se faça. A Luz.

18/05/2017
Publicado no Facebbonk: https://www.facebook.com/barata.cichetto/posts/1855248924492069?notif_t=feedback_reaction_generic&notif_id=1495113803432053

04/05/2017

O Bem e Mal, o Bom e o Mau

- Tudo bem?
- Não!
- Então tá bom!

Perguntaram a uma criança, nova, bem nova: o que é bem e mal? E ela respondeu: não sei! Depois perguntaram a uma idosa, velha, bem velha: o que é bom e mau? E ela respondeu: não sei! Então perguntaram ao tempo: o que é o velho e o novo? E ele respondeu: não sei!
02/05/2017

30/04/2017

Aos Meus Amigos

Um dia, nem que seja em memória, estarei em alguma Feira Literária. Um dia, nem que seja em lembrança, estarei em alguma Bienal. Um dia, nem que seja nunca, estarei lançando um livro por uma Editora. Um dia, nem que seja jamais, estarei presente numa relação de escritores do Cone Sul, ou dos melhores escritores da Zona Leste de São Paulo. Um dia, nem que seja tarde, acordarei cedo e cansarei a mão de dar autógrafos num evento de alguma livraria, e recolherei algum dinheiro na barraquinha de venda dos meus livros. Um dia, quem sabe, quem sabe, estarei morto antes de qualquer coisa dessas aconteça. E quiçá um dia, eu possa encher o peito e mostrar, em rede social, uma foto com uma pilha de livros lançados pela editora fulana de tal, a bacanona do pedaço, por onde saiu meu livro mais recente. Um dia, nem que seja sempre, estarei esperando. Um reconhecimento que teima em não chegar e que possivelmente nunca se fará presente e que jamais, nem morto, saberei o porquê. Sinceramente: obrigado aos senhores editores que sempre recusaram meu nome sem me conhecer, que me recusaram sem ler sequer um dos meus milhares de poemas, milhares de crônicas, enfim, por desprezarem meu trabalho. Obrigado aos leitores que nunca me leram, mas me acham um grande escritor. Obrigado. Um dia poderei lhes agradecer pessoalmente, mas por hora, ainda estou vivo.

29/04/2017

29/04/2017

Fui Por Ter Sido e Fui Por Ter Ido

Chegará o dia em que deixarei de ser pedra e me tornarei pó; chegará o dia em que deixarei de ser incômodo e me tornarei lembrança; chegará o dia em que deixarei de ser poeta e me tornarei apenas poesia; chegará o dia em que deixarei de pensar e me tornarei apenas parte de um pensamento; chegará o dia em que deixarei de respirar e serei apenas suspiro; chegará o dia em que deixarei de chorar e serei apenas soluços; chegará o dia em que deixarei de pedir respeito e me tornarei apenas recordação; chegará o dia em que deixarei de implorar atenção e me tornarei apenas hipócrita oração; chegará o dia em que deixarei de errar e me tornarei humano; chegará o dia em que deixarei de ser demônio e me tornarei santo; chegará o dia em que deixarei de ser mentira e me tornarei verdade; chegará o dia em que deixarei de ser escritor e me tornarei apenas um escrito; chegará o dia em que deixarei de ser uma frase e me tornarei uma palavra; chegará o dia em que eu deixarei de ser pai e me tornarei "ai"; chegará o dia em que deixarei de ter sido e me tornarei o que foi apenas por ter ido. Então, fui por ter sido e fui por ter ido.
29/04/2017

08/04/2017

Síndrome de Orson Welles

Síndrome de Orson Welles
Barata Cichetto
Foto: Marli Abduch
Quantas webrádios existem, apenas no Brasil? Decerto milhares e milhares. Só empresas fornecedoras de "streaming" são centenas. Portanto há de se pensar que o "negócio" é lucrativo, interessante. Ah, ledo engano e absoluto equívoco. A não ser para as empresas que fornecem o tal "streaming", que é o servidor para armazenar musicas e programas. Mas, como um "mercado", para funcionar tem que ser lucrativo a todos os envolvidos, por que há tantas web rádios operando no vermelho? Aliás, a imensa maioria, e arrisco um numero aí por volta de 98%, sem medo de errar, de "empresas" de webradio que tem apenas custos, e nenhum lucro. Então, qual é o motivo, razão ou circunstância que explica a existência de tantas webradio deficitárias?

A resposta não "está soprando com o vento", mas aí, na cara de quem quiser enxergar: quase todas as rádios web são calcadas na vaidade dos seus "donos". Quase todos "têm" uma webrádio para se sentirem donos de alguma coisa, o que já é absurdo. O sujeito pode ser dono do domínio Internet (o www), pode ser dono até de um pequeno estúdio, mas não é dono de fato de nada. Quase nenhuma tem estúdios, não há profissionais pagos, sendo que a rádio normalmente é operada na totalidade pelo "dono" e os eventuais programas são feitos por amigos do próprio. Isso é um problema? Algo a ser condenado? Claro que não. A questão primordial não é essa, mas sim a postura do administrador que, repito, é baseada na vaidade.

Conheço o mercado de webradios há praticamente dez anos. Aliás, bem mais, considerando o fato de que em 2001, conheci um sujeito chamado Paulo Rogério, que tinha uma rádio web transmitida de seus próprios computadores e precisava de um caminhão de recursos para funcionar. Ela lhe custava mesmo quase o preço de um caminhão para funcionar. Fiz o site dessa rádio e fiquei amigo do Paulo e sei de sua tristeza em não poder ter continuado. Tudo que tocava na Rock Geral era ripado dos vinis do cara.

Numa economia capitalista, mesmo com deturpações monstruosas geradas por entidades e políticos pseudo-comunistas, há que se alimentar o processo: um compra de outro, que compra de um terceiro e assim por diante. E todos, mais ou menos, ganham. Mais ou menos de acordo com vários fatores como empenho e qualidade. Mas com o "mercado" de webradios, ganha apenas a empresa que comercializa o "streaming". Certo, falei sobre isso antes, mas retomo o gancho, parágrafos depois, com o intuito de fazer a ligação e chamar a atenção para o que pode ser considerado lucro/ganho. Aos donos, sempre entre aspas, das webradios, parece que esse lucro se limita à massagem em seu sonho anormal de imaginar que um dia poderá ser um novo Chateaubriand, um novo Roberto Marinho, um novo Silvio Santos. Até aí, sem problemas, pois a economia de mercado vive mesmo de vender sonhos malucos, que o sonhador sabe que na maioria das vezes nunca vai ser concretizado, mas entra aí o fator vaidade. Esse, sim, o grande mote por trás desses "empreendimentos" falidos desde o nascedouro.

O que fazem esses sujeitos e sujeitas? Pagam pelo streaming, apanham seus milhares de musicas em mp3, que na maioria das vezes eles nunca escutara e mandam tudo isso para o servidor da "radio". Um vitrolão interminável e chato. Bolas, como um ser desses espera ter audiência, pessoas interessadas? Há opções bem mais atraentes, como ouvir seus próprios mp3, abrir o Youtube ou Soundcloud. Ali, o ser poderá escutar o que quer, na hora que quer. E esse parece ser o fator preponderante hoje, quando a ditadura da igualdade, que aniquilou os formadores de opinião e matou todas as lideranças, falsas ou não, criando a falsa ideia de que todos são feitos do mesmo ideal, é a tônica.

Acontece que de fato, o ser humano, por sua natureza animal, carece do bando, e todo bando carece de líder, de guias, parece perdido numa infinidade de opções e acaba agindo não de acordo com o líder natural, aquele que tem força, capacidade e inteligência para liderar, mas ao mais "esperto", aquele que, por ser fraco e inútil, busca convencer que todos o são, para que sua fraqueza não desponte.  E é esse o fenômeno que explica também os motivos por trás das webradios.

Com raras e exceções que sempre existem em detrimento da regra, não há por porte de donos de webradios uma real construção de uma webradio com um padrão de programação. Nem há uma programação, de fato, aliás.  E a coisa fundamental: não há um perfil, não há uma identificação, e na maioria das vezes, sequer uma segmentação. Enfim, as webradios não são um produto, não tem objetivos nem missão. São ocas, vazias e atendem apenas, como já coloquei, à vaidade dos "donos".

Cresci escutando rádio, desde o tempo em que ainda funcionava com válvulas. Passei pelo de pilhas, até chegar à era da rádio web. O rádio mudou de formato, então, se mesclou com a internet, com a TV e se tornou outra coisa. Aliás, a própria Internet se tornou uma espécie de monstrengo híbrido de várias mídias. Algo que ainda vai ser explicado. Desde 2008 atuo diretamente em webradios, produzindo e apresentando programas.  Em 2011 criei a KFK Webradio, que por falta de condição financeira ficou paralisada até 2017. Passei por outras quatro rádios, sendo que uma delas, a Reversa, fui o responsável pelo nome e implantação. Creio, portanto, ter um pouco de embasamento para discorrer sobre o assunto. Dessas, a maior parte dos "donos" acreditavam em ser grandes empresários do ramo de comunição, Orson Welles, Rupert Murdoch... Pensam. Ou que, a exemplo dos malucos de "The Boat That Rocked", estariam fazendo uma revolução cultural. Nem uma coisa, nem outra, senhores! Não existem empresários em webradios, e nenhuma revolução será feita por ela, essa é a realidade nua e cruel.

Conheço e conheci inúmeros desses "donos" de webradio, e infelizmente a maioria com posturas egocêntricas, supervalorizando o subproduto que tinham. Postura de megaempresários com um produto de fundo de quintal, tratado sem um cuidado profissional, sem seriedade, sem postura. Claro que há muito que levam seus projetos a sério, mas parece-me que esses estão relegados às webradios ligadas a segmentos, dedicados a um artista ou tema específicos. Nas rádios de Rock, não há, na imensa maioria, seriedade.

Ao longo do tempo, essa falta de seriedade causou um trauma e, pior, uma falta de confiança por partes de eventuais anunciantes. Comentários do tipo "webrádio é coisa de desocupado", "ninguém anuncia em webrádio porque ninguém escuta webradio", e outros altamente pejorativos, mas que não deixam de ter um fundo de verdade. Em várias oportunidades tentei dizer às pessoas que se propunham a montar suas rádios: "por que, em lugar de montar sua própria rádio, não se une ao meu projeto?", mas isso, é claro, nunca foi aceito, em função, é claro, de uma doença que ainda não foi diagnosticada, e que ataca apenas donos de rádios web: Síndrome de Orson Welles.

E então, o que fazemos, todos nós, "donos" de webrádios, além de enriquecer empresas que vendem streaming? O que pretendemos, além de satisfazer nossos egos inflados, nossos sonhos megalomaníacos sobre fama? Qual é a missão daquilo que muitos de nós chamamos de "empresa" ou "investimento", e outros de "brincadeira" ou "divertimento"? Ficaremos sempre nesse patamar?

Bem, posso falar por mim, por minha rádio e pelos meus objetivos e missão. E estão todas essas intenções expressas nos "slogans" que criei para a KFK Webradio, ainda em 2011: "A rádio que toca ideias" e "Interrogações, mutações, metamorfoses e um pouco de musica sem rótulos".  Na KFK Webradio a musica, sempre dentro do universo do Rock, é a moldura, não o principal. A programação diária, repleta de programetes sobre poesia, literatura em geral, filosofia, pensamento livre, episódios em áudio de desenhos animados e "cenas" de cinema, além daquilo que é a verdadeira alma da webradio: trechos históricos do rádio brasileiro e mundial.

Já a programação feita por pessoas capacitadas, algumas com longo histórico dentro do rádio tradicional, como é o caso de Del Wendell e Sylvia Liger, e da webradio, como Agostinho Carvalho e Renato Pittas, é dividida com músicos e pensadores com enorme bagagem intelectual, como Amyr Cantusio Jr. e Rafael Pelissári; e artistas de outras áreas, como a professora da dança Cris Escudeiro. A programação especial, juntamente com os programetes somam mais de uma centena de horas semanais de programas feitos especialmente para a KFK Webradio, embora em alguns casos, ousamos em inéditas parcerias com outras webradios, como acontece com o Let's Play Elvis, de Del Wendell.

Resumindo, em resposta à minha própria pergunta, o projeto da KFK Webradio tem uma cara, e em suma é um produto de ótimo acabamento, basta apenas que os eventuais investidores entendam que há diferenças de produtos, como em qualquer segmento.

Luiz Carlos Giraçol Cichetto, AKA Barata
07/04/2017

05/04/2017

O Dia Em Que Fui Assasinado

Um dia eu fui assassinado. Não, não foi bala perdida, carro desgovernado, facada de marido traído, pedrada em campo de futebol, estrangulamento por amante em ritual de sexo selvagem, paulada em ato político, bandeirada em passeata estudantil, garrafada em puteiro, empalamento por vingança de amante, decapitação por ato contra algum governo, crucificação por rebeldia contra alguma religião, envenamento por algum herdeiro na pressa por dinheiro, estiletada de algum travesti numa rua escura ou de um moleque querendo roubar minha carteira para comprar drogas. Não. Não foi nada disso. Mas fui assassinado. Fui morto, e não por overdose de nenhuma droga, superdose de nenhuma bebida, câncer no pulmão por causa de cigarro, indigestão por comer feijoada estragada. Não, não fui morto por nenhuma causa natural. Ou artificial. Mas fui, sim, assassinado. E o assassino não tem um rosto conhecido, nem é apenas um rosto na multidão.  Mas fui morto. Assassinado. E não foi a fome ou a sede. Não de comida, nem de bebiba. Não foi a falta de dinheiro, nem de aplausos. Não foi a falta de sexo, nem de tesão. Não, não foi. Mas fui assassinado. Morto. E o assassino, ou melhor, assassinos, continuam à solta por aí, com suas consciências leves e soltas, dormindo em seus travesseiros de espumas que não flutuam. Aliás, eu poderia fazer seu retrato falado. Falado, cantado e escrito, mas prefiro que seja identificado de outra forma: ficando em silêncio, esse mesmo silêncio assassino do qual fui vítima. Identifique-se!
01/04/2017

27/03/2017

Barata, Que Bicho é Esse?

Barata, Que Bicho é Esse?
Foto: Marli Abduch

Barata Cichetto é o nome artístico do paulistano Luiz Carlos Giraçol Cichetto, poeta, escritor, artista plástico, produtor e apresentador de webradio e editor artesanal.  O apelido kafkiano de "Barata", surgiu em função de um site cultural de grande prestigio criado em1997, e nos primeiros anos do século XX, se tornou uma referência dentro do mundo do Rock e da Poesia.

Filho de família pobre, de italianos, desde garoto, em função de sua extrema timidez, buscou nos livros a companhia às brincadeiras e jogos a que os garotos da época preferiam. Segundo palavras do próprio, a respeito de seu ano de nascimento: "nasci no mesmo Ano da Graça de Cazuza, Madonna, Bruce Dickinson, Tim Burton e Michael Jackson." E nos primeiros anos da década de 1970, era comum encontrá-lo nas salas das bibliotecas públicas, onde começou a ler os clássicos, como Machado de Assis e Aldous Huxley. Ou em casas de amigo escutando discos de Rock, já que dinheiro para comprar livros ou discos não existia.

Começou a trabalhar com 14 anos, como office-boy onde conheceu as ruas escuras do centro de São Paulo e toda a fauna louca que por elas perambulavam nas madrugadas, particularmente as prostitutas de rua, que foram suas primeiras musas inspiradoras. Foi nessa época que conheceu a musica e a poesia do americano Lou Reed, figura fundamental no desenvolvimento de sua poesia, com suas histórias a respeito dos mesmos personagens que habitavam o mundo do adolescente Luiz Carlos. A partir daí, para a poesia de Augusto dos Anjos, Rimbaud, Baudelaire e outros "poetas malditos" foi um salto pequeno.

Nos anos seguintes, teve inúmeras profissões, como bancário e escriturário e todo o tempo e dinheiro livres eram gasto com livros, revistas e nos prostíbulos mais decadentes da região conhecida como Boca do Lixo, onde se concentravam também os estúdios de produtoras de filmes eróticos.

Em 1981, com ajuda de um casal de amigos, lançou seu primeiro livro, mimeografado, com o título de "Arquiloco", em homenagem ao poeta e soldado grego Arquíloco de Paros. O pequeno volume, assinado como "Carlos Cichetto", mereceu a atenção do critico literário do jornal Diário Popular Henrique Novak, um dos mais conceituados na época.

No ano seguinte conheceu sua primeira esposa como que se casou e teve dois filhos. Nesse período, para dedicar-se integralmente à criação dos filhos, deixou de lado a escrita, que só foi retomada por volta de 1996. A partir daí, como que procurando resgatar o "tempo perdido", sua produção passou a cada dia ser mais intensa e num ritmo cada vez mais frenético. E como qualquer expressão da natureza, tudo que é represado, um dia estoura e causa enchentes e tudo que existe em seu caminho é derrubado, carregado.

Durante o tempo em que esteve casado, trabalhou em inúmeras atividades profissionais, indo de desenhista mecânico a projetista de brinquedos e embalagens, até virar dono de uma escola de informática, nos últimos anos do século passado. Em 1999, mudou-se a trabalho para Belém, PA, onde permaneceu durante um ano. Essa passagem segundo ele teve efeitos determinantes de enorme peso, pois foi ali que tomou contato com uma cultura muito forte, cheia de contrastes, daquela cidade ao norte do país. Ali nasceu o apelido "Barata". E ali renascia o provocativo, irrequieto e determinado artista Barata Cichetto.

Em 2000 retornou a São Paulo, onde o já muito conhecido web site A Barata, foi motivo de reportagem e entrevista para o programa Vitrine da TV Cultura. A partir daí Barata começou a produzir eventos que envolviam as suas duas maiores paixões: Rock e Poesia. Foram dezenas, em casas muito conhecidas do publico roqueiro de São Paulo, como Led Slay, Fofinho e outras. A produção intelectual cresceu absurdamente, incluindo com a criação de revistas impressas e Xerox.

Em 2001 começou a trabalhar como "Manager" da histórica banda Patrulha do Espaço, onde foi responsável entre outras coisas pela produção artística de um CD da banda, o EP".ComPacto".  Ali, Barata conheceu todos os meandros e muitas histórias dos bastidores de uma banda de Rock, que culminou com seu livro mais vendido até agora: "Patrulha do Espaço no Planeta Rock", lançado em 2012.

Em 2004, depois de 22 anos, chega ao fim de seu primeiro casamento e nos anos seguintes, até 2010, passa por outros dois relacionamentos conturbados, mas que lhe rendeu material para centenas de seus poemas, que passaram por todos os sentimentos inerentes às relações de casais: da doçura à loucura; do prazer à dor. No final de 2009, conheceu sua atual companheira, Izabel, com quem se casou oficialmente em 2016, incorporando mais um sobrenome.

Em 2010, Barata escreveu o libreto e criou toda a concepção de uma Opera Rock: "Vitória, ou a Filha de Adão e Eva". Esse fato foi crucial em toda produção futura do artista, pois em função dela conheceu um dos maiores músicos do Brasil, de formação erudita e um dos maiores estandarte do Rock Progressivo no Brasil, Amyr Cantusio Jr., com quem faria outros dois trabalhos: o disco conceitual "Seren Goch: 2332" em 2013, e "Madame X - À Sombra de Uma Morta Viva", em 2015. 

A edição do libreto dessa Opera Rock, ensejou ao irrequieto artista, que buscava uma forma de publicar seus escritos, sem nenhuma porta de editora aberta, a criação de um de seus maiores desafios: a "Editor'A Barata Artesanal", criada no referido ano. A partir daí, a "editora", que embora use tal nome, se trata de fato de um trabalho de edição artesanal de livros, trabalhando com qualquer tiragem, passou a aceitar encomendas de outros escritores, tendo lançado até agora, em 2017, mais de oitenta títulos, incluindo 25 do próprio autor--editor, que se considera, de fato, um "artesão de livros".  Dentre esses títulos, o destaque fica para livros sobre filosofia e ocultismo do parceiro Amyr e livros sobre o mundo da Beatlemania, escritos em italiano pelo musico milanês Alex Schiavi, de Milão. Todo o trabalho, da editoração a montagem final do livro - costura e colagem manuais, é feito inteiramente pelas mãos hábeis do editor-poeta, ou poeta-editor, concedendo a cada exemplar do livro, um quê de personalização impossível de ser conseguido em qualquer esquema tradicional de editoras.

A produção literária de Barata Cichetto inclui 13 livros de poesia e 12 de contos, crônicas, ensaios e até uma auto-ficção chamada "Barata: 40 Anos de Sexo, Poesia e Rock'n'Roll". Todos esses livros, com exceção de um "Cohena Vive", que foi lançado pela Editora Multifoco, do Rio de Janeiro, foram lançados pela sua Editora. Seu penúltimo livro de poesia, "Troco Poesia Por Dinamite", tem o prefácio do cofundador d banda Titãs, Ciro Pessoa.

Em 2008, outra habilidade do polivalente artista desponta, com um convite para produzir e apresentar programas em uma webradio. O rádio sempre fez parte de seu cotidiano, e era um antigo sonho, propiciado com a era da Internet, que simplificara e abria oportunidades a pessoas de fora dos meios tradicionais do esquema das grandes rádios. Desde então, Barata passou por várias webradios, sendo que entre 2011 e 2012, criou um projeto próprio com o intuito de fazer algo diferente do esquema, que seguia os antigos padrões das rádios "tradicionais". Nascia assim a "KFK Webrádio, com o "slogan" "a rádio que toca idéias". Por falta de apoio financeiro, a webradio foi extinta, mas retorna agora no inicio de 2017, com seu projeto inicial preservado, mas contando com novas tecnologias e ideias reformatadas e outras criadas.

No final do ano de 2016, incentivado pela artista plástica gaúcha Nua Estrela, Barata começa a produzir pinturas, algo que sempre achou impossível de realizar. Em três meses, Barata pinta mais de 80 quadros, tendo como temas principais, mais uma vez o seu trinômio vital: Sexo, Poesia e Rock'n'Roll. Suas pinturas chamam a atenção não apenas pelos materiais usados, como tinta látex de parede sobre papelão, mas pelos temas polêmicos.

Aos cinquenta e oito anos de idade, Barata Cichetto mantém um olhar crítico apurado sobre a sociedade moderna, buscando transmitir em suas diversas formas de arte, toda sua perplexidade diante de um mundo que chega cada dia mais perto do abismo fatal, segundo ele. É um livre pensador, que tendo passado por inúmeras correntes políticas, atualmente se define como um "conservador liberal".  Acredita que a chamada "arte social" é uma falácia, pois é a arte, segundo ele, "algo feito do individuo para o individuo", e que "essa coisa de arte coletiva é uma absoluta mentira, uma farsa pregada pela onda politicamente correta que é alimentada pelo pensamento esquerdóide para enfraquecer o verdadeiro poder da arte, que é o único de fato revolucionário."

Sobre o poeta Barata Cichetto, Amyr Cantúsio Jr. - Músico, Teósofo, Compositor, Filósofo, de Campinas, SP diz: "Posso enfatizar que Cichetto é o Dante, Milton, Boca do Inferno e Blake resumido da literatura nacional!". Já o Professor-Doutor em Arte de Goiás e artista multimídia Edgar Franco afirma: "Barata Cichetto é um poeta visceral, com uma peculiar e louvável visão da vida e dos caminhos e descaminhos de nossa espécie, belamente radical diante do bundamolismo vigente e da ditadura do politicamente correto que inunda as mídias e a cultura...".  Smail Della, artista plástico: "Homens a frente do tempo, sempre vão existir. Raros, mas sempre existirão e eu tive sorte de nessa vida poder conhecer essa praticante da Arte... Incansável, persistente, guerreiro na estrada.". Mas é o trecho inicial do prefácio escrito pelo ex-titã Ciro Pessoa, o que demonstra quem é realmente o poeta Barata: "A sensação que tive ao terminar de ler 'Troco Poesia por Dinamite' foi a mesma que alguém deve ter após sobreviver a um intenso bombardeio. Ou a atravessar um extenso campo minado e conseguir chegar do outro lado razoavelmente intacto. Porque a poesia bélica de Barata Cichetto é semelhante a um míssil cortando a noite anestesiada e explodindo no centro do comodismo mental e comportamental que tão bem caracteriza este irritante e retrógado começo de século XXI."

Por fim, Barata é um assíduo usuário de mídias sociais, procurando retirar delas algum resquício de debate inteligente, e um veiculo eficaz para a transmissão de suas idéias e projetos artísticos. E dentre seus projetos para o ano de 2017, estão o lançamento de dois romances, um livro de aforismos e mais, quem sabe, algumas dezenas de pinturas. "O dia em que parar de criar, estarei morto, mesmo que vivo." Arremata.

17/02/2017