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18/02/2019

Crítica e Autocrítica

Crítica e Autocrítica
Luiz Carlos Cichetto

Uma das piores coisas - se não a pior - que o Facebook faz, é criar nas pessoas uma falsa ilusão de grandeza. Com base na premissa de falsa igualdade, onde todos podem e são instigados a, colocar suas opiniões e pensamentos, quando uma pessoa começa a receber "curtidas" e elogios ao que escreveu, ela começa a se sentir grande. Então, um sujeito com um pensamento medíocre, mal informado e iletrado, mas com uma horda de pseudo amigos que começam a clicar no dedo positivo e a elogiar, ele se sente no mesmo patamar dos grandes pensadores. E isso acaba criando monstrinhos, pseudo artistas, escritores e pensadores. Vaidade atingida e ego devidamente massageado, o tal começa a se sentir importante, e envolto na aura de artista, se corrompe de uma forma ou de outra, e passa a tratar a si mesmo como importante. E ai vem a parte ruim.

A parte ruim é que esse ser sente-se um belo pensador, um grande escritor, um artista genial, mas incompreendido. Afinal, nenhuma editora se interessou pelos seus textos, num mercado editorial que é mais uma loteria que qualquer coisa. Uma loteria que não dispõe inclusive do mecanismo da sorte, que é algo aleatório, mas um sistema de roda viciada, mas de critérios puramente espúrios.

E o tal do artista escritor pensador começa a se sentir mal, mas ainda espera e acredita que dentre as curtidas que recebeu, um dia possa aparecer alguém de uma editora, que ser "curtido" no Facebook pode significar alguma espécie de ponto em seu currículo. Ele provoca, invoca, cavouca editoras, curte suas páginas em busca de algum reconhecimento. E o pior: acredita que é escritor, artista. E o pior ainda: se considera injustiçado. E assim procura adaptar seu pensamento àqueles que curtem suas postagens, seus maravilhosos textos e poemas, instintivamente, procurando agradar seus amigos. E isso só aumenta sua frustração, ansiedade e angustia.

Ele faz de tudo para ter suas curtidas, como se aquilo fosse uma espécie de compensação ao que não tem: o tal reconhecimento, afinal, ele se sente um grande escritor, pensador, poeta. Ele faz de tudo, menos aquilo que é seria o mais importante: autocrítica. Afinal, ele seria mesmo um grande escritor, pensador, poeta? Ele nunca pensa que entre seus dois mil amigos de Facebook, apenas uma dúzia no máximo o consideram como tal, sendo que metade é por que também se considera um grande artista, escritor, poeta, pensador, e quer as curtidas de volta, outros dizem isso apenas para agradar, ou por pena. E por fim, sobram no máximo um ou dois, que assim o consideram como ele acredita ser. E ele fica feliz com isso. E assim, com isso, mais e mais cresce a frustração e o sentimento de impotência. Ainda considera a história de que os grandes escritores, grande artistas, morreram sem ser reconhecidos, e isso o consola, com aquele sentimento cristão latente de poderá de alguma forma gozar da fama post-mortem.

Um belo dia ele cai na realidade: não, não é de fato um grande escritor, poeta ou pensador, afinal, fora esses um ou dois amigos, mais ninguém o considera assim. E ele próprio não se considera assim. Afinal, de fato não é mesmo. Ou ao menos não é tão grande quanto lhe diziam as curtidas de Facebook. De fato é bem medíocre, bem limitado e, não, jamais terá sua obra apresentada em programas de televisão, jamais será entrevistado em programas noturnos, nem ostentará a capa de revistas semanais. E nem se trata de escrever bem ou mal, não se trata do assunto sobre o qual escreve, não se trata de nenhum fator artístico, se bem que a autodenominação de escritor, poeta ou pensador, que ele se auto infringiu é algo demais prepotente e arrogante. "Fulano de Tal Escritor", "Beltrano de Tal Poeta", "Mengano de Tal Filósofo" é algo que não sobrevive além das páginas de uma rede de ilusões, que mostra um lago azul e límpido, onde afirmam que há peixes para todos, mas que na prática quem apanha esses peixes são os portadores de varas caras e as iscas cuja composição poucos conhecem.

E num certo dia, como um personagem de Kafka às avessas, o tal escritor, poeta, pensador, acorda e se vê transformado não num inseto monstruoso, mas num ser humano real, medíocre e apavorado diante da realidade que lhe vomita na cara que ele não é nada além de um mero caixeiro, e que tem contas a pagar, que sua família lhe tem nojo, medo e indiferença, e que não há nada para ser amado, nem ele próprio. Então, feito uma barata, se esgueira para dentro de algum buraco escuro, como um temor orgânico da morte, sem nenhuma capacidade ou desejo de transformar sua desistência em resistência, sem nenhuma vontade de ir além de seu próprio nada.

18/02/2019

15/02/2019

Editor'A Barata Artesanal - Desde 2010

A Editor'A Barata, nasceu oficialmente dia 20 de Outubro de 2010, não por acaso, Dia do Poeta. Sua criação foi a partir da necessidade de seu criador em editar seus livros de uma forma barata e independente. Cansado do tratamento mercantilista das editoras e editores, que tratam a publicação de um livro apenas como um produto qualquer, Barata Cichetto decidiu arregaçar as mangas e partir para a impressão artesanal de seus próprios livros. Depois de muita pesquisa e ensaios, chegou a uma forma de encadernação artesanal totalmente caseira e independente e passou a editar e distribuir seus livros.

Um livro artesanal é algo que tem um valor artístico inigualável, pois cada exemplar é único. Inclusive uma das características da Editor'A Barata é que todos os exemplares são numerados, podendo assim o autor ter o total controle de sua obra.

Outro diferencial importante é que, apesar de muito propalada a edição em pequenas tiragens é um tanto relegada. As editoras comuns falam em pequenas tiragens mas, ou trabalham na casa acima de 1.000 exemplares, ou cobram valores abusivos e exorbitantes, fora do alcance de autores iniciantes e sem muito dinheiro. E este é o nosso principal fator: todos podem ter seus livros impressos em tiragens a partir de 10 exemplares.

O digníssimo novo autor, desses cujo único alento é ter seus textos publicados em um blog na Internet, mas que dentro dos esquemas tradicionais jamais teria uma oportunidade, agora tem. Se queres imprimir 10 exemplares de suas poesias para mostrar e dar de presente a amigos e familiares, agora é sua chance.

Luiz Carlos "Barata" Cichetto
20 de Outubro de 2010, Dia do Poeta e data de nascimento da Editor'A Barata Artesanal.

www.editora.abarata.com.br
(16) 99248-0091
























13/02/2019

Filosofia

Filosofia

E eu a conheço desde os tempos de solteira,
Tão correta e mortal quanto flecha certeira.
Reconheço teu rosto de madame pervertida,
E esqueço casos de uma dama cruel invertida.

Ah, e recordo dos teus pés descalços na grama,
E do cheiro de esterco no lençol da tua cama.
Mas agora que teus olhos fugiram do que é meu
Sinto que ainda há Julieta, mas não um Romeu.

E pelas quintos dos infernos, escutei-te maldita,
Fulminando imperadores com tua aura bendita.
Agora desconheço tuas palavras ditas sem vontade
Trajadas feito putas e recônditas pela tua verdade.

Se antes me cuspias, agora escarras em meu rosto,
Onde andam, malvada, tuas palavras de desgosto?
E eu, que te conheço tão prostituta e tão altiva
Pergunto onde andam tuas fezes e tua voz ativa?

Caminhamos pelas ruas dando alimento a perdidos
E agora o que te sobra é atender inúmeros pedidos.
Na esquina um cientista te chamando por imunda,
E agora é ele quem te come e chama de vagabunda.

Eu a desconheço agora com seu titulo de mestrado,
Camisola de cetim da China, e seu pijama listrado.
Procuro pelas ruas teu cheiro, por teimosia ou sina,
E te encontro louca, com o olhar de uma assassina.

13/02/2018

12/02/2019

Carta de Recomendação: Ronnie James Dio

Illustration by Kelsey Dake

Carta de Recomendação: Ronnie James Dio
Por Leah Sottile
12 de Fevereiro de 2019

Há um tipo único de depressão que vem de ser quebrado durante o inverno em Spokane, Washington, onde passei a maior parte dos meus 20 e 30 anos. É um lugar com chaminés desativadas em seu horizonte, onde trens de carga roncam em treliças erguidas em um ronronar metálico constante e onde, para mim, a vida parecia estar sentada no fundo de um ônibus que estava tentando subir uma colina gelada. .

Meu marido, Joe, e eu passamos por 13 apartamentos e casas em 10 anos - cada qual uma tentativa de cavar sob uma montanha de dívidas de empréstimos estudantis e contas médicas, acumuladas enquanto procurávamos desesperadamente a razão pela qual Joe estava doente. Tempo. Certa vez, deixamos um carro quebrado em um mecânico por nove meses; nosso outro foi recuperado. Paramos de ler o correio por um ano, arrastando-o de casa em casa, sem abrir, em um saco de lixo pesado. Éramos pessoas com boa formação universitária, totalmente empregadas, que haviam servido fatias do sonho americano em placas de festa de aniversário em papel em casas suburbanas tranquilas, mas nos sentimos como se os EUA estivessem nos afastando.

Encontramos nossa verdadeira casa em bares onde os descolados, os viciados e os velhos sem-teto sentavam ombro a ombro engasgando cervejas finas, conectando quartos em jukeboxes, filmando músicas pesadas de heavy metal que o resto do mundo já havia esquecido. Eu sempre fui fã de música alta, mas não foi até lá que comecei a me sentir puxado para Ronnie James Dio.

Ronald James Padavona foi criado em um lugar não muito diferente de Spokane: Cortland, N.Y. Ele cresceu católico, teve um interesse precoce em ópera, formou suas primeiras bandas como jovens e subiu nas fileiras da cena rock dos anos 1960. Ele foi um dos pioneiros do heavy metal, forjando sua música nos fogos únicos da fé perdida e um ceticismo daqueles que buscam o poder.

Ao longo de 50 anos fazendo música pesada - em Elf, Rainbow, Black Sabbath e Heaven & Hell - Dio cantou uma e outra vez sobre a tentativa de encontrar uma casa. Em "Stargazer", de Rainbow, Dio conta a história de um mago que tenta os plebeus com promessas vazias, persuadindo-os a se escravizarem para construir uma torre da qual ele irá voar. As pessoas percebem tarde demais que foram vítimas de um predador: "Nós construímos uma torre de pedra / Com nossa carne e osso / Apenas para vê-lo voar / Mas não sabemos por quê." Dio é a voz doendo um público amargurado e traído - uma sereia incitando-os a se erguerem, levantarem-se, tirar suas vidas de volta: "Eu vejo um arco-íris subindo / Olhe lá, no horizonte."

Meu amor pela música de Dio veio em um ritmo lento. Durante o período em que eu regularmente voltava do trabalho para encontrar avisos vermelhos de fechamento de aquecimento pendurados na maçaneta da nossa casa alugada, eu progredi ainda mais em seu catálogo, tomado por todas as histórias que ele conta em sua música. Quando ele morreu, na primavera de 2010, pensei em todos nós que fomos excluídos por quem ele deveria estar cantando. Quanto mais eu ouvia, mais eu me sentia como se Dio, o tempo todo, estivesse conversando com pessoas como eu e Joe em suas canções.

Há músicas precisas para momentos precisos: o "Supernaut" do Black Sabbath para as noites de sexta-feira, o "Creeping Death" do Metallica para o tráfego matinal, o "Painkiller" do Judas Priest antes de uma negociação salarial. Mas a música de Dio era muitas vezes sobre encontrar a vitória dentro de si, de reconhecer as intenções covardes dos poderosos e contra-atacar. Quando ele segurou o microfone, sua voz explodiu dele, uma explosão de sais cheirosos sob o nariz de alguém prestes a desistir.

Recentemente, porém, a música de Dio tornou-se mais clara para mim, e aconteceu na época em que percebi que era negligente esperar uma sociedade preparada para os valores gêmeos de gastar e conseguir encontrar um lugar para uma pessoa como eu. Eu estava indo almoçar com um vencedor do Prêmio Pulitzer com 23 centavos em minha conta bancária e uma esperança desesperada de que meu cartão de crédito "somente para emergências" não fosse recusado. Eu estava na estrada quando, do nada, havia Dio: “Heaven and Hell”, do Black Sabbath, passando por uma tarde brilhante:

Eles dizem que a vida é um carrossel
Girando rápido, você tem que andar bem
O mundo está cheio de reis e rainhas
Quem cega seus olhos e rouba seus sonhos?
É o paraíso e o inferno, oh bem
E eles dizem que o preto é realmente branco
A lua é apenas o sol da noite
E quando você anda em corredores de ouro
Você consegue manter o ouro que cai
É o paraíso e o inferno, oh, não. Tolo, tolo

Pela primeira vez, eu estava sem dinheiro e estava rindo. Como eu poderia ouvir uma música tantas vezes e só agora realmente ouvir? O tempo todo, Dio estava dizendo que jogo de bobo é medir seu valor nos padrões de uma sociedade que nunca foi feita para você. O ouro nunca é de graça e, para consegui-lo, você precisa se curvar diante de um mestre. "Deus e o diabo são inerentes a cada um de nós, e é nossa escolha", disse Dio em uma entrevista, no final da vida. "O melhor caminho a percorrer é fazer o bem."

Eu acho que ele queria deixar isso como seu legado: um lembrete de que o lar é um lugar dentro de sua própria mente. Sempre haverá novos magos para seguir, novos anéis para beijar. Mas também haverá sempre rejeitados e excluídos. E há a vitória na percepção de que sempre haverá mais de nós do que deles. Que em nossa raiva, juntos estamos todos em casa.

Leah Sottile escreve sobre o oeste americano. Ela mora fora de Portland, Oregon.
(Texto traduzido automaticamente pelo Google Tradutor)

https://www.nytimes.com/2019/02/12/magazine/letter-of-recommendation-ronnie-james-dio.html

05/02/2019

Desagradável Mundo Novo

Desagradável Mundo Novo
Luiz Carlos Cichetto
(Aka Barata Cichetto)

Sou uma pessoa desagradável. Dentro dos conceitos da palavra agradável: aquele ou aquilo que agrada, satisfaz, transmite prazer, deleite; que demonstra delicadeza, afabilidade; cortês, que satisfaz ou dá prazer aos sentidos, sou puramente o antônimo. Não tenho orgulho de ser desagradável, mas muito menos tenho vergonha. Não faço força para ser, mas muito menos para não ser. Sou assim, e pronto. Ademais tudo depende do que possa ser considerado agradável, sem cair na vala da hipocrisia; tudo depende de quem possa ser considerado agradável, sem cair na mesma pieguice. Não tomo o fato, entretanto, como muita gente pensa, como qualidade boa nem ruim.

Ser uma pessoa desagradável, e admitir isso publicamente, a torna muito mais desagradável, já que a maioria dos seres que compõem a sociedade não tolera desagradáveis, especialmente aqueles que o admitem. Educamos nossos filhos do mesmo jeito que fomos educados, nesse quesito: para serem agradáveis, antes mesmo de os educarmos para serem respeitosos, o que, ao contrário do que pensam serem sinônimos, são coisas extremamente diferentes. Procurar ser agradável, muitas vezes é ser desrespeitoso, especialmente quando não se é honesto com nossos próprios conceitos.

Desconfio absolutamente de pessoas totalmente agradáveis, daquelas que estão sempre sendo corteses, solícitos e risonhos; daqueles que sempre se mostram dispostos a tecerem elogios, soltar palavras de conforto e solidariedade, daqueles que estão sempre procurando demonstrar o quão são bondosos, afetuosos e amorosos. E com esses, decerto, sou muito, mas muito mesmo, desagradável.

Pessoas agradáveis são fúteis, inseguras, falsas e muitas vezes maquiavélicas, já que para manter sua agradabilidade acabam por representar um papel num palco imaginário, onde elas sempre são as protagonistas. 

As próprias definições em dicionário, que dividem o adjetivo de dois gêneros em três partes: educado, alegre, aprazível, acabam por colocar mais lenha nessa fogueira de vaidades, já que nem sempre ser educado significa ser encantador, lisonjeiro e bom, do mesmo jeito que ser alegre não é sinônimo de engraçado, e por fim, ser aprazível é ser risonho e prazeroso. Precisaria muitas laudas apenas para dissecar e rebater esses termos, mas ai seria muito mais desagradável. O importante é que se diga que ser uma pessoa agradável pode ser exatamente a antítese de todos os conceitos pré-estabelecidos, e referidos nos dicionários.

Mas o que me cabe, como aliás cabe a qualquer pensador que se preze, - e que não tenha pretensão a ser filósofo, daqueles que fazem da filosofia uma ciência, coisa que ela absolutamente não é, - é analisar seus próprios conceitos baseados em fatores empíricos, muito mais que qualquer outro. E é nisso que baseio toda a minha análise sobre o que é ser o que sou: um ser desagradável.

As diferenças básicas entre uma pessoa agradável e uma desagradável, é que a primeira diz aos outros não o que ele pensa, mas o que querem escutar, sem ser perguntado, enquanto o segundo diz exatamente o que pensa sobre eles quando perguntado. Existe também outro tipo, uma espécie de mescla entre os dois, que é aquele que diz aos outros o que ele próprio pensa sem ser perguntado, e esse não é agradável nem desagradável, mas simplesmente um mal educado arrogante. 

Somos frutos de uma mesma espécie de árvore que floresce de formas diferentes e em solos diferentes, portanto somos de inúmeros sabores, que podem agradar ou desagradar paladares peculiares, e isso significa que não existem frutos bons ou maus, existem frutos diferentes. E ponto.

Como poeta devo também dividir a categoria entre agradáveis e desagradáveis, sendo que a primeira congrega uma maioria absoluta, já que poetas são aduladores por natureza, procurando com sua arte soar forte e bonito aos leitores e ouvintes, e sempre usando palavras esteticamente belas e falando sempre no plural, e agradando-lhes descaradamente. Já na segunda categoria, ao qual me enquadro sem maiores problemas, não deseja agradar, mas sim provocar emoções fortes, mas nem sempre bonitas. Esses normalmente falam muito de si, da sua própria dor, fazendo assim com que o ouvinte ou leitor o enxergue como um reflexo de espelho, e assim possa se identificar, sem se sentir bajulado ou ofendido.

Pensemos que políticos, artistas populares, personalidades midiáticas e de uma forma geral pessoas enamoradas sempre procuram ser agradáveis, afinal, necessitam ser reconhecidos como boas pessoas. Precisam da admiração alheia para atingir seus objetivos, e o único caminho para tanto é ser um agradável. Essas pessoas são claramente edificáveis por sua linguagem corporal, mantendo gestos abertos, sorrisos plenos, olhares afetuosos, chamando as pessoas por seus nomes, que repetem frequentemente em qualquer ponto da conversa. 

Ao contrário do senso popular, existe uma diferença enorme entre egoísmo e individualismo. Segundo Flávio Gikovate, "Podemos definir o individualismo como a capacidade de exercer a própria individualidade", enquanto "O egoísta é aquele que precisa receber mais do que é capaz de dar. É um fraco e não um esperto. Ou melhor, é esperto porque é fraco e precisa usar a inteligência para ludibriar outras pessoas e delas obter o que necessita e não é capaz de gerar. O egoísta tem que ser simpático e extrovertido. Não é assim porque gosta das pessoas e de estar com elas. É assim porque precisa delas e tem que seduzi-las com o intuito de extrair delas aquilo que necessita.". Portanto, baseado nessa análise, concluo que na prática, uma pessoa agradável é, em suma, um egoísta, e o desagradável pressupõe exatamente a figura do individualista, já que, por sua natureza autônoma, não extrai dos outros sua força, não usa outros para obter ganho. 

A maioria das pessoas tende a preferir o Homem agradável em detrimento do desagradável, basicamente em função de algo que aprendemos desde a gestação: a famigerada generosidade, que tem origem na falsidade dos princípios religiosos, e que é define um ser que "precisa se sentir amado e benquisto e que, para atingir esse objetivo faz qualquer tipo de concessão"m, sendo portanto um egoísta. A generosidade, e seus sinônimos, é outra das características do ser considerado agradável, enquanto que cabe ao desagradável outro termo também mal interpretado como análogo, mas que é de fato bem distinto, que é o altruísmo. Ainda usando como referência o Dr. Flavio Gikovate, que assim define o altruísmo: "a ajuda anônima a terceiros desconhecidos ou pouco conhecidos, de modo que não implica no reforço do egoísmo".  Em resumo: o agradável é por síntese um egoísta dotado de generosidade, enquanto um desagradável é um individualista, que faz com o restante da sociedade uma troca, e que pode - ou não - ser um altruísta. Em resumo: o agradável generoso trata toda a sociedade como meio, enquanto acredita ser ele próprio o único fim, enquanto o desagradável altruísta (ou não) a trata como fim, sendo ele próprio apenas o meio.

Vivemos em um mundo desagradável, numa sociedade desagradável, e com pessoas desagradáveis que fingem de toda a forma serem agradáveis em sua maioria. E é isso que nos transforma em escravos, mais que uns dos outros, de nossas própria agradabilidade. Afinal, o Homem agradável nada mais é que um parasita, que se aloja nas estranhas da árvore social feito um cupim, corroendo-a, enquanto demonstra uma casca polida. Adaptando uma frase da filosofa americana Ayn Rand eu diria que: A preocupação do desagradável é a conquista da natureza, enquanto a do agradável é a conquista dos homens.

E por fim, saindo do campo individual, penso que precisaríamos ter para com a Terra, uma atitude desagradável, por mais paradoxal que isso possa parecer. Que não a tratemos com generosidade, mas com altruísmo, que não a tratemos com egoísmo, mas com individualismo; que não a tratemos como meio, mas como fim. E estou certo que assim entendamos o que de fato é agradável.


Referências:
"A preocupação do criador é a conquista da natureza. A preocupação do parasita é a conquista dos homens." - Ayn Rand - A Nascente

http://flaviogikovate.com.br/individualismo-nao-e-egoismo-2/
http://www.xn--sinnimo-v0a.com/agrad%C3%A1vel.html

05/02/2019

04/02/2019

1000 Caracteres

1000 Caracteres
Barata Cichetto

Recolho-me à insignificância das coisas; à significância das palavras, que ainda teimam em ter significado, mas que no fim sabem que nada mais significam: estão tão perdidas e são tão insignificantes quanto eu. Recolho-me à insignificância dos gestos perdidos, dos afetos escondidos e dos tetos destruídos. Não há mais palavras: estão mortas. Mas eu ainda as chamo, feito um ator no final de uma peça, chama pela musa morta em seus braços, enquanto a plateia aplaude, e depois vai para casa, sem nenhum remorso. Não há mais o que falar. Tudo já foi dito. E não resta nada a não ser me recolher à insignificância. Do não ser, do não estar. E não estou aqui, não sou daqui, não sou de lugar nenhum, e não estou em lugar algum. Não moro aqui, não moro em ninguém, não moro em mim. Encolho a cada dia, feito personagem de um filme antigo, em preto e branco: desbotado, apagado, rasgado. No escuro. Encolho até não restar. Sou menor que uma partícula de nada. Não há mais lugares aonde ir. Fui longe demais quando me afastei de mim. E o caminho não tem volta. Sem revolta e sem metáforas, sem poesia, sem palavras. Sem nenhum significado a mais. Ou a menos. Apenas minha própria insignificância. Recolhida em palavras.

04/02/2019

02/02/2019

Decerto Que Não

Decerto Que Não
Barata Cichetto


1 -
Quando eu morrer perguntarão por mim aos sobreviventes? Decerto, a algum. Quando eu morrer, sentirão falta de mim? Decerto algum! Quando eu morrer, lerão meus poemas, tentando suprimir a falta? Decerto, algum! Quando eu morrer, falarão das qualidades que eu tinha e que nunca notaram? Decerto algum!  Quando eu morrer, sentirão saudades do meu andar, dos meus trejeitos, do meu jeito? Decerto, algum! Quando eu morrer aqueles que me mataram sentirão culpa? Decerto nenhum!

2 -
E quando eu morrer, algo diferente ocorrerá nas existências dos que sobreviverão a mim? Decerto a alguém! Quando eu morrer, lágrimas sinceras rolarão pelas faces? Decerto de alguém! Quando eu morrer, descendentes brigarão por um pedaço do meu espólio, mesmo que seja apenas uma idéia sem valor? Decerto alguém. Quando eu morrer, outras saberão como sem eu sobreviver? Decerto por alguém. Quando eu morrer, haverão seis fracos a empunhar as alças do meu caixão? Decerto que alguém. E quando eu morrer, meus sobreviventes farão algo por alguém? Decerto que ninguém!

3 -
Amanhã ninguém lembrará. Depois do velório. Cada um em suas casas, tomando café com bolacha água e sal. Uma pequena lágrima e uma lembrança de quinze minutos, durante uma conversa sobre frivolidades. Um pequeno soluço, um pequeno gesto. Apenas coisas pequenas. E nada mais. Minhas pilhas de cadernos de poemas jogados num canto, até ir parar no aterro sanitário. Solitários. Com urubus pousando sobre as folhas sujas de merda, terra e restos de comida. Urubus não sabem ler poemas. Decerto que não. 

21/10/2015

Centopéias Humanas (Uma Analogia Política)

Centopéias Humanas
(Uma Analogia Política)
Barata Cichetto




1 -

Um dia falaram de mim que era maldito
E a uma tal hora decretaram-me proscrito
Mas como ser, se não chego aos pés sujos
Do cego glaucomatoso ou dos ditos cujos?

E uma semana antes chamaram-me bosta
Mas a merda é a suculência do que gosta,
E eu que nem aprecio a tal da imundice
Sou obrigado a gostar dessa esquisitice?

Enfiam as caras nos rabos dos parceiros
Feito centopeias humanas sem roteiros
E eu que prefiro enfiar-me numa buceta
Acabo morrendo tísico de tanta punheta?

E na minha boca quero um cu perfumado
Que não sou um maldito poeta deformado
Mas quem diria que eu, na atual cegueira
Possa comer mais merda que a tua sujeira?

2 -
Grudam bocas a cus e cagam em bocas imundas
Defecando em outras bocas grudadas às bundas
Comem o que outros defecam e cagam dejetos
E assim continuam não humanos, mas abjetos.

Monstros criados em laboratórios da maldade
Um cientista obcecado pelo poder da vontade
E seguem pela Terra espalhando a sua merda
Transformando o humano em centopéia lerda.

Cagam regras e idéias nas bocas abertas
Que devoram bostas como coisas certas
Ao gosto do estrume se acostuma o paladar
E fazem tudo aquilo que o mestre mandar.

A cabeça da centopéia não come excremento
Porta de entrada para um podre experimento
E a ultima parte atira os seus dejetos nas caras
Daqueles que não compartilham de suas taras.

15/01/2018

01/02/2019

Senhor Brasil: Uma Fábula Foda Em Verde e Amarelo

Senhor Brasil: Uma Fábula Foda Em Verde e Amarelo
Luiz Carlos Cichetto, Aka Barata Cichetto


Existiu num tempo um senhor a quem chamaremos de Brasil. O Senhor Brasil era um homem muito rico, mas bondoso e receptivo a todas as pessoas. Era rico, mas não tinha sequer a noção do tamanho de sua riqueza. Era enorme de porte, e suas dimensões, em todos os sentidos, eram intimidadoras. Intimidadoras a uns, mas muito atraentes a outros.
Dizem que o Sr. Brasil, quando de seu nascimento, era mais rico ainda, mas que seus pais percebendo sua riqueza passaram a roubá-lo. Não que os pais do Sr. Brasil tenham ficado ricos, pois logo tudo o que lhe foi roubado acabou sendo perdido em jogatinas. Mesmo assim ele ainda era muito rico e seus filhos, desde os naturais, até os que, ainda jovem ele adotou, eram muito felizes. 
Acontece que o Sr. Brasil, por conta de sua enorme hospitalidade com todos, e por sua enorme pureza, cresceu meio abobalhado, e sempre foi feito de tolo por todas as suas esposas. Todas elas, sem exceção, lhe roubaram, deram sua riqueza a amantes de todas as partes do mundo. E todas elas, também sem exceção o traíram, na maioria das vezes em seu próprio leito.
Era triste o Sr. Brasil, mas como qualquer triste era efusivo e brincalhão, sempre demonstrando bom humor. Uma fachada que escondia o que era na realidade: amargurado e rancoroso, que não perdia o oportunidade de se vingar.
O Sr. Brasil foi casado muitas vezes, algumas com esposas muito cruéis que maltrataram seus filhos, o que o deixava muito triste. Mas como ele tinha que cuidar de sua riqueza, de seus bens, não tinha tempo para pensar nisso. Uma delas preferiu cometer suicídio a reconhecer sua traição, outra pediu divórcio logo após o casamento, esperando que ele implorasse por seu retorno. Essa deixou o leito pronto, quente, para uma irmã, que queria entregar toda a fortuna do Sr. Brasil a um russo, mas os filhos dele, amparados por uma matrona gorda e violenta o impediram, permanecendo no comando da casa durante quase vinte anos, tratando muitos de seus filhos com violência.
Quando finalmente elas deixaram de mandar na casa, o Sr. Brasil acreditou que poderia casar-se novamente, de uma forma mais livre, mas foi apenas um casamento arranjado, de conveniência, já que a indicada para o casamento morreu na noite anterior, deixando em seu lugar uma irmã que, sedenta de poder, e consciente da riqueza do milionário tratou de tentar fazê-lo acreditar que resolveria seus problemas, colocando seus filhos uns contra os outros, fiscalizando. Todos fiscalizavam todos, portanto ninguém fiscalizava ninguém. E assim, foi-se outro casamento fracassado, e o Sr. Brasil começou a ficar cada dia mais pobre.
Depois desse casamento, seus filhos acharam que deveriam ser eles mesmos a escolher a futura noiva. Assim foi feito, e entre duas, uma era Alagoana, metida a esportista, dona de jornal e que dizia ter os grandes lábios roxos, e a outra Pernambucana, uma daquelas bem grosseiras e ignorantes, que tinha perdido um dos dedos para se aposentar precocemente, e foi acusada de ter enganado outras pessoas e deixado de reconhecer uma filha. Ganhou a primeira, e muitos contam que alguns dos filhos mais ricos sabotaram a escolha, outros contam que de fato Alagoana de fato conquistou o Sr. Brasil, que nela via seu próprio retrato.
O fato é que tão logo terminou o casamento, e adentrou a sala de estar da mansão do Sr. Brasil, ela tomou todo o dinheiro que seus filhos tinham guardado, sendo que alguns até morreram do coração por causa disso. Entretanto, Alagoana não era tão poderosa assim, e logo os parceiros criminosos que a tinham ajudado na escolha perceberam que, se deixassem, ela os trairia, e então deram um jeito de ela sair de fininho, pela porta dos fundos da mansão, deixando em seu lugar uma Mineira sonsa, sua irmã bastarda, que só pensava em ter um Fusca e namorar no banco traseiro.
A Mineira sonsa, entretanto, tinha uma amiga, muito culta e estudada, uma Carioca que tinha até mesmo lecionado na Europa, e que a convenceu a ajudá-la na organização das finanças do Sr. Brasil, que estavam uma bagunça danada. E como ela sabia como mexer com números, de forma que eles dessem o resultado que ele queria, o Sr. Brasil e seus filhos viram suas riquezas aumentarem. Ao menos era o que os números diziam. E todos ficaram felizes.
Acontece que as regras que os filhos tinham escolhido, se é que tinham sido mesmo eles, diziam que uma nova escolha deveria acontecer. E, claro, quem seria escolhida, senão a Carioca inteligente, de fala bonita, fluente em outros idiomas, e que tinha ainda resolvido o problema das finanças do Sr. Brasil? A Pernambucana ainda tentou, mas não era páreo. Os filhos estavam encantados com ela.
E a Carioca esperta consertou mesmo a casa do Sr. Brasil. Não que tenha realmente consertado tudo, já que a coisa que ela sabia melhor, era como esconder o pobreza dos filhos, para parecer que estavam maravilhosos. Ela sabia como deixar tudo brilhando sem de fato estar limpo, ela sabia gastar com os cartões de crédito sem que parecesse que foi ela, e coisas assim.Mas o fato é que a economia na casa do Sr. Brasil estava equilibrada, as contas eram pagas no vencimento, não havia credores na porta, as compras eram feitas com certo rigor e os filhos podiam andar de cabeça erguida, orgulhosos daquela nova madrasta. 
Tinham orgulho de vê-la, altiva, falando em nome do Sr. Brasil em todas as partes do mundo, tinham orgulho em vê-la na televisão falando com eles todos, tinham orgulho da sua fala, da sua voz. E mesmo que ainda tivesse problemas,o Sr. Brasil se sentia bem, e estava, de certa forma, feliz, embora soubesse que sua esposa era também o traía e roubava.
Durante os oito anos em que a Carioca foi a esposa do Sr. Brasil, a Pernambucana sempre trabalhou nos bastidores e na vizinhança para mostrar que a outra não prestava, que era falsa e arrogante, embora diante dela se mostrasse gentil e atenciosa. A muitos dos filhos do Sr. Brasil ela mentia, dava presentes, dizia que eles não precisavam trabalhar, pois afinal o pai era rico e poderia prover seu sustento. Ninguém sabe de onde ela tirava dinheiro para essas coisas, e alguns até comentam que ela se prostituía a um russo. 
Assim, a Pernambucana de nove dedos foi conquistando muitos dos filhos, especialmente aqueles mais pobres, e mais especialmente ainda os mais pobres preguiçosos. Dessa forma ela  conseguiu ser escolhida a preferida do Sr. Brasil, e finalmente pode desfrutar de todos os luxos de sua principal mansão. A Carioca tinha deixado a casa toda arrumada, uma boa parte dos filhos limpos e indo para a escola, as finanças do Sr. Brasil estavam em ordem, e o milionário, que antes da chegada dela, era tido como um caloteiro, um pé de chinelo, tinha finalmente recuperado o prestigio com os vizinhos, até mesmo os de longe. 
Uma das primeiras coisas que ela fez foi dar esmolas a todos os filhos pobres, dizendo a eles que não, eles não precisavam trabalhar, afinal eram pobres e tinham que continuar pobres, vivendo da esmola que ela lhes dava. Depois se tratou de se aboletar nos sofás mais finos, de seda e veludo da mansão, e ser paparicada por um cem numero de filhos interesseiros, que a adoravam.
Num segundo momento, pegou muitos dos filhos que eram pobres e disse a eles que não, que eles não eram pobres, e que, sim, eles poderiam ir a Disney e comprar carros em duzentas e cinquenta prestações. É claro que a molecada adorou. Enfim, alguém tinha dito a eles que eles não eram pobres, e eles acreditaram. E lá se foram, viajando de avião, comprando carros, fazendo prestações. Estavam felizes, aquela sim era a esposa ideal para o Sr. Brasil.
Outra das coisas que ela fez, e que agradou tanto ao Sr. Brasil, e a maior parte dos seus filhos, é que ela sabia que o esposo adorava futebol. Então tratou de trazer uma Copa do Mundo para o quintal dele. Os filhos pagariam a conta, claro, dane-se, o importante é que ela os agradaria, e assim poderia ser a eterna esposa do Sr. Brasil, que apesar de tudo, não achava agora que sua esposa anterior, a Carioca, fosse tão boa assim. 
Seus filhos estavam mais alegres, podiam enfim fazer o que quisessem, que ela não ralhava. Que moral, por exemplo, o Sr. Brasil tinha para brigar com os filhos que fossem bêbados, já que ela, sua esposa, vivia às voltas com um copo de cachaça? Que moral ele poderia ter com alguém que fraudasse algo, já que ela era aposentada fajuta. E especial e principalmente, que moral ele tinha para instigar e até obrigar os filhos a estudarem, quando a própria esposa, rainha do lar do Sr. Brasil era semi-analfabeta?
Durante os primeiros anos tudo correu da forma como Pernambucana esperava: ela dava um monte de porcarias inúteis aos filhos do Sr. Brasil e eles ficavam felizes, enquanto ela mais ainda, pois ali, naquela mansão, cercada de todos os luxos, ela fazia o mais gostava de fazer: nada. Nada a não ser tomar cachaça e fuxicar com as colegas do prédio grande próximo. Era tudo o que Pernambucana queria, e ela não queria nunca mais sair dali.
Acontece que a danada da Pernambucana tinha muitos amantes e precisou pedir favores e dinheiro emprestado a muitos deles. Eram os filhos mais espertos do Sr. Brasil, aqueles que ela sabia serem os mais influentes da hora de decidir se ela continuaria ou não.  E então, sem pestanejar um só segundo, ela transou com todos eles. E foi uma louca completa, uma devassa, uma autêntica Messalina. Fez anal, oral, transou em tudo quanto foi lugar. E a todos ela dizia a mesma coisa: que era a ele que ela amava, não aos outros, que queria mesmo era que o Sr. Brasil morresse para que ela ficasse com a herança. Aliás, dizem as más línguas que ela diariamente dava um pouco de veneno a ele, esperando que um dia finalmente ele estivesse moribundo, e, no leito de morte implorasse por ela, por seus cuidados, por seus carinhos, e principalmente que cuidasse como um pai, de seus filhos.
Um dia as coisas começaram a ficar complicadas para Pernambucana, e os credores começaram a cobrar o Sr. Brasil, de contas que ele sequer tinha conhecimento. E o que ela fez foi colocar a culpa em alguns poucos amantes, dizendo que tinha confiado neles, mas que eles realmente não eram de confiança. O Sr. Brasil acreditou nisso, e ela continuou gastando o que não tinha, dando presentes caros a seus amantes e mais e mais esmolas a alguns de seus filhos, que passaram, cada dia mais, gostar mais da madrasta do que do pai.
Por oito anos Pernambucana foi a rainha do lar do Sr. Brasil, e agora era hora dela deixar a mansão, pois era a regra. Seus planos, no entanto, eram de voltar muito breve a morar na mansão do Sr. Brasil. E então, depois de colocar em prática seu plano maléfico de indicar uma prima, que ela sabia ser burra feito uma porta, fazendo os filhos acreditarem que ela seria exatamente igual a ela própria, e que era de sua inteira confiança, Pernambucana se foi, levando tudo de valor que havia, inclusive presentes que tinham sido dados ao Sr. Brasil, e não a ela.
Durante algum tempo os filhos, especialmente aqueles que tinham sido cooptados pelos favores, esmolas e mimos dados pela Pernambucana acharam que ainda eram felizes, e toleravam todos os deslizes da atual esposa do pai, mas aos poucos, ela começou a pensar, que apesar do trato que tinha com a prima, que ficaria ali apenas o tempo suficiente para a volta da outra, ela também estava gostando de morar na mansão. Tratou então de buscar os mesmos amantes da prima, com a diferença que na hora de fazer oral e anal, ela nomeava outra, muito parecida com a prima, para que ninguém percebesse a diferença.
Acontece que um dia os amantes perceberam que estavam sendo enganados, e, para piorar, também Pernambucana percebeu. Alguém tinha que fazer alguma coisa para parar aquela mulher, e então montaram uma armadilha, colocando alguns talheres de prata, que na verdade eram falsos, na bolsa dela. Um dos mordomos, que era da confiança da outra foi o encarregado de dar o berro de ladra. E assim, ele próprio pode assumir a governança provisória da casa, até que outra esposa possa ser escolhida pelo Sr. Brasil.
E o pobre Sr. Brasil esse momento se encontra extremamente triste, cabisbaixo e preocupado, muito amedrontado, mesmo, pois não sabe se a próxima esposa que os filhos lhe escolherão será alguma amiga intima da antiga esposa, que foi presa, depois que alguns dos amantes contaram ao Sr. Brasil sobre algumas das coisas que ela tinha feito. Ou se será alguma outra, mandona e autoritária, ou ainda uma frouxa e ladra.
Até lá, o Sr. Brasil terá que conviver com o trauma psicológico de ter percebido que, no final das contas, todas as esposas, traidoras, ladras e perversas com que ele se casou, e que o traíram e roubaram, eram na verdade suas filhas. 
Por que diabos nunca tinham lhe contado isso?

Araraquara, 05/09/2018

Adiós Facebook

Nunca minha auto-estima ficou tão baixa; nunca minha sensação de impotência foi tão alta; nunca passei dias tão deprimido e angustiado; nunca me senti tão imbecilizado e incompreendido, nunca me senti tão estúpido, nunca me senti... Bem, nunca me senti tão mal. E, claro, sem ignorar meus problemas na vida real, reputo ao meu vício em usar essas chamadas redes sociais. Sempre acreditando que eu poderia aqui dar vazão ao meu trabalho literário, e portanto, seria necessário estar aqui. De anos para cá conquistei alguns amigos, pouquíssimos é verdade, mas valiosos também. Em contrapartida perdi minha essência e passei a me julgar incompetente para com a vida. Hoje, vivo solitário, sem família e sem amigos de carne e osso. E é portanto, hora de acabar com tudo isso.
 Ademais, todo o restante de fé que tinha na humanidade, diante de tanta mesquinhez, de tanta prepotência, de tanta ignorância, se desfez. 
Tenho ensaiado e "ameaçado" há bastante tempo, mas ainda assim, por conta de meia dúzia de amigos no máximo e ainda a esperança de poder chamar a atenção ao meu trabalho, vou insistindo e ficando. Mas agora a decisão está tomada: em de 1º de Fevereiro estarei removendo esta conta. Aos amigos verdadeiros, saberão onde e como me encontrar. E deixo a todos os caminhos:

Whatsapp: (16) 99248-0091
Email: luiz.cichetto@gmail.com
Site: www.abarata.com,.br
Blog:baratacichetto.blogspot.com
Abraço.
Luiz Carlos Giraçol Cichetto

Nota: No dia 1, por "coincidência" (me dá medo isso), entrei no Google e logo de cara uma sugestão de video. Esse abaixo. O sujeito fala sobre isso, e com muito mais argumentos. Vale a pena assistir e pensar.