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31/05/2019

Barata | Editor Virtual Amazon


Meu nome é Luiz Carlos Cichetto, e durante muitos anos me dediquei a edição artesanal de livros, fazendo todo o processo de edição: diagramação, criação da arte de capa, impressão e acabamento artesanal dos livros. Com esse trabalho, além de lançar 24 títulos próprios, também propiciei a cerca de outros 30 autores que tivessem seus livros impressos publicados. Foram mais de 100 títulos, de gêneros diferentes, da poesia e prosa ficcional a teses acadêmicas.
E agora, coloco a sua disposição toda essa minha experiência como editor e designer,  editando seu livro através da Amazon Books, a maior vitrine de livros do mundo, onde estão desde autores iniciantes como consagrados.

>>> O Que Ofereço?
Meu trabalho consiste em receber seus manuscritos, diagramar, criar artes de capa personalizadas, tanto para a versão impressa quanto em Kindle, e posteriormente colocar à venda por intermédio daquela plataforma, cobrando apenas por essa prestação de serviços, já que todo o processo de venda e entrega corre por conta da Amazon, e é feito de acordo com pedidos de clientes, não havendo, portanto, nenhuma tiragem inicial mínima.

>>> Por Que Pagar Quando Tem de Graça? 
Embora o próprio site ofereça facilidades em enviar seu manuscrito e modelos de capas semi-prontos, o tempo despendido, além da falta de personalidade nas artes de capa, podem colocar a perder o trabalho do escritor, resultando num livro sem cuidados profissionais estéticos ou fora dos padrões de layout. A capa do seu livro será feita exclusivamente, de forma personalizada, e ainda com o código ISBN, imprescindível, e fornecido sem custo adicional.

>>>  E Quanto o Autor Pode Ganhar?
Levando-se em conta que a Amazon remunera autores com porcentagens de direitos autorais bem mais significativos que a maioria até das grande editoras, creio ser um bom negócio para autores de qualquer gênero e em qualquer estágio de carreira, desde o iniciante até mais consagrado.

>>> Quem Sou:
 Luiz Carlos Cichetto nasceu em 1958, em São Paulo e começou a escrever na adolescência, quando também passou a participar de publicações mimeografadas. Desde então escreveu vários milhares de poemas, contos, crônicas e ensaios, que resultaram em 24 livros, a maior parte autopublicados, sendo 14 de poesia, e o restante de auto-ficção, microcontos, crônicas, ensaios e até um infantil. Tem ainda prontos para publicação três romances, três novelas e quase duzentos contos inéditos. Além da literatura, dedicou-se também às artes gráficas, pintura e designer, e também a produção de programas em webradio, além de ter criado há quase dez anos uma editora artesanal, pela qual lançou a maior parte de seus livros, além de títulos de outros autores. Atua também como letrista e entre suas criações estão seis musicas e três óperas Rock. É casado pela quarta vez e tem dois filhos do primeiro casamento. Atualmente reside na cidade de Araraquara, SP.

Contato:
Email: editorvirtualamazon@gmail.com
Whatsapp: (16) 99248-0091
Portifólio em Editor'A Barata Artesanal: www.editora.abarata.com.br
Página de Autor na Amazon: www.amazon.com/author/luizcichetto
Fanfage Facebook: www.facebook.com/editorvirtualamazon/

26/05/2019

Relações Perigosas

Relações Perigosas
Barata Cichetto
Foto: Vitor Antunes - Mão no Bolso.
https://olhares.sapo.pt/mao-no-bolso-foto1254965.html

Aos dezoito anos, todos os homens da minha época tinham o coração dentro do bolso das calças, junto com carteira, o pente, o lenço, e outras necessidades urgentes. Aos dezoito anos, os caras da minha idade traziam consigo apenas coisas que pudessem ser de utilidade: não traziam celulares, drops ultra fortes para sexo oral, cartelas de camisinhas perfumadas e outras quinquilharias. Acredito que éramos mais práticos, ou ao menos tínhamos outros interesses, digamos menos interesseiros.

Na época dos meus dezoito anos, muitos de nós trazíamos livros nas mãos e discos debaixo do braço, que líamos e ouvíamos e discutíamos, acreditando em verdades escritas e cantadas por pessoas em quem acreditávamos. E muitos de nós, também e incluindo a mim mesmo, tinham cadernos e canetas, e escreviam poesia, que acreditávamos serem nossas verdades, mas que eram de fato as daqueles que acreditávamos serem donos da verdade. Éramos todos deslumbrados com nossas maioridades legais, e nossas possibilidades futuras, que nem sabíamos que elas terminariam tão depressa que nem teríamos tempo de tirar as coisas que tínhamos dentro dos bolsos, incluindo o coração.

E não foi tanto tempo depois desses meus dezoito anos que a conheci. Não lembro se era bonita, nem se era alta ou baixa, gorda ou magra, branca ou negra, apenas lembro que casei com ela e daí, logo depois, tinha um par de filhos. Disso eu lembro. E lembro também que ela nunca aceitou beijo na boca e nunca me fez sexo oral. Lembro-me do rabo dela e que ela me deixou fazer anal uma única vez. Da buceta? Ah, acho que era legal. Só sei que tivemos dois filhos, que nem sei onde estão, e ela também, não sei se morreu, virou puta ou pastora evangélica, ou todas essas coisas. Não me interesso por nada disso.

Aos quarenta anos, todos os homens da minha idade tinham se separado de suas primeiras esposas e tinham saído em busca de bucetas mais jovens, mas eu ainda esperei chegar aos cinquenta. E não tinha mais o coração, nem pente, nem carteira e muito menos lenço, no bolso das calças. Eram coisas que tinham caído de moda, e agora eu também tinha um celular e drops de hortelã, além das camisinhas. Quem sabe uma hora eu precisaria dessas coisas. Nunca precisei. As mulheres queriam foder por cima e eu era muito frágil para aguentar aquelas bundas malhadas em academias esmagando minhas bolas. 

Quando chegam aos cinquenta, todos os homens da minha época se tornam gordos e carecas, com trabalhos bem remunerados ou empresas particulares, mas não eu, eu não, mesmo. Eu ainda era magro e fraco, mas ainda tinha cabelos. Sempre gostei de quebrar regras. E todos aqueles caras tinham amantes caras enquanto eu tinha apenas a minha mão. Era interessante, pois com ela não eram precisos os drops e os celulares, nem mesmo a carteira e o coração. Só os dedos, mesmo. E eu durante anos a conheci tão intimamente que quase a chamei de esposa. Aprendemos tanto um com o outro que podíamos saber nossos desejos sem precisar falar.

Aos sessenta, todos os homens da minha época ainda usam calças com bolsos, mas não carregam mais carteiras, nem pentes, nem lenços, apenas enfiam nele sua mão e dali podem, discretamente, acariciar seus paus sem que ninguém perceba essa perigosa relação.

26/05/2019

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24/05/2019

Genny e a Iron Butterfly

Genny e a Iron Butterfly
(Da Série: Sonhos de Um Roqueiro Politicamente Incorreto Aposentado)
Luiz Carlos Cichetto

Era uma senhora um tanto idosa, obesa e dadivosa ou, como diziam os antigos, uma puta velha e gorda. Nos anos 1960 foi hippie em San Francisco, nos 70 punk em Londres, nos 80 pós-punk na Tchecoslováquia, e quando chegaram os 90, esquelética e quase morta virou gótica na Bela Vista. Nos 2000 foi metaleira de coturno e pulseira de couro com pontas de plástico cromado; depois não foi mais nada, pois já não tinha mais nada para ser, a não ela mesma.

O seu nome era Genny, mas era com ípsilon e dois enes, pois não queria ser confundida com a outra, em quem jogaram bosta e pedra, pois nela ninguém jogava nada. E seu nome era Genny e podia ser Geni se ela quisesse, pois já fora chamada de "Bola de Sebo" pelo escritor francês Guy, e de "Geni" por um sambista comunista carioca, e por "Garota" por uma banda de metal anarquista.

E seu nome era Genny e podia ser Genny enquanto fosse, e ela queria era ser artista, pintar quadro vanguardista, escrever texto anarquista e namorar escritor capitalista, mas mesmo que fosse e que fizesse, ainda era Genny, dos tempos das casas de lâmpadas vermelhas na porta, dos tempos das revistas e dos em que ela era chamada de puta, não garota de programa; dos tempos em que era chamada de gorda e não de obesa, e dos tempos em que se respeitava não pelas palavras que se usavam, mas pelos atos e sentimentos que se tinham.

Aposentada de seu trabalho de caridade em prol dos necessitados, Genny queria a paz, e descansar suas histórias numa bucólica cadeira de balanço, quando apareceu uma enorme borboleta de ferro, sob as nuvens flutuando, e de lá desceu um general de cinco estrelas no peito e uma enfiada no rabo, e disse que toda a cidade se preparasse que ele a destruiria tão lentamente quanto à execução de In-a-Gadda-da-Vida, a não ser que aquela gorda lhe servisse. E então a cidade apavorada se quedou desmoralizada, e decidiu em reunião da militância que apenas ela, Genny, poderia lhes salvar.

E partiu então em cantoria, caminhando, cantando e seguindo a canção chata, a multidão de desocupados com o rabo entre as pernas, à porta de Genny. O padre chegou de joelhos, e o prefeito lhe trouxe um coelho, que ela não aceitou por que não falava, e muito menos a levaria ao país das maravilhas. Ela mandou o padre levantar e o prefeito enfiar o coelho no rabo, mas a multidão lhe pediu com tanta tristeza que até ela até acreditou que era verdade, e que apesar de sua idade, poderia ainda para alguma coisa servir.

Então partiu Genny, a frente da manifestação, seguida de feministas de sovacos peludos, machistas de sacos depilados e alienígenas trans de orelhas roxas peludas e costeletas de Elvis Presley, em direção da enorme Butterfly de Ferro, onde esperava o general cantando o refrão de In-a-Gadda-da-Vida em mandarim. Assim que viu Genny, o homem parou de cantar, se enfiou na sua nave e desapareceu dizendo: essa dama é a Genny, e eu queria era a Geni, e se não pode ser Geni, então estão todos ferrados, que vou destruir essa porra toda. E a multidão canta: essa gorda é a Genny, mas a outra era Geni. Essa é feita pra apanhar, a outra de cuspira. Essa dá de dez pra um, maldita Genny!. E o general, sem querer saber de conversa, ainda falou: e será da forma mais cruel, pois vão ter que escutar In-a-Gadda-da-Vida cantada em dupla pelo Chico Buarque junto com o Gilberto Gil, cantando em dialeto africano.

E foi assim, que nossa querida Genny, que não podia mais ouvir a multidão pedir que ela desse a todo mundo, pediu que lhe jogassem pedra, lhe jogassem bosta e que depois fosse todo mundo para a puta que pariu. E ela assim pediu, e aí dormiu, sonhando que transava com Caetano Veloso embaixo da Torre Eiffel e ele lhe dizia: "óu não!", e a chamava de "Tigresa".

25/05/2019

23/05/2019

Um Poema Dedicado a Você (Mas Você Não Vai Ler)

Um Poema Dedicado a Você (Mas Você Não Vai Ler)
Luiz Carlos Cichetto, Aka Barata, que você não conhece...

Longe da pretensão vaidosa dos poetas sem entendimento,
Eu não espero de ninguém que leia esse meu pensamento,
Como não leram outros tantos que escrevi em cinquenta anos,
Pois enquanto eu morria de dores tolas, tinham outros planos.

E agora, que chego à idade de estar de pijama, jogando dominó,
Com um frasco de soro pendurado no braço e sob olhares de dó,
Não espero que ninguém leia poesia de adolescente de sessenta,
Que achou de ser moleque apenas quando chegou aos cinquenta.

Então, escrevo poema resmungando, apenas para tirar sarro,
Antes que a enfermeira traga o remédio para soltar o catarro,
Ou ainda que mesmo morto me tragam as contas do hospital,
E eu tenha que depender de esmola de uma assistente social.

Então, leitor que não me lê, este poema é a você dedicado,
Por um poeta que já foi um sujeito simples, sem predicado,
Que de sua poesia nunca ganhou um troféu ou premiação
Mas que dela sempre fez sua dúvida, sua crença e oração.

24/05/2019

21/05/2019

Microconto de Vampiro

Microconto de Vampiro
Luiz Carlos Cichetto

- Olha, querida, eu trouxe pão! Consegui algumas moedas e passei na padaria. Está quente!
- Eu não quero pão, seu desgraçado, quero sangue. Sangue! Sangue o seu é o que eu quero!
- Ah, desculpa, querida, mas acabou. Dei-lhe todo sangue que eu tinha. Só tem pão, mesmo!

01/03/2019

19/05/2019

Os Seis Cegos Indianos e o Elefante Efervescente

Os Seis Cegos Indianos e o Elefante Efervescente
Luiz Carlos Cichetto

Arte só é valida se a gente estoura os miolos de alguém... Nem que sejam os próprios. E diz Daniel Kobra Kaemmerer: "Verdade mesmo! Somos rebeldes suicidas." Exatamente. Somos suicidas rebeldes, apenas demoramos a vida inteira pra apertar o gatilho... De um revólver sem balas. Ou de balas sem revólver. A cada estrela que morre, nasce um grão de poeira. Poeira. Poesia. Poe, Edgar. Allan. Tycho Brahe: "Ne frustra vixisse videar!" Tycho Brahe e seu nariz de ouro. Ou de cobre. Cobre. Recobre. Redobre. Abram minha sepultura e retirem o ouro enterrado dentro da minha carcaça. De graça. Desgraça! Desgraça pouca... É pouca desgraça. Disfarça. E entrega o ouro ao bandido. E a seu cavalo o cocô. Um verme pode estar cheio de vermes? Vem ver-me! Agora? Mesmo! Eu nunca descobri uma estrela. Nenhuma estrela me descobriu. Onde anda Deus? Pregando entre os ateus? Entre os meus? Judeus? Teus? Onde andam os porcos? Não há mais chiqueiros. Nem canetas tinteiro. Aprendi a escrever com caneta tinteiro. Tinha até mata-borrão. De papelão. Caderno brochura que era mais barato que o espiral. "Caderno de molas",  colchão de espuma nem pensar. Sofá rasgado. De couro artificial. Lagartixas sem rabo. Panelas sem cabo. E nenhum feijão para ser cozido em sonho. Qual é a origem de Orígenes? Minha existência é um dramalhão escrito por um mexicano e  filmado por Tarantino. Izabel Cristina tinha "O Direito de Nascer" E de ser. O que fosse. Onde fosse. E para onde fosse. Mamãe Dolores. Mamãe e suas dores. Coragem, João. Coragem, Irmãos! Nunca soube jogar futebol. Era o Irmão Covarde!  Deixa eu fazer como Elvis: atirar na televisão. No rolo de papel higiênico. Ato cênico. Obsceno. Seno, cosseno. Tangente. Secante. Saída pela tangente. Teorema de Pitágoras. E Ágora? Agora, não! Caiu uma estrela na minha cabeça. Não era uma maçã, não! Descobri a lei da gravidade, sem gravidade. Apenas era da maior gravidade. Escrevi um breviário. Em breve estará nas igrejas. De joelhos. Coelhos não sabem ficar de joelhos. A poeta, de sexo feminino se diz poetisa, mas eu digo que é uma sacerdotisa. De Pisa. Não pisa. Não me pisa que dói. Ontem olhei o Sol. Queimou minha retina, menina. Menina de sóis nas vistas. Veja o que o sol fez nas suas vistas. Um menino me pede uma entrevista. Só pago a vista. Mas ele quer de graça. Que desgraça! Não se faça. De besta! Eu não pago. Só cago. Não quero rimar com trago. Amyr, meu querido amigo Dragão solta suas labaredas pelos dedos e compõe uma peça musical magnífica. Explica! Não, não explico o que não sei. Pergunte ao nó! Ao infante. Ou ao elefante. Pergunte aos seis sábios cegos da Índia sobre o elefante efervescente de Syd Barrett. Perdi o bonde. Onde? Onde conde se esconde. O Conde D'Eu?  E eu? Eu não! A Princesa Áurea! Aura de Princesa. Tigresa. Isabel era Princesa. Izabel é Rainha. Do meu reino de solidão e poesia. Eu queria foder com ela no meio da rua. Dentro do ônibus. Na Praça da Sé. Dentro da Igreja. Ela não deixa. Ela não quer. Sou um filho da puta, ela diz. Ela disse: "Case!" E eu casei. Por escrito. Sou maldito. Não sei se coloco interrogação ou exclamação nessa pequena frase. Queria tanto saber onde e como usar a crase. Onde está meu bonde? O Bonde do Desejo... Amanhã tem teatro. Na calçada em frente. Um ator indigente. Indulgente. Uma atriz meretriz. Indecente. E um diretor sem talento. Indiferente. Dramas mexicanos, atrizes peitudas de silicone. E um clone. De plástico. Papel higiênico Dama. E uma dama higiênica. De cu lavado e depilado. Represento meu papel. Ele é higiênico. Escrevo poesia composta. Com bosta! Seca. Ressecada. Grudada nos pelos do seu cu. Fedida! Nojenta! Onde anda Lulu com aquela bunda deliciosa e cabelo Chanel? Dando o cu, no mínimo. No máximo chupando o pau do dono do Jeep. A loira gigante balançando as ancas, a bunda murcha, chinelos de plástico e pés rachados, arrastando seu desejo pelas calçadas cheias de bosta de cachorro. Socorro! E a outra? Aquela que tem tatuagem e ombros de estivador. A rabuda da esquina. É uma menina, mas quer ter filho. E não tem brilho. Mas tem desejo. No olhar. Eu a vejo. Sem beijo. Quer um queijo? Filho sem brilho... Trilho sem trem. O que tem? Rain, rain, rain. Rain Man. Hey, man! E o estribilho. "Dos filhos deste solo és mãe gentil". Da puta que te pariu! E o bigorrilho que tirava o cavaco do pau? Uma canção popular de mil novecentos e guaraná com tampa de rolha. E da brincadeira de bolhas de sabão. Ah, não! Por que não? Porque não! Ah, não! E o que tem o anão? Não... Nada não. Era caolha a trolha que mijava na garrafa. Até o dia que o gargalo ficou preso na sua buceta. A desgraça precisou de cinco médicos para tirar a garrafa de dentro da buceta dela. E os cacos de vidro cortaram seu cu. Ela nunca mais mijou na garrafa. Nem deu a buceta. Virou especialista em boquete. Acho que era a Ivete. Talvez Ivonete. E casou com um pivete, que depois cortou sua garganta com um canivete. Suíço.  Que ela trouxe de Pequim. Era o Joaquim. E quanto a mim, fico perguntando com quantos paus se faz uma canoa. Rosinha, minha canoa. Rosinha é coroa. E amaldiçoa a garoa. Enrolo, enrolo, enrolo... Não sei de que forma terminar esse texto. Qual é o pretexto? Preciso de um? Não. Acabo assim. Fim!

01/02/2012

18/05/2019

Poema de Sete Faces Além da Minha

POESIA EM PROSA | Poema de Sete Faces Além da Minha
Luiz Carlos Cichetto
Outra Face do "BBibliotecário", de Gazua, por Celso Moraes F.

Um dia conheci Carlos. E Carlos, que poderia ser eu mesmo, mas era um outro, que não Mário nem Oswald, mas da família. E ele me disse, "Vai, Carlos, vai ser gauche na vida!". E eu disse: - Vai, Carlos, vai se foder na vida! E nem sabia para qualquer Carlos eu dizia aquilo, se ao outro ou se a mim mesmo. Afinal, como Carlos também são o Roberto e Erasmo, e como Carlos também é outro, que não fala com anjo torto, nem está morto, feito o outro Carlos e eu. Um dia conheci Andrade, que não tinha maldade, mas tinha tesão. E Andrade me disse que se chamasse Raimundo, seu nome seria Solução. E por fim eu disse: - Vai, Carlos, vai para o mundo, ser gauche, na puta que te pariu!

17/05/2019

15/05/2019

O Suicídio Metafórico de Barata Cichetto

O Suicídio Metafórico de Barata Cichetto
Luiz Carlos Cichetto


Meu suicídio sempre foi e sempre será metafórico, minhas metáforas sempre serão suicidas, com algum toque adicional de homicídio. Sou perigo aos que cercam, aos que me cercam, e que de alguma forma fabricam cercas. Acerca de mim, apenas eu, o que comete diariamente suicídios metafóricos e metáforas suicidas. O que me cerca não é a cerca, nem a seca. O que me cerca e beira, a eira, a esteira de praia e os ratos de esgoto. Baratas são duras de roer, cascadura, cascudas e pontiagudas. Morri na mesma época que nasceu a estupidez mundial. Meu suicídio é metafórico e alegórico, metafísico e alérgico, metástico e estático, metálico e anárquico. Sou osso duro de roer, mas roo até os ossos, mesmo que sejam os meus. São teus meus castigos, são meus meus perigos. E não somos mais amigos. Estou sempre a perigo, mesmo que são, e mesmo que salvo, sou alvo e mesmo que alvo estou salvo. Não há mais perigo quando se morre. Agora vou me deitar. Quem sabe eu morra antes de acordar, ou acorde antes de morrer. Corra, que ainda dá tempo de me socorrer. Morra, que ainda dá tempo de me matar. Ainda há tempo de me suicidar.

14/05/2019

14/05/2019

Inspirados (Poemas Para Cheirar)

Inspirados (Poemas Para Cheirar)
Inspirados no Titulo do Livro de Dimitri Brandi, "Baseados - Poemas Para Acender"
Barata Cichetto

Há tanta poesia pairando no ar,
Que sequer a podemos respirar.

E tanta poesia a nos inspirar,
Que mal as podemos respirar.

E tanta que possamos cheirar,
Que mal pagamos por esperar.

E há tanta poesia a nos mirar,
Que nem podemos as acertar.

15/05/2019

12/05/2019

A Morte Dura Uma Eternidade

A Morte Dura Uma Eternidade
Luiz Carlos Cichetto

Amigos que acreditam ser, eles próprios, loucos e malucos, afirmam que sou, eu mesmo, um careta. E há os outros, que veem a si próprios como conservadores, que decretam que sou, minha própria pessoa, um doido sem cura.
Outros que juram ser ateus, acreditam e tem fé, que eu seja, eu mesmo, religioso demais, enquanto existem os outros, que na crença, são capazes de blasfêmias, apontando ser eu um maldito ateu.
E tenho também amigos outros, que comunistas eles próprios, declaram que sou eu um maldito capitalista, enquanto tantos e quantos outros, propriamente ou não capitalistas, jogam-me na vala escura dos comunistas.
E ainda existem tantos outros que acreditam ser aquilo que são, e sendo assim, certos de que não são os outros senão o lado oposto de seus rótulos, por que afinal é preciso um para que vários existam. É preciso a diferença para que a igualdade prevaleça. E é preciso que exista o mal para que o bem aconteça. A morte dura uma eternidade, e não há o certo nem o errado, quando prevalece a individualidade.

12/05/2019

11/05/2019

Tomo | Poesia em Prosa

Tomo
Luiz Carlos Cichetto
"BBibliotecário" - Arte Por Celso Moraes F. - Goiás

Eu ainda honro compromissos. Feito omissos e submissos. Ainda tomo comprimidos. Feito oprimidos e suprimidos. Ainda tomo no cu. Ainda tomo emprestado. Empresto o que foi tomado. Ainda tomo coca-cola de garrafa. Ainda tomo cerveja de garrafa. Pinga de litro. Água com açúcar. Tomo o que me pertence. Ainda tomo sopa de letrinhas. Ainda tomo na bunda. Eu ainda como. Bucetas. Macarrão. Arroz e feijão. Como como? Com a boca. Com o pau. Com os dentes. Dentadura postiça. Como carniça. E engraxo sapatos. E ainda sou engraçado. Desgraçado. Sem graça. Sem eira e sem beira. Ainda sei. Que seis são meia dúzia. E que meia dúzia e meia são nove. Noves fora o que sobra? A prova dos nove. À prova dos nove. Aprova? A prova de história. Qual é minha nota? Anota. Com letra de forma. De qualquer forma. Em norma culta. Em norma adulta. Norma adulta é uma puta. Ainda como a Norma. Como a norma. Anormal. É normal. Formal. Ainda honro. As calças que calço. E os sapatos que piso. No pasto da desonra. Honro a honra. De honrar. Que honra e glória. São de lutar. Sexta-feira é dia. De honrar compromissos. Tomar comprimidos. E tomar no cu.

10/05/2019

10/05/2019

Sexo, Baratas & Rock 'N' Roll (7 Dias do Diário de Um'A Barata)

Sexo, Baratas & Rock 'N' Roll
(7 Dias do Diário de Um'A Barata)
Luiz Carlos “Barata” Cichetto

Dia 1
Putinhas, Conhaque & Rock'n'Roll
(Lou Reed)

Sou uma dor... Uma dor de dentes! Ou seria melhor, uma dor de parto? Parto, mas parto sem dor! A pergunta não é partir para onde, a pergunta do dia é: partir de onde? Sou um estrangeiro em minha terra, um alienígena em meu planeta, um cego em terra de caolhos... Mas quem sou eu afinal? Uma barata? Como será a vida sexual das baratas? Quem estou e onde sou? Uma barata extraterreste em um mundo de caolhos e hermafroditas loucos. O Rock morreu, há muito tempo. Morreu junto com Janis e Brian Jones e Hendrix. Quando Lennon foi assassinado, o Rock já tinha morrido. O Rock é igual a mim: morto insepulto. Também se debate para não cair na cova rasa. O Rock morreu e ninguém tocou a marcha fúnebre... Em ritmo de Rock... Tocaram um tango argentino! Com quantos paus se faz um canoa? Sei lá, Rosinha Minha Canoa! E em São Paulo não tem mais garoa, tem apenas chuva ácida e frio no Natal. A Coca Cola deve estar gostando disso, o Papai Noel que eles inventaram, gordo, bem nutrido, com aquelas pesadas roupas e seu trenó de neve, passeia nos finais de tarde pelas esquinas sombrias do centro travestido enquanto o anão tosco lhe traz uma bagana e ele fuma sozinho sem alimentar as renas. Há quanto tempo eu não fumo uma bagana... Muito tempo, mesmo! Ai que dor de dentes! Uma farinha ia bem agora, ainda mais se for de trigo, em um bolo de chocolate! Adoro bolo de chocolate. As baratas adoram doces. "Eu não preciso de doce/Você não vive sem doce", cantou Cornélius Lúcifer. "Pare de gritar mamãe/Pare de gritar mamãe!" Tem horas que escrever é um porre, a cabeça dói e as pontas dos dedos latejam. Escrever é que nem sexo... Tem uma putinha bonitinha que pisca pra mim depois me leva pra chupar meu pau na beira do córrego, enquanto que um bando de famílias decentes cansada da Globo espia pela janela por trás das cortinas. A putinha chupa meu cacete depois pega o dinheiro e corre a comprar comida para seus gatos! Sou amante dos animais, então acabei de cometer uma causa nobre: ajudei uma putinha que chupou meu pau até o fim a comprar comida pros gatinhos dela. Será que se ela me der o cu, sobra dinheiro para alimentar uma creche inteira de gatos? Pobres putinhas famintas de porra, pobres gatinhos famintos de comida. Ou seria ao contrário! Sempre gostei de putinhas caridosas! Principalmente as putinhas caridosas que chupam bem! Amanhã estarei lá para alimentar sua sede de porra e seus gatos indecentes! Malditos gatinhos que não sabem chupar meu pau! "Vicious, you heat me a flower" Lou Reed da Penha, eu mesmo, cantaria para aquela putinha de bucetinha raspada. Amanhã aquela putinha irá chupar minha pica e fumar um baseado... É, faz tempo que não fumo um baseado! Escutando Lou Reed!!!!! "Eu não sei exatamente para onde estou partindo / Mais eu vou tentar ir para o reino se eu puder /Porque isso me faz sentir como um homem / Quando eu ponho uma estaca em minha veia. Sonho com heroínas e heroína. Que mal há em desejar heroína? Porque quando um beijo estalado começa a escorrer / Então eu realmente não me importo mais!" Há quanto tempo, minha putinha chupadora! Há quanto tempo não usa Heroína? Eu nunca desejei a heroína, nunca quis ser um herói do Rock... Morto! Mas na beira do córrego que carrega a merda da sociedade que habita acima, aquela putinha chupa meu pau e eu nem ligo, Lou Reed canta a sujeira de New York e eu canto pelos cantos sujos da cidade de São Paulo... Mas ele é famoso e eu apenas um sujo, que tem apenas um par de calças e uma botina que nem salto tem mais... Salto no escuro, escuto a escuridão! O som da escuridão é apenas o som de putinhas cheirando cocaína e chupando picas nas beiras dos córregos. Ah, também tem gatinhos miúdos chorando de fome esperando que suas donas acabem de chupar umas rolas para lhes dar o que comer! Ontem completou anos que John foi assassinado e então recordei de algo: "Nobody loves you when you're down and out / Nobody sees you when you're on cloud nine". Mas a realidade é que John morreu rico e famoso, com um apartamento cheio de casacos de pele e uma bela conta bancária e agora minha barriga ronca. Um monte de baratas escuta-me lamentar e em uníssimo cantam: "Doo, Doo, Doo, Doo" igual as negras da música de Lou Reed... Baratas, baratas! Um coral de baratas desafinadas cantam uma música de Lou Reed, mas os ossos de Lennon estão em algum lugar, retorcidos de remorso. Mas onde anda aquela putinha que chupou meu pau na beira do córrego? Chupa meu pau, putinha, enquanto eu canto uma música do Lou Reed em sua orelha antes de arrancá-la a dentadas. "Eu sou o homem que assumiu tudo aquilo que os outros abandonaram.", disse GG Allin, o único rebelde real do Rock. Pois é, abandonaram a putinha-chupadora que cuida de gatinhos abandonados. O Rock verdadeiro foi abandonado e na estrada existem apenas aventureiros com suas guitarras de última geração. Enfiem essas guitarras no cu, filhos da puta! Você foderam o Rock e ele agora, estuprado pelos consumistas age igual aquela putinha: chupa pintos na beira dos córregos para dar de comer aos gatinhos! Meus ídolos estão mortos ou ainda nem nasceram. Prefiro as putinhas-chupadoras-de-pinto-na-beira-do-córrego aos falsos roqueiros. Queria agora pegar minha guitarra e compor uma música parecida com aquelas do Lou Reed, mas nem guitarra eu sei tocar. Então o que resta é ir para a beira do córrego e enfiar minha pica na boca daquela putinha e depois lhe dar 10 reais. Ela é muito mais sincera: sabe o que quer e todos sabem o que esperar dela. Ela é melhor que os músicos de Rock, que os policiais, que os advogados e as esposas. São sinceras. Querem apenas chupar um pinto e receber 10 reais. Ainda mais que enchem de interesse aquelas famílias de hipócritas que espiam seu trabalho por trás das cortinas dos apartamentos. A pergunta é: Lou Reed já foi chupado por alguma putinha em alguma ponte escura de New York? Yoko Ono chupava a pica de John Lennon no Central Park? Mark Chapman chupou a pica de Lennon antes de apertar o gatilho? Um disco de Lou Reed, de Lennon e de todos eles custa mais caro que 10 pratas que a putinha do córrego me cobra.

09/12/2003


Dia 2
Putas , Som & Rock'n'Roll
(Raul Seixas)

Quarta-Feira, dia de Sexo, Conhaque e Rock'n'Roll... Sério! Quarta-Feira tem som! Quarta-Feira tem conhaque, do Dreher, que Domecq é muito caro... Quarta-Feira tem sexo com a putinha chupadora de rola na beira do córrego! Estou certo de que ela espera que eu passe e dê 10 pratas por uma chupada. Depois de Lou Reed e John Lennon, depois de Led e Sabbath, nada melhor que ter o pinto chupado por aquela putinha-dos-gatos. Mas o som do dia é Raul Seixas e Zé Ramalho. Justo Raul que morreu de cachaça, pancreatite e solidão. Ah dói isso! "Eu morri, e nem sei mesmo qual foi o mês/Metrô Linha 743". Um, dois, três. Respire fundo! Ah, não dá! Meu pulmão está cheio de nicotina. Maldito cigarro! Preciso parar de fumar! "Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro? / Virá antes de eu encontrar a mulher que me foi destinada" Ah, bom, então me deixa apagar o cigarro e correr para a beira do córrego! "Eu vou sempre avante no nada infinito/Flamejando meu Rock, o meu grito/Minha espada é a guitarra na mão" É, eu sou mesmo ego, ego-ista! O nada infinito é o caminho, mas "Você me pergunta/Aonde eu quero chegar/Se há tantos caminhos na vida/E pouca esperança no ar" Bah, Mestre Raul, deixa quieto isso, que eu sei até onde essa estrada chega. Chega disso! Deixa estar, let it be, let it bleed! Yeah, yeah, yeah! She Love You! Mas eu sei que existe alguém em meu caminho! "Citação:leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi." Isso é de Torquato Neto... Mas eu digo: leve uma putinha e uma santinha na beira do córrego, a que chupar melhor sua rola é a santinha, mesmo que seja a putinha. Chega mais perto, putinha-dos-gatos, quero ver seus dentes! Deixa-me ver sua língua ferina! Ah, felina! Deixa ver seu útero! Mostra teu cérebro! Deixa-me arrebentar tua cabeça e comer teu crânio a vinagrete! Uma pergunta: você chupa o pau de seus gatinhos antes de dormir? Ah chupa vai, só um pouquinho! Minha cabeça está cheia de fumaça de cigarro e conhaque em doses maciças, macias de conhaque vagabundo. "Há uma grande diferença entre se ajoelhar e ficar de quatro." O genial Zappa disse isso. Portanto, minha filhinha chupadora da beira do córrego, chupa meu pau ajoelhada! Meu esperma em sua boca, meu amor no esgoto, no córrego imundo que carrega a sujeira da cidade em direção ao mar. E meu coração onde anda? Com certeza sendo carregado pela corrente de lama que os políticos jogam nos rios, junto com o fruto dos abortos de suas secretárias. Meu coração está morto, resta a mente, embotada de álcool e fumaça de cigarros. Um torrente de sangue tenta reanimar meu coração, mas a corrente da morte enrolada em meu pescoço impede minha digestão. Estou com uma baita enxaqueca agora e a única coisa que consigo pensar é "Toca Raul!" Mas eu estou velho demais para o Rock'n'Roll, mas jovem demais para morrer. "Não, você nunca é velho demais para o Rock'n'Roll se é jovem demais para morrer." Assim cantou Ian Anderson. Juro que eu tentei ser velho demais para o Rock'n'Roll e jovem demais para morrer, mas o que consegui foi apenas ser velho demais para morrer e jovem demais para o Rock'n'Roll! Danem-se! E o que ela, a Grande Chupadora pensa a respeito disso? Ela acha que eu sou o quê? Velho demais para o Rock'n'Roll? Jovem demais para morrer? Ela nem está ai para o Rock'n'Roll, nem para a morte, muito menos para mim. Ela é simples: quer apenas chupar um pau, pegar seus 10 contos e alimentar seus gatos. Ah, mas deixa quieto. Quero contar até 10 e depois estourar meus miolos, esparramar pedaços do meu cérebro pelas esquinas, que depois ela, a Grande Chupadora do Universo recolherá e dará para seus gatos comerem. Nesse dia ela nem irá precisar chupar pintos para comprar ração! Espero apenas que os gatos da Chupadora não tenham uma indigestão! Agora quero apenas deixar uma coisa, uma letra de música que acompanha minha solidão: "Quero desejar, antes do fim,/Pra mim e os meus amigos,/Muito amor e tudo mais;/Que fiquem sempre jovens/E tenham as mãos limpas/E aprendam o delírio com coisas reais./Não tome cuidado./Não tome cuidado comigo:/O canto foi aprovado/E Deus é seu amigo./Não tome cuidado./Não tome cuidado comigo,/Que eu não sou perigoso:/Viver é que é o grande perigo" Belchior, 76, "Antes do Fim" Mas antes do fim queria pedir: chupa meu pau na beira do córrego, minha putinha, Grande Chupadora do Universo!

10/12/2003


Dia 3
Boquete, Dinheiro & Rock'n'Roll
(GG Allin)

Ontem foi Quarta-Feira, mas a Grande Chupadora do Universo não apareceu... Será que ela estava chupando outro pinto na beira do córrego? Fiquei com ciúme, afinal! Ai lembrei que outro dia, enquanto ela chupava meu pau, fiquei olhando para dentro do córrego e vi passar alguns sacos de lixo e o cadáver de um cachorro. E fiquei pensando... Que porra ficar pensando em algo enquanto a Grande Chupadora do Universo chupa meu pau! Só eu mesmo! Enquanto eu enchia sua boca de esperma, o cadáver do cachorro batia em uma pilastra e se desmanchava. Ainda bem que não é o cadáver de um gato, pensei, senão a Grande Chupadora do Universo ia parar de chupar meu pau e correr até lá. Mas de qualquer forma ela nem percebeu, apenas preocupada em chupar meu pau e receber seus 10 paus. Ela guardou a grana dentro da blusa e eu guardei meu pau dentro das calças e ai fiquei pensando: onde mora a Grande Chupadora do Universo? Ao certo em algum cortiço! Pensei um monte de coisas, como por exemplo, se ela chupa o pau dos seus gatos antes de dormir, se apanha de algum cafetão filho da puta porque trouxe pouca grana - ai essa história dos gatos é mentira? - Fiquei ali, fumando um cigarro e pensando enquanto ela caminhava na minha frente. Ai pensei e falei sem pensar: você é uma putinha, mesmo! E ela: sou mesmo! E levantou a saia deixando uma bundinha bem gostosa a mostra, coberta por uma micro tanguinha vermelha. Você é a Grande Chupadora do Universo, disse. E ela: Sou mesmo! Chupo mesmo! Me dá mais dez paus e eu deixo você chupar minha buceta! Não dou merda nenhuma, eu respondi. Gastei o que tinha em conhaque barato e os últimos 10 paus eu lhe dei. "I Wanna Piss On You", cantou GG Allin. E eu disse para a Grande Chupadora do Universo: Quero Te Mijar. E ela disse: são vintão! E fiquei ali pensando enquanto os saltos gastos da minha botina batiam no asfalto: Que grande vaca essa ai. Por cem acho que ela casa comigo! Só se for muito burra, minha consciência berrou lá do fundo do córrego onde jazia o cadáver em decomposição do cachorro. Ai eu caminhei mais um pouco e enfiei a mão na bunda dela. A Grande Chupadora do Universo pulou pra frente e disse: isso não. Estou testando a mercadoria... Epa, peraí, isso ai aconteceu enquanto a gente ia para a beira do córrego. Ah, putinha, vem aqui! Queria comer sua bucetinha! É trintão ali no hotel, disse ela... E eu nem sei porque lembrei de uma frase de Allin enquanto cantarolava o refrão de "I Wanna Piss On You": "Se você acredita no verdadeiro rock'n'roll underground, então é hora de fazer alguma coisa. A hora é agora de derrubar a situação e declarar guerra às gravadoras, estações de rádio, publicações, bares e qualquer um que promova a chamada" cena "que existe atualmente. Precisamos destruir tudo e tomar de volta o que está nas mãos de empresários idiotas e conformistas. Mas a ação deve começar agora e sangue poderá ser derramado". É, continuei a pensar sem tirar os olhos da bundinha da Grande Chupadora do Universo: precisamos dar início á uma grande revolução: quebrar todos os discos, convocar todas as putas do universo e declarar guerra ao sistema que é capaz de jogar um cão morto em um córrego em cuja beirada a Grande Chupadora do Universo faz um boquete para alimentar seus gatos. As putas serão os soldados dessa nova revolução - re-evolução - elas chuparão o pau dos inimigos até que eles morram esgotados. Uma revolução limpa. A Grande Chupadora do Universo será minha Primeira-Comandante Em Chefe. Ela será a chefe geral dessa verdadeira revolução. O hino será a música de GG Allin e tomaremos o poder sem derramar uma gota de sangue, apenas muita porra engolida pelas putas comandadas pela Grande Chupadora do Universo. "Bêbados não marcham!", disse o grande Frank e completou com algo que pode ser o mote de minha revolução: "Se você quer trepar, vá à faculdade. Mas se você quer aprender alguma coisa, vá à biblioteca". Depois de ganha a revolução, as putas irão criar os ministérios, convocar as massas e em comemoração a vitória, chuparão o pau de todos os homens do povo! Desde os operários até os professores. Mas ai chuparão com prazer. A Grande Chupadora do Universo será eleita a grande Rainha e todas as putas a reverenciarão. À beira daquele córrego será erguida uma estátua, com a Grande Chupadora do Universo chupando meu pau a aos nossos pés, um cachorro morto. Revolução, sim revolução, minha Grande Chupadora do Universo! Fizeste sem saber a revolução! Mas: "Minhas palavras, um sussurro, sua surdez, um grito. Eu posso fazê-lo sentir, mas não consigo fazê-lo pensar. Seu esperma na sarjeta, seu amor no esgoto. Assim vocês cavalgam pelos campos e vocês fazem todos seus negócios bestiais e seus sábios não sabem como é se sentir burro como um tijolo ". Perguntei para a Grande Chupadora do Universo se ela conhecia Jethro Tull. E ela me respondeu: "The poet and the wise man stand behind the gun And signal for the crack of dawn, light the sun Do you believe in the day ?" E eu disse: acredito no dia, mas agora é noite, e você tem que ir embora dar comida aos seus gatos. Seus gatos já lamberam sua bucetinha? E ela: "Deixe-me contar-lhe as histórias de sua vida, do corte da faca e da facada, da incansável opressão, da sabedoria incutida, do desejo de matar ou de ser morto. Deixe-me cantar sobre os derrotados que ficam nas ruas enquanto o último ônibus vai embora. As calçadas estão vazias: as sarjetas correm vermelhas enquanto o bobo brinda o seu deus no céu". E eu: lamberam ou não lamberam? E ela, ainda: "E o amor que eu sinto está tão longe. Eu sou um sonho mau que tive hoje e você balança a cabeça e diz que isto é uma vergonha. Faça-me voltar aos anos e dias de minha juventude, puxe as cortinas pretas e grite ao mundo a verdade. Faça-me voltar aos longos séculos, deixe-os cantar a canção."Ela, a Grande Chupadora do Universo, ali em minha frente, erguendo a saia, balançando a bundinha e cantando, cantando, cantando:" Gentilmente anunciem o tempo de nosso ano e juntem suas vozes num coro infernal. Determinem precisamente o tipo de seu medo. Deixem-me ajudá-los a levantar seus mortos enquanto os pecados dos pais são alimentados com o sangue dos tolos E com os pensamentos dos sábios e com o pinico embaixo de sua cama." Canta, putinha, canta! Canta, Grande Chupadora do Universo, canta! Que loucura isso, pensei e depois falei! Mas ainda não respondeu: Lamberam ou não lamberam? E ela: Não! Mas eu chupo o pau deles toda noite antes de dormir! Aquilo era demais! E sai correndo até o próximo amanhecer!

11/12/2003


Dia 4
Putas, Emoções & Rock 'n' Roll
(Led Zeppelin)

"As baratas não rastejam, é apenas o jeito delas caminharem", uma frase proferida por alguém que não me quer bem... "Existe uma grande diferença entre ajoelhar e ficar de quatro." Esta é de Frank, o Grande Zappa. Então eu junto as duas coisas e chego a conclusão que as baratas não conseguem ajoelhar-se nem ficar de quatro, sequer rastejam... Apenas caminham e estão neste planeta muito antes que nós, pobres seres humanos. Ser uma barata ou não ser? "Aquela manhã Gregor Samsa acordou transformado em um inseto monstruoso." Kafka não usa a palavra "barata" em sua obra, mas quando fala em "inseto monstruoso" todos entendem que ele fala de barata. O que há de monstruoso em uma barata, querido Kafka? Imaginou uma barata acordar pela manhã transformado num monstruoso ser humano? Ela ia morrer do coração. (Barata têm coração? - Claro que tenho!, embora um pouco doente, fraco e que carrega pouca paixão, mas ainda tenho). Acordei ontem com uma puta dor de cabeça. Tinha brigado com o mundo, de mau humor porque a Grande Chupadora do Universo não aparecera para chupar meu pau na beira do córrego. Uma Aspirina e uma Coca-Cola foram o suficiente para abrandar, mas me deu uma caganeira desgraçada. Depois sai andando pelas ruas e quase pisei em uma barata. Pobre dela, quase a esmaguei. Uma barata entrando por baixo da saia de uma mulher é muito sensual e elas nem percebem isso, aquelas patinhas roçando a pele das coxas, caminhando em meio aos pelos da bucetinha, passeando no rego, entrando na bunda, depois subindo e passeando ao redor dos bicos dos peitos. Uau! Existe um certo charme profano nas baratas. Algo que nem o mais maluco dos psiquiatras poderia explicar. Queria ser uma barata e poder entrar debaixo da saia da Grande Chupadora do Universo na beira do córrego. As baratas não precisam fazer nenhuma revolução para dominar o mundo. Elas são a própria revolução, pois sabem que herdarão este planeta que a espécie humana acha que é proprietária. Apenas caminham e esperam que sua herança natural lhes seja entregue. Talvez sobrem alguns humanos rastejantes que se esconderão pelos esgotos e pelas beiras dos córrego, não mais sendo chupados pela Grande Chupadora do Universo, mas rastejando em busca de comida. Possivelmente elas, as chupadoras, sobreviverão. Mas eu não. Aliás, eu não sobrevivo, sub-vivo! Uma chinelada e pronto, estou morto... Por isso escondo os chinelos da casa... Alguém pode ter uma péssima idéia. Todos sabem que a música da minha vida e da minha morte é "Dazed And Confused". Aquele clima denso e tenso, aquela estrutura melódica caótica, é algo que penetra em minha alma, perscruta minhas mais tênues emoções...("Estar atordoado e confuso por tanto tempo não é verdade. /Procurando uma mulher, nunca barganhada para você./Muitas pessoas falam e poucas delas sabem,/a alma da mulher foi criada em baixo.") Page fala de mulheres, de putas e de emoções... De emoções baratas? Ou seria de baratas emoções ou ainda de emoções de baratas? Sou uma dor, uma dor e nada mais! Mas hoje, bem hoje, a letra que está falando muito alto, definindo minhas emoções é The Last In Line. Escutem isso: "Nós somos um navio sem uma tempestade / O frio sem o calor / Luz na escuridão que precisa/ Somos uma risada sem uma lágrima / A esperança sem o medo." E a coisa continua: "Nós saberemos pela primeira vez / Se somos maus ou divinos / Somos os últimos da fila" Dio é um cara fantástico: "Bem, se parece real, é ilusão / Para cada momento de verdade, há confusão, na vida / Amor pode ser visto como uma resposta, mas ninguém sangra pelo que dança". É duro mesmo, a sensação de ser o último da fila. A fila anda, os primeiros chegam, mas o último é sempre o último, não importa o que aconteça. "Você pode se libertar/Mas o único caminho é para baixo" Dio canta isso! É bem assim, não existe liberdade! Não liberdade real! O caminho é a morte, "o caminho da dor é o amigo", cantou Raul. Mas onde andam meus amigos? A dor eu sei onde anda, diretamente em minha mente, mas os amigos? Onde andam, que caminhos percorrem? "Você me pergunta / Aonde eu quero chegar / Se há tantos caminhos na vida / E pouca esperança no ar". Existem caminhos que eu reconheço. Sei quantos passos separam a esquina onde fica a Grande Chupadora do Universo e a beira do córrego! Mas a Grande Chupadora do Universo conhece seu caminho? Imagina que é apenas chupar umas rolas, enfiar 10 paus dentro da blusa e comprar comida de gatos? Mas em que Lugar da fila está a Grande Chupadora do Universo? O último é meu! Ninguém tasca!

12/12/2003


Dia 5
Sangue, Paixão & Rock 'n' Roll
(Jim Morrison)

Deixa eu lhes contar sobre o sangue que não escorreu do meu peito porque o medo da dor impediu que a faca penetrasse mais que apenas umas tenras camadas de pele. Deixa eu lhes contar sobre a dor que eu senti, do ardor e do medo, do muito medo que o medo da dor provoca. Deixa eu lhes contar sobre a morte que eu não experimentei, sobre a vida que também não. Deixa eu lhes contar sobre a falta de desejo e sobre a falta de beijo que empurrou minha mão em direção ao sangue, sobre a falta de paixão e compaixão, de passo e compasso, pacto e compacto... Deixa eu lhes contar sobre a jornada que não aconteceu porque a passagem era cara demais, porque o condutor do trem tem cara de fantasma e aquilo nem é um trem fantasma. Ah, como eu queria estar bem, forte... Mas estou mau, muito mal... Os olhos ardem por causa das noites sem dormir, do conhaque, dos cigarros e da falta de paixão... Ah minha paixão, onde estás? Queria mesmo falar cobre paixão e cantar sobre a beleza da vida, odes supremas a uma musa que não é a Grande Chupadora do Universo. Deixa eu lhes contar sobre as mulheres que não transei, sobre as bundas que não apertei. Apertei... Apertei o gatilho da faca... Mas quando o sangue jorrou eu morri... De medo de morrer... E não morri! Deixa eu lhes contar sobre o medo que eu tenho de viver, não sobre o medo de morrer! Deixa eu falar sobre o que eu desconheço, sobre tudo o que temo, o sobretudo que não tenho, sobre tudo o que não tenho e temo, temo e tenho! Tenham dó de mim! Não, não tenham dó de mim, pois e não sou digno de dó, nem de compaixão... Deixa eu falar sobre as putas que paguei, o dinheiro que não ganhei, as causas perdidas, as dores ardidas, as almas partidas que partem em pedaços. Deixa eu falar sobre mim, deixa! (?) Então: na outra linha, parágrafo, dois dedos da margem: eu nasci quase sem nascer, de um parto dolorido não desejado, o Brasil era campeão de futebol e minha mãe queria comemorar. Mas eu e minha hepatite a impedimos. Ela olhou pela janela da maternidade e amaldiçoou aquele momento e eu nem sequer sabia que Lennon cantaria poucos anos depois: "Mother, you have me, mas I never have you". John morreu e eu também. Um tiro na cabeça, outro no coração. "Ninguém ama você quando você esta arruinado / Ninguém olha para você, quando você esta em situação difícil / Todo mundo é empurrado para a responsabilidade e o dinheiro". Mas, John, seus casacos de pele e sua grana guardada dentro do Edifício Dakota, perto do Central Park? Ai eu corri e chorei porque era real sua definição. Minha mãe nunca chorou minha morte, nem sentiu saudades. Minha hepatite a impediu de dançar pelas ruas, comemorando o futebol e naquele momento eu comecei a pensar que "Sábios não conhecem o que é ser burro feito um tijolo". E Ian Anderson cria carpas e eu crio baratas! Ia esquecendo: a grande chupadora do universo cria gatos. Outro dia, dia 8 de dezembro, data de casamento de minha mãe e exato um ano em que fui agredido por ser roqueiro, encontrei com Jim Morrison num bar na Penha, ele estava bem magro e com os cabelos brancos. Disse que era o Rei Lagarto e eu lhe disse: "Oh, eu sou o Rei Barata"... E ajudei-o a erguer-se com a testa ferida, da beira da sarjeta. Mas Jim falou: "Eu Sou o Rei Lagarto. Posso fazer tudo" . Até espatifar-se contra uma guia em frente a um bar fedorento da Penha. Mas Jim, ainda muito lúcido apesar dos seus 60 anos completado naquele dia, ainda disse: "Tudo o que é desordem; revolta e caos me interessam; e particularmente as atividades que parecem não ter nenhum sentido. Talvez seja o caminho para a liberdade. A rebelião externa é o único modo de realizar a liberdade exterior." E emendou: "Cancele minha inscrição para a ressurreição, envie minhas credenciais para a casa de detenção, tenho muitos amigos lá". E quando perguntei sobre ele, respondeu: "Alguns nascem para o suave deleite, outros para os confins da noite" . Mas, Jim...!!! Onde anda minha alma, onde andam meus sonhos, onde andam minhas pernas e o meu pau? Onde anda a Grande Chupadora do Universo? "Nunca mais olharei em seus olhos de novo / Você consegue imaginar o futuro / Tão sem limites e livre / Precisando muito da ajuda de alguém estranho." A realidade é que estou desesperado e meu desespero causa pensamentos estranhos, Queria deixar de rimar caixão com paixão, sorte com morte... queria deixar de rimar rimas com estimas, ego com prego... queria deixar de ser o que sou e ser o que não sou. Agora, deixo apenas um poema de meu xará Maciel, publicado em" A Morte Organizada ":

"Não encontro as palavras. / A surpresa das coisas me confunde. / Não sei mais o que eu sabia
Estou perdido. / Extraviei-me na metade do caminho e a carne é fraca e trêmula.
Quem me combate? As palavras fogem como pássaros assustados.
A tarde cai e a noite acorda suas sombras, seus gestos de consolo.
Quem luta comigo e ameaça numa esquina desconhecida dos subúrbios?
De onde vem essa queda súbita? / A carne é fraca e trêmula.
Procuro as palavras como alguém procura um segredo que não existe.
Eu não queria ferir tua alma delicada de mulher.
Não queria  feria tua calma. / A surpresa do mundo me confunde e não sei mais o que eu sabia.
Observo minhas roupas: estão sujas e gastas, estão cansadas e não acredito mais que possam brilhar à luz do dia.
A noite me consome e me consola. / De onde vem esse punhal escuro?
Não, eu não queria  ferir tua alma.
Mas a dor se insinua entre as frestas das portas esparrama-se pela sala, visita o quarto, o banheiro, a cozinha, abre a geladeira, fechas as cortinas e eu não sei mais o que sabia.
De onde vem esse muro súbito? / Quem desconfia do calor de suas pedras frias?
Os olhos vagam. / Os ouvidos secam. / A boca treme por um momento e se cala.
Quem me guerreia? / Quem derrama meu sangue na areia fria?
Não encontro as palavras, elas fogem como pássaros assustados e se escondem nos cantos mais sombrios do dia.
Não, eu não queira ferira tua alma delicada de mulher. Não sei mais o que eu sabia.
Quem conspira a minha queda súbita? Quem me enfraquece?
As palavras fogem. Observo minhas roupas: como estão sombrias.
Estou perdido na metade do caminho e ainda caminho e não há vento e é pesada a calmaria e não sei mais o que eu sabia.
Eu não queria ferir com essa tristeza a tua alegria.
Eu não queria. Quem me tira as forças, quem mexe os fios dessa agonia? Quem tenta me matar?
A surpresa das coisas me confunde.
Não sei mais o que eu sabia.
E não queria ferir tua alma delicada de mulher.

14/12/2003


Dia 6
Mães, Padres & Rock'n'Roll
(Ozzy)

Estou chegando ao fim! Fim do quê? Não sei.Se soubesse não seria o fim! Quero morrer igual ao pai de minha mãe, transando! Mas não com a mãe de minha mãe, é claro! Quero transar e morrer, morrer e transar! Quero o que é bom! "Compra bombom, moço!" Uma menina de oito anos oferece e eu nem quero saber de bombom. A menina com cara de choro implora e eu compro seus malditos bombons. Ah, já sei: vou dar de presente á Grande Chupadora do Universo. Gatos comem bombom? Senão eu enfio um bombom no cu dela enquanto ela chupa meu bombom de carne na beira do córrego. "A sanidade agora está além de mim, não há alternativa". Ozzy escreveu em seu diário, enquanto no meu eu escrevo algo mais ou menos assim: "A vida está além de mim, não há alternativa!". Ozzy tem o Diário de um Louco e eu tenho meu Diário de um Morto! Não "Diary Of a Madman", mas "Diary of a Deadman", algo assim. Muito bem! O padre e minha mãe contaram histórias mentirosas sobre Mim e sobre Ele! Fui enganado e agora é tarde demais. Não quero o Céu embaixo de meus pés nem o Inferno sobre a minha cabeça. Nem mantos nem chifres. Nem o Padre nem minha Mãe! Escorracem, sim! Estou farto de suas bondades! Estou farto de suas penas. De galinhas e de anjos alados ou caídos. Estou farto e quero voltar para casa! Onde estou agora, querida criança? Quero voltar para uma casa que eu nunca tive então não é possível, pois ninguém volta para onde nunca esteve. Mas eu queria os claros dias de sol e brincadeiras inocentes... "Ah, bom, queria ser criança, novamente!", disse meu filho. Não, está errado, queria ser velho, porque ai estaria mais perto da morte. Sem futuro a preocupar, sem mães e sem padres! Apenas ser velho e brincar... De ser criança! Queria sem velho e chegar ao fim chegando ao fim, igual ao pai de minha mãe, que era um artista! Queria ser artista forte igual a ele! Mas a mãe de minha mãe também morreu. De solidão... O anjo da morte com suas penas sujas de sangue a carregou e depois em meu sonho ela disse que tinha cometido suicídio. Suas mãos era quase pretas de nicotina igual ás minhas e ela ainda sabia que aquilo era a morte, do mesmo jeito que eu sei. Mas deixa eu acender um cigarro que depois eu continuo. (...) Ah, então continuando: será que a Grande Chupadora do Universo vai ficar velha? Ou vai morrer chupando pinto na beira do córrego? Então devolve meus 10 paus, sua piranha! Os 10 paus que você chupou! E ai, quem vai sustentar seus gatos? Não olhe pra mim! Eu não! Sou um monstro sem sensibilidade, feito de merda e terra. Merda sagrada e terra amaldiçoada. Rimbaud tinha "Sangue Ruim" e eu? Sangue Podre! Sou perigoso porque sou triste ou sou triste porque sou perigoso? Disseram que estou doente, da mente e da alma, que corro perigo! Que preciso de minha Mãe e do Padre. Aliás, o Padre disse que eu corro perigo e minha Mãe que eu sou o perigo! É, realmente, o fato é que estou a perigo e então vou até a beira do córrego encontrar a Grande Chupadora do Universo! Quem sabe uns tapas na cara dela faça com ela se apaixone por mim! Ou na bunda, melhor ainda! Padres e mães não sabem o que é sentir-se "Burro feito um tijolo". Chega ai, Padre, preciso entrar no confessionário e confessar meus pecados. Ganho uma carteirinha para o seu Céu? Minha mãe disse que sim! Minha Mãe é uma mentirosa hipócrita! A Grande Chupadora do Universo um dia será Mãe? "Ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração dos filhos", digam isso a ela. E nem chora não! Conta uma história, um conto da carochinha, sobre a Mãe Coruja, mente bastante, cria ilusão, depois abandona a cria! A Grande Chupadora do Universo tem peitinhos pequeninos e um par de bicos pretos. Deixa eu mamar neles? Deixa??? Implorei outro dia! E ela: "São trintão!" Ai eu mandei ela se foder! E ela falou: "Ai são cinquentão!" Grande filha da puta, vai tomar no seu cu!" Eu disse. E ela:" Aí são cenzão!" Quase mijei de rir e repeti: "I Wanna Piss On You" e ela ajoelhou e chupou meu pau até eu mijar na boca dela. Maldita puta filha da puta!

15/12/2003


Dia 7 (Último)
Cachorros, Merda & Rock'n'Roll.
(Tublues)

Torquato Neto enfiou a cabeça dentro do forno e abriu o gás. Deixou um testamento poético: "Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes mestre de cerimônias." Será que se eu enfiar a cabeça dentro do micro-ondas e apertar o "power" meu cérebro fritará até parecer Batata Prengles, ou coisa parecida? Deixo também meu testamento poético: "Fodam-se!" Poético isso, não? Nunca quis ser poeta mesmo... Do mesmo jeito que aconteceu de eu ser narigudo e um tanto estúpido, aconteceu de eu cometer algumas porcarias poéticas. Mas cumpri o que Torquato pediu: nunca trai a poesia, nunca trai o Rock'n'Roll, nunca trai ninguém. Fui traído, sim... Muito! Parece maldição isso! Torquato abriu o gás e eu vou ligar a tomada. Mas agora quero mesmo é escutar um som! O pessoal do Tublues realizou um sonho meu, tenho uma porcaria de uma poesia musicada. Sangue de Barata ficou legal pra caralho! Tem um monte de gente querendo sugar meu sangue e ninguém a não ser a Grande Chupadora do Universo, quer sugar meu pau! Aperta o "power" ai! Aperta meu pau ai! "Quando eu nasci/um anjo louco muito louco/veio ler a minha mão/não era um anjo barroco/era um anjo muito louco, torto/com asas de avião/eis que esse anjo me disse/apertando minha mão/com um sorriso entre dentes/vai bicho desafinar/o coro dos contentes/vai bicho desafinar/o coro dos contentes/let's play that". Tenho mais de quarenta anos e então não deixam que eu trabalhe, ai nem tenho jeito de pagar as contas que ficam penduradas, o aluguel fodendo e tal. Difícil é cometer poesia assim, mas o mais difícil é estar em perfeita solidão, a solidão perfeita que só sente quem está no meio de uma multidão insensível. Acaso eu morra, só irão perceber dias depois por causa do fedor de carne podre. Ninguém afinal nota minha presença e eu grito e ninguém escuta. Escuta aqui: vão todos se foder! Deixem-me (morrer) em paz, então! Danem-se, apenas não desliguem a luz que pra eu ter como ligar o micro-ondas. Ontem tentei recomeçar a ler um livro pela décima-sétima vez e não consigo passar da página 17 ("Todos seus psiquiatras de dois bits / estão dando a você um choque elétrico / eles dizem que deixaram você viver em casa com seus pais / no lugar de manicômios / Mas todo o tempo que você tenta ler um livro / você não consegue passar da página 17 / porque você esqueceu onde você está /então você nem mesmo pode ler" - Lou Reed, "Kill Your Sons" Sinceramente, tenho inveja de Lou Reed, a cara faz o que eu queria pra mim. Sempre imaginei que as porcarias das minhas poesias seriam letras de Rock. Imaginem: "Aquela era uma noite muito calma até um certo ponto / O porque dessa mudança, ao entardecer eu lhe conto / Então toda cachorrada começou a ladrar esganiçada / E as ladras pararam diante da fechadura enguiçada." Ou "Ácida Cida de madeixas cor de sangue nobre / Cida ácida, doces ameixas, o ouro e o cobre / Ácida Cida dos cantos, encantos, recantos / Cida, ácida droga, lágrimas e prantos" (Esta Eu imagino algo como "Vicious"; ou ainda: "Filho bastardo de uma consciência dúbia, alguém sem escrúpulos, doente. / Perambulo pelas esquinas, bêbado de cachaça sem uma maconha decente. / Seria realidade a minha infinita pré-disposição em ser eternamente pobre? / Em ser um inútil poeta de bar de esquina, jamais de um restaurante nobre?"??? Canto assim, porque assim é minha maneira de cantar. Nenhum acorde musical, nenhuma nota. Apenas letras toscas com rimas idem. Mas, o que importa agora. Kafka mandou queimas seus escritos pouco antes da morte, mas como tinha amigos, algo ainda sobreviveu. E eu? É uma pena! Queria apenas um pequeno lugar sob o Sol, mas deram apenas a escuridão. A trilha sonora da minha existência nem deveria ser um Rock, mas um Blues... Solta o disco:

"Não posso ser menor que o Sonho, Nem maior que o Pesadelo!
Não posso ser menor que a Liberdade, Nem maior que a Prisão!
Não posso ser menor que o Homem, Nem maior que o Cão!
Não posso ser menor que o Bem, Nem maior que o Mal!
Não posso ser menor que o Amor, Nem maior que o Ódio!
Não posso ser menor que a Vida, Nem maior que a Morte!

O Heavy cantando isso ficou bem legal. Imaginei que isso seria um Blues-Rock e Heavy fez disso um Rock'n'Roll. Ai ficou bem legal... Sonha, poeta desgraçado, sonha maldito sonhador, morre maldito guerreiro. Fodam-se! Nem quero mais saber! Que importa agora? Claro que para encerrar essa merda toda, só poderia recorrer a Jim Morrison. No mais fiquem com "Deus e o Diabo na Terra do Sol". Vocês merecem!

É o fim, bela amiga / É o fim, minha única amiga / O fim de nossos planos incríveis / O fim de tudo que está de pé
O fim
Sem segurança ou surpresa / O fim / Nunca mais olharei em seus olhos de novo / Você consegue imaginar o futuro / Tão sem limites e livre / Precisando muito da ajuda de alguém estranho / Em uma terra desesperada
Perdido em uma imensidão de dor Romana / E todas as crianças são insanas / Todas as crianças são insanas
Esperando a chuva de verão / Há perigo no subúrbio da cidade / Ande na auto estrada do rei
Cenas estranhas dentro da mina de ouro / Vá para o oeste na auto estrada, baby / Ande na cobra
Até o lago / O lago antigo, baby / A cobra é comprida / Sete milhas / Anda na cobra / Ele é velho / E sua pele é fria / O Oeste é o melhor / Venha aqui e nós faremos o resto / O ônibus azul está nos chamando / Motorista, para onde está nos levando? / O matador acordou antes de raiar o sol  / Ele colocou suas botas / Pegou um rosto da antiga galeria / E desceu o corredor / Entrou no quarto onde sua irmã morava / E depois visitou seu irmão / Depois ele continuou a caminhar pelo corredor / E chegou a uma porta / E olhou para dentro / Pai? 
Sim, filho? / Eu quero te matar / Mãe, eu quero...  / Vamos, filho nos dê uma chance / E me encontre atrás do ônibus azul / É o fim, bela amiga / É o fim, minha única amiga / O fim / Dói libertar você / Mas você nunca me seguirá / O fim de risos e mentiras leves / O fim de noites em que tentamos morrer / É o fim

1/1/2003

Pizza, Poesia & Rock'n'Roll

Pizza, Poesia & Rock'n'Roll
Luiz Carlos “Barata” Cichetto

Alguma coisa acontece em meu coração... mas a esquina da São João com a Ipiranga não é mais a mesma! Caetano não é mais o mesmo, os Mutantes... mudaram e se mudaram. A Augusta está cheia de putas e puteiros e não existem mais shows de Rock decentes. O muro caiu, o socialismo acabou... e agora José? E agora João? E agora você? Acreditávamos em sonhos e agora são os sonhos que não acreditam em nós... A gente continua com fome de paixão... Acreditar em quê? Sexo, Drogas e Rock'n'Roll? Acredito em Pizza, Poesia e Rock'n'Roll... Janis, Lennon, Raul... Estão todos mortos e os fracos estão todos vivos... Eu inclusive! Comamos a Santa Ceia da "ingnorância"... Pobres crianças sem esperanças e empregos e sonhos... O Rock está morto! Morreu junto com Deus! O sonho acabou, a festa acabou... E agora José? E agora John? Apanhem os pedaços de cérebro espalhados por Nova Iorque... Na frente do Edifício Dakota... Quero cantar, quero contar, uma história bem antiga, caminhando e cantando e seguindo a canção... Somos todos iguais braços dados ou não (?) Não, não somos todos iguais, braços dados ou não! Abraços dados ou não... O que aconteceu com a Poesia? Ah, deixa pra lá... E com a Pizza? Quero minha com mortadela... Estou enjoado hoje! O estômago dói de fome e eu não como ninguém há muito tempo... Morri e nem sei em que mês... Metrô Linha 743... Raulllllllllllllllllllllllllll! Comeram meu cérebro no jantar de ontem à noite e eu nem percebi... Ah, quanta coisa queria falar, mas minha língua está cortada... Então, escuta aqui... Cinco e meia da manhã e eu não sei se o dia amanhece hoje e se amanheceu ontem... Insônia terrível essa! Queria alguém agora deitada em meu colo, e eu lhe fazendo cafuné... E ela chupando meu pau! Credo, que cara nojento! Quero carinho e sexo e não tenho o que nem quem comer... Então escreve ai! Meu caderno de anotações está cheio de letras de música, de poesias e rabiscos. Pára com isso! Quero minha pizza com molho de menstruação! Escrevo poesias para não enlouquecer... Me masturbo embaixo das cobertas para não esquecer... Que existo. Já tive amores sim! Existe uma mulher que está comprando uma escada para o céu e eu nem sei onde isso vai dar... Quem vai dar? Pra quem? Pra mim, que é bom, ninguém quer! Esqueci quem sou e nem lembro porque... Mas por quê? Existiam putinhas bonitinhas na esquina da São João com a Ipiranga... Hoje tem apenas um bando de camelôs e Caetano nem Gil andam por lá apenas os novos baianos... O que aconteceu com a música, meu Deus do Céu? Do Céu? Meu? Deus? O que aconteceu com meu Deus? Ele fugiu de mim igual minha mulher? O que esperar de mim? Alguém espera por mim? Minha mãe? Onde anda? Sonho que se sonha só... É só um sonho... Mas ontem eu tive um pesadelo, quem quer dividir comigo? Pára com isso, cara! Todos os meus pensamentos estão sendo vigiados, existe um americano em cada esquina e em cada esquina da minha angústia, uma cançãozinha antiga me faz lembrar minha paixão! Ah, mas existem ainda a Pizza, a Poesia e o Rock'n'Roll! Ah, quanta coisa eu queria falar, escrever, mas arrancaram meus dedos! Ainda bem, senão eu ia enfiá-los no seu rabo sujo! Foda-se, amigo! Meus sapatos estão gastos, minhas calças rasgadas e eu nem sei o que pensar! Espera um pouco ai... Vou ali na esquina me suicidar e já volto! Patas de baratas arranham meu cérebro e hoje eu nem comi nenhuma... Aceita um cafezinho? As paredes escutam meus pensamentos e surdas são as mulheres! Paredes? Os sonhos não me deixam dormir... E a esquina da São João com a Ipiranga... Onde fica mesmo? O que fizeram com o Rock? O que fizeram com a Poesia? O que fizeram com a Pizza? O carteiro entregou uma carta... de baralho! Caralho!!!!!!! Tem certas rimas que são perigosas! Ah, como eram gostosas as putinhas da São João! E as Pizzas, então....! A Poesia... Um dia encontrei umas folhas datilografadas com poesias no chão da São João... Seria alguma Puta-Poeta? Ah tinha, sim... a Regina era uma puta que tinha uma buceta tão quente que queimava a cabeça do pau! Quer poesia melhor que essa! Aprendi muito com as putas da São João.... Caetano comeu alguma delas? Acho que não! Lembrei de Henry Miller... sei lá, esse jeito de escrever! Foda-se ele também! O velho Buk deve estar se mijando de rir disso! Tomando um porre com algum anjo! Quando eu morrer... morrer.... morrer... Eu tenho um sonho... Então passa manteiga nele! Estou nu na chuva e na escuridão e nem um Rock pra acalmar minha ira! Garçom traz uma Pizza, de Mussarela com bastante azeitona! E um guardanapo de papel pra eu escrever minhas mágoas e depois limpar o cu! Bobagem! Chama a polícia! Prendam o garçom e o poeta! Tirem esses pregos da minha mão que eu não sou Jesus! Ah, Madalena! Não conheci nenhuma puta com esse nome! As putas, coitadas, nem têm nomes! Ângela era uma puta por quem me apaixonei! Onde anda? Com certeza é uma puta-velha ou uma puta-morta! Ao vencedor, as baratas! "Eu desisto, Não existe essa manhã que eu perseguia" O dia nem clareou, as putas estão indo pra casa! E tudo o que eu preciso é de Pizza, Poesia e Rock'N'Roll!

4/29/2003
A Viagem Imaginária de Ara Watasara a Manaus
Barata Cichetto

Ao Bandeira
Foto: Vivi Acácio - Modelo: Alessandra Gomes

É, Jorge... As coisas pararam. Tudo. Não há trabalho para mim, apenas dividas e mais dividas. É... São quatro e pouco da manhã e mais uma noite perdida pensando nas dividas, na falta de perspectivas... Ninguém quer saber de merda nenhuma. Umbigos, umbigos, ah, os umbigos, tão salientes, proficientes, maledicentes, inconscientes. Indecentes, até. Mas, esses são períodos, falam. É comum. Comum? Amigos comentam que feito eu, que precisa trabalho, existem aos milhares de milhares. Não sou milhares, sou um. Sou indivíduo, que sempre trabalha e trabalhou. Mas o indivíduo não importa mais nessa senzala pseudo-comunista. Eu e o Eu? Estamos mortos. As feiras humanas da madrugada proliferam na periferia e há um quilo de tripas de poetas escorrendo pelas sarjetas... O que importa, Jorge? A bandeira? (desculpe o trocadilho, infame, mas necessário) De que cor? A minha é negra. De pirata e de morto. É de luto, minha bandeira. Por uma terra porca composta de gente que emporcalha seus monumentos, que transforma excrementos em tiranos. E gente em excrementos. Mudar nomes de monumentos, apagar a história, mudar a história. Mas o que não muda é a escória. Minha mulher chora o emprego que perdeu, as gatas miam sem ração. Qual é a razão de tanto? A nação do pranto? Quanto? Quanto? Quanto falta? A mim, tudo. Para onde ir? Manaus? Porto Alegre? Paris? Ou apenas até a esquina? Sentir o cheiro de merda que exala do córrego onde dejetos humanos de pobres e ricos estupram meus pulmões. Pobres e ricos são capitalistas. Comunismo é uma ilação histérica de gente de mente corrompida. Haja saco! Tanta baderna política e tanta loucura por nada. Nada mesmo. Nada nada nesse córrego. Bosta de pobres das favelas à beira. Bosta de ricos das fábricas. Bostas são bostas. E ponto. Bandeiras tremulando na porta da escola, mas dentro tem merenda: cérebros de crianças devorados por idealistas mal educados, mal amados e mal comidos. Tolos. Tirem as mãos dos crânios dos meus filhos. Qual é seu preço? Qual é o preço da sua ideologia? Tem preço, mas não apreço. Tenho cinquenta e oito, acabei com meu ultimo pacote de biscoito. Coito? Nem. Que hoje não comi. Nada. Nem ninguém. Desfralde a bandeira, troque as fraldas e a mamadeira. Não tenham medo da responsabilidade, da autoridade e a da vontade. Tenham filhos, criem filhos e percebam os trilhos te levarem a uma estação diferente. Pode ser Guaianases, Inferno ou o Verão. Mas verão a cor da estação. Paredes pintadas de verde. Vertente. Pode ser na Ponta Negra, na Ponte Rasa, ou na Puta Que Pariu. Riu? Então ria. Cioran se mata de rir de nós e compomos literatura de cordel. Ou de bordel. Cioran é o santo protetor dos incrédulos. Política é crença. Morro ontem, mas amanhã eu componho um poema escrito com merda na parede. Sonho com mortos, depois desperto. Certo. Tem muita gente com insônia. Alô, Bandeira! Tem fotos sacanas? Que bacana! Manda aquela daquela. Preciso dormir, porra! Deidades não dormem. Eu preciso. Que tal um filme pornô, penso comigo. Lembro-me de Sara, Jane, Cleide, Monica, Alexandra e uma porrada de putas que eu comi mas não gostei. Tem muita puta escrota na beira do Cais do Porto de Manaus. Bauhaus? Ou no Cais do Porto Alegre. Triste. Quintana triste. Ah, preciso sair. Ir à quitanda. Tem alface? Nem Gatos nem Alfaces. O chaveiro roubou a chave. Mas eu ainda tenho o segredo da fechadura. Ara Watasara, titulo honorífico que destes a mim, “Andarilho do Tempo”, em Nheengatu.  Admito: o tempo é meu caminho, uma estrada sem desvios, um destino certo. A morte é o destino. O tempo é o caminho. Ainda quero desfilar pelado pela Amazônia, roubar a fruta, comer a outra puta. Desfilar pelado sem vergonha do meu pinto. Sem vergonha do que sinto. Mas sinto que a unica nudez que me será permitida seja a da morte. A morte nos deixa nus. Então por que não desfrutarmos a nudez em vida? Sabes o caminho da salvação pela dor e pela arte. O que é a mesma coisa. Quero uma escrava, uma eslava e uma cavala. Potranca de ancas largas e buceta raspada. Quero ser naturista, nudista, artista, anarquista, "anartista". Foder monistas bêbadas em noite de lua cheia. E a cheia do Negro. O Encontro das Águas que eu conheço lá do alto. Tenho medo de altura, mas não tenho medo de voar. Componho poemas no raiar do sol. É frio no Sudeste. Manhãs geladas. Manhãs peladas. Sol em brasa. Frio queima. Componho outro livro de poesia. Ah, estou com azia. Dessa hipocrisia. Ah, meu amigo Jorge, que nem santo nem nada. Há terrorismo nas alas mais conservadoras do Partido Comunista Cristão. Há intolerância nas alas mais liberais do Partido da Esola Sem Partido. E eu, com meu coração partido e o estômago que mais parece solo árido do sertão, quero que se foda a política, a escola e os partidos. Quero a escola de sacanagem de Sade. O partido repartido ao meio dos cabelos das putas setentistas. Quero a ideologia dos mendigos que pedem dinheiro na porta do banco. E que morrem pela política sórdida de prefeitos preocupados em mudar nomes de monumentos. Inauguremos ruas com nomes de putas, de bichas e de poetas. Mas não ruas com nomes de Mario de Andrade, mas que inauguremos ruas com nome de Jorge Bandeira e Barata Cichetto. Ruas em Manaus, ruas em São Paulo. E a ponte Manaus-Barata é larga, poderia chamar Ponte Barata Bandeira. Hahahaha. Uma salva de risos ao distinto publico presente. Cortem a fita, disse o prefeito eleito por maioria de um. Cortem a cabeça desses putos depois. A putaria é nossa poesia e a poesia nossa putaria. Putanhamos e poetamos. Somos sórdidos. Mórbidos e espichados no trapiche da existência. Resistência sem dogmas. Em Manaus há um hotel chamado Da Vinci. Obras de arte nas paredes. E o que mais? Em Manaus Syd Barret, Lou Reed e David Bowie comem bolinho de tambaqui na Ponta Negra. Bolinho de Tambaqui. E na minha viagem, estamos eu, Bandeira, Genecy e Alessandra tomando umas e falando sobre Rock e Arte. Bebemos guaraná, presumo. Bandeira lê um de seus cordéis. "Rockordel" na minha mão. Alessandra aplaude. Genecy com seu jeito sério, ainda esboça um sorriso de Lou Reed. Ao fundo, Patti Smith agita suas mãos enormes, Lemmy trajado de cangaceiro empunha seu baixo e o Pink Floyd tocando em um volume ensurdecedor mata os peixes do Rio Solimões. Estamos todos ali, amigos por definição, irmãos por pensamento. E dançamos todos sobre as águas barrentas. Alessandra dança nua com os pés sobre uma pedra sagrada. Mas então, como quem sofre um surto, desperto e grito. Todos os ossos do corpo doendo. A boca doendo... Ah, ia esquecendo, preciso de uma dentadura. Postiça. Dor de dentes maldita. Arranca tudo, disse eu ao dentista. Assim não mordo! Sou um tordo. Pega um rodo e puxa a água. Dos meus olhos. Usa a vassoura para limpar minha sujeira. Ah, meu amigo Bandeira, quanta besteira falamos numa noite sem eira.  Nem beira. Rock In Poetry Fuck'n'Roll a tout le monde! A tous mis amis.

23/07/2016

Foto: Vivi Acácio - Modelo: Alessandra Gomes


Descanse Em Paz!

Descanse Em Paz!
Barata Cichetto

A Poesia está morta. Morreu quando acabou o décimo nono século . E agora, somos todos tal cachorros desenterrando ossos em sepulturas. Pouco sobra, pouco sobrou, apenas restos insepultos de poetas tolos que ainda acreditam em amores românticos, poesias e sonhos. E no ideal. Mas a fedorenta carniça exala seu odor. Afeta minhas narinas. A Poesia está morta e sepultada. È carniça!

E não pensem que eu não choro por ela, pois diariamente derramo minhas lágrimas sobre seu túmulo, no Cemitério dos Sonhos. O coveiro atira agora a ultima das pás de terra sobre o cadáver inerte da poesia insepulta e fedorenta. Mas ainda tenho tempo de atirar uma flor dentro daquele túmulo. "Descanse em Paz, querida Poesia!". 

E em respeito à memória da Poesia, e em honra á sua glória, rendo agora a minha alma. E prometo sobre o túmulo da Poesia: Não escrevo outro Poema!

E peço: em nome da Memória da Poesia que deixem que ela descanse nalgum firmamento estrelado em algum outro mundo, quando algum outro Poeta a encontrará e dela fará seu ideal e seu sonho. Porque neste, senhoras e senhores, a Poesia não tem lugar. A Realidade, com todos os seus nomes, sobrenomes e alcunhas nos escravizou. E onde existe escravidão não existe o Sonho, não existe o Ideal, não existem amores românticos. E sem eles, não existe Poesia!

27/07/2010

Inocência, Cristo e Graça

Inocência, Cristo e Graça
Luiz Carlos Cichetto
"My Jesus Woman", Por Barata Cichetto, 2016 - Látex Sobre Papelão

- Não atire em mim! Sou apenas o escritor.
- Poeta não é escritor! - Bang-bang-bang!

Acabou! A falência múltipla dos órgãos excluiu outro parágrafo, e uma linha de sangue escorre pela folha de papel que recobre o corpo. Já era! Foi. Finitto! Onde anda a filosofia? Debaixo de sete palmos nalgum tumulo de cemitério parisiense construído no século dezenove. Ai de mim ser filósofo, pensou Freud antes de morrer. E então, com quantas canoas se faz um pau? Basta destruir a canoa e tem um monte de madeira molhada.  Autofalência. Demência e dormência. Onde anda Inocência? A inocência encontrei há uns anos num puteiro do centro da cidade. Ela sabia chupar um pau como ninguém. E tinha também um crucifixo preso com uma corrente de prata no pescoço, que balançava enquanto ela sorvia meu mau com gosto. Ela sorria, eu gemia. E o Cristo pregado naquela cruz me olhava pensativo sobre o que tinha feito. Eu sabia o que ele pensava. Eu via nos olhos daquele Cristo de prata toda a angustia da santidade. Mesmo quando ele estava parado, no meio daqueles peitos enormes de Inocência, sabia que tinha errado. Por isso ficava ali, brilhando e sonhando, sem encostar-se àqueles mamilos que eu chupava com gosto. Jamais ousaria arrancar aquele crucifixo. Seria pecado mortal. Mas um dia Inocência me deu aquele crucifixo e eu o pendurei na minha cama. Batia punheta e ele ficava me olhando. Eu pensava em Inocência e na sua buceta que pegava fogo. E dos olhos daquele Cristo torto de metal precioso, esculpido numa máquina operada por um operário mal pago, estava escrito: "Vai se danar, seu pecador de merda. Eu me fodi todo e tu ai, batendo punheta e pensando numa puta". E eu, que nem sabia o que falar, apenas joguei a joia no vaso sanitário e dei descarga. Inocência que me perdoe pelo presente que me deu. E por Inocência virei escritor. E por indecência minha virei poeta. E se nem escritor nem poeta, virei homem, não quero saber quem morreu por mim, a não ser eu mesmo, que morro por mim todos os santos sete dia da semana. Inocência morreu logo depois disso. Foi assassinada por um pastor evangélico com jeito de galã de nove, com um fedor de urina e suor. Pobre Inocência, ainda penso eu. Nunca mais bati punheta. Nem comprei outro crucifixo. 

- Guarde sua arma! Fique com minha alma! - Gritei ao pastor. 
- Sua sina é estar vivo! - Vociferou o maldito, do alto do púlpito de cristal.

Mostre sua arma. Mostre sua alma. Com quantos pensamentos maus a gente vai para o Inferno? Pergunto eu ao Demônio com jeito engraçado que aparece todos os dias em meus sonhos. - Eu tinha que falar que são pesadelos? Afinal sonhos seriam com Anjos... -  Quando eu morri o sonho acabou. O pesadelo nem sei onde anda. Inocência, querida inocência... Tenha clemência, senhor Demônio. Minha carne ainda precisa borbulhar. Ainda preciso ter do que me orgulhar. Bobagem essa coisa de se sentir homem depois de plantar árvores, ter filhos e escrever livros. Balelas.  Essas coisas não fazem de ninguém um homem. Nem mulher, nem merda nenhuma. Escrever poesia muito menos. Todos escrevem poesia... Mas onde anda mesmo a Poesia? Ah, a poesia, aquela vagabunda satânica, preguiçosa e chupadora de pau? Morreu? Inocência era a Poesia. Ou estava a Poesia naquele crucifixo que joguei na latrina? Acabem com a família, com a autoridade e com a tradição. Não há perdão. A mim, não! Fui condenado à morte desde o nascimento. Claro, todos fomos. A sentença será cumprida no dia da sua morte. E por sorte ainda terás um tempo, preso no Corredor da Morte, esperando a ultima oração de um padre pedófilo pederasta, que acabou de chupar o pinto de um moleque de dez anos na sala ao lado. Malditos padres! Malditos moleques.  E a Santa Madre Igreja, nem por um minuto que seja, ensejará punição. Mas sou eu, que no Corredor da Morte, espera a execução na cadeira elétrica. Mas estou com fome. Tenho direito a última refeição. Tragam carne, muita carne. Tragam presunto, bacon, batatas fritas e uma bela buceta. Quero comer antes de morrer. Aquela bunda enorme que baila na esquina e que me pede, feito uma criança por um doce, que eu a foda de quatro. Mas agora é tarde, estou faminto e nem dormi. O padre com o crucifixo nas mãos - Seria o mesmo que joguei na privada? - Reza baixinho por minha alma e eu nem sei o que falar. Ele pergunta se me arrependo de meus pecados. E eu lhe digo que pecar é algo que nunca fiz. Quem é meu juiz? Eu mesmo, Luiz! Foda-se padre. Apertem logo o interruptor e acabem com essa agonia. É meu dia. De morrer. 

- O que você está escrevendo? - Pergunta minha mulher.
- Escritos. Proscritos. Descritos como tal. Por um tal... De... Sei lá.

Escrevo... Ainda escrevo... Mas parece que a palavra mágica é... Qual é a palavra mágica? Que abre portas, que encerra delírios? Que Paga as contas? Qual é a palavra mágica para foder tantas bucetas eu puder aguentar? Use a varinha de condão, Fada Safada! Anjo da Guarda dos Putos. Santa da Inquisição. Use a vara e puxe o cordão. De isolamento. Um lamento. Por mim. Lamente por não chupar meu pau. Experimente meu mingau. Tanta mulher querendo dar. E eu querendo ter dinheiro. Meus óculos quebraram. Ah, não, estou mentindo. Tomei um porre outro dia e deixei cair no banheiro público da estação de metrô. E não foi na Linha 743, que essa é do Raul. A minha é a Vermelha. Cor de Sangue. Periferia nojenta. Qualquer periferia é.  Barracos, cacos, favelas e novelas das oito. Quer um biscoito? Prefiro um coito. Com a atriz de pernas compridas da novela. Ela não fode comigo. Tem dona! Desgraçada! Maldita filha da puta que não quer foder comigo. Só na novela. Ah, vou escrever uma novela. Vai passar na Globo. Um drama lindo, daqueles de arrancar lágrimas de senhoras mal comidas que não tem coragem de arranjar um amante e ser comida enquanto o porco do marido arrota cerveja e assiste futebol nas noites de Quarta-feira. Nunca tive amantes. Casei com todas. E que tal foder com a atriz grandalhona de pernas longas nos bastidores na gravação da novela? Eu sou escritor, sou o autor. E posso melhorar seu personagem. Chupa meu pau que te dou um papel. Higiênico.

- Mas que graça tem isso? Pergunta o comediante.
- A Graça era outra. Era a irmã de Inocência. Era lésbica. - Respondo eu, do alto dos meus cinquenta e oito anos.

Alguém pode me dizer em que ano foi que eu morri? Como foi meu enterro? Qual foi meu erro? Tinha muita gente chorando? Quantas piadas foram contadas durante meu velório? Eram engraçadas? Qual era a graça? - Juro que não sei. Mas juro que pensei. Tem um tempo aí? Espera um pouco. Não vá embora. Agora. Fique mais um pouco. A solidão é ruim. Certo... Desapareça, mas não se esqueça de me lembrar de que estar só é bom. Fico com meus medos, fique com seus segredos. É cedo ainda para recomeçar. Mande embora o cachorro. Peça socorro. Queriam que eu fosse um cachorro abanando o rabo, mas sou um gato sobre seu telhado. Um gato malhado. Que te arranha a cara. Que te desmascara. Que te encara e te escarra. Um gato. Mas não fuja, não tenha medo de mim, só porque eu tenho. Eu tenho. De todos teus amantes não sou o melhor, nem o mais fiel, mas sou aquele que te faz jorrar. E o que importa? Perdi teus melhores anos, perdestes meus melhores planos.  E agora, restou o resto do tempo que eu tenho contigo. Quer um remédio? Meu tédio? Assedio? Quer minha experiência? Minha demência é de Graça. Dei de graça. E a Inocência, aquela que eu joguei na latrina junto com o crucifixo está morta. Chega de desgraça. De graça!

01/08/2016