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30/06/2019

Homem-Barata

Homem-Barata
Barata Cichetto
Imagem: Barata - Clker-Free-Vector-Images por Pixabay

Eu não quero ser o herói da classe trabalhadora,
Ou morrer em nome de uma causa dominadora.
Não quero ser o herói além de mim de ninguém,
Enriquecendo ou morrendo às custas de alguém.

Não quero usar capa, foice e martelo ou armadura,
Com a estrela no peito de um general da ditadura.
Eu não desejo ser chamado pelo sinal do delegado,
Deixando a cidade à mercê do meu próprio legado.

Quero salvar apenas a mim mesmo do meu perigo,
E ser meu próprio herói e o próprio arqui-inimigo.
Apenas por um dia, deixar de salvar a humanidade,
Pensando em salvar minha própria individualidade.

Sou super, mas nunca serei um herói de brinquedo,
E escondido atrás da capa de um miserável segredo.
Sem asas, casas a sobrevoar, com meu jeito de viver,
Apenas Homem-Barata, um anti-herói do sobreviver.

30/06/2019

27/06/2019

Sebos & Puteiros

Sebos & Puteiros
Luiz Carlos Cichetto

Sempre gostei de freqüentar sebos e puteiros. Mas o que têm em comum os livros e as putas? Tudo! Ou ao menos tudo o que oferece prazer, descoberta e diversão. O enorme prazer em abrir um livro e as pernas de uma puta... A descoberta eminente de uma nova história ou pensamento escondidos debaixo da capa de um livro; rugas, defeitos,  perfeições e perversões debaixo das mini-saias das putas. Quantas novas experiências e vivências conquistamos ao ler um novo livro ou ao trepar com uma nova puta? Quantos novos prazeres existem em cada página de um livro e em cada dobra do corpo de uma putinha? Quantos novos prazeres descobrimos em livros e em putas?  Todos!
Deveria existir estantes de livros, de preferência usados para combinar com as putas, dentro de puteiros. E deveriam existir putas atendendo em sebos. Putas lendo livros antigos, usados, à beira de estantes de sebos. Putas sendo comidas em cima de pilhas de livros, putas lendo histórias em salas de espera de puteiros. Putas cultas e livros putos. Putas que escrevem livros e escritores que fazem programa em puteiros... O mundo ideal: apenas putas e livros! O som das folhas de um livro sendo viradas, e dos gritos de tesão de uma puta. Os gritos de tesão das putas podem ser falsos tanto quanto um mau escritor... (Um bom escritor nunca é falso, tanto quanto uma boa puta nunca solta gritos falsos de tesão).
Passei minha adolescência inteira dividida entre os puteiros e os sebos, entre os livros e as putas. Uma vida dividida entre dois prazeres. Sempre gostei de putas, porque elas são mais honestas... As putas são até mais honestas que os livros, a não ser quando nos livros, os personagens ou autores são putas. Livros são livros, putas são putas! Óbvio! Alcoviteiro das letras, prostituístes as letras e as palavras dos livros e eu nem sei quando termino de escrever um livro que comecei dentro de um puteiro há uns três anos atrás. 
Ontem fui a um sebo que fica ao lado de um puteiro. Comprei um livro de Bukowski, capa suja e amassada, páginas amarelas, gasto, cheio de marcas. Depois, com o livro debaixo do braço, subi as escadas do puteiro, feliz com minha compra. O segurança sorriu irônico, pois não é comum alguém entrar num puteiro com um livro debaixo do braço. E as putas então, surpresas e curiosas, porque tão pouco é comum alguém lendo um livro sentado no sofá da sala de espera de um puteiro. Mesmo que seja de Buk.
Num dos contos, ele narra uma transa, que eu fiz questão de repetir, cena por cena, com a puta com quem me tranquei no quarto por quarenta minutos. Quarenta minutos... Quantas páginas de um livro eu teria lido em quarenta minutos... Mas por outro lado é um tempo razoável para transar com uma puta. As putas têm pressa! Os livros e as fodas para elas têm que acabar logo, bem ou mal. Mandei puta chupar meu pau enquanto eu lia para ela algumas passagens do livro. A boca dela deslizando no meu pau e meus dedos hora em suas costas e pescoço, hora virando as páginas do livro.
- Buk, você é um velho safado! – Eu gritei quando gozei na cara daquela putinha. Ela tentou virar o rosto, mas não deu tempo e seus olhos e boca se encheram de esperma. Arranquei uma das páginas do livro, uma que eu já tinha lido e dei para que ela se limpasse. Ela arrancou o livro da minha mão e atirou pela janela. Dei-lhe uma sonora bofetada e ela caiu sobre a cama, pelada e sangrando, mas antes que começasse a gritar por socorro joguei meu corpo sobre ela e enfiei meu pau em sua bucetinha lisa. E como todos sabem que putas não beijam, não procurei por seus lábios, apenas a fodi, com o mesmo tesão com que Buk descrevia suas fodas. Quando acabei, joguei trinta pratas sobre os peitos dela, coloquei a roupa e desci correndo as escadas atrás do meu livro, que solitário jazia na calçada com o velho desgraçado do Buk sorrindo com aquela cara de puta bêbada sem-vergonha na capa.
- Buk, você era mesmo um velho filho de uma puta! – Ainda murmurei, enfiando o livro debaixo do braço e descendo a rua em direção ao próximo sebo... Ou puteiro.

21/09/2007

26/06/2019

Reflexões Sobre Meu Sexagésimo Primeiro Aniversário

Reflexões Sobre Meu Sexagésimo Primeiro Aniversário
Imagem Por: Reimund Bertrams por Pixabay

Estamos num mundo às tortas onde todas as portas parecem se fechar. Um mundo de mortas que não sabem trepar. De escritores que não sabem ler. De leitores que não sabem escrever. Onde todos são poetas e ninguém é poesia. Onde todos são livros e ninguém é literatura. Um mundo onde todos tem opinião e ninguém sabe o que o não. Pensadores que dispensam apresentação. Formados nas faculdades das igualdades. Com sinceridade sem educação. Com respeito à decepção. Estamos num mundo sem fronteiras. Com limites cercados. Um poeta em cada portão de casas sem leitores. Um escritor em cada centímetro quadrado num mundo redondamente analfabeto. Um mundo de fetos abortados. De dejetos entortados. Trajetos cortados. Insetos. Resta a certeza. Da morte. Sobra o resto. Eu não presto. E por sorte não empresto. O que sou. Dia a dia me abandono. E nem o sono. Consola. Não há orgulho em ser o que sou. Mergulho profundo no que fui. Sou escritor. Sou poeta. Sou leitor. Ator. Peça sem fim. Peça o meu fim. Atendo.

26/06/2019

22/06/2019

Manual da Desexistência

Manual da Desexistência
Luiz Carlos Cichetto
Imagem: ntnvnc por Pixabay

Há uma poesia que não pode ser escrita. E não pode ser dita. E que de tão maldita ninguém acredita. Que seja poesia. Acham ser afasia. Concordam que é heresia. E imaginam ser hipocrisia. Há uma poesia que não posso escrever. E ninguém pode ver. E nem descrever. Uma poesia que nada tem a ver com haver. Com o que o houve. E que não se ouve. Uma poesia e um pé de couve. Há uma poesia que não pode ser pensada. Nem assada. Nem frita. Há uma poesia podre. No meio das outras frutas. Cheirando mal. Contaminada. Azeda. Há uma poesia na feira. Na cesta e na sexta. Poesia que não tem preço. Nem tem apreço. Há uma poesia que não pode existir. Nem resistir. Há uma poesia que não pode ser Poesia. Nem Prosa. Nem mote. Nem glosa. Há uma poesia no balcão. Na fila do pão. No supermercado da ilusão. Há uma poesia na fila do não. Com senha na mão. E um tiro no coração. Há uma poesia que não tem graça. Nem causa desgraça. Sentada na praça. Da Consolação. Há uma poesia dormindo. Embaixo da ponte. Sem colchão. Nem cobertor. Há uma poesia vazia no prato. E que não faz trato. Nem tem retrato. Falado. No jornal. Há uma poesia que não tem perfil. De poesia. No Facebook. E não tem Instagram. Nem Whatsapp. Há uma poesia que não pode ser falada. E que não pode ser calada. Há uma poesia caída na calçada. Pisada. Há uma poesia escarrada. Na sarjeta. Há uma poesia cuspida. No asfalto. Há uma poesia esculpida. Em barro. Em terra. E em carne e osso. Há uma poesia que não pode ser escutada. Nem estudada. Há uma poesia expandida. E que de tão bandida. Foi banida. Varrida. Debaixo do tapete. Do quarto de despejo. Sem beijo. Sem desejo. Há uma poesia sem pagamento. Sem aumento. Sem permissão. Há uma poesia estendida. No meio fio. Com a vida por um fio. Há uma poesia doente. Sem hospital. Há uma poesia louca. No hospício. Há uma poesia suicida. No alto do prédio. Sem remédio. Nem droga. Há uma poesia armada. No meio da multidão. Há uma poesia amada. No seio da escuridão. Há uma poesia morrendo. De fome. Há uma poesia assassinada. Assinada. Com sangue. Há uma poesia morta. De desgosto. Ou solidão. Houve uma poesia. Então ouve uma poesia. Que não pôde ser escrita.

08/06/2019

20/06/2019

Uma Análise Empírica da Política Brasileira nos Últimos Sessenta Anos

Uma Análise Empírica da Política Brasileira nos Últimos Sessenta Anos 
Luiz Carlos Cichetto

Falando apenas sobre os últimos sessenta anos aproxidamente, sobre tendências políticas na América Latina. As datas estão citadas, mas a análise é puramente baseada em fatores empíricos.

Em 1959, a ditadura cubana, sangrenta para a maior parte, mas altamente compensadora para seus líderes, se instala, sob a proteção da então URSS, numa queda de braço com os EUA, em mais uma "batalha" da Guerra Fria.

No Brasil, o presidente era Juscelino Kubitschek, que pouco a pouco entregava o país à interesses escusos, tendo como vice o "esquerdista" João Goulart, que pouco tempo depois seria vice novamente de Janio Quadros em 1961. Lembrando que na época o vice era eleito separadamente, ou seja, se votava no Presidente e se votava também no vice. 

Entre 1961 e 1964, a renuncia misteriosa de Janio e tudo que dela decorreu, foi o ensejo para o Regime Militar, que entre o Golpe inicial, contragolpes e contracontragolpes, durou até 1985. Durante esse período, quase que toda a América Latina estava dominada por regimes ditatoriais militares, que simplesmente fizeram uma transição mais ou menos tranquila. No Brasil especialmente, o penúltimo governo, o de Geisel foi onde ocorreu a Abertura política e João Figueiredo tomou posse com a decisão de ser o ultimo, como foi. Nesse mesmo período quase todas as outras ditaduras militares se desfizeram sem maiores resistências.

Passamos então a um período de, digamos, acomodação, sendo que o final do século, em quase todas essas nações começou uma preparação para o intuito de se estabelecer a hegemonia da esquerda. No Brasil, o responsável seria FHC, desde 1995, depois de um milagroso plano econômico que resolveu o problema do grande vilão brasileiro, a inflação alta. 

Daí por diante, o Brasil e a America Latina quase inteira, por cerca de outros vinte anos, praticamente o mesmo tempo que durou o período de regimes militares, foi dominada por ditaduras de esquerda, mais ou menos violentas, sendo o que violência não pode ser traduzida apenas com prisões arbitrárias e torturas físicas.

Por fim, chegamos ao fim da segunda década do século, com uma reação "à direita", por conta dos desmandos de uma esquerda que enganou milhões de pessoas com suas promessas falsas de igualdade, e especialmente a destruição de todos os valores, financeiros e morais, de onde foram instaladas. Os crimes foram muitos, e decerto não menos que qualquer das ditaduras militares tão combatidas. As desigualdades cresceram, sob a égide de negócios que favoreciam especialmente os bancos, que no fim espoliavam bens e propriedades, sem contar o óbvio conluio com o crime organizado, e especialmente o marxismo cultural, dilapidando mentes e corrompendo jovens e meios de comunicação, seguindo a cartilha do gramscismo. A reação tinha que acontecer. E aconteceu.

Então, penso eu, sem a pretensão, a não ser o de trazer uma análise pessoal sobre esse período, que a historia é feita de ciclos que acontecem independentemente de vontades pessoais de ditadores de qualquer naipe. Na antiguidade, impérios e sistemas de governo duravam séculos, mas sempre caiam, na atualidade, esses impérios duram bem menos. Felizmente.

25/01/2019

12/06/2019

Deus Oposto

Deus Oposto
Luiz Carlos Cichetto, AKA  Barata 
Imagem: James Chan por Pixabay 

O poeta é um deus oposto: escreve torto por linhas retas. Um santo oposto que não faz milagres, traz desgosto. O poeta é um guerreiro oposto: não defende a luz, ofende a escuridão. É um crente oposto, que desacredita de deuses e de santos, mas tem fé no universo. O poeta é um deus inverso: escreve prosa como se fosse verso. O poeta é um deus torto: escreve vivo como se estivesse morto. Por fim o poeta é um deus oposto ao morto. Que se estivesse vivo não seria poeta.

30/05/2019

11/06/2019

Barata Cichetto | Poesia | Spleen

Spleen
Barata Cichetto
Imagem: Ractapopulous  By Pixabay

Era um poeta ultra-romântico de tão pouca sorte,
Que apenas muito idoso pode encontrar a morte.

11/06/2019

10/06/2019

O Sexto Sentido

O Sexto Sentido
Luiz Carlos Cichetto

"Quando a gente tem um pesadelo em que está sendo assassinado, e desperta exatamente no momento em que dá o ultimo suspiro, estamos de fato acordados ou mortos? "
Foi a pergunta que me fiz esta manhã, depois de uma situação dessas, e é claro, com o mau humor encalacrado. Tentei escrever um poema, ler um livro e até ver um filme, mas tudo me parecia desinteressante.
Sai pelas ruas tentando ver pessoas, interagir, mas ninguém com quem puxei conversa pareceu notar minha presença, e nem mesmo as minhas mais brutas sensações, como olhar as coxinhas de fora das meninas de shortinho curto pareceu ter qualquer efeito. Lembrei de "O Sexto Sentido", de M. Night Shyamalan, filme que assisti ainda em 1999, e que até hoje me perturba. 
A morte de André Matos há dois dias, aos quarenta e sete anos me perturbou, como sempre me perturba a morte de artistas que admiro, especialmente quando são mais jovens que eu, a ponto de eu questionar por que cheguei tão longe, quando gente que poderia dar ainda muito em prol da humanidade, se vai.
Depois recebo um email de uma assessoria de imprensa, falando de um fenômeno literário, a quem a jornalista chama de "escritor raiz", e que aos dezenove anos já publicou cinco livros e vendeu vinte e cinco mil. Tudo muito simples assim. Fui fazer minha comida e deixei queimar o arroz. Fui almoçar arroz queimado e claro que a comida não desceu. Tentei dormir, mas fiquei com medo.

10/06/2019

07/06/2019

Nenhum Lugar Haverá a Ver

Nenhum Lugar Haverá a Ver
(Homenagem Crítica à Araraquara do Acadêmico Ignacio de Loyola Brandão)
Luiz Carlos Cichetto
Foto: Barata Cichetto, Araraquara, 2018

Tinha ficado tão quente que os pássaros morriam torrados em pleno voo ou ficavam grudados no asfalto derretido ao pousarem. As guias das ruas saltavam do meio fio feito pipocas de uma panela sem tampa; rabos incendiados corriam de cachorros e cabelos viravam tochas. 

As rochas inchavam e as gordas eram transformadas em poças de gordura onde crianças nadavam como numa tarde depois de um temporal. As nuvens subiam e escorriam como se fossem o lençol do sol, e tudo parecia torto e morto, queimado e inchado, e mais nada poderia ser feito, por nenhum sujeito, e nenhum prefeito foi candidato a ter ser retrato exposto, em Agosto, na Morada do Sol.

Zero é igual a nada, ou o nada é igual à zero? E entra na Academia o general escritor, de fardão ou camisola de dormir, e antes de sumir, ainda acena à multidão na Praça da Matriz, que por um triz não solta a serpente do porão. E do portão, a meretriz da Brasil, de fogo nos dentes, ainda perde clientes, por falta de sol
.
A situação deu desculpas, a oposição apontou as culpas, enquanto a cidade morria, derretia e escorria, debaixo do sol. E não tinha demônio de efeito, nem anjo perfeito que pudesse conter. Consertaram os defeitos, soltaram os sujeitos; aclamaram corruptos putos e chamaram as putas às lutas, mas mesmo assim, tudo parecia apenas fazer crescer a fúria. E com a injuria da cúria, chamaram os padres, os pastores, e os eleitores de senhores. E as senhoras das horas, presas damas das camas e represas damas, eram chamadas à guerra.

E tudo o que acontecia, diziam, era culpa do patrão, o empresário ladrão, que tinha o padrão de desculpa de ter sempre a mão, o vereador, amigo do ditador, cunhado do estivador, primo mais distante do conquistador. E tudo era obra, maldiziam, daquele que cobra, por seu dever, de achar direito, o que é desfeito sem se ver. O pau que bateu em Brito bate em cabrito, e Edson sabe ser vil. E se ninguém sabe e ninguém viu, alguém comeu e depois sumiu.

E tudo era caos e desordem, por ordem de quem, decreto de ninguém, decerto de alguém, mas que podia ser bem do além, mesmo que fosse aquém do bem, ou do mal. Mesmo uma estátua de sal, um ser anormal, ou bem igual, a qualquer ser. 

Assim já não tinha mais carros, parados com seus pneus derretidos e seus motores fundidos; as locomotivas derreteram e seus vagões feridos; sem rumo e sem destino. E assim não tinha mais tempo, com relógios com ponteiros grudados, travados na meia noite, ou meio dia. E já não se sabia se era noite ou se podia amanhecer. E o envelhecer, ninguém viria a conhecer.

E já não se podia subir e nem descer, surgir ou crescer, já que tudo não era mais nada, a não ser calor. E qualquer valor nada mais tinha, porque nada mais vinha de lugar algum, pois não tinha mais lugar nenhum. Em nenhum lugar. Nenhum lugar havia a ver.

07/06/2019

01/06/2019

Palhaços de Guerra

Palhaços de Guerra
Luiz Carlos Cichetto

Um homem que deixasse crescer um bigodinho fino e estreito, poderia ser aplaudido por sua semelhança e evocação à figura de Charles Chaplin, mas decerto esse homem seria apedrejado por nas mentes imundas por ser semelhança e evocação de Adolf Hitler. O problema não é a aparência, mas a percepção, que mostra apenas o que cada um deseja perceber. A personificação do mal e do bem, em deuses de manto e demônios de rabos pontudos.  Aquela ridícula figura de um semideus pregado numa cruz, sangrenta e sofredora, mostra que nem sempre o mal tem cara. Há naquilo uma demonstração criminosa de uma Igreja que busca o poder absoluto. Não há figuras que não mostrem uma intenção. Sua fotografia mostra sua intenção. Seu retrato três por quatro mostra sua intenção. Não existe amizade senão por alguma espécie de interesse.  Eu tenho um coração, que é do tamanho de um retrato três por quatro. À sua imagem e semelhança. Ou por mera lembrança. Acaso um homem pintasse seu rosto com tinta colorida e colocasse um nariz postiço de plástico vermelho, se esperaria dele a alegria e a felicidade, mesmo que se soubesse que é um assassino. A crença na aparência, e a aparência da crença. Acaso eu apanhasse um arma de fogo e disparasse contra minha cabeça, não tomariam isso por alegria, mas por maldade. E eu seria feliz em não estar mais aqui, existindo em um mundo que acredita que a maquiagem dita o caráter. Não quero nem que minha poeira reste para ser cheirada por essa gente que respira maldade e vomita bondade. Nessa sociedade imunda com mania de limpeza, nessa sociedade que fede carniça e reclama do cheiro do meu suor. 

10/12/2017

Um Texto de Qualidade Duvidosa

Um Texto de Qualidade Duvidosa
Luiz Carlos Cichetto

Meus textos podem ser considerados de qualidade duvidosa, a dúvida idosa, mãe de todas as putas, avó de todos os poetas, e prima-irmã de todos os suicidas. Meus textos podem ser considerados inconvenientes, inconsequentes, indecentes, doentes, adolescentes, por quaisquer entes, queridos ou não. Meus textos podem ser considerados dispensáveis e desnecessários, como qualquer puta, como qualquer mãe e qualquer avó, mesmo das avó das mães das putas. Meus textos podem ser considerados cruéis e sujos, cruelmente sujos como coronéis, padres e políticos, que lavam as mãos antes de comer cérebros humanos. Meus textos podem ser considerados anti-literários, pseudo literatura e coisa de analfabeto metido a besta. E não tenham dúvidas que são tudo isso e muito mais. Meus textos, enfim, são meus. E sobre isso não restam dúvidas, nem idosas, nem recém nascidas. E algum dúvida restar, que comece a ler novamente do primeiro parágrafo.

26/09/2018

Publicado no Facebook em 27 de Setembro de 2018 - 10:39