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31/07/2019

20 Livros de Barata Cichetto/Luiz Carlos Cichetto, para Leitura e Download Gratuito


20 Livros de Barata Cichetto/Luiz Carlos Cichetto, para Leitura e Download Gratuito

Tudo que escrevi e publiquei - artesanalmente - desde 1997, com algumas coisas de poesia ainda dos anos 1970 e 80, incluindo poemas, crônicas, autobiografia, os textos das três óperas Rock e até o livro infantil, estão disponíveis gratuitamente, para leitura e download em PDF pelo site Archive.Org, que se propõe a compartilhar obras artísticas do mundo inteiro. Uma imensa biblioteca pública.

São 20 livros ao todo, a maioria já publicado pela extinta Editor'A Barata Artesanal, que criei em 2010 e que em quase nove anos, publicou, além dos meus, mais cinquenta títulos de vinte autores.

O objetivo não é altruísta, mas sim tentar tornar meu trabalho conhecido, além de afastar eventuais abutres que podem se achar no direito de usufruir pelo que não produziram, e sequer apoiaram. A publicação está de acordo com os critérios da Creative Commons, embora todos os textos tenham sido registrados no Escritório de Direitos Autorais.

Para acessar todo esse material - mais de três mil páginas - acesse: 


30/07/2019

Solidão é o Tudo

Solidão é o Tudo

Penso agora nas pessoas que sentem solidão. Eu não sinto. E não é por estar só. É bem por não estar, mesmo. O que é estar só? Pergunto ao passarinho. E nem ele me responde. Penso na solidão como algo a ser pensado. A solidão é o medo de estar só. O resto não é solidão. É só medo. Tenho tanto medo da solidão quanto tenho da morte. O medo não é da coisa em si, mas da dor. Na dor a dor que a antecede, na solidão a que a sucede. Penso na solidão como algo inevitável quanto à morte. Quanto à própria existência. A existência é inevitável, a morte é inevitável, mas seria a solidão também?

Penso agora nas pessoas que sentem solidão, e não sei se as invejo ou as temo. Não sei se as procuro ou as deixo em paz. Não tenho pena delas, como ademais de ninguém. Por escolha ou por consequência, a solidão é o destino. Sempre. Não procuro afagos, nem carinhos, sequer um boquete de uma puta. E quando a gente não procura nada disso, é por não sentir solidão. Se falo sobre isso, entretanto, é por sentir solidão? Se não sentisse solidão, eu estaria escrevendo sobre solidão?  Pode ser que sim, pode ser que não. Não se escreve apenas sobre o que se sente falta, embora nossas faltas sempre forneçam bom material para a escrita. Escreve-se também por aquilo que se tem. Como o prazer e a dor. E a solidão, que é o que se tem. Sempre é o que se tem, mesmo quando ela é enganada, ludibriada por alguma ou centenas ou milhares de companhias.

O "um" é o humano. E o humano é o um. E o um é solidão. Sempre foi, sempre será. A solidão é individualismo, embora às vezes seja egoísmo.

Penso agora em que acredita em não estar só. Solidão não é presente, é conquista; solidão não é desejo, é prazer; solidão não é janela, é porta; solidão não é incolor, é arco-íris. Solidão não é escolha nem opção, não é momento, nem situação; solidão não é porém nem talvez, não é mas nem porém; solidão não é erro nem acerto, solidão não é efeito, nem causa, não é bonita, nem feia; solidão não é solução nem problema, não é doença, nem cura; solidão não é verdade nem mentira, não é dor nem prazer; solidão não é macho, nem fêmea, não é alegria nem tristeza solidão não é nada, nem é tudo. Solidão é o nada e é o tudo. É o todo do nada, e o nada do tudo.

Outro dia perguntei à solidão: sabe quem com quem está lidando? E ela respondeu: não o conheço. Então eu lhe disse: deixe-me a sós, então. Incomode a outro.

28/07/2019

28/07/2019

Toda Poesia Que Eu Pude Carregar 1978-2015

Toda Poesia Que Eu Pude Carregar 1978-2015
Barata Cichetto
37 Anos de Poesia em Um Único Arquivo Digital Grátis

"Toda Poesia Que Eu Pude Carregar", reúne todos os poemas escritos por Barata Cichetto, seja com esse nome literário, ou como "Carlos Cichetto" como constava na capa do meu primeiro livro, mimeografado, lançado em 1981, chamado "Arquiloco (lê-se aquíloco. Nome de um poeta-soldado grego da antiguidade). Com exceção desse, e de "Cohena Vive!", lançado pela Multifoco do RJ, todos os outros 13 foram editados e artesanalmente e lançados pelo projeto próprio chamado "Editor'A Barata Artesanal". 
São quase mil poemas e mais de mil páginas, onde o sexo, poesia e o Rock são tratados de forma filosófica, num profundo mergulho aos subterrâneos da mente humana.
Escatológico, verborrágico, tenso e muitas vezes cruel, a poesia de Barata nunca alcançou grande número de leitores, e entre os motivos, como afirmam alguns, por colocar o leitor de frente a um espelho; ou mais que isso, já que no espelho a imagem é invertida, mas na poesia honesta, cristalina e profundamente pornográfica de Barata Cichetto, não é o reflexo, mas a verdadeira face tanto do autor quanto do leitor. E enxergar a nós mesmos, como meras criaturas moralmente deformadas, com segredos e medos, expostos como sangue e vísceras, é realmente um tanto assustador.
A presente coletânea foi editada com exclusividade para o projeto Internet Archive, e todo seu conteúdo foi registrado no Escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional. A publicação, desde que mantida autoria, é livre, de acordo com os critérios da Creative Commons, mas vedado qualquer uso de forma comercial, sem a participação do autor.
Com este, são dezessete (17) livros de a minha autoria e edição que coloco à disposição gratuitamente.

28/07/2019

26/07/2019

A Mulher Líquida

A Mulher Líquida
Luiz Carlos Cichetto


"A Mulher Líquida", meu primeiro romance - ao menos o primeiro que tive coragem e paciência de concluir e publicar -, conta com oitenta personagens, que com maior ou menor influência fazem parte do fluxo multiversal de Angela Maria, a protagonista. Muitos desses são referências literárias minhas, outros, espero, podem um dia se transformar em, no futuro, para outros autores.
A história é narrada em primeira pessoa, no feminino, uma proeza que pode despertar a ira de feministas de saco roxo, e acusando-me de tantos istas quanto lhes cabem em seus cérebros de carne moída. Mas não é a elas que busco como leitoras, e pouco me interessam suas pautas politicamente corretas alimentadas por comunistas milionários.
Angela Maria ama poucas coisas no mundo além do prazer, e uma delas é o compositor Belchior, cujas musicas ponteiam toda a narrativa. Ela não gosta de ler, nem tem interesse por qualquer espécie de arte, mas sem saber se envolve em situações e com personagens saídos da história e das estórias da Arte.
"A Mulher Líquida" é a biografia romanceada de muitas mulheres. Um romance que jamais seria lido por sua protagonista.

A venda na Amazon, com frete grátis, para compras a partir de 99,00:
https://www.amazon.com/dp/1093466618

Foto: Carlos Manuel (Viseu - Portugal)

25/07/2019

Araraquariana Nº 2

Araraquariana Nº 2 
Luiz Carlos Cichetto

Cheguei à cidade. Forasteiro. Desarmado. De braços abertos. Fui recebido. A balas. Então saquei minhas almas. E caí. Ferido. Mas cai atirando. Com a mão direita. Que a esquerda é inútil. Tinha botas de cowboy. Que gastaram na estrada. Chutaram a boca. Do meu estômago. E eu senti a dor. Mas não morri. Corri. E me escondi. Num vagão enferrujado. Mas não era o bastante. Fui encontrado. E morto. E esquartejado. Ao som da "Internacional". Fui sepultado. Feito bandido. Ressurgi. Ainda ontem. Quase Agosto. Depois de um ano. Como quem ressuscita. Por desgosto. E jurei que nunca mais. Eu morreria. Por que ainda não era. O dia de estar morto.

22/07/2019

Eu Não Sou Escritor

Eu Não Sou Escritor
Luiz Carlos Cichetto
Brigitte Werner By Pixavay

Não, eu não sou escritor de Facebook, nem de Internet. Somente. Nasci primeiro que essas coisas. Sou escritor. E ponto. Não de uma geração remelenta, politicamente correta, disfarce de estupidez e ignorância, e de submissão a ideologias corruptas.
Não, eu não sou poeta de Facebook, nem de Twitter. Apenas. Sou poeta antes de qualquer coisa. Sou poeta. E ponto. Não da geração das facilidades, dos computadores e celulares, das liberdades, e da rabugice precoce, alimentada de leite com mamão e açúcar.
Não, não sou artista de Facebook, nem de Youtube. Somente apenas. Sou artista das mãos sujas, das roupas rasgadas não por moda, mas por falta de dinheiro. Sou artista. E ponto. Não artista da fome, mas pela fome. Não da geração que tem fome, mas não come, por não saber nem comer, que morre de inanição diante de prato de feijão.
Não, não sou filósofo de Facebook, nem de Instagram. Nem apenas, nem tão somente. Sou filósofo por deformação, não por formação, de um diploma outorgado pela reitoria da faculdade do pensamento livre. Não da geração de cérebros triturados por professores de estória com camiseta vermelha, alimentada por mentiras e tolices sobre a humanidade.

08/12/2018

DOWNLOAD FREE - 10 Livros de Barata Cichetto

DOWNLOAD FREE - 10 Livros de Barata Cichetto

Aos amigos que afirmam gostar dos meus escritos, e que não puderam ou não quiseram comprar meus livros: acabei de colocar 10 deles - anteriormente lançados em papel - no Internet Archive para leitura e/ou download grátis. Os livros são:
- O Poeta Xingou Minha Mãe de Puta e Eu Lhe Dei uma Porrada
- Troco Poesia Por Dinamite
- Syd Barrett Não Mora Mais Aqui!
- O Poeta e Seus Espelhos
- O Cu de Vênus/O Câncer, o Leão e o Escorpião
- Manifesto Sem Eira Nem Beira
- Manual do Adultério Moderno
- Imprinting
- Falo
- Poemas de Pau Duro

O link: https://archive.org/details/@luiz_carlos_cichetto

Não deixem de comentar/favoritar. Enjoy

Bosta

Bosta
Barata Cichetto

Abro a janela da rua e mostro meu pinto. Sinto, mas é o que tenho a mostrar. O crente batendo palminhas ridículas no portão e eu penso que deuses não sabem tocar a campainha. Desgrenhado, mostro o dedo médio e coloco as cuecas para secar no varal. Sujas, com marcas nos fundilhos. E os crentes desistem de carregar minha alma ao céu. Cai o véu. Cai a máscara e os deuses devem estar putos comigo. Afinal, sou apenas um bosta de um poeta que não deixará heranças aos filhos e netos. Não tem dinheiro e os crentes batem em outro portão. Tem olhos mágicos e câmeras nas portas. Jeová não entra. Nem sai. Daqui ninguém sai. Nem entra. Sou apóstata. Aposto no escuro e encosto no meio fio. Não sei dirigir, nem tenho carro. Jeová nunca me deu. Nem meu pai, nem meu filho, nem o espírito santo. Espírito Santo, Bahia, Salvador. O salvador mora em Salvador? Ou em El Salvador. Che Guevara não era santo nem guerreiro. Médico motociclista e ateu. Feito eu, que nem sou judeu. Deu? Fodeu! O que é teu não é meu. Meu, apenas meu eu, aquele que te fodeu... Hahahaha... Enfie suas jóias, seu condomínio fechado, seu helicóptero argentino e suas casas no rabo. E eu me acabo. E enrabo teu cu. Sou porco? Não tenho sorte, só a morte. Por sorte. Guarde teus segredos, resguarde seus medos. Aos meus dedos. No seu cu. Adote um artista, mate um ativista e leia uma revista. Contigo. Veja. Mas seja o que for, não venha. Guarde bem sua senha. Debaixo do colchão. De espumas flutuantes. De Castro. O Alves. Navio negreiro e barco bêbado. Bêbados no barco, arco do triunfo. Rimbaud e as mercenárias. Plebe rude e bolinhas de gude. Chupe meu pau antes de cuspir. Chute seu mal antes de se vestir. Jogue as crianças no rio. Ou na privada. Despeje os fetos. Abençoe os netos. E reze para que os deuses te perdoem. Peça perdão, mas não peça desculpas. Guarde suas culpas, debaixo do edredom chinês. Xadrez. Comprado na Vinte e Cinco. Reze um pai nosso. Negue o pai nosso. Ainda posso. Renegar. Negar. E cagar. Na tua cabeça. E antes que esqueça, guarde minha herança. Como lembrança. Amarga esperança. Do porvir. Biscoito de polvilho. Barulho e sujeira. Pombos jogando xadrez. Ratos de saias. Tombos. Os muçulmanos e os manos. Da favela. Atearam fogo na tua mansão. Da rua dos mestres. Ao mestre com carinho. Aos mestres um cantinho. Caminho suave, cartilha dos bobos. Robôs humanos tomaram de assalto o trem pagador. E o pombo cagador escolheu tua cabeça para cagar. Sorte sua. Não tenho raiz, nem país. Não sou árvore nem flor. Que se cheire. Sou bosta, mas sou feliz, mais bosta é quem me diz. Sou bosta, mas sou... Luiz.

16/07/2016

24/07/2019

Syd Barrett Não Mora Mais Aqui

Syd Barrett Não Mora Mais Aqui
Barata Cichetto

Eu não quero enlouquecer, comendo restos de merda e comida estragada em latas de lixo presas a postes. E não quero apodrecer em consultórios médicos, em clinicas de recuperação de bebida, ou em camas de hospital. A morte não consta em meu testamento, quero chupar as belas tetas de belas garotas loiras que amamentam a filha do outro.
Eu não quero adoecer minha alma, enlouquecer minha mente, apodrecer minha carne. Não quero estar sozinho, mas não quero companhia. Estar só é ruim, mas não aguento sua hipocrisia. Deixe estar, fique longe, esteja perto. Segure meu pau, cure minha ressaca e beba comigo sentada na calçada enquanto eu enfio o dedo por dentro de sua calcinha.
Por onde andam meus amigos, onde bebem minhas amantes, onde morre minha solidão? Putas não gozam mas chupam. Ontem eu era um amante, agora, não tenho amigos. Deixem eu deitar antes de morrer. Mas antes mesmo do gozo da morte, quero gozar entre suas coxas magras e lamber sua bundinha estreita.
Enlouquece minha mente, apodrece a semente. Somente a dor permanece, amada e amante com garras de leão, olhos de serpente enquanto eu procuro restos de amores jogados nas lixeiras das ruas. Rasga minha carne com unhas afiadas e pintadas com a cor do meu sangue. Beija minha língua, seu pai não percebe.
Deixe eu acender meu cigarro, soltar um escarro e peidar. Não há censura, não há doença, não há porque. Nem liberdade, nem poder. Beber e foder. O limite são os ponteiros do relógio, um verdadeiro Elefante Efervescente. Cortinas de ferro, baratas mortas no quintal, monstros quentes e um dia de glória a um poeta que teima em não viver.
Mas eu não encontro o que procuro, tenho bolsos furados e sonhos dourados. Pague minha bebida e a conta do motel, depois desapareça em direção contrária á minha fuga. Desapareça nas brumas, nas noites escuras enquanto eu procuro restos de comida e sobras de orgasmos nas latrinas dos banheiros públicos. Púbicos pêlos presos aos dentes, dentadura postiça e a trilha sonora do apocalipse.

27/12/2009

O Mundo é Uma Buceta

O Mundo é Uma Buceta
Barata Cichetto

Queria comer o mundo feito uma buceta deliciosa. Devorar suas entranhas, coisas estranhas, gordas de banhas e magrelas safadas. Magrelas, canelas finas, eróticas e desejadas amadas de brancos corpos cor de marfim. O sol se envergonha de sua pele, querida. 
Queria comer o cu do mundo, chupar as tetas da nação e morder os mamilos de Eva. Sou safado, velho e sem-vergonha! Minha vergonha é não ser o que sonharam de mim. 
Queria foder, chupar e gozar, mas estou agora, neste instante, á sós comigo enquanto o mundo se come e se devora. Devoro a buceta do mundo, como o cu do coveiro que quer enterrar minha alma no jardim.
Queria o gozo das putas, das esposas e das matronas ensandecidas, paridas de mel, ao fel e ao bordel. Bordel não é lugar de freiras, queridos padres. Peguem o terço ali no balcão ao lado da garrafa, incinerem seus livros sagrados e fodam-se.
Queria, queria, queria, mas não tenho. Estou indo dormir, sozinho e buscando em minha masturbação o deleite, doces deleites, doces e leites das putas ensandecidas, loucas meninas de peitos que cabem na palma da minha mão. Daimones e daianes. Enrosquem os pelos de suas  bucetas nos pelos da minha barba.
Queria guardar segredos dos meus medos, mas cedo ou tarde conto comigo mesmo e a esmo conto as farpas espetadas em minha mão. Sempre, sempre conto farpas, espetadas na palma da minha mão, feito espinhos de um cristo pagão, alucinado por uma madalena que não lhe oferece o sudário. Sou louco, estupefato e paralisado de um medo que não chega. Chega de medo. Acordo cedo e fico o dia com sono. Acorda, amigo, sou seu castigo.

23/12/2009

Números Absolutos

Números Absolutos
Barata Cichetto
Andrew_Loomis_-_Woman

Porque eu consigo transformar cada perda e cada desengano em outra poesia. São tantas poesias que nem as perdas e os desenganos conseguem dar conta. São mais poesias que perdas e desenganos?
Ah, garota, eu queria tanto lhe comer! Ontem a noite eu tinha planos, mas fiquei mesmo masturbando números e tirando poesias da escuridão e da solidão.
Calculo com uma régua sem números, somo em uma calculadora desmantelada e diminuo da aritmética onde o nada é absoluto e o tudo é absurdo. Quanto a dividir, sempre fico com a parte menor que cabe dentro da palma da minha mão.
Matemática pura, sempre o resultado das minhas contas é negativo. Porque devo ou porque devem a mim, depende de quem calcula. Mas sempre transformo números em letras e letras em palavras que formam um verso. Devo ao mundo, devo ao universo. 
Porque eu consigo transformar, matemático enérgico, mágico e trágico, cada numeral negativo em um cardinal sem cifras, sem dizimas. Numero absoluto de perdas, transformadas todas elas.... Em poesia...

22/12/2009

23/07/2019

Troco Poesia Por Dinamite (DOWNLOAD FREE)


“Troco poesia por dinamite” mostra um poeta intenso e íntegro e uma poesia obcecada por poesia, sexo, morte, marginalidade e escatologia. E o cenário onde flutuam estas obsessões neuróticas, eróticas e mórbidas é a cidade de São Paulo, outra obsessão de Barata Cichetto. " Do prefácio de Ciro Pessoa, sobre Troco Poesia Por Dinamite. Leitura on line e download fre, pelo Archive.Org.


22/07/2019

Araraquariana Nº. 1

Araraquariana Nº. 1
Luiz Carlos Cichetto
Foto: Barata Cichetto

Querem acabar com o trem na cidade. E agora? Como eu faço? Para cometer suicídio? Sem um trem para pular na frente? O prefeito disse que ninguém quer o trem dentro da cidade. É mentira seu prefeito. Imperfeito idiota. Agiota perfeito. Que eu ao menos quero o trem. Dentro da cidade. Fora da cidade. Ou com a cidade inteira no bucho. Feito serpente cobra coral. De aço... Querem arrancar os trilhos. Do trem da cidade. E agora? Como eu faço? Sem ter por onde caminhar? O prefeito suspeito. Mandou embora a locomotiva. A Maria foi. Nunca mais voltou. A andar na linha. Nos trilhos. Que agora querem arrancar... Querem acabar com o trem. E ainda tem. Gente que também quer. É o sujeito. Que mora ali perto. Que reclama que não pode dormir. E eu nem reclamo. Que moro perto. E sem o trem. Não posso morrer... Querem acabar com o trem. Do mesmo jeito que a mim. E seu aço. Ainda resiste ao tempo. Ao temporal. E ao prefeito. Imoral. Mas eu não resisto. Sou de carne...  Querem arrancar os trilhos. Da cidade. Que a eletricidade. Precisar passar. Arrancar os filhos. Por necessidade. Por vaidade. Por maldade. E por vontade. De um. Que é nenhum... É preciso não navegar. É preciso não viver. É preciso não correr. Na frente do trem... Querem destruir a estrada de ferro. E se não erro. É por decreto. Secreto. Do executivo. Que tem poder. É por dinheiro. Sem direito. A escolher... Querem mudar a história. Da cidade. Colocar outra em seu lugar. Arrancar o apito. Arrancar o grito. Mas eu repito. Não arranquem. Que eu resisto. Feito a estação... Dementes querem retirar dormentes. E vender à prestação. E a condição. É o pleito. Do eleito. Um sujeito sem trilhos. Sem filhos. E sem coração. Apenas vagão... Então o jeito. É arrancar o prefeito. E deixar os trilhos. Deixar eu jogar. Na frente do trem. A carne que restou. De mim. Enferrujada. Feito o trem. Que não tem. Onde morar. Que não tem estação. Onde parar.

21/07/2019

20/07/2019

Família

Família
Ao meu irmão Genecy Souza e a minha filha Joanna Franko

Aos meus pais, a meus filhos e a qualquer um que seja:
Família não é o que se empresta, nem o que se deseja.
Respeito é o que importa, e irmão é o que lhe respeita,
O restante tem o sangue, igual ao pernilongo e a seita.

Aos meus filhos, pais e todos que se afirmam parentes:
Família não é sorriso de fotografia de pasta de dentes,
É dividir a dor em partes idênticas, reduzir as cargas,
O resto é peso morto que carregamos nas costas largas.

A meus pais e filhos, que batem punheta a comunistas:
Família não é um luxo lixo aos interesses capitalistas.
É fluxo fixo de trocas, sem perdas ou lucros cessantes,
Sem saldo em conta bancária, e nem juros incessantes.

A filhos meus e pais seus, que roubaram noites e dias:
Família não é herança genética dos úteros das vadias.
É estar perto mesmo que longe, junto até que separado,
Ser o que precisar ser, e não aquilo que lhe é esperado.

A meus filhos que não são pais, e a pais sem filhos:
Família não é rua sem saída, nem trem sem trilhos.
É a estrada de mão dupla e um caminho sem culpa,
A quem não se precisa pedir perdão e nem desculpa.

Aos meus filhos sem mente, e meus pais sem coração,
Família não é a escolha, uma democracia sem eleição.
É um direito ao dever e um dever àquilo que foi feito,
E nem sempre perfeito é justo, ou não pode ser eleito.

Aos meus filhos, da puta ou da santa, e nunca abortados:
Família não é cuidar dos pais ou de filhos não adotados,
É dar aquilo que não foi pedido, agradecer o oferecido,
Sabendo que a troca é um valor há muito desaparecido.

E aos meus pais, que abortaram de mim antes de nascer:
Família não é sobrenome, ou algo que se possa esquecer.
Não é escolha, mas conquista; individual, e não coletivo,
É capital do ser, trabalho do estar; e essência do ser vivo!

20/07/2019


19/07/2019

As Portas da Liberdade

As Portas da Liberdade
Luiz Carlos Cichetto
Imagem: Omar González por Pixabay 

O que falam de mim, não é problema meu. Meu problema não é que falem de mim, mal ou bem, meu problema é com quem fala de mim.
Estamos numa terra e num momento de absurdos, de ódios, de ostracismos, de matar de fome e de ódio quem não concorda com o pensamento absolutista de "esquerda". Isso é real. Perigoso e real. Fico me perguntado qual será o fim disso tudo, se é que um da isso terá fim. Toda a cultura e arte está nas mãos de um grupo que se auto-proclama "progressista", mas que não passa de meros ditadores, que são capazes de enforcar o próprio pai, e decerto o entregariam a seus ídolos políticos se fosse pedido.
Sou essencialmente um anarquista. Mas não um anarquista desses que andar por aí, com um pé dentro da esquerda - ou os dois. Meus dois pés estão fora de qualquer círculo político, e os odeio seja qualquer for seu espectro.
Há tempos percebe-se claramente a predominância de artistas ligados à "esquerda" em qualquer atividade. Isso não é novidade para ninguém. Em literatura isso é muito mais claro, pois é nítida a transformação de feiras e concursos literários em verdadeiros palanques. Basta pesquisar a história de todos os escritores que são elevados, que saem vencedores de concursos, aclamados em feiras e têm livros alçados à condição de best-sellers.
Eu, como muitos - poucos em relação ao todo, enquanto isso são tratados com ostracismo, ódio e desprezo. Pouco importa se a pessoa produz muito, se tem enorme talento, quando não alinha suas ideias com pautas socialistas e comunistas.
Mesmo fora do mundo cultural, não estar alinhado com essa ideologia, é sinal que teremos enormes problemas de relacionamento, mesmo dentro das famílias. Suas ideias serão rechaçadas, seu pensamento acusado de fascista, e seu trabalho e tudo o que fizer, jamais será respeitado e reconhecido.
Até mesmo contrariando os conceitos anarquistas, não, eu não quero um mundo sem portas, quero um mundo em que as portas de cada indivíduo sejam respeitadas, e que ele possa passar pelas que abriu, muitas vezes a socos de punho sangrando, mas que são fechadas muitas vezes em nome de liberdade como disfarce para a usurpação. Liberdade não é entrar por qualquer porta, liberdade é abrir suas próprias portas e respeitar qualquer porta, aberta ou fechada.

19/07/2019

16/07/2019

Lou Reed Morreu! Antes Ele e Depois Eu

Lou Reed Morreu! Antes Ele e Depois Eu
Luiz Carlos Cichetto, AKA Barata

"(...) não há espaço nas calçadas para os personagens de Lou Reed. Festivais de rock hoje tem vibe de shopping center. E ‘Perfect Day’ foi cantada até por Susan Boyle. Lou Reed morreu ontem, mas o mundo que o tornou possível já tinha morrido faz tempo. (...)” - Camilo Rocha, "Lou Reed, o Cronista da Cidade Suja”, 28/11/2013

No mundo de (quase) 2020, não há mais lugar. Não apenas para as personagens de Lou Reed, como para o próprio, e qualquer um que ouse não ser politicamente correto à esquerda do espectro. Não há lugar para se cantar putas, bichas e travestis, sem ser apedrejado, processado, esquecido, ofendido. Nesse mundo de 2019, onde ando perdido e deslocado, não há lugar para artistas como Lou, Buk (a não ser para os que o usam como desculpas para serem bêbados), Henry Miller, e por tabela, não há espaço - nem para respirar - a pessoas como eu e tantos - nem tantos - outros. A sujeira debaixo do tapete sala de estar; a imundice disfarçada no barraco alimentado por bolsas do Estado; a educação jogada no lixo (em todos os sentidos da palavra educação, e em todos os sentidos da palavra lixo). A fome de que nos matam não é por falta de comida, mas de caráter. As putas ganharam o jogo e fazem plantão na porta de presídios pedindo a liberdade dos amantes bandidos, que lhes juraram amor eterno, apenas até gozar e balançar o pau. As putas ganham mal, não gozam, mas defendem seu cafetão, numa história que foi cantada de formas diferentes tanto por Lou quanto por Buk quanto por mim. Lou morreu rico, Buk também. Eu não. Ainda vivo. Pobre e fudido, como um personagem deles. Um personagem que não poderia ser descrito neste mundo de merda de (ainda) 2019. Um personagem feito eu não pode mais ser criado, sem que ele e o autor sejam processados, apedrejados, esquecidos. E eu, personagem de mim mesmo, ainda estou aqui, a despeito de tudo. Existo apenas como personagem de um autor fracassado, que jamais poderá existir enquanto a maldita e rançosa onda violenta do politicamente correto moer os cérebros.Muito obrigado, Marx e Gramsci. Seu genocídio corre muito bem.

16/07/2019

15/07/2019

1979 é Hoje

1979 é Hoje
Luiz Carlos Cichetto

Durante o período do Regime Militar, tão temidamente referido como Ditadura Militar, havia um rígido sistema de censura, que ia muito além da política, e atingia toda a sociedade. Havia censores em redações de jornais, musicas precisavam sem submetidas à aprovação. Até mesmo um "dicionário", onde constavam palavras que eram proibidas de ser ditas, cantadas ou escritas. Ainda não existia Internet, então os métodos eram mais eficazes, já que simplesmente o que era vetado não era gravado ou impresso. E ponto final. Era tudo às claras e o preço muito alto.
Com relação a sexo, o caso era curioso, tanto no cinema quanto nas revistas, determinadas partes do corpo eram liberadas e outras não. A bunda só podia ser mostrada em partes, nunca em close, seios podia, mas os mamilos eram raspados das fotos, e nus frontais não eram permitidos de forma alguma, nem no cinema, televisão e nem nas revistas adultas. Nem peludas nem depiladas. Nem pintos nem bucetas. Pintos em bucetas, bucetas em bucetas e outros correlatos, então, nem pensar.
Em 1979 se iniciou o que ficou conhecido como "Abertura", que entre outras coisas ensejou a Anistia Política, que perdoava digamos assim, ambos os lados envolvidos. Era o inicio do governo do General Figueiredo e a primeira publicação impressa a colocar fotos de pelos pubianos (e aproveitou para colocar enormes moitas peludas), foi a Ele-Ela, da Bloch, revista que eu era assíduo leitor, até por trazer além de belos ensaios eróticos, textos de primeira linha. Tenho muito claro na memória, quando foi liberado, já em no início de 1980. Imaginei que a chamada de capa: "Liberada Nudez Total no Brasil" fosse apenas uma matéria. Na sequência disso, até por batalhas judiciais, foram liberados filmes pornôs até antigos lá fora, como o Império dos Sentidos e Garganta Profunda.
Passados quarenta anos, o que percebemos, após a maldita onda do politicamente correto, no lugar de termos ampliado nossos horizontes de liberdade, nos vemos aleijados, e as mesmas regras impostas pela tão temida Ditadura Militar, está a nossa frente, travestida como politicamente correto, e os que antes usavam fardas e viaturas e andavam armados de revolver, hoje andam de bermudas, coque de barba, andam de Camaro e usam de armas muito mais poderosas e eficazes. Há quarenta anos achamos que nos víamos livres da repressão moral, mas agora, estamos de frente a ela de forma muito mais devastadora.
As chamadas "Diretrizes da Comunidade" de todas as redes sociais e de serviços são verdadeiras bulas, manuais de conduta, dignas dos antigos censores dos anos 1960/70. A mesma norma que valia, conforme citei acima, sobre nudez e sexo há cinquenta anos vale agora. É exatamente assim que se comportam redes como Facebook, Instagram e outros. Só não raspam mamilos com gilete sobre a foto, fazem digitalmente.
Há uns meses passei a publicar meus livros na Amazon, e há uma semana comecei a ter problemas, que culminaram com o bloqueio da minha conta, por violar as tais "Diretrizes". As frases no email que dispôs sobre o bloqueio: "Nossas diretrizes declaram que não aceitamos material pornográfico ou explícito retratando atos sexuais.", "oferecemos aos clientes diversas opções, incluindo livros que alguns clientes podem achar de gosto duvidoso. Apesar disso, reservamo-nos o direito de não vender determinados conteúdos, como pornografia ou outro material inadequado.". O interessante, é que, numa rápida busca no próprio site da gigante do senhor Bezos, encontra-se a seção "Sexo" e ao se digitar palavras chave como "puta", uma infinidade de livros.  E por aí a coisa anda.  Para a Amazon, "O Doce Veneno do Escorpião" é um livro sobre como tratar a picada do inseto, e Bruna Surfistinha uma autora de manuais de Surf. Enviei um texto a eles, questionando de forma educada, pedindo esclarecimentos sobre isso, mas a resposta foi um email padrão, contendo as mesmas ameaças de que qualquer coisa que eu tivesse lá publicado poderia ser enquadrado, e que tudo o que eu mandar passará por um crivo diferenciado. Ou seja, quem decide se os mamilos serão raspados ou não são eles. E de quem.
Paralelo a isso, recebi um email com as novas diretrizes (eita palavrinha filha da puta!) da Microsoft, que no parágrafo que chamam de "Código de Conduta", entre outras coisas, dispõe: "Não exiba publicamente nem use os Serviços para compartilhar conteúdo ou material inadequado (envolvendo, por exemplo, nudez, bestialidade, pornografia, linguajar ofensivo, violência explícita ou atividade criminosa)." e ai ameaça: "Imposição. Se você violar estes Termos, nós podemos, a seu exclusivo critério, parar de fornecer Serviços a você ou podemos encerrar sua conta da Microsoft. Também poderemos bloquear a entrega de uma comunicação (como email, compartilhamento de arquivo ou mensagem instantânea) de ou para os Serviços como parte de nosso esforço de impor estes Termos, ou poderemos remover ou nos recusar a publicar Seu Conteúdo por qualquer motivo." Ou seja, eu mandar alguém tomar no cu usando o Windows ou um email da Microsoft estou fudido! Será que quando eu vejo filmes pornôs usando Windows no computador, posso ter meu computador explodido?
Em resumo: há quarenta anos, tínhamos botas e socos a nos impedir de criar, produzir e falar o que precisávamos e queríamos. Hoje não são botas nem fardas. Só isso mudou. E o que sobra é sensação vendida às pessoas que naquele época não eram livres, mas hoje são. 

Diretrizes de Conteúdo da Amazonhttps://kdp.amazon.com/pt_BR/help/topic/G200672390

15/07/2019



10/07/2019

Manual do Adultério Moderno - 2ª Edição

Manual do Adultério Moderno

Minha tentativa de colocar na Amazon a segunda edição do meu livro "Manual do Adultério Moderno", resultou no bloqueio e em ameaça, por supostamente violar suas diretrizes, conforme email recebido. O interessante é parece que eles definem o que pode e o que não pode, baseado em análises abstratas, já que uma busca simples no site é possivel encontrar comteúdo como: "Huge Adult Bundle - Forbidden Stories with Explicit Sex Box Set Collection " e "Rough Porn Short Tales - Explicit Sex Stories Bundle Collection", por exemplo. Gostaria de saber se essas diretrizes são definidas e aplicadas pela Amazon americana ou pela filial brasileira.
De qualquer forma, estou disponibilizando o PDF com o texto integral e ilustrado, conforme pretendia.
"Alerta do KDP da Amazon para 1 Livro(s)
Kindle Direct Publishing
18:45 (há 1 hora)
para eu
Olá,
Estamos entrando em contato para tratar do seguinte livro:
Manual do Adultério Moderno do Cichetto, Barata (AUTHOR) (ID: 32655331)
Durante nosso processo de análise, verificamos que este conteúdo viola nossas diretrizes de conteúdo. Por isso, não podemos vender o seu livro. Se forem identificados outros envios com conteúdo similar que viole nossas diretrizes, você poderá perder o direito ao acesso a serviços opcionais do KDP e/ou nós poderemos tomar medidas que incluem o encerramento da sua conta.
Para saber mais sobre nossas diretrizes de conteúdo, visite a página de Ajuda do Kindle Direct Publishing em:
https://kdp.amazon.com/help?topicId=A2TOZW0SV7IR1U
Atenciosamente,
KDP da Amazon
----------
"Outros conteúdos proibidos
Como somos uma livraria, oferecemos aos clientes diversas opções, incluindo livros que alguns clientes podem achar de gosto duvidoso. Apesar disso, reservamo-nos o direito de não vender determinados conteúdos, como pornografia ou outro material inadequado.
Relatório de violações
Se você acha que um livro viola nossas diretrizes, denuncie. 
https://kdp.amazon.com/pt_BR/help/topic/G200672390"

DOWNLOAD: https://archive.org/details/manualdoadulteriomodernoedicaopdf


Capa Aberta Completa


Atualização da Situação, em 14/07/2019
Email Recebido pela Amazon

Amazon.com.br
20:33 (há 4 minutos)
para eu
Olá,
Fomos informados de que você enviou um conteúdo através de sua conta que viola as nossas Diretrizes de conteúdo. Nossas diretrizes declaram que não aceitamos material pornográfico ou explícito retratando atos sexuais.
O seguinte é um exemplo de um livro que você enviou através da sua conta KDP que encaixa nessa categoria:
DID(s):  32655331 Manual do Adultério Moderno by Cichetto, Barata (AUTHOR)
Por isso, suspendemos temporariamente sua capacidade para publicar ou alterar livros nesta conta.
Antes de reativar sua conta, responda para kindle-content-review@amazon.com.br a seguinte afirmação: “Eu afirmo que li e irei cumprir com as Diretrizes de conteúdo https://kdp.amazon.com/self-publishing/help?topicId=A2TOZW0SV7IR1U e que vou retirar quaisquer livros publicados anteriormente que não atendam a essas diretrizes."
Até que você envie uma resposta em relação a este assunto, a sua conta permanecerá bloqueada.
Amazon.com

Eu Não Gosto de Balada (Ou: Feliz Aniversário)

Eu Não Gosto de Balada (Ou: Feliz Aniversário)
Luiz Carlos “Barata” Cichetto

“Feliz aniversário, envelheço na cidade!”.  Feliz aniversário, apodreço na cidade. Claro, podem afirmar preconceituosos e afoitos, o cara tem quase 50 anos... Lugar de velho é de pijama vendo a novela da Grobo... É, pode ser... Mas a realidade é que nunca gostei... E já tive 14, 17, 21, 26, 32 anos... E tive mais e menos que isso. Mas balada para mim sempre cheirou (Epa!) sacanagem... E nem sempre no bom sentido, se é que existem bons sentidos em sacanagem... Armadilhas da língua: sacanagem ser associada a sexo e... Sacanear, ferrar os outros... Mas sempre preferi um pequeno grupo de amigos, bem pequeno de preferência. Nunca curti maconha porque tinha nojo da baba que corre de boca em boca... Bah! Blergh!!!!!!!!! E se nunca gostei de balada, nos momentos em que as curti foi por desespero mesmo... Falta de companhia, vontade de encher a cara e falar com alguém... E quer lugar melhor? Tá todo mundo bêbado e ninguém vai lembrar de você no dia seguinte... Nem com quem você fodeu... No bom e no mau sentido... Ai vem de novo a língua pátria... Filha da puta, a pátria e a língua. Língua é bom, chupando meu pinto. Não gosto de balada nem de baladeiros comedores e baladeiras piranhas. Porque em baladas, todos comem e são comidos... Esse é o código, o segredo das baladas. Quantas promessas são feitas e quebradas em baladas... Quantas crianças nascem de baladas... Inconseqüências e suas conseqüências... Porque em balada se não se come ou é comido não é balada. Simples.... Simples balada. Quem, entre os baladeiros de qualquer espécie, nunca acordou do lado de uma baranga horrorosa ou de um desdentado sem nem lembrar como foi parar ali?  É... Balada. Foda isso! Pessoas têm sentimentos, mas em baladas parecem que são apenas seres em que o que importa é apenas o grau etílico e erótico. O que importa é foder, cheirar, beber... Sensações apenas torpes e que não edificam em porra nenhuma o ser humano. Baladas, baladas, "Sorrisos na Madrugada". É, mas sorrisos falsos, drogas batizadas, pessoas fúteis, músicos inúteis, donos de bares embriagados pelo dinheiro e um bando de moleques idiotas bebendo e se drogando... E enchendo o rabo dos poderosos. Baladas, baladas.... Baladas tristes em forma de tango... Rock Balada é uma piada. Balada, Piada Balada. Eu não gosto de balada e nunca gostei. Bares noturnos são açougues onde a carne humana é exposta a compradores que nem sequer exigem a de primeira. Carne humana, no mercado de consumo é a mais cara... Ou a mais barata. Que importa se é Funk, Rock, Pagode, Axé ou a puta que o pariu. Balada é balada. Onde todos se divertem, se fodem, fodem os outros. Balada é trono do egoísmo. Competição de tamanho de pênis ou de quem é mais piranha. Quem dá mais, quem deu mais, quem come quem... São as disputas no leilão humano das baladas. Balada é balada! A competição é o que dá o tom. Seres noturnos com orgulho de sua cegueira permanente á luz do dia. Pobres crianças com cheiro de mofo e naftalina. Pobre, pobres crianças que não acreditam no dia. Quero estar morto ao amanhecer e não gosto do cheiro de vômito em meu cabelo. Nem o de maconha, que enjoa meu estômago. Ai, garota, gosta do cheiro de esperma em sua boca quando acorda de manhã? Quem dá pra quem, quem come quem nesta balada? Quantos pintos você chupou ontem à noite? Gosto de pinto é igual? Mesmo sem lavar? Lavou tá novo? E ai, cara, quantas bucetas você comeu ontem? Tinha cada bucetinha naquela balada, né? Todas putinhas, né?! Cê não vai querer casar com nenhuma delas, né?! Ai... O Punk da Periferia, da Freguesia do Ó...Ou da puta que o pariu... Em quantos caras deu porrada ontem em sua balada? Uma porrada, né?! Sai piranha que meu pinto está mole! Não quero te foder porque você é cara demais pra mim... E ai... Diz uma coisa pra mim: Você já deu o cu hoje? Não?! Mas ficou com vontade né?! Quando eu quiser foder alguém pago uma puta bem gostosa e dai nem tenho que lembrar ou ser perguntado do nome dela. Puta é tudo igual mesmo...! Seja em balada ou no puteiro! Puta é puta, na esquina ou na balada. De salto ou saltando. Mas o dia ainda nem chegou e minha balada escrita ainda nem chegou ao final... Passe seu melhor perfume, lustre a botinha, coloque uma saia bem curtinha, guarde uma grana pra breja e outra pro motel - acaso o muro atrás da balada machuque sua bunda. E tchau. Mas não me espere em sua balada. Ah, não esquece da porra da camisinha para encher de porra, porque ninguém quer ai mais uma piranha ou pirralho cheio de doença venérea fodendo os outros. Puta sacanagem! Prefiro o “Banquete de Lixo”, porque “O hoje é apenas um furo no futuro por onde o passado começa a jorrar. E eu aqui isolado, onde nada é perdoado, vi o fim chamando o principio, pra poderem se encontrar.” E também sei que agora é Luiz Carlos Cichetto que Barata vai encarar “Nem todo bem que conquistei nem todo mal que eu causei me dão direito de poder lhe ensinar” Meu amigo Kraciunas já me disse depois de umas, que eu não sou nenhum demônio, não sou bom nem mau. E hoje vi o furo do futuro jorrando vinho azedo em minha cabeça, o meu principio e o meu fim se encontrando em meu sepulcro e o Certo e o Errado, de braços e pernas dados transando que nem loucos. Estou cansado de ser um mendigo que apresenta um banquete de lixo cultural. E eu não penso melhor parado, estou desempregado mas sou escritor. Eles não avaliam seu preço se baseando pelo nível mental que eu estou usando. E minha cabeça está de graça hoje. Procure na barraca da feira de amanhã ou procure nos restos daquele restaurante de luxo da esquina da sua casa. Eu morri e sei mesmo qual foi aquele mês, foi Outubro, de um ano que nunca começou. 1977 é um ano que não tinha que existir. Eu morro e morri e nem sei o que fizeste, Metrô Linha Leste Oeste. Pouco importa, porco importa! Pesadelos Mitológicos Número 3, Senhora Dona Persona...  “Todo homem tem direito de pensar o que quiser, todo homem tem direito de morrer quando quiser, direito de viver pela sua própria Lei.”  É, sou mesmo outro canceriano sem lar e sem bar... Estou sentado no chão, tossindo, trancado dentro de mim mesmo e a mobília é parca e gasta. Acabei de tomar minhas três ou quatro doses de Cynar puro e a Clínica Tobias é aqui. E eu nem sei o que acontece e minha enfermeira chega daqui a pouco com sua dose de morfina em forma de palavras religiosas e eu sou apenas um velho internado em um asilo de loucos. Uma lista e baladas que eu não gosto esperam por mim, mas estejas sozinha nessa, cara criança, porque prefiro comemorar seu aniversário metendo uma bala na minha cabeça. Balas, balas, baladas. Revólver e revolver. Volver e voltar. Nunca voltar, porque a vítima nunca volta ao lugar do crime, apenas o criminoso. E eu não matei ninguém. Fui morto e enterrado no fundo de uma cova rasa. Saqueado e sacaneado. Mas não importa, minha gostosa! O que importa é que queria mesmo era foder sua bucetinha melada, mas tudo bem, eu não gosto de baladas nem de mulheres bêbadas cujos clitóris estão no lugar do cérebro. Do mesmo jeito que eu minhas veias não corre esperma, mas sangue. Não gosto de mulheres que têm o útero no lugar do coração e portanto por elas não sinto tesão. Gemidos, minha piranha, são apenas gemidos e unhas rasgam e cortam, por prazer e de tesão ou por vingança. Queria mesmo lhe dar os parabéns, mas lhe dou minhas condolências, queria lhe dar prazer, mas tenho nojo daquilo que senti quando comi sua bucetinha sem dono. Dá pra mim, só hoje vai! Eu vou pra balada contigo, te como depois caio no mundo. Ta, eu não gosto de balada, mas gosto de foder sua buceta. Gosto do melado que escorre dela.  Quase 30 e não és mais uma criança. O Punk, ele não é mais uma criança, não tenha a pretensão de ser uma criança rebelde, porque o  rebelde sou eu. Escorpião come barata e as vezes uma barata astuta come um escorpião...Pelo rabo! Dá o cu pra mim que eu não conto pra ninguém! Estou com fome, acho que preciso comer alguém! Tem balada hoje? Me chama, que depois que a balada acabar eu te como no fundo do salão. Convide suas amigas e então sua festa estará completa. Não minta, apenas sinta. A gente pode colocar uma trilha sonora bem legal, dança coladinho, isto é eu colando meu pau bem junto com sua bucetinha inçada, que acha? “So Very Hard To Go” é o caralho, eu nunca parti porque eu nunca cheguei. Fui apenas uma balada prolongada por mais noites que eram necessárias.  E o hoje não é apenas um furo no futuro, amigo. O hoje é apenas a buceta do passado, por onde o melado continua a jorrar.  Que resta? Nem balada nem buceta melada, o que resta são fantasmas de um dia que nunca começa, de uma noite que nunca acaba e de um tempo que insiste em não apagar. Não quero saber que música tocará em meu velório, nem que médico lhe enfia um supositório.  “Porque é noite de balada, sorrisos na madrugada... Desculpe só estou de passagem... Desculpe se canto em sua homenagem... Dinheiro não compra a verdade... Quem sabe a felicidade...Feliz noite... Embriagada...” Meus olhos agora pouco enxergam, meus dentes pouco mordem. “Seus olhos pequenos da cor da terra, me fazem lembrar a guerra” Pois é, o problema é que usas lentes de contato cor de mel, igual uma tigresa de unhas negras e eu, entre a serpente e a raposa, fiquei com a solidão. E não tenho uma faca, nem o mapa, estou perdido e não posso cortar mais os pulsos como antes. “Um grande amor do passado se transforma em aversão e os dois lado a lado corroem o coração” Mas hoje é noite de balada e eu não gosto de balada e quero esquecer que agora ainda hoje. Quero descer da solidão e da tristeza, mas os devaneios tolos ainda me torturam.  Chega mais, vem cá! Deixa eu enfiar minha língua na sua orelha... No cu? É... Talvez.. foi muito bom quando eu enfiei a língua no seu cu. Mas agora minha língua está mole.  “Tente passar pelo que eu estou passando”  Hoje eu acordei sem uma gota de sangue no corpo. Sem uma gota de alma no sangue. Afinal, esquecestes que eu lhe dei minha alma e a trocastes por um par de calcinhas? E por um par de algemas? Portanto o prisioneiro não sou eu, porque fiz as chaves das minhas próprias vísceras. Agora estou terminando, desculpe eu morrer, desculpe eu estar morto e não poder ir até ai lhe apertar a mão... Nem os peitos. Desculpe eu estar morto e não poder ir até ai enfiar o dedo na sua buceta nem comer do seu bolo nem comer seu cu. Apenas não gosto de baladas nem de putas baratas.

26/10/2006

Que Venham as Putas!

Que Venham as Putas!
Luiz Carlos Cichetto

Quero acordar de manhã tossindo e peidando. Fumar quatro maços de cigarros por dia, beber todas as cervejas que existem e depois bater cabeça ao som do bom e velho (ou novo) Rock'n'Roll. A liberdade é minha e eu a conquistei. Sou Barata e não barata, sou anjo, rebelde e torto, solto principalmente. Minhas asas não carregam ao céu nem ao inferno, porque como disse, estou livre. Não prendam minhas asas, não amarrem meus pulsos. Deixem minhas pernas caminharem até onde eu quero. O destino é meu e de nenhuma bruxa. Não quero dizer eu amo, porque não retrata meu ser. Quero peidar sem censura e andar sem frescura. Acordar e tomar café na padaria, andar as cinco da manhã falando com os mendigos do centro da cidade. Quero beber até cair, cair até beber. Beber com as putas, beber, beber... E dai, que alguém tem com isso? Depois de cinquenta anos minha vida é minha e não quero mais tomar conta de ninguém. Cada um que tome conta da sua própria existência. Não sou professor nem padre. Deixem rolar as pedras, Keep The Rolling Stones, Meet The Beatles e Purple haze into my brain. Não caio em buracos porque aprendi a andar pelas calçadas, minhas pernas estão soltas e minhas botas gastaram os saltos de tanto eu pisar em pedras. Mas as putas ainda gozam e bebem comigo. Acreditam em putas que gozam? Eu também! Apenas não acredito é em anjos, porque anjos não gozam... Nem fingem. Quero putas e desejos alados, pés bonitos e olhares lânguidos. Cansei de olhares cansados e que imploram por dinheiro e misericórdia. Freiras e putas estão perdidas. E daí? Quero transar com todas! Ontem bebi até cair e quase não acho o caminho de volta... Mas nem sempre quero voltar. Voltar para onde, se eu nunca sai? Deixa de frescura, que eu não gosto de beijo na boca. Gosto mesmo é de chupar bucetas de putas. Eu não posso recolher seus cacos porque ainda nem acabei de recolher os meus. Não quero mais caminhar carregando pedras. Desliguei o telefone, aliás arranquei o fio. Rasga meu número, esquece o endereço. Eu não moro em lugar nenhum nem com ninguém. Não quero magoar ninguém então prefiro estar só. Moro dentro de mim e entro dentro de você apenas para ver seu coração e o sangue que corre em suas artérias. O mundo é uma buceta quente e melada e eu quero me enfiar nele. Até o pescoço, quero chupar feito manga até o caroço. Oh, minha querida, apaga as luzes que estou de ressaca e a lua incomoda. Desliga o botão e apaga o sol. Quero dormir até mais tarde hoje. À noite todos os gatos são pardos e todas as gatas estão no cio. As cadelas gemem de tesão e eu quero mesmo dançar Rock'n'Roll. Let it bleed. Eu não sangro mais porque não quero. Dor nem sei mais o que é, do mesmo jeito que saudade. Saudade, falam, existe apenas na língua portuguesa. Então inglesas não sentem saudade? Austríacas não sentem saudades? Que estranho! Nem eu, que sou o mundo sinto saudades. Saudades? Apenas do cigarro que acabei de apagar no cinzeiro. E da garrafa de Cynar que acabei de tomar. Daquela putinha que fodi ontem naquele puteiro cheirando a mijo e incenso barato também. Meus cabelos estão longos e minha paciência curta. Não tenho idade para ter paciência. Paciência é coisa de velhos, por mais paradoxal que isso possa parecer. Acorda, que eu tive um pesadelo anteontem, uma noite em que eu não consegui dormir, porque a lua não deixou. Abriram um buraco no meu peito por onde quiseram entrar, mas eu eu tapei rapidinho, com o asfalto que sobrou. Minha barriga ronca mas eu não quero comer agora. Não gosto de comer sozinho e então prefiro não comer. Tomo outro gole de café gelado porque estou com preguiça de esquentar. Porque chegastes chegando e ai foi falando em paixão? Eu não quero! Por um momento acreditei que poderia querer outra paixão, mas tenho que continuar afirmando: amor? Nem de mãe. Porque eu sei que apenas a dor carrega à sabedoria e quero apenas saber com quantos paus se faz uma canoa. Quero construir minha canoa e atravessar o rio até a outra margem, onde putinhas de dezoito anos esperam para chupar meu pau. E o rio é feito de Cynar. Até lá, quero estar em qualquer lugar e acordar onde quiser. Tem uma puta que gosta que eu a chupe, então... Um monte de livros ainda precisam ser lidos e eu nem sei por onde começar. Parece que foi ontem e a semana que vem ainda nem começou. Fui dormir cedo porque enchi a lata, até a tampa... Então não ligue que estou pelado e bêbado. Até qualquer hora onde a estrada poderá carregar. "Bêbados não marcham" e eu nem quero marchar. Soldados são tristes e as putas são alegres. Então que venham as putas!

11/5/2007

Coçar a Cicatriz, Xingar a Meretriz e Sonhar Com a Imperatriz

Coçar a Cicatriz, Xingar a Meretriz e Sonhar Com a Imperatriz
Luiz Carlos Cichetto

Au Salon de la rue des Moulins - Henri de Toulouse-Lautrec

Queria mesmo deixar de falar sobre a ferida que teima em doer, da falta do remédio e da falta de destino, mas o que consigo apenas coçar a cicatriz, xingar a meretriz e sonhar com a imperatriz. É difícil pensar sem sentir dor, difícil chorar sem lágrimas, difícil é perceber que não existe um caminho. Quebrei meus óculos e agora não consigo enxergar um palmo adiante de meu nariz. Que importância tem isso pra quem da vida ainda é aprendiz? Onde minha verdade me levará? Bem mais longe que suas mentiras! Deixei uma porção de sonhos enrolados em papel de seda, dentro de uma caixa de madeira que eu mesmo construí, além de um colchão e de um fogão. Pouco importa onde deitar e que camas que esquentar, porque estou congelando no Inferno. Mas porque então tenho uma tristeza infinita, o coração apertado que não sei quando é saudade e quando é ódio? O ócio causa o ódio e eu nem sei até que esquina eu chego sem tropeçar. Há bêbados e putas demais nas ruas e as estrelas não tem graça nenhuma. Preciso de uma eternidade, quero a humanidade, sei que estou perdido e o caminho é comprido até o fim. Pedras esparramadas, hematitas, navalhas e relógios. Então, conto um conto e não aumento um ponto. A que ponto chegamos? A que ponto chegamos! Ao ponto final, de exclamação, de interrogação eterna. Pontos, reticências, acentos. Sem aspas nem caspas, apenas cabelos pintados da cor do Inferno. Andar é caminhar e não sei ficar parado. E eu, que  nunca entrei num motel. Foder é bom, transar melhor, mas o ideal é fazer amor. Tem mulheres que gostam de dar e se acham liberadas, mas elas gostam apenas de dar então são apenas putas. Não gostam mesmo de sexo, nem de homem, gostam de dar. Mulheres de verdade gostam de dar... E de receber... De doar, não apenas dar. Boca suja, cala a boca e abre as pernas, sua piranha! Putas não gostam de sexo, gostam de dinheiro. Então onde estão as mulheres de verdade? Trepar, transar, meter, foder... Tudo isso tem que ser uma troca de desejos, de líquidos, sólidos e gasosos. Não apenas de dar... E receber... Dinheiro ou coisas de volta. Onde é que está meu Rock'n'Roll??? Existem as putas, as fêmeas e as mulheres. As putas gostam de dar e tem orgulho disso, apenas dar a buceta e receber sempre algo em troca, de favores a dinheiro, de suporte de carência a remédios; de documentos de posse a posses de documentos, incluindo ai certidão de casamento. As fêmeas também gostam de dar não apenas dar a buceta, mas dar carinho, paixão; mas termina no sexo a relação; apenas satisfazem uma necessidade fisiológica. E sabem suportar melhor a dor... Dos outros... Mas existem por fim as mulheres... Uma espécie animal em extinção, pois gosta de dar a buceta, mas também de chupar, de ser chupada, de gozar e fazer gozar, mas também está pronta para a dor em comum e que consegue gritar tanto de prazer quando de espanto, que segura tão bem uma espada quanto segura um pinto; que segura tão bem a barra de ser companheira e guerreira. Onde andam as mulheres? Não sei! As putas e as fêmeas eu conheço bem. Onde andam as mulheres? As mulheres podem ou não ter tatuagem, possa ou não usar piercings, saias curtas, botas e estereótipos de putas e fêmeas, mas precisam ser mulheres, não apenas putas ou fêmeas. Precisam sim gostar de sexo e de dinheiro, mas não podem ser escravas do desejo e da cobiça. Rainhas não existem ou são caras, putas são caras, fêmeas são caras, mas mulheres de verdade são baratas. Peco por falar, pecados do calar, emudeço quando tenho sede, morri na beira de um poço, mas ah, seu moço, deixa eu morrer em paz que ainda tenho um caminho comprido a percorrer. Tenho dois livros a ler e outros tantos que não consigo entender. Nunca entendi os poetas nem as mulheres, são todos fingidos e mentirosos. Quando eu acordei ontem tinha uma dor nas pernas e nem conseguia andar. Não existe remédio que faça um morto caminhar. Acordo? Nem quero, é melhor dormir e ter pesadelos. Quero uma navalha, cortar minha jugular, deixar meu sangue escorrer, porque sem sangue não sinto dor, não sinto nada, não sinto saudades daquilo que não posso sentir. Saudades da dor, pobre poeta idiota! Acreditastes que ao falar era com sua alma, não com sua buceta! Acreditastes nas outras vidas quando é nesta que tens que acreditar, seu inútil! Papagaios e cadeiras de balanço... Bobagem! Abandonastes sua arte em troco de uma buceta??? Burro! A arte lhe dará tantas bucetas quantas puderes foder! Ou não! Mas de qualquer forma sua arte é uma grande buceta cabeluda, gostosa e cheirosa... Buceta de puta... Gratuita que não lhe faz pagar por um prazer que é só dela. Acorda, portanto e segure seu pinto, bem duro e bem tesudo. Anjos tem asas, mas galinhas também tem! Nunca confire em paixão de putas, putas mentem, e quem mente também rouba, esta era a filosofia da mãe de Ray, Charles. Real filosofia. Deixa eu escutar Miles Davis, chorar até secar e depois espetar um palito de churrasco na jugular. Segunda-feira é dia de trabalho, seu imbecil, deixa de lamento e pega uma picareta. Arte não é trabalho, arte é vagabundagem, lembra o que a professora lhe falou. Chutaram seu rabo, não é, Poeta Idiota! Então deixe de ser idiota, ou deixe de ser poeta, o que é a mesma coisa. Putas são frias, geladas e usurárias, não acredite em seus gritos de paixão. Ninguém reconhece um artista, nem um pedreiro, mas pedreiros constroem casas e casas dão prazer. Então um pedreiro constrói o prazer? A luta é dura e meu pau agora amoleceu. Não como mais nenhuma puta sem dinheiro. O preço das honestas é muito maior. Caras putas, caríssimas honestas. Deixa estar que um dia eu lhe compro um par de brincos de ouro, um anel solitário e outra navalha. Atende o telefone, que é seu cafetão. Atende o celular que é alguém querendo lhe alugar. Desabafa então comigo sobre o que é ser puta e eu lhe desabafo sobre o que é morrer. Ambos estamos mortos, a diferença é que sei do que se trata morrer. Sei o preço das coisas. Deixe então de ficar procurando o gozo das putas e encontre o seu, Poeta dos Infernos! As putas te seguirão, Poeta das Perdidas! Encontre seu caminho, e faça com que ele seja apenas seu! O que é seu lhe pertence, por direito e de fato. Crie seus próprios vaticínios, crie seu próprio destino. É seu e de ninguém mais. Para ser forte não é preciso carregar ninguém nas costas. Fui!!!

10/5/2009

09/07/2019

Carta de Um Velho Safado a Uma Barata de Bar

Carta de Um Velho Safado a Uma Barata de Bar
(Um Tributo a Charles Bukowski)
Luiz Carlos Cichetto


Olá, querida barata:

Estou lhe mandando a presente afim de lhe contar o quanto foi importante o nosso encontro de ontem á noite, quando eu tinha bebido demais, fumado de mais e amado de menos.
Sabes, querida barata, que aquele bar onde nos encontramos carrega por aquelas imundas e gordurentas mesas e balcão, histórias que apenas as baratas e a sarjeta da rua em frente conhecem.
Minha cabeça dói, amiga barata e acaso a sua também doa ao mexer suas antenas, não ligue, em poucas horas ou depois de outro porre, passa.
Hoje, escondida pelas frestas ao lado da pia imunda da cozinha do bar, certamente não lembrarás mais de mim e sei que outros bêbados solitários encontrarão em suas antenas, os ombros que precisam.
Têm horas que penso que sou igual a uma barata, mais porque nós humanos lhes achamos imundas e doentias, menos porque respeitamos sua capacidade de sobrevivência; mais porque as tememos, menos porque as respeitamos por sua capacidade de alimentar de absolutamente qualquer coisa, enquanto precisamos comer em bares e plantar e esperar.
Querida amiga, a solidão humana é coisa que apenas as baratas compreendem e sei que quando escutastes sobre minha solidão gargalhaste de um jeito a querer dizer "Estou certa disto!".
Sabes, amiga barata de balcão de bar, sou apenas um velho safado, nem carteiro nem poeta, apenas arremedo de escritor. Mas como escritor escrevo e como o carteiro entregava cartas ao poeta, lhe entrego esta, certo de que com o mesmo respeito que o poeta tratava o carteiro e suas cartas, tratarás a mim e minha carta.
E, amiga barata, sou apenas um velho safado, carteiro da ilusão, da angústia e da solidão. Sabes, querida amiga que encontrei naquele balcão fedorento e gordurento, queria lhe agradecer por escutar minhas queixas e minhas mágoas, por ficares ali, parada, quieta, escutando cada palavra que a embriagues me impunha, me trazia á boca e eram pronunciadas com dificuldade.
Obrigado por ficar ali, apenas mexendo suas antenas, sem censura nem pudor. Queria lhe agradecer por bebericar minha bebida em goles tão pequenos, por andar de um lado ao outro do balcão tomando conta de mim, quanto a bebida me fazia dormir; por andar nas bordas do meu copo tomando conta dele, porque afinal quem beberia num copo em que uma barata andara?
Queria lhe agradecer porque quando finalmente minhas pernas responderam aos impulsos do cérebro embriagado e responderam mesmo que trôpegas aos passos, também correstes de volta a sua fresta junto a pia da cozinha do bar, de um jeito a me dizer "Bom dia!".
Queria saber, querida barata de bar cujo nome - igual a de tantas putas com as quais dormi - desconheço, sobre o que achastes daquele livro que eu portava e que passeastes pelas páginas abertas, um pouco invejosa porque não falava de ti, mas de moscas de bar. Grande injustiça aquela, realmente! É é por isso que decidi lhe mandar esta carta e espero que a leia antes que o dono do bar descubra teu esconderijo, logo ao lado da pia da cozinha, onde ontem á noite não me deste um beijo de bom dia!
Sei que por sua coloração - e eu andei estudando sua espécie do mesmo que jeito que estudas a minha - também és uma veja velha barata safada. Aliás, porque me refiro a você no feminino, se nem sei seu sexo? Mas realmente não importa que sexo um amigo tenha ou se é uma barata ou outro ser, mesmo que humano. O que sei é que pensas, porque mexes as antenas o mesmo jeito que eu quando penso, balanço os braços. E sei mais ainda, que fantástica amiga serias por ter três pares de braços (ou seriam três pares de pernas?).
Não ligues, não, ás queixas deste que lhe manda esta carta, sou apenas um bêbado, um velho safado em busca de uma paixão perdida. E uma paixão eterna e etérea, a paixão pela vida, perdida - a paixão ou a vida - em um tempo em que eu não era nem velho nem safado, nem bêbado sequer era. Aliás o que eu era era um não ser, mesmo que um ser humano, enquanto sempre fostes e serás uma barata de bar.
Não mostres, minha cara, esta carta a outras baratas e principalmente a outros seres humanos porque, principalmente estes, hão de dizer que além de um velho safado, sou um velho louco, conversando com baratas. Certamente irão dizer que a bebida e a solidão embotaram minha mente a ponto de ter delírios e, embora digam que não, irão incluir minha carta em um fabulário geral do delírio cotidiano. Guardes segredo, amiga. Mas não o segredo dos padres, mas o segredo das adúlteras.
Quando quiseres, abandonas a fresta próxima a pia nojenta e gordurenta do bar onde a conheci e chegues a minha morada. Ali terás o abrigo em uma fresta próxima de minha cama, onde meus pesadelos acompanham as noites em que não durmo embriagado. Terás ali papel e bebida, que é tudo o que precisam um escritor e uma barata. Serás então minha confidente de todas as noites, sem que eu precise beber debruçado num imundo balcão de bar afim de poder me escutar.

5/11/2001

Matemática

Matemática
Barata Cichetto

Um poeta não é um ser, é apenas um estar,
E poesia um zero menos um do que restar.

Não é um poeta um que possa ser posto,
Junto a um escritor, em seu lado oposto.

Um poeta é indivisível por dois, só por si, não a esmo,
Mas dois poetas são divisíveis por dois e por si mesmo.

Um poeta nunca é igual a outro poeta na adição,
Mas ao retirar um de dois a sobra é a contradição.

Multiplicar um poeta por outro é igual um problema,
Sendo o resultado da conta apenas um falso teorema.

Divida um poeta por dois e não lhe sobrará resto algum,
Um meio é igual a um nada, que é igual a um nenhum.

Subtraia a poesia de um, e a sobra é a matemática pura,
A sobra é um zero e nada é diferente na gramática dura.

Um poeta não é um um, nem um zero, nem um dois,
Nenhum poeta é um número, nem antes, nem depois.

08/07/2019

Tudo Certo. Tudo Politicamente Correto

Tudo Certo. Tudo Politicamente Correto

Um homem idoso dá uma cantada sexual numa garota de vinte e poucos. Ele diz que ela é gostosa, que quer transar com ela e um monte de coisas. Ela responde que não vai transar com um velho babão e xinga o velhote de machista, diz que ele não se enxerga e um monte de coisas. Ela o processa por assédio. Ele a processa por preconceito contra idoso. Estão presos. Ninguém trepou com ninguém. Nenhum dos dois gozou. Ela virou lésbica na cadeia, afinal homens são todos uns porcos. O velho morreu na cadeia, afinal lá se dá ou se morre protegendo o cu. Os advogados processaram os dois por falta de pagamento. A União recolheu as custas do processo. Os políticos fizeram as leis para proteger a sociedade. O presidente foi pego roubando. Ninguém sabe. Ninguém viu. A garota foi pra Marcha para Jesus. O velho para o cemitério.

A vida segue. Está tudo certo. Está tudo politicamente correto.

21/10/2017

05/07/2019

Like The Hurricane

Like The Hurricane
Barata Cichetto
Antagônico, busco uma dor que enfraquece meu corpo, mas fortalece a minha alma; irônico, dou tiros no escuro tentando abrir buracos na escuridão; crônico, sonho com minhas doces amantes e tenho pesadelos amargos comigo mesmo.
Sou feito o furacão, like the hurricane, forte, inquieto e destruidor, mas apenas uma força natural; consumo a mim mesmo, depois parto deixando uma lembrança de mim que nenhuma outra tormenta apaga; lembro de mim mesmo com ódio e com ternura daquilo que destruí; tenho saudades do parto e saudades antes do partir, mas depois parto ao meio meus sentimentos e dou a metade que sobrou à mendiga que, enlouquecida e entorpecida pela fome, brada que a insanidade é inerente á humanidade. 
Poeta profundo, do tipo perdido, que apenas encontra salvação na arte, num tipo de arte dolorida e inglória; mas não tentem salvar minha alma, que ela foi perdida quando eu nasci; não tentem salvar a mim de mim mesmo; ninguém é perfeito, mas eu não sou um mal sujeito, nem bom bem mal, apenas Poeta.
Estou à solta, sem crime nem castigo, sem perdão nem oração; categórico, instalo bandeiras no alto do meu precipício, depois salto de cabeça do alto do edifício; mas não busquem meus pedaços na calçada, peguem as folhas soltas das poesias que lancei ao ar no momento da minha queda.
Eu morro, mas não solto, padeço, mas não largo mão, apodreço, mas não... Não, não morro enquanto viver em mim a dor. Pobres amantes, não entendem de dor, nem da dor causada por elas mesmas! Não sou rocha, sou tocha humana queimando de minha própria combustão; não sou cristalino em minha dor, guardo as maiores a mim mesmo; e não acredito em anjos nem em deusas, sou um demônio que foi jogado á Terra em busca de pedras perdidas, asas partidas e putas arrependidas.
Reflito agora sobre a liberdade e as guerras santas, internas, contra mim e contra o que eu achara ser amor. Não posso amar, não sei mesmo o que é o amor que proclamam nas histórias, nos poemas e nos filmes. Porque meu amor é mais intenso e quente que qualquer história. Nem àquelas por quem abandonei minha alma, também conhecida por "Poesia", souberam compreender.
A arte, apenas ela, compreende e procura aqueles que a alimentam e suprem. Arte é autofágica, vampira e santa ao mesmo tempo. Arte é feito cachorro: é ele quem escolhe seu dono e não adianta outro alimentar que ela irá lhe morder a mão.
Agora, preciso sair e fumar, cigarro pode matar. Pode! Mas a vida mata ao certo, viver é fatal; é proibido pensar em áreas públicas, de uso comum; é proibido ser poeta, que arte é cancerígena; ambientes enfumaçados deixam o cabelo das belas fedido. Então, amadas, lavem o cabelo e deixem eu morrer tossindo.
Sonhei com minha própria morte - “Era um sujeito de sorte aquele homem!”, declarou sobre meu caixão uma puta, trajada de preto e com um cigarro na mão; amadas riam bebendo refrigerantes baratos, padres gargalhavam e o único choro que podia ser escutado era da Poesia, prostrada e um canto, desenhada em uma folha de papel.

09/12/2009

04/07/2019

O Dia Em Que Eu Morri

O Dia Em Que Eu Morri
Luiz Carlos Cichetto
Imagem: Jonny Lindner por Pixabay

O dia em que eu morri foi igual ao dia antes e ao dia depois de eu morrer. Para muita gente foi diferente, mas não para mim. Naquele dia, assim como nos anteriores e nos posteriores, eu não sabia que tinha morrido. Todos são dias de morto para mim.
No dia em que eu morri, como em todos os outros dias, eu não fui lembrado, a não ser por três ou quatro amigos. Alguns até lembraram mandaram uma mensagem à viúva afirmando minha bondade e outras inverdades que se falam quando alguém morre, ou quando se deseja bajular. Estranha essa mania de as pessoas bajularem os mortos, como se eles tivessem ouvidos, como que se pudessem ser ouvidos. Ou como se quisessem.
Aquele dia eu não acordei, como não acordo nenhum outro dia. Não inspirei em aspirei o ar como nunca faço. A diferença foi que não acendi um cigarro, nem preparei café. Apenas fiquei deitado, morto, como faço todos os dias antes de morrer.
No dia em que morri, como em todos os outros em que estive morto, meus filhos não falaram comigo, ocupados com suas lutas, meus pais continuavam preocupados, como em todos os outros dias em que me abortaram, em guardar dinheiro para quando morrerem; e todos eles tiveram desculpas para não me verem morrer: as mesmas desculpas que usaram para não me verem viver.
O dia em que morri não aconteceu nada além da mesmice de todos os outros dias: políticos continuaram roubando e as pessoas brigando por eles; os donos do mundo continuaram a mandar, e os mandados continuaram a andar pelo mesmo caminho. Tudo era muito igual, e nenhuma pena caiu do céu em minha homenagem. Nenhum pássaro cantou diferente. Os ponteiros do relógio, mesmo daqueles que não tem ponteiros, continuaram a marcar as horas, até completarem as vinte e quatro do dia em que morri; e depois continuaram sua marcha marcando o dia seguinte ao da minha morte, sem se importar com quem ficou para trás, atrasado, perdido ou morto no tempo. 
Eu não sei a que horas foi que morri, que não uso relógio de pulso.
No dia em que morri não aconteceu nada que algum jornal pudesse dar notícia, a não ser as mesmas que dão desde que existe jornal, apenas mudando as palavras, as pessoas e os lugares. 
Enfim, no dia em que morri, apenas foi um dia qualquer em um lugar qualquer, como qualquer dia em que eu não tenha morrido.

04/07/2019