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27/04/2020

Toda Poesia Que Eu Pude Carregar - O Testamento

Toda Poesia Que Eu Pude Carregar - O Testamento



Neste amo de 2020, posso considerar que completei minha existência como poeta, quiçá como escritor. Comecei a escrever por volta de 1972 ou 73, e em 1981 publiquei meu primeiro livro de poesia em mimeógrafo. Depois de ter toda minha obra se transformar em papel picado e 1982, por conta de uma pessoa enciumada e passar 15 anos praticamente sem escrever nada a não ser dedicados poemas amorosos que nunca foram lidos, completo agora sem nenhuma pompa nem honra meu ofício.

Desde o princípio, a sabotagem e o dar de ombros por parte de pessoas a quem busquei o mínimo de apoio se fizeram presentes, e me deixaram sempre do lado de fora da porta. Como exemplo cito os donos da chamada Geração Mimeógrafo, que desde meados dos anos 1970 ignoraram minhas cartas contendo poemas, e se recusaram a publicar. Muitos deles estão por aí, enfeitando feiras literárias com suas camisetas de cheguevara, suas bolsasdelona e seus veganismoscarnívoros.

E agora, no meio dessa pandemia fabricada, um experimento social que vem tendo os resultados previstos graças ao instinto grotesco e vaidoso da maioria da humanidade, reúno e organizo em volumes minha obra poética com intenção de colocar numa plataforma de publicação, não com o intuito de amealhar qualquer ganho, mas apenas para ter o prazer pessoal em ver tudo ali, pronto para a impressão. O título genérico desse trabalho é "Toda Poesia Que Eu Pude Carregar", e será composto de quatro tomos, sendo que os três primeiros de poesia rimada e escrita em versos mais ou menos metrificados e o último com minha poesia em crônica - ou crônica poética.

Serão mais de 2.000 páginas, com textos resgatados desde 1978 até 2020, e considero essa publicação como uma espécie de Testamento, sem considerar como legítimo nenhum herdeiro a ele, já que os que podem ser considerados "herdeiros legais", não tem qualquer direito a ele, pois que me abandonaram há muito, e nunca contribuíram ou participaram nem com a migalha de sua leitura para que eu chegasse aonde cheguei. Tudo foi fruto do meu próprio sangue&suor&lágrimas, e nem um reles e mísero centavo, caso tenham um mínimo de caráter, lhes pode ser lucro.

Encerro assim, já que não existe mais tempo para a poesia. No mundo que sobrar, e que foi cuidadosamente planejado pelos seus donos, não existirá um só ser ou lugar onde caberá a poesia. Ficam, portanto, nesses calhamaços, o registro da minha existência.  

Grato a todos e todas.

Luiz Carlos Giraçol Cichetto, aka Barata, Outono 2020.

26/04/2020

A Poesia, a Razão e a Loucura

A Poesia, a Razão e a Loucura
Barata Cichetto




Ando pensando que existe o caminho certo
Que não passa pelo caminhos da salvação
E se ando num caminho é porque não é reto
Mas foge da estrada da dor, rua do coração.

Poesia não é o destino, e o destino não é poesia
E se não existe o caminho definido escrito à mão
Ainda nos resta aquilo que empresta algo ao dia
E além de drogas e amores, a poesia e sua razão.

Ninguém sente falta do que não enxerga e ouve
E nem sente saudades de algo que nunca houve
Palavras simples de poeta de última instância
Que foi amordaçado ainda durante a infância.

Há um poeta dentro de todos, e poesia dentro de poucos
Afinal temos todos um tanto de médicos, outro de loucos
Há muito mais doentes do que médicos na modernidade
E nem poesia nem remédios podem curar a humanidade.

09/07/2017

©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

Dia do Horror

Dia do Horror
Barata Cichetto




Pense em um dia com sabor de mortadela
Que lhe digo que cores tem uma aquarela
É o dia das bruxas, dos porcos e dos loucos
Mas um dia torto em que muitos são poucos.

E que dia é, que nunca começa nem continua?
Um dia que é noite e onde a menina anda nua
Dentro dessa escuridão caminhando às cegas
Que lhe abre as coxas, e rasga-lhe as pregas?

Então pense em um dia com sabor de esterco
Com soldados marchando e fechando o cerco
Que lhe mostro a cicatriz de cigarro na perna
E estendo a mão em busca da criança eterna.

Que dia é agora, que parece ontem ou amanhã?
Dia de filhos desaparecidos no inicio da manhã
E de amigos que se curvaram perante o horror
Em que dia estamos, senão no do dia do terror?

01/11/2017
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados




23/04/2020

Filosofia de Pés Sujos

Filosofia de Pés Sujos
Barata Cichetto


O termo "Filosofia de Pés Sujos" nasceu de uma humilhação. O troco foi quase instintivo, e escrevi um silogismo: reclama de meus pés sujos na cama, mas não sabe dos caminhos sujos tive que percorrer antes de poder me deitar.  Sempre busquei o meu caminho, e por essa circunstância muito desagradável e humilhante, me deparei com isso. Ai olhei para mim e para tudo que já fiz e especialmente para quem eu sou hoje, e percebi essa imagem, clara: estou trilhando um caminho de pés sujos.

Tive muitas crenças - creio que tive todas elas -, até perceber que em nenhuma eu era honesto comigo, já que jamais senti aquilo que "precisaria" sentir. Do mesmo jeito que já tive crenças ideológicas. De resto, essa filosofia de pés sujos é justamente o rompimento com tudo aquilo que me "calçou" até há algum tempo. Fico perplexo em perceber essas coisas, e invariavelmente me cobro e penso. "Porra, seu Barata de bosta, que cê pensa que é? Acha que é o bom, é?!" Descubro que não, que não sou o tal, mas também não sou o mau, muito menos o mal. E a Filosofia de Pés Sujos é o que mais me define, mesmo que me julguem incapaz de exibir tal título, o de "filósofo".  A esses, eu afronto, confronto e pergunto, se acaso seus pés calçados que lhes protege dos espinhos não os carregam a lugares onde já estive, e especialmente se suas mãos estão limpas

Há pouco mais de dez anos tenho escrito dísticos (pequenos poemas de apenas dois versos e uma única estrofe), resumindo meu pensamento filosófico.

Desde Janeiro comecei a revisar esses textos e compilei num livro, acrescido de aforismos - que eu chamo de des-aforismos -, e silogismos. O resultado foi um livro de 144 páginas, que está disponível.

Advogo-me o direito de ser um livre pensador, e não tenho qualquer compromisso ideológico, já que não foi nos bancos corrompidos das universidades que o construí, mas nas ruas e nos livros. E arvore-me em definir-me Filósofo de Pés Sujos, formado na Universidade da Vida, onde o Diploma é a Certidão de Óbito.

Não tenho com meus escritos e meus atos nenhuma pretensão a mudar o mundo, minha única revolução diz respeito estritamente a mim mesmo. Busco a cada dia aprimorar minha existência, com a certeza de que o ser humano é antes de mais nada um solitário, e que, portanto, é ele quem constrói o coletivo, e não é construído por ele, na linha contrária ao pensamento hipócrita.

Não escrevo para idiotas, não escrevo para preguiçosos e escravos de ideologias; não escrevo para fanáticos. Meu texto é honesto e estritamente fiel o meu pensamento, e meu senso crítico e estético. Se meu pensamento e meus pés sujos, de tanto caminhar em terrenos podres te incomodam, fiquem longe, mas se procura algo que o faça pensar, não fique apenas nos elogios e tapinhas nas costas e aplausos virtuais. Entre no link abaixo e adquira o livro. Nos vemos dentro daquelas páginas. Eu te espero, nu, de pés sujos e mãos limpas.

Barata Cichetto, Filósofo de Pés Sujos, formado pela Universidade da Vida, onde o Diploma é a Certidão de Óbito. 31/03/2020

Filosofia de Pés Sujos
Barata Cichetto
Edição Independente
Tiragem Limitada
144 Páginas
Papel Avena
R$ 48,00 (Frete Incluso)

18/04/2020

A Política Republicana - Lima Barreto

A Política Republicana
Lima Barreto



“Não gosto, nem trato de política. Não há assunto que mais me repugne do que aquilo que se chama habitualmente política. Eu a encaro, como todo o povo a vê, isto é, um ajuntamento de piratas mais ou menos diplomados que exploram a desgraça e a miséria dos humildes.

Nunca quereria tratar de semelhante assunto, mas a minha obrigação de escritor leva-me a dizer alguma coisa a respeito, a fim de que não pareça que há medo em dar, sobre a questão, qualquer opinião.

No Império, apesar de tudo, ela tinha alguma grandeza e beleza. As fórmulas eram mais ou menos respeitadas; os homens tinham elevação moral e mesmo, em alguns, havia desinteresse.

Não é mentira isto, tanto assim que muitos que passaram pelas maiores posições morreram pobríssimos e a sua descendência só tem de fortuna o nome que recebeu.

O que havia neles não era a ambição de dinheiro. Era, certamente, a de glória e de nome; e, por isso mesmo, pouco se incomodariam com os proventos da ‘indústria política’.

A República, porém, trazendo tona dos poderes públicos, a borra do Brasil, transformou completamente os nossos costumes administrativos e todos os ‘arrivistas’ se fizeram políticos para enriquecer.

Já na Revolução Francesa a coisa foi a mesma. Fouché, que era um pobretão, sem ofício nem benefício, atravessando todas as vicissitudes da Grande Crise, acabou morrendo milionário.
Como ele, muitos outros que não cito aqui para não ser fastidioso.

Até este ponto eu perdôo toda a espécie de revolucionários e derrubadores de regimes; mas o que não acho razoável é que eles queiram modelar todas as almas na forma das suas próprias.

A República no Brasil é o regime da corrupção. Todas as opiniões devem, por esta ou aquela paga, ser estabelecidas pelos poderosos do dia. Ninguém admite que se divirja deles e, para que não haja divergências, há a ‘verba secreta’, os reservados deste ou daquele Ministério e os empreguinhos que os medíocres não sabem conquistar por si e com independência.

A vida, infelizmente, deve ser uma luta; e quem não sabe lutar, não é homem.

A gente do Brasil, entretanto, pensa que a existência nossa deve ser a submissão aos Acácios e Pachecos, para obter ajudas de custo e sinecuras.

Vem disto a nossa esterilidade mental, a nossa falta de originalidade intelectual, a pobreza da nossa paisagem moral e a desgraça que se nota no geral da nossa população.

Ninguém quer discutir; ninguém quer agitar idéias; ninguém quer dar a emoção íntima que tem da vida e das coisas. Todos querem ‘comer’.

‘Comem’ os juristas, ‘comem’ os filósofos, ‘comem’ os médicos, ‘comem’ os advogados, ‘comem’ os poetas, ‘comem’ os romancistas, ‘comem’ os engenheiros, ‘comem’ os jornalistas: o Brasil é uma vasta ‘comilança’.

Esse aspecto da nossa terra para quem analisa o seu estado atual, com toda a independência de espírito, nasceu-lhe depois da República.

Foi o novo regime que lhe deu tão nojenta feição para os seus homens públicos de todos os matizes.
Parecia que o Império reprimia tanta sordidez nas nossas almas.

Ele tinha a virtude da modéstia e implantou em nós essa mesma virtude; mas, proclamada que foi a República, ali, no Campo de Santana, por três batalhões, o Brasil perdeu a vergonha e os seus filhos ficaram capachos, para sugar os cofres públicos, desta ou daquela forma.

Não se admite mais independência de pensamento ou de espírito. Quando não se consegue, por dinheiro, abafa-se.

É a política da corrupção, quando não é a do arrocho.

Viva a República!”

Lima Barreto, o monarquista.
1918

17/04/2020

CORONARIANA Nº 30

CORONARIANA Nº 30
Barata Cichetto



Estou pronto! Quando chega o ônibus do poder? Que carrega a nação sem noção? Estou pronto, quando chegar o trem na estação, e carregar meu coração. Estou pronto! Quando chegar o avião, que leva ao ar sem condição, o político ladrão, o pobre sem refeição, e o poeta sem direção. Estou pronto. Encostem a carruagem no trilho do bonde, celem o cavalo do bandido, e a mosca do cocô. Estou pronto. Para o caos, programado no porão do poder. Onde senta um chinês, uma bicha e um filho da puta. Escrevo contra o decreto, de isolamento, de sofrimento, de corrimento, de cimento contra o abstrato. Escrevo sem nexo, sem sexo, e sem circunflexo o palavrão. Estou com tesão, mas não pode não. Tesão contagia e propaga. Respiração pode não. Sufoco e sem foco. Com fogo e sem paixão. Não é nada, não. Nada é não e não é nada. Tudo é paixão. Tudo é tesão, tudo é cérebro. Nada é corpo. Tudo é porco. Porcos sentem tesão, poetas também não. E o anão, sem dedo na mão coloca fogo no circo. E a equilibrista de pernas abertas espera o cafetão na porta da estação. Acorda, Brasil!

08/04/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 29

CORONARIANA Nº 29
Barata Cichetto



Deitado no chão, em meu colchão de ar, assopro o cabelo que me teima em cair no rosto. Coço a barba, longa e branca e ensaio uma punheta. Na ampulheta a esperança de "dias melhores", que jamais chegarão. Não existem dias melhores, nem piores. Há dias em que a gente morre, outros não. Filosofia de pés sujos, de botequim e de puteiro. As putas estão solitárias. Fecharam o puteiro. Seus filhos e mães estão com fome. "Nem na pandemia de AIDS nos impediram de trabalhar", reclamam. Estão tristes minhas putas, como diria Garcia Marquez, e não sabem escrever memórias, apenas contar histórias de um tempo em que não morreram. Fecharam os puteiros, e não tem graça nenhuma. A piada não é engraçada, é disfarçada. É risada desgraçada. Deitado no chão, a punheta não sai. Preciso escrever sobre putas, não sobre epidemias. Há caráter em tudo. E motivo em nada.

07/04/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 28

CORONARIANA Nº 28
Barata Cichetto




Nada de praia, nada de dominó, nada de respirar na praça. Os pombos da praça estão com depressão, que não tem em quem cagar, o mendigo sem fumar, que não há a quem pedir o cigarro, os sem teto estão famintos, por não terem quem lhes dê uma moeda. Não há odores nas ruas, nem do pão da chaminé da padaria, nem das flores do florista, nem do perfume das putas, nem dos suores dos trabalhadores, nem dos cigarros, nem dos escapamentos. Não há odores, apenas cheiros. De medo e de terror. De morte. E todos, absolutamente todos, com medo simplesmente de respirar. Enquanto isso, políticos decretam o fim. Brigam numa rinha infinita por poder. Todos eles ganham, todos nós perdemos. Agora, nosso existir resume-se a caminhadas pelos retângulos cinzas dessa moldura azul. É a rua que nos permitem.

06/04/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 27

CORONARIANA Nº 27
Barata Cichetto



Todos nós aqui, incluindo a ti e a mim, somos medíocres tentando expor nossa superioridade, todos. Qualquer um acredita ser o dono absoluto da verdade, o que nos torna ainda mais que medíocres, prepotentes. Essa é a função de redes (anti) sociais: expor nossa imbecilidade, disfarçando a fragilidade.

06/04/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

16/04/2020

CORONARIANA Nº 26 - PANDEMIA-PANDEMÔNIO

CORONARIANA Nº 26 - PANDEMIA-PANDEMÔNIO
Barata Cichetto



Há pouco menos de um ano, logo depois de completar 61 de existência, e de estar passando por uma depressão, entre outras coisas por descaso familiar e mudança de cidade, decidi que precisaria me cuidar melhor, e tentar sair dessa situação. Para tanto, comecei a me alimentar melhor, reduzi o consumo de cigarros e a usar ervas para tentar reequilibrar o organismo. Em Janeiro comecei a perceber melhoras e a produzir, trabalhar mais, visando manter a cabeça ocupada, e tramei a edição de um livro que vinha postergando há anos. Minha auto-estima melhorou, apesar de todos os problemas pessoais e financeiros.
Acontece que, por coincidência logo após o carnaval, explode o pandemônio-pandemia, com o terrorismo da Ditadura do Voluntariado, com o ódio e a guerra a tudo que fosse contra isso pudessem desencadear. Para terminar, a Uiclap, poucas horas antes do que eu tinha planejado lançar o livro, resolver cancelar as vendas, o que jogou todo o trabalho e planejamento no lixo. Entendi a posição da Editora, mas isso foi à gota d'água para que minha cabeça saísse do seu trabalhoso centramento e girasse a ponto de perder todo o entusiasmo e com ele o apetite e o sono. Voltei a fumar desbragadamente e ao ser forçado a me tornar enclausurado, por conta menos de prevenção e mais ao terrorismo, minhas caminhadas cessaram.
O resultado disso ainda não sei, mas é certo que não será bom. Ademais, sei de muitas pessoas com históricos parecidos, e espero que pessoas em situação similar não sucumbam diante dessa guerra armada, em função de vírus que, sim causará mortes, como qualquer outro, em maior ou menor número, mas mais que qualquer outro resultará em mortes que não serão contabilizadas nas estatísticas dele, tão adoradas pelos estandartes do caos.

05/04/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 25

CORONARIANA Nº 25
Barata Cichetto



Meu colchão é no chão. Meus quatro metros quadrados de território, sem oratório e sem flexão abdominal. Minha gata dorme em cima da minha cabeça. Respiro o que posso, e o que me deixam. A Ditadura do Voluntariado tomou conta das ruas. Sou idoso, e quem sabe o último barbudo do planeta Terra. Preciso achar um caminho, mas não sei por onde começar.

04/04/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 24

CORONARIANA Nº 24
Barata Cichetto



Em breve, ainda antes do apocalipse zumbi, estarei lançando minha Ontologia Poética (Ontologia, mesmo). E estarei por aí, chutando uns rabos sujos e fodendo outros. E depois, eu, o último barbudo do mundo, e meu amigo Paulo Castro, vamos tomar uns drinks no inferno com Salma Hayek.

04/04/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 23

CORONARIANA Nº 23
Barata Cichetto



Eu, que sempre fui deixado do lado de fora, fui trancafiado, enquanto eles estão lá, lançando sua ira e seu terror, ninando meus filhos e preparando seu reinado de escuridão. Prendam a respiração e curtam a publicação. Não respirem, compartilhem a informação. Morram de inanição. Facebook is God. Parem de falar, parem de chorar, parem de lamentar. Parem de respirar. Respirar contamina. Tudo no humano contamina. Se calem, não se falem. Apenas se odeiem, que seu porco é melhor que o do outro. Escolham seu lado na guerra. Escolham sua forma de morrer. Contaminação ou inanição. O futuro da nação. Depende da sua condição. De pulga de circo. De circo de horrores. Parem. Parem tudo. Sejam o nada.

04/04/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 22

CORONARIANA Nº 22
Barata Cichetto



Há alguns anos venho brigando com minha ansiedade, angústia e, principalmente depressão, acompanhada de seus "efeitos colaterais", como desejo de suicídio. Venho me empenhando em sair dessa situação, sem virar um dependente de drogas legais, ou ilegais que sejam. O artifício que encontrei, além da sempre presente necessidade de escrever, foi me dedicar ao trabalho, seja ele de que forma for, remunerado ou não. Ocupar minha cabeça e meu corpo me mantiveram nos últimos meses longe desses pensamentos e sentimentos. Abracei o sonho de um amigo, o Wladimir de Paula, pessoa de caráter íntegro e uma vontade de trabalhar e acerta fora do comum. Criei artes, vinhetas, e atualmente sou responsável atualmente por cinco programas semanais, sendo que com isso produzo cerca de quinze horas de programas semanais, fora tempo gasto em pesquisas, edições e contatos, que multiplica esse numero certamente por três.
Tudo isso, entretanto, foi sendo desmontado com a paranóia criada pela mídia, por políticos escrotos e alimentada pelas pessoas que, seguindo a cartilha da massa burra e manipulável que amplifica o caos ao limite do insuportável, transformando uma epidemia séria num pasto para seus desejos de poder e ódios guardados. Afinal, as pessoas precisam ser guiadas, mesmo que seja ao matadouro, por nossos queridos e humanísticos líderes. Não basta educar, não basta ensinar. O pânico tem mais efeito. E segundo alguns, "é para nosso bem."
Nos últimos dias, com tudo isso, venho experimentando novamente as valas escuras da depressão, e nem direito de sair à rua e encontrar algumas pessoas, e beber uma cerveja e distrair o desejo da morte existe mais.
É certo que essa Gripe Chinesa, como todas as doenças que apareceram durante a existência da humanidade e antes dela, irá causar vítimas fatais, e as estatísticas serão engordas para aumentar o pânico, e assim buscar a eficácia nos métodos de controle, mas e quando as mortes que advirão desse isolamento forçado, "para nosso bem", de pessoas que morrerão por suicídio, violência e outras coisas. Serão todos colocados numa vala comum, aquela do dia-a-dia, e serão desprezadas.
Ao citar a minha própria experiência, tenho consciência de que o sinto hoje não é exclusivo, e sei de muitas pessoas que, como eu, se sentem sem qualquer expectativa, afinal, depressão não dá mídia, depressão não é contagiosa, não pega por beijo-abraço-aperto-de-mão. Mas garanto que o numero de mortes no mesmo período que a Gripe Chinesa é maior. E quem se interessa por isso? A não ser que alguém se sinta exatamente igual, vai me tachar como egoísta e maluco.

03/04/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 21

CORONARIANA Nº 21
Barata Cichetto



Sobre epidemias e manipulações: ano passado, com a epidemia de Dengue, Araraquara, cidade onde moro e tem uma população de cerca de 240.000 habitantes, teve 27.000 casos da doença confirmados, e oito óbitos. Percentualmente, esse numero correspondente a mais de 10 por cento da população. Tal proporção, se levada à comparação com o país, significaria um numero perto de 20 milhões e daí daria para se calcular o numero de mortos usando a mesma régua. Os postos de saúde andavam lotados, e a prefeitura o que fez, sendo que se sabia exatamente onde moravam os inimigos: basicamente em vagões de trem abandonados: usou um drone pulverizando, em duas oportunidades. O foco continuou vivo. Neste ano, parece que simplesmente o mosquito da dengue resolveu dar uma trégua, já que existe coisa pior que ele. Só que não. A dengue continua fazendo vítimas, mas não está mais na moda.

03/04/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 20

CORONARIANA Nº 20
Barata Cichetto



Em 2014, o estado de São Paulo especialmente, foi envolvido numa crise sem precedentes de falta d'água. As pessoas entraram em desespero, diminuindo seu consumo de água, abrindo mão de higiene, e os que eram pegos cometendo o crime de "desperdício", eram sistematicamente ostracizados e ofendidos por vizinhos zelosos do futuro do planeta. A crise, como sempre atribuída a "fatores naturais", foi contestada por alguns que tentaram demonstrar que era fabricada. E com isso, a loucura desenfreada em busca de comprar - e pagar qualquer preço - por caixas d'água gigantes, e campanhas de conscientização, acabou enriquecendo mais ainda os fabricantes de tal item e os donos de depósitos de material de construção. Enquanto isso, a Sabesp,a segunda mais empresa do país, foi transformada em empresa de Capital Aberto, com ações negociadas no mercado internacional, e seus maiores clientes, fabricantes de bebidas, por exemplo, eram bonificados e tinham descontos por serem grandes clientes da empresa. Poucos meses depois, a tal crise desapareceu da mídia e as pessoas retornaram seu estranho hábito de usar a água como qualquer ser civilizado o faz. Nessa época se falava em mortandades infinitas e se atribuía aos céus o castigo. Em meio a isso, o senhor Geraldo Alckimin, do PSDB, foi reeleito governador. 
Em resumo, as catástrofes podem não ser criadas por esses políticos, mas sempre serão usadas em proveito próprios e de seus apadrinhados. E criar o pânico faz parte da sua estratégia de marketing. Aquele velho ditado: criam a dificuldade para vender facilidade. "Criam a doença, depois vendem o remédio.", como cantou a banda Outro Destino. 

03/04/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 19

CORONARIANA Nº 19
Barata Cichetto



Com relação a minha poesia, o sentimento que busco, que a pessoa que a ler se "aproprie" de minha poesia, no sentido de usufruir e compartilhar seus próprios sentimentos. Não falo de política na minha poesia, não falo de lugares, falo de coisas que estou certo estão dentro de muitos, que não o admitem, pois têm vergonha ou medo. Acho que é por isso que pouca gente gosta do que escrevo: vergonha ou medo.

03/04/2015
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 18

CORONARIANA Nº 18
Barata Cichetto



Não estou em quarentena, mas em isolamento. Não, não comecei há um mês, uma semana, e não foi voluntário, nem por causa da gripe chinesa. O isolamento começou há muito tempo, creio que desde que nasci, mas para não parecer dramático, meu isolamento social nada em a ver com minha idade, 61 anos, mas com meu pensamento e minha forma de agir, e isso me custou caro, sempre. Afinal, quem aceita uma pessoa que preza por sua própria mentalidade, acima de dogmas e ideologias criminosas? Quem preza por alguém que sempre ficou de fora de todas as pragas? Que é chamado de comunista pelos fanáticos da direita, e de fascista pelos fanáticos da esquerda? Alguém aceita? Não, não seja hipócrita, a não ser que entenda o que eu falo. Não finja que entende, ou então ou se cale. E a não ser que me entenda, se junte aos que me isolaram, não por uma doença, não por me preservar, mas por terem medo do contágio, com uma mente livre, de pés sujos e mãos limpas.

31/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 17

CORONARIANA Nº 17
Barata Cichetto



Numa sociedade cada vez mais isolada do mundo real através das redes sociais, cada vez menos consciente do externo às telas de computadores e celulares, cada vez mais isolada num mundo virtual, de mentirinha, e dentro de seus próprios "teres", uma doença que pode ser adquirida por qualquer contato físico, até pela respiração, é algo muito providencial. Quando tudo isso passar, e de alguma forma vai, como tantas outros apocalipses anunciados e nunca ocorridos, as pessoas nem perceberão, mas continuarão isoladas mais ainda, natural e alegremente. Agora há a desculpa perfeita!

29/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 16

CORONARIANA Nº 16
Barata Cichetto



Numa crise aguda, seja ela de que natureza for, especialmente as que ameaçam a humanidade em conjunto, pessoas que ousam pensar fora dos muros de ignorância erguidos pelos porcos sedentos de poder, são escorraçadas, humilhados, tachados de loucos, desacreditados e até ameaçados de morte. Afinal, sua teimosia em pensar além da letalidade principal, considerando outras tão ou mais, enxergando num multiverso fora do caos, é um crime perante a manada que segue no corredor estreito construído com tijolos banhados em sangue, rumo ao destino a eles traçado.
Assim, a história está repleta deles, do mesmo jeito que cheia de monstros que lavaram suas mãos no sangue que derramaram. 
Outras doenças tão ou mais fatais apareceram nas ultimas décadas, e o caos pregado pela imprensa que sempre lucra com isso, e propagado por bocas mocas, nunca aconteceu. Em pouco tempo foi esquecido, os mortos enterrados e os lucros, financeiros e políticos devidamente cacifados.
Sempre busquei a análise ampla e honesta de todas as coisas e meus sessenta e dois anos de idade me deram vivência suficiente, por tudo que vi, ouvi e pensei, para perceber certas coisas, especialmente a não confiar em boas intenções de quaisquer políticos.
Há uns dez dias venho publicando textos nunca falando diretamente sobre a Gripe Chinesa, nem sobre política, mas que todos entenderam as intenções constantes deles. Percebo o medo e o desespero em cada postagem nervosa em Facebook, mesmo quando tentam disfarçar postando piadas fora desse contexto. Por outro lado percebo também pessoas a quem tenho como portadores de inteligência e bom senso sucumbindo ao terrorismo imposto. Ninguém está imune, aparentemente.
Claro que temos uma crise mundial de saúde, óbvio que temos um vírus poderoso e causará a morte de muita gente, como sempre tivemos na história da humanidade. A única diferença é que temos um instrumento de disseminação de toda sorte de besteiras, de pânico, etc. O Facebook e outras redes sociais são exatamente o que aqueles que criaram e manipular essa situação precisavam. Idiotas espalham o pânico e disfarçam de prevenção e cuidado.
Existe, sim uma crise de saúde mundial, mas a maior crise que estamos enfrentando é a de caráter. O caráter humano está à mostra, e seu maior traço, a hipocrisia, à mostra. Como pus de seu vírus interior.
Não escreverei mais sobre esse assunto, nem indiretamente.

28/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

15/04/2020

CORONARIANA Nº 15

CORONARIANA Nº 15
Barata Cichetto



Estamos diante de um imenso fracasso. O fracasso da espécie humana. Fracassamos como raça evoluída. Acreditem! Somos uma sub-raça, imersos num cupinzeiro (cupins, sociedade que corrói, não confundir com formigas). Diante do medo nos borramos nas calças e chamamos mamãe, papai, Jesus, Lênin, Buda, Jesus, Stalin, Bolsonaro, Lula, e nossos pares de fascistas e loucos, enquanto continuamos com nossa saga demente de nos proliferarmos, feito lagartixas, feito baratas, feito vermes. Diante de nossos medos clamamos aos chinelos que nos abatem. Fracassamos, pois! Somos merecedores do que plantamos. O medo não nos fez fortes como deveria. O medo nos reduziu a larvas. De raça dominante a meros espectadores de minúsculos vírus, o da ignorância. Não somos ignorantes, somos estúpidos, e corremos ao primeiro buraco de minhoca, e depois chamamos o escorpião de rei.  Fracassamos? Não, eu não fracassei, outros fracassaram e correram a se esconder no meio das pernas da mamãe, essa puta a quem chamam carinhosamente de Política. Parvos fracassaram. Eu não fracassei!

25/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 14

CORONARIANA Nº 14
Barata Cichetto



Prendam os idosos, raspem a barba, parem de trabalhar, fujam para a colina, xinguem a China, matem o Presidente, se tranquem em casa, enlouqueçam, esqueçam das contas, aparem as pontas, façam de conta que estão doentes, com dor de dentes, caguem quadrado, mijem sentados, se ajoelhem na beira da cama, comam grama, fumem maconha, dêem a bunda, morram de fome, mudem de nome, espalhem seu medo, contem seu segredo, fiquem calados, falem pelos cotovelos, ajam como gados, sagrados, profanados, sejam petistas, comunistas, fascistas, simplistas, sigam a manada, que ela manda berrar, chorar e correr para dentro de casa. O mito da caverna. Enxerguem apenas as sombras projetadas, pela vela da televisão e do Facebook. Chamem de criminosos e monstros aqueles que discordam da sua opinião deformada sobre tudo, afinal de contas é apenas sua excelentíssima pessoa com capacidade de pensar, e mudar o mundo, antes de acabar tudo. Estejam certos que estão certos nas suas certezas. Se tranquem em casa e joguem vídeo game, xinguem o patrão, o dono do caminhão e esqueçam o preço da comida. Ouçam os lunáticos, sejam fanáticos; tomem remédios, lavem seu cu com sabão. Deixem que a solidão mate mais rápido que qualquer doença, esqueçam tudo que sabiam, que o planeta inteiro é seu quintal. Limpem a casa duzentas vezes por dia, que o inimigo é cruel. Se entupam de papel higiênico, lavem a mão com sabão até arrancar a pele. Chamem o poeta de imbecil, encomendem droga pelo delivery, que as ruas estão desertas, e ouçam o que diz o ladrão da nação. Digam que não, digam que eu não sei de nada, que nem de madrugada eu sei dormir. Acatem a fúria, discutam a injúria e prendam a respiração. Transmitam seus medos ao maior numero de pessoas. O coletivo é ordinário e burro. Fiquem com suas consciências tranquilas, e garantam o lugar no Paraíso mandando um idoso ficar dentro de casa, sem abraço, sem beijo e sem aperto de mão. Deixem os depressivos, que só encontram no dominó, na cerveja e na companhia a distância necessária do pote de veneno ou da corda. Sejam humanos, como os romanos, e joguem às feras os inimigos do Imperador. Aproveitem e lancem à arena todos aqueles que torcem ao time contrário, que pensam diferente, e que portanto não são gente. Façam tudo o que quiserem, na sua sina de parvos, cabresto na mente, burrice crônica e ignorância disfarçada. A voz dos idiotas é a que mais se ouve. Ouçam a suas! 

25/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 13

CORONARIANA Nº 13
Barata Cichetto



Não existem revoluções populares, apenas estratégias de dominação onde pessoas comuns são usadas. O "povo" não faz revoluções, poderosos fazem. O que muitas vezes as massas fazem é se revoltar, o que é diferente de revolução. E mesmo assim, sempre instigadas por interesses outros, convencidos que são de que é deles a causa.

24/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 12

CORONARIANA Nº 12
Barata Cichetto



Existem doenças e existem doentes. Existe o remédio e existe a cura. Existe a precaução e existe o pânico. Existe solidariedade e existe a hipocrisia. Existe a esperança e existe a ciência. Existe a prudência e existe a irresponsabilidade. Existe a fome e existe o lucro.

24/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 11

CORONARIANA Nº 11
Barata Cichetto



Ninguém tira a alegria de ninguém, que alegria é um estado de espírito falso. Não existe essa tal de alegria, isso é só uma máscara. Pessoas que se dizem alegres e felizes são sempre as mais infelizes e tristes. Tai essa tal doença, que é apenas mais uma entre tantas, até bem piores, para demonstrar minha razão. As pessoas, especialmente brasileiros, que se julgam tão felizes, mostram agora suas verdadeiras faces, e não são tão alegres e felizes como queriam fazer parecer. 

24/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 10

CORONARIANA Nº 10
Barata Cichetto



Tolice é acreditar, como pretendem alguns, que somos criações da sociedade. Somos de fato criadores, cada um de nós indivíduos humanos; e é nossa a responsabilidade pelos nossos atos. Culpar a sociedade, ou o coletivo, como chamam muitos incautos, despercebidos ou mal intencionados, pelas mazelas individuais é simplesmente agir como irresponsável e dependente dos poderosos, que usam das suas culpas, mas não aceitam suas desculpas.

23/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 9

CORONARIANA Nº 9
Barata Cichetto



Estamos todos representando um papel ridículo, num circo de horrores. Um circo onde só tem palhaços mal vestidos. O mestre de cerimônia toca os tambores do terror, solta feras imaginárias e todos correm, enquanto a lona se incendeia. Contaminados pelo medo, soltamos nossas feras reais. Não, nesse circo humano não somos palhaços, somos feras enjauladas, nos devorando umas às outras. Bem ao gosto do dono do circo, que aumentou o preço do ingresso, matou a equilibrista e agora dorme tranquilo abraçado ao seu saco de dinheiro, costurado com frágeis dedos infantis em alguma colônia chinesa. 

23/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 8

CORONARIANA Nº 8
Barata Cichetto



Querem que lavemos bem as nossas mãos, enquanto as deles estão e estarão mais ainda sujas de sangue. De idosos e dos que sempre representaram custo social elevado. Querem uma nova economia, e terão. Uma economia de esfomeados, violentos e mortos.

23/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 7

CORONARIANA Nº 7
Barata Cichetto



A partir de hoje, em Araraquara, e pelos próximos quinze dias, todo o comércio da cidade fica proibido de abrir, com exceção de supermercados e outros poucos. Há algo de muito podre por trás de decisões como essas. Autoridades decidem que o comércio inteiro precisa fechar as portas.
O caos instalado, numa sociedade, por conta de uma doença que é menos contagiosa e perigosa que muitas outras e que o isolamento que nos obrigam. Deixam idosos sem companhia e assistência, o que pode causar males bem piores.
Desconfia-se de atitudes como essa, já que o isolamento pode não ter a eficácia pretendida, e alija pessoas que não tem empregos formais, e que muitas vezes precisam estar nas ruas para defender seu pão.
O caos econômico que advirá disso nem é o pior. A fome, pior das doenças é.
A pergunta é: a quem isso realmente interessa? E quem lucra mais com isso.
Sem discursos falso humanitários, por favor.

24/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 6

CORONARIANA Nº 6
Barata Cichetto


Idosos estão sendo humilhados se não cumprem a determinação de ficarem em casa, estão sendo aviltados, e escorraçados. Fotos de idosos jogando dominó em público são usadas para demonstrar o quando são irresponsáveis. Asilos proíbem visitas e filhos também não visitam. Acaba assim para eles qualquer forma de alegria, e lhe tira a única coisa que têm.

24/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 5

CORONARIANA Nº 5
Barata Cichetto



Assisto a tudo isso da minha janela, há tempos. Politizam até a morte, glamourizam a dor e riem das vísceras alheias expostas. Expõem suas mazelas e deixam à mostra um sorriso de medo, seu lado mais pérfido, sua parvalhice. Fascismo é isso.

23/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 4

CORONARIANA Nº 4
Barata Cichetto


Elite, burguesia, minoria, proletariado, poder político, esquerda, direita... Etc. etc... Creio que palavras como essas terão significados diferentes quando essa crise fabricada acabar. Aliás, muitas palavras perderão o significado, especialmente a "humanidade". 

23/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CORONARIANA Nº 3

CORONARIANA Nº 3
Barata Cichetto



Medo de morrer: as pessoas acham que o medo deve ser coletivo. Não se contentam em sentir medo sozinhas, querem espalhar seu medo ao redor. Contaminar. O medo é individual, senhoras e senhores! 

22/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

CONFISSÕES DE APOCALIPSE (CORONARIANA Nº 2)

CONFISSÕES DE APOCALIPSE (CORONARIANA Nº 2)
Barata Cichetto


Muita gente confessando coisas e deixando testamentos e pedidos, para o caso de serem vitimas da hecatombe midiática. Então preciso confessar uma coisa, que quase ninguém no mundo sabe: meu nome completo é: Luiz Carlos Piccinini Lazarini Terriano Rocha Ferreira de Almeida Araujo Giraçol Barata Cichetto. Meu pai era adhemarista e getulista, odiava o Prestes, mas colocou meu nome igual, talvez por vingança contra minha mãe, ou talvez por ser mesmo o grande filho da puta que é. O fato é que sobrevivi a três tentativas de aborto e de sufocamento por travesseiro, além de vários espancamentos na infância.  Tive nefrite, hepatite, bronquite, sinusite, rinite, afrodite, além de gonorréia, chato, sífilis e cai de um caminhão ficando embaixo dele um dia antes do meu primeiro casamento. Sobrevivi a esse a mais três. Neste século XXI já passei por gripe do frango, do porco, da cadela, da vaca, da puta que pariu, além da maior doença de todas, quatro governos petistas. No século anterior, cresci durante a ditadura militar, servi exército aos dezoito, fui integrante dos partidos comunistas e apanhei por fazer propaganda do ladrão mor da nação; tive dinheiro roubado pelo plano Collor e assisti a histeria dos fiscais do Sarney. Tenho dois filhos que são de uma puta, e há uns dez anos não transo mais com putas. Só faço sexo inseguro e tenho canal no XVideos. Não bastasse tudo isso, sou poeta e escritor, porque vergonha pouca é bobagem. Ah, sim, sofro de depressão, ansiedade e tenho gripes três vezes por ano. Estou de novo. Será que a Gripe Chinesa me mata, ou só vou virar um escravo do Partido Comunista Chinês?

21/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

REFLEXÕES DO DIA, SEM ÁLCOOL GEL (CORONARIANA Nº 1)

REFLEXÕES DO DIA, SEM ÁLCOOL GEL (CORONARIANA Nº 1)
Barata Cichetto


1 - Idosos são sempre um grupo de risco para qualquer espécie de doenças, das mais simples, como novas ou velhas formas de gripe, mas o que mais lhes atinge, e isso sim são fatais, é a solidão e a indiferença.
2 - Lavar as mãos, aprendi desde muito pequeno, é necessidade essencial em todos os momentos, sob quaisquer circunstâncias, e aperto de mãos podem contagiar de coisas diferentes, como afeto, por exemplo.
3 - O pânico é uma arma eficaz no controle das massas, quando as pessoas mais sentem necessidade de se manifestar, de ir às ruas, de estar com outras pessoas, é muito produtivo gerar uma histeria em massa e mantê-las em casa, na frente da TV que só informa o que interessa.
4 - Reflexão local: ano passado, somente em Araraquara tivemos 10% da população (27.000) casos de Dengue, sendo que oito fatais. Não houve histeria, as lojas não fecharam, as escolas não suspenderam as aulas, e, pior, a prefeitura petista nada fez de importante, e os principais focos - os vagões de trem abandonados -, continuam no mesmo lugar. Neste ano, ninguém toca mais no assunto, talvez por ser ano eleitoral.
5 - Até hoje, 18 de Março de 2020, foram detectados 350 casos de Corona no Brasil, e apenas um caso fatal, o que é muito inferior aos de gripe comum, de morte por alcoolismo, imprudência de transito, e suicídio por depressão, por exemplo.
6 - Pessoas sem o menor escrúpulo e especialmente conhecimento, ficam o dia inteiro na Internet propagando noticias em tom alarmista, e especialmente usando tom de viés político para análises rasteiras, enquanto outras incitam a que se estoquem alimentos, causando um estouro na economia.
7 - O maior efeito colateral dessa nova gripe, depois de outras, como a do frango, do porco e da febre da vaca louca, é a prova de que o ser humano em sua maioria é um monstro, e mesmo aqueles que pregam o coletivismo o fazem da boca pra fora, já que cada um quer safar seu próprio rabo, e especialmente lucrar, de alguma forma.
8 - Numa investigação criminal, o motivo e o lucro pelo crime são sempre analisados primeiro, o que invariavelmente leva ao culpado. E a pergunta: no atual cenário mundial, quem tem sempre lucrado? A resposta é China, com seu comunismo amparado pelo lucro fácil. Ademais, há de se confiar nas noticias vindo de um país sem liberdade de expressão, e onde até mesmo a Internet é controlada? Na China tudo o que se produz é falso. Inclusive as noticias.
9 - No final do Verão, Outono e Inverno aumentam em muito os casos de gripe, então podemos supor que até Outubro, todos os eventos, aulas, etc., estarão suspensas e isso causaria o desmoronamento da economia mundial, pois não se trata de um show cancelado ou de um bar fechado, se trata de tudo o que gira ao redor disso, de funcionários que não recebem e não compram, até a fábrica de cervejas e refrigerantes que não vende, numa bola de neve. 
10 - Estamos tão fudidos com a nova gripe, quanto com a velha gripe, mas nada se compara com estarmos fudidos pela ignorância, que é bem pior que estupidez.

18/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

11/04/2020

A Lenda do Poeta Sem Cabeça

A Lenda do Poeta Sem Cabeça
Barata Cichetto



Fui encontrado morto ontem pela manhã.
Pensei que não morreria antes de amanhã,
Mas debaixo dos meus próprios escombros
Tinha um corpo sem cabeça e sem ombros.

E meus filhos foram chamados para o reconhecimento
Do meu corpo que fedia atrapalhando o esquecimento,
Mas alegaram não reconhecer nada daquilo que viam,
Pois afinal nenhum bem daquela morte lhes proviam.

Então a polícia foi chamada, e a delegacia acionada,
Mas nenhuma culpa àquele defunto foi adicionada,
E mesmo assim, diante daquilo que nunca foi exposto,
Colocaram atrás das grades a fotografia do meu rosto.

E agora eu era um morto a erguer-se da sepultura,
Sem cabeça e até que anoiteça cuspindo na cultura.
E no baile macabro, dancei sem parar a noite inteira,
Certo que minha era a ultima festa, orgia derradeira.

24/10/2015
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

10/04/2020

"Aquele Que Mente Também Rouba"

"Aquele Que Mente Também Rouba"
Barata Cichetto



Fuja dos medrosos, tanto quanto dos mentirosos
Pois que tanto o medo e a mentira são perigosos.

O covarde é um mentiroso e o inverso é verdadeiro
E mentir é a arma de qualquer perverso traiçoeiro.

Maior que a mentira do ladrão é o roubo do mentiroso
E maior que a falsidade do perdão, perdoar o falacioso.

10/07/2017
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

04/04/2020

O Galinho Burro e a Raposa

O Galinho Burro e a Raposa



 "Chicken Little (O Galinho), criado pela Walt Disney, em 1943, foi baseado num conto clássico. A história passa numa granja onde a raposa tem intenção de jantar os frangos. Ela consulta um livro de Psicologia e escolhe o Galinho (o menos inteligente), para convencer a todos de que o céu está caindo.

O Galinho espalha a falsa notícia, mas o líder da granja, o Galo, prova que a história é falsa. Novamente a raposa tenta outro plano, desta vez, desmoralizando o Galo: é a ruína final dos frangos! Desorientados todos correm apavorados para uma caverna onde são comidos pela raposa."

02/04/2020

Curral

Curral
Barata Cichetto



Eu te quero, minha cara égua maltratada,
Tratar a tua sina como precisa ser tratada,
E alisar a tua crina com a baba vomitada.

Ouvir o teu relincho depois do comichão,
Te deitar no pasto, na pista e no colchão,
E te comer de quatro, com patas no chão.

Eu te quero, potra selvagem da estrebaria,
Te chamar de outra, minha pura montaria,
E te foder no estábulo, cheirando porcaria.

03/12/2019


01/04/2020

Alguns e Outros

Alguns e Outros
Barata Cichetto



Fui chamado de Poeta por alguns que odeiam a poesia
E de Profeta por outros que me rodeiam com hipocrisia.

Fui chamado de Irmão por alguns que estão distantes
E de Estranho por outros que derrubaram as estantes.

Fui chamado de Tarado por algumas que eram putas
E de Bicha por outras que do dinheiro fazem as lutas.

Fui chamado de Criminoso por outros matadores de Arte
E de Pai por alguns que ficaram com minha melhor parte.

Fui chamado de Mercenário por uns que compram almas
E de Pobre por outros que vendem a mãe e batem palmas.

Fui chamado de Mentiroso por uns que enganam a nação
E de Artista por outros que mentem em troca de satisfação.

Fui chamado de Lixo por alguns que fedem igual carniça
E de Porco por outros que rolam na imundice da preguiça.

Fui chamado de Morto por alguns comerciantes da morte
E de Engraçado por outros comediantes da própria sorte.

02/07/2017
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados