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26/10/2017

Imprinting - Making Of

Imprinting é um projeto idealizado e batizado por Joanna Franko. Trata-se de um volume de 80 páginas, com capa dura dupla, acabamento laminado, contando a trajetória do poeta, artista visual, artesão de livros e filosofo Barata Cichetto. Em formato grande, 20 X 27 cm, com centenas de fotos coloridas impressas em papel couchê 150 gramas, depoimentos, registros, entrevistas e ainda textos inéditos, além de curiosidades como fotos de infância, ingressos de shows, etc. O volume inclui um DVD com poemas musicados e videos de entrevistas com o artista, que também foi o autor de toda a criação gráfica. O material é comemorativo dos 45 anos de atividade literária.





























































































Outro Texto Sem Final

Outro Texto Sem Final
Barata Cichetto

Deixe-me agora escrever outro texto. Totalmente fora do contexto. Sem nenhum pretexto. Em curso. Que ganhe um concurso. Que me dê recurso. Fazer discurso. Em feira. Livre. Literária. Deixe-me escrever um poema. Sem vírgulas. Nem parênteses. Aparentemente poético. Antiético. Estético. Sem parágrafos. Sem linhas. Sem espaços. Sem tabulação. Sem adulação. Nem dois dedos da margem. Um texto à minha imagem. E semelhança. Mais imagem que semelhança. Um texto sem esperança. De ser lido. De ser tido. Como literatura. Sem ter sido. Como tortura. Uma tortura. Verbal. Nominal. Anal. Vaginal. Cerebral. Ataque de pânico. Sopro no coração. Mentira. Hipocrisia. Causa mortis. Escrevo por que é solido. Se fosse liquido eu beberia. Ficaria bêbado de texto. Como ontem fiquei de poesia. Se eu fosse mesmo um escritor. Ou quem sabe um torturador. Contaria tua história. Da minha maneira. Se fosse um terrorista. Explodiria teus miolos. E esparramaria pela Quinta Avenida. Em Nova Iorque. Dançando um Rock. De Lou Reed. Se eu fosse moço. Te jogaria no poço. Te esquartejaria. E colocaria numa mala. Então fala! Diga o que pensa. Ou me deixa inquieto. Quieto. Escrevendo um texto. Que jamais ganhará prêmios. Que jamais será lido. Por ninguém. Ou apenas por alguém. Um amigo. Quem sabe uma legião de dois. Não mais. Anormais. Se eu fosse anormal. Seria tudo normal. A qualquer um. Seria um animal. Urrando na jaula. Mijando na aula. Na sala. Na cozinha. E no quintal. Que tal? Se eu fosse o que quer. Eu não seria alguém. Seria ninguém. Quem? Quem disse que sou escritor? Quem disse que sou? Não sou nada. Estou tudo. Tudo é o que estou. Mas nunca estive na China. Nem na Grécia. Nem na esquina eu fui. A esquina é que vem até mim. Trazendo aquele boteco fedorento. Com bêbados odiosos. Que não sabem que sou escritor. Que não sabem. Todos estão perdidos. Com suas ideias políticas. Querem eleger outro presidente. Que é o mesmo. E se eu fosse escritor. Diria a eles que não. Que não é melhor. Que eleição. Que não é mais forte. Que sorte. Que sim é hipocrisia. Feito poesia. Então diria. Que poesia é o sim do não. E o não do sim. Poesia é assim. Eu diria de mim. Que não sou não. Nem sou sim. Sou o talvez e o senão. Se não for. Era para ser. Ser ou não ter. Eis a questão. Ter é não ser. Ser é uma palavra. Apenas uma. Entre tantas. Que não são. Há coisas que não são palavras. Nem todas as coisas são palavras. Algumas são apenas coisas. E eu que queria saber de todas as coisas. Conheci apenas poucas palavras. Muitas palavras. Poucas coisas. Coisa nenhuma. Coisa alguma. Palavra é apenas uma palavra. Simples. Feito a palavra eu. Que não significa eu. Apenas significa a palavra eu. Sem significado. E eu. Que não sou uma palavra. Escrevo um texto. Cheio de palavras que não são coisas. Enquanto muitas coisas. Que não são palavras. Acontecem. Crescem. Adoecem. Mas são as palavras. Que morrem. No fim. Mas antes. Escrevo outro texto. Para sair em revista. Com uma entrevista. Com um artista. Da televisão. E seu ponto de vista. Sem coesão. E meu texto. Sem nenhum pretexto. Vai para a lixeira. Do computador. Não sinto culpa. Nem dor. Não peço desculpa. Por matar palavras. Elas já foram abortadas. Em nome da modernidade. Da liberdade. E da vaidade. E só aviso. Quando parar de escrever. Para o leitor. Meu benfeitor. Vomitar. As palavras que lhe fiz engolir. A seco. Na marra. Por farra. E para me divertir. Da cara. De quem acha que arte. É parede de banheiro. Estupro de crianças. E sangue. E o crítico literário. Que é escritor. Dono de editora. Disse que meu escrito. Foi proscrito. Desperdício de papel. De bites. E de bytes. Malditos teclados de computador. Que zombam dos meus dedos longos. Malditos teclados de celulares. Que não gemem. Nem rangem. Estão mortos. Não escrevo sobre mortos. E quem dera um ataque de coração. Antes de terminar de escrever. Eu nem teria tempo de descrever. Minha morte. Nem de dizer.  Ad...

24/10/2017

24/10/2017

Traia a História

 Traia a História
Barata Cichetto

Quando eu era uma criança queria ser artista... Ah, não, isso é uma mentira contada por um velho. Eu nunca quis ser artista. Queria mesmo ser eletricista. Flautista. Guitarrista. Ser artista é doloroso. Espinhoso. Pode ser gostoso. No que tange à grana que se consegue. Quando se consegue. Ou prazeroso. No que tange às bucetas que se come. Quando se come. Não. Definitivamente não. Eu não queria ser artista. Nem balconista. Nem arquivista. Mas fui. Bom mesmo seria ser dentista. Cuidar dos sorrisos. Dos dentes. Ou florista. Cuidando das primaveras. Deveras quentes. Mas eu bem que poderia ter sido economista. Baixista. Alpinista. Nunca fui. Nem comunista. Sempre pensei. Comunista é artista. Gosta de fantasia. Fui egoísta. Sou individualista. Anarquista. A morte já não enluta. Nem puta. A morte já não entristece. Ninguém padece. Nem desce. Da vaidade, Somos humanos demais. Somos demais. Nem humanos. Nem humanistas. Somos flautistas. De Hamlin. Do Kremlin. De Lênin. De Stalin. Violinistas. No telhado. Gatos. Assados. Marx não é Jesus. Jesus não foi comunista. Jesus não existiu. Tiram Jesus do caminho. Colocam Marx no caminho. Ninguém é o caminho de ninguém. Estou a caminho. Saiam da frente. Sou gente. Diferente.  Indiferente. De frente. Ou de costas. Se não gostas. Saia da minha frente. Saia de saia. Ou de calcinhas. Tingidas de sangue. Saia. Saia. Tira a saia. Tira a roupa. Fica louca. Me deixa chupar teus pelos. Curtos da virilha. Espinham meu rosto. Deixa. Quando era criança queria ser criança. Agora quero ser velho. Não sou velho. Estou velho. Nunca serei. Nem velho. Nem poeta. Só quero mesmo é lamber tua bunda. Não sou porco. Nem sou pouco. Nem do porto. Porteiro. Coloque minha cabeça. De barata. Na bandeja. De prata. Seja puta. E filha. Da outra puta. Astuta. Bruta. Brilhe feito diamante. De amante. Quero minha cota. De buceta. Da tuas tetas. Enormes. Fome. Então chupe. Em Guadalupe. Teu cuspe.  Então cuspa. Senhora.  Sua desculpa. Da sua culpa. Core. Implore. Core. Não demore. Adore. Deixa tua retórica. Histórica. Esquece tua mãe. E teus filhos. Esquece o que pode. E o que precisa. Esquece. Esquece. Lembra daquilo? Dos teus peitos grandes encostados no meu braço? Lembra? Lembra dos teus desejos? Afogados no travesseiro? Enganados. Mentidos. Vomitados. Por vergonha. E hipocrisia? Lembra dos desejos que tinha? Quando vinha? Quando ia? Recorda? Então acorda! Deixa de história. Chupa minha geografia. E a ciência da minha poesia! Lambe minha matemática. E goza com minha filosofia! Te ensino. O que é jorrar. Te aplico. Provas práticas. De gramática erótica. Aqueles palavrões mais espúrios que finge detestar. Outro me detesta. Deita teus cachos no meu peito. De pelos brancos. A boca. Na minha garganta. Na hora da janta. Eu nunca quis ser artista. Nem velho.

23/10/2017

21/10/2017

Cem Anos de Podridão

Cem Anos de Podridão
Barata Cichetto

Ontem foi Dia do Poeta, cumprimentem atrasado o vate
Porque aquele que chega por ultimo é mulher do padre.
E sabendo que braço que apanha é o mesmo que bate
Deixem-me dormir mais cedo porque ainda é de tarde.

Não comemorem do Dia do Poeta. Há tempos não existem mais poetas. Apenas uns escrevedores de versos tolos. Como se fossem receitas de bolos. Sem fermento. Sem gosto. Não gosto de bolos poéticos. Sem recheio. Sem receio. De magoar. Falsos poetas de teclados de computador. Não há mais salas de chá. Nem de café. Apenas poetas de boteco. Que adoram Charles por ser bêbado. Não por ser poeta. Desculpas de idiotas. Não de poetas. Paris foi dominada. Pela desordem. Pela desarte. Em Marte não há poesia. Nem na Terra. De ninguém. Não diga amém ao poeta. Não diga a ninguém. Ninguém é poeta. Num tempo sem poesia. Computadores não podem criar poesia. Mesmo que possam escrever poemas. Poetas modernos são computadores. Binários. Zeros e uns apenas. Enfileirados. Uns atrás dos zeros. E os zeros atrás dos uns. E entre uns e zeros. Sobra o nada. Absoluto. Da poesia hodierna. Tão moderna. Que nem existe. A revolução russa acabou com a poesia. Não há o que ser feito. Não existe poesia no coletivo. Ato efetivo. Lenitivo. Coercitivo. Poesia coercitiva. Incentiva o todo. Não há poesia no todo. Só no uno. Não existe o todo. Nem o tudo. Porque tudo. É apenas o um. Multiplicado. O rei está morto. Em Portugal. Com um saco de terra brasilis no bolso. Caminhando por Lisboa. Com saudades do Império. Não há poesia no socialismo. Não há poesia social. Isso é pessoal. De Pessoa pra pessoa. Ressoa. Como vento. Soprando nas areias do tempo. Do tempo em que tempo tinha. E não era apenas o segundo. Era o primeiro. Viva o rei. Viva o império. Abaixo o imperialismo. Abaixo da linha. Do Equador. Abaixo o império da dor. Do ditador. Que não tem cor. Abaixo o ismo. O histerismo. Desses tempos sem supor. Em que o andor é de barro. Não o santo. E para espanto. Do comunista. Do consumista. De celular chinês. Andando de camiseta do Che. A poesia morreu. Há cem anos. Cem anos de solidão. Cem anos de podridão. De imensidão. Do nada. Em que tudo. É falso. Plástico. Drástico. A poesia morreu com a modernidade. Com o modernismo. Com o hedonismo hipócrita. Mentiroso. Desastroso. Trocaram de mão o carrasco. A mão direita é a que alisa. A esquerda corta a cabeça. Ou oposto. Ou o posto. Não há gosto. Nem em Agosto. Nem em Janeiro. E como não existe mais poesia. Deixem de comemorar. O Dia do Poeta. Quero minha parte em dinheiro. Faço minha parte do trabalho. Agora quero o capital. Pecado capital?

21/10/2017

19/10/2017

Patty Duke Show e a Política

Em meados da década de sessenta, passava um seriado na televisão, ainda em preto e branco, chamado "Patty Duke Show". Era uma "sitcom" bem idiota, e eu detestava. Mas um belo dia, por algum motivo - provavelmente pelo fato de que as opções eram apenas sete canais - acabei assistindo. E por algum motivo aquele episódio nunca saiu da minha cabeça. E sempre em época de eleição lembro-me dele.

Nesse tal episódio, a Patty Duke, que tinha como melhor amiga uma prima, disputavam uma eleição escolar. As duas se empenhavam demais para ganhar a eleição, fazendo discursos cada vez mais ferozes com a intenção de vencer. Eram discursos enormes. Mas havia uma terceira candidata na sala, uma garota tímida, quase um estereótipo de nerd, que sempre em seu momento de discursar apenas se levantava e com uma voz quase inaudível dizia apenas: "Vote em mim!", E tornava a se sentar.

No calor da eleição, as duas primas, que além de tudo eram as melhores amigas, acabaram rompendo a amizade, a ponto de, mesmo morando na mesma casa e comendo na mesma mesa, não se olharem ou trocarem uma palavra. As duas tinham certeza da vitória e nem davam conta da existência da terceira. Nos intervalos de aulas, os amigos de uma ou outra também se engalfinhavam. Entretanto, quando chega o dia da eleição, o resultado que surpreende as duas é que a tal nerd venceu as eleições, com boa margem de votos.

Sabem que lição tiramos disso? Que democracia é sempre surpreendente. No bom e no mau sentido.

18/10/2017

02/10/2017

War Pigs

War Pigs
 Barata Cichetto

Quero penetrar nas linhas inimigas. Abrindo fogo com minha metralhadora giratória. Abrir fogo. Por entre as linhas quase paralelas das tuas coxas. Abrir teus flancos. Esmagar tuas trincheiras.  Dinamitar teus orgasmos. Enfiar tua cara na poeira. Te fazer comer grama. Invadir tua propriedade. Desapropriar tua impropriedade. Coletivizar tua privacidade. Te privar de verdade. Da tua individualidade. Te cortar com foice. Te esmagar com martelo. Rasgar tua bandeira. Te foder inteira. Morder teus dentes. Lamber tua língua. Cortar teu raciocínio. Contar teus mortos. Descontar teus impostos. Teus postos. Explodir teus limites. Destruir teus sagrados. Matar teus inocentes. Quebrar teus dentes. Invadir tuas praias. Afundar teus barcos. Derrubar seus voos. Implodir tuas pontes. Dominar teus montes. Plantar minas. Jogar granadas no teu celeiro. Queimar teus campos. Tua morada. Enterrar teus mortos. Em cova rasa. Deixar aos urubus. Tua carcaça. Afogar teus fetos. Perseguir teus netos. Te empalar pelo reto. Incendiar tua cabana. Queimar tua cana. Tua cama. E teu pijama. Deixar em chamas. Teu esplendor. Causar dor. Matar teu ditador. Teu imperador. Estuprar tua rainha. Tua princesa. Tua beleza. Cortar a faca tua tua garganta. Tua tristeza. Acabar com tua esperança. Proibir tua dança. Secar tua chuva. Costurar tua vulva. Te deixar viúva. De mim. Por mim.  Te matar de fome. De sede. De vontade de morrer. Te deixar viver. Te aprisionar. Na minha gruta. Apodrecer. Tua fruta. Te odiar. Te chamar. De algo. Por algo. Por alguém. Declarar guerra. A única maneira. De eu poder. Ter. Poder.

02/10/2017

01/10/2017

Falo!

Falo!

Eu. Que sou o que falo. E falo o que sou. Se sou falo. Falo o que sou. Calo meus calos. Dolorosos calos. Calo minhas cicatrizes. Calo tudo o que puder ser calado. E falo. Falo o que precisa ser falado. Calos. Calo. Calor. Calorosos. Dolorosos. Calos. Falo sobre meu falo. Falo. E falo sobre o que calo. Cicatrizes abertas. Meretrizes têm méritos. Féretros. Diretrizes. A diretriz da meretriz. Da atriz pornô. Do centro da cidade. Se cala. E fala. Com a vagina. Imagina! Uma meretriz. Que fala com o cu. Peida a meretriz. Na tua cara de santa. E se faz por merecer. Merece a meretriz. Aprendiz. De Feiticeira. A vassoura varre a cidade. Nas mãos do gari. Gary Cooper em A Nascente. O gari nunca viu Gary falar seu discurso no tribunal. O tribunal do gari é o balcão da padaria. Do boteco. A cachaça é o Juiz. E o meritíssimo convoca a meretriz para depor. Depois. Não existe o depois. Só o agora. E agora eu calo. Que não falo. Com qualquer um. Nenhum. Nem um. Sequer. Se quer. Pegue. Pegue e ponha na boca. Meu pau sujo. Chupa, cadela. O pau do Juiz. Do gari. E do Gary. Cooper. Na cooperativa. Coopere. Porra. Coopere. Opere. Tempere. Não há mais possibilidades nas ruas. Elas estão tomadas por traficantes. E por políticos. Traficaram as almas das meretrizes. As diretrizes são as balas. As falas são coisas do passado. Palavras são coisas do passado. Só há imagem. Fotografias. Vídeos. Filmes em três dimensões. A quarta fica pra depois. Então fala! Fala, cadela! Falo contigo. Não responde. Não seja a vitima de si própria. Desaproprie. A maldade. Não seja uma puta. Não aborte. Não corte. O cordão. Com os dentes. Primavera nos dentes. Sementes podres. Nobres. E não cobre. Quando chupar. O preço do cobre. No mercado aberto. Commodities. Cobre. Ouro. Metal. Heavy Metal é a lei. Então que se cumpra. Em última instância. Por inconstância. Pegue o papel. A certidão de casamento. E enfie no rabo. Junto com a aliança. Sem esperança. E pegue sua criança. E saia com ela. Até o fim. Ai de mim. Ai de si. Ai de só. Somente. Semente. Se mente. Não é verdade. Não existe verdade. Só a sua. A minha não serve. Não te serve. Então ferve seu leite. E se deleite. Até espumar. Pelos cantos da boca. Te dou formigas. Amigas. Estrebuche. Largue o celular. Acabou!
28/09/2017