Eu tinha escrito esse poema esta madrugada. Pretendia publicá-lo eventualmente, mas em vista do torpedeamento covarde do Facebook e seus ascelas da IntercePT , apoiados pelo dinheiro sujo do Banco Santander, creio que vem a calhar.
Carta Aos Pequenos Ditadores Filhos do Nove Dedos
Barata Cichetto, Luiz Carlos Cichetto, Luiz Carlos Giraçol Cichetto e todos os nomes pelos quais queiram enterrar.
Falam por aí que eu sou poeta autodidata,
E nas suas falsas modéstias de longa data,
Afirmam que suas faculdades são idôneas,
E, portanto jamais fariam poesias errôneas.
Falam por aí, mas nem por isso estão certos,
Que eu desconheço regras e acentos corretos,
E então pergunto sobre o acento em urubu,
Que na minha poesia o assento é do seu cu.
Falam e até confessam nunca os terem lido,
Poemas que escrevi antes de eu ter nascido.
Cantam faculdades, de letras e de comunismos,
Esquecendo que poemas são puros organismos.
Falam aí sobre escritor com universitária formação,
E eu, doutor, gargalho de sua doutrinária erudição.
Sua ignorância é até maior que sua hipocrisia,
Então pergunto que diploma precisa a poesia.
Falam com as bocas cheias de esterco autoritário,
Condenando com a palavra errada o hereditário,
E eu, que nada tenho de posse além de minha arte,
Passo fome por não receber o que é da minha parte.
Falam por aí sobre justiça com valores invertidos,
E defendem a carniça e seus mentores pervertidos.
Pois que eu digo que não há social sem o trabalho,
E que qualquer preconceito é moral e não ato falho.
Falam por aí com a boca cheia de alheio dinheiro,
Que arte é coletivo, que seu mestre é companheiro,
Enquanto eu dono da minha própria consciência,
Criei a minha própria filosofia, política e ciência.
Falam de mim por aí, até um tanto indecorosos,
Apenas tolos casados com políticos habilidosos.
E eu, quase analfabeto, de pai, de mãe e de puta,
Crio meu próprio alfabeto falando da minha luta.
Falam por aí, que estudaram literatura complexa,
Que aprenderam regras de semântica circunflexa,
Contam que cheiraram Baudelaire e comeram merda,
E eu lhes digo que poesia não se cheira, nem se herda.
Falam por aí, que poeta nem mesmo é escritor,
Respondo apenas: sou da palavra um escultor.
E aos que reclamam por eu ser chamado de Barata,
Digo que maldita é tua língua, aquela que me mata.
Falam por aí sobre o direito que têm à liberdade,
Mas esquecem de que o dever é o pilar da sociedade.
E eu, cujo direito ao respeito foi por eles revogado,
Tenho apenas eu mesmo por mim como advogado.
Falam com suas bocas que fumam a maconha,
Que o comunismo é a realidade do que sonha,
Alimentando o banquete do traficante estrangeiro,
Que derruba matas e chama índio de companheiro.
Falam e cospem em mim por não ter um diploma,
E digo que da sua doença eu não tenho o sintoma.
Sou formado nas esquinas pelas putas e escritores,
E não preciso de suas escolas criadas por ditadores.
Falam de mim, tiram minha nota do literário concurso,
E depois pagam por seu trabalho de conclusão de curso.
Meu diploma é de doutor, sou mestre de mim somente,
Um poeta analfabeto, e o único senhor da minha mente.
Falam de mim e nem sabem ser pai, nem artista,
E chamam de pai o ladrão e de mãe a terrorista.
Pensam que nasceram do ovo e que a mãe é santa,
Enquanto preciso esperar o almoço sem ter a janta.
Falam demais porque sua língua não cabe na cavidade,
E desconhecem as leis do retorno, e até a da gravidade.
Mas eu, que uma sepultura terei por moradia em breve,
Espero apenas que a morte a mim não entre em greve.
28/08/2019