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17/03/2020

Livro Aberto

Livro Aberto
Barata Cichetto



Ontem eu ejaculei na tua alma imortal,
Um líquido quente, humano e imoral.
E feito a um livro de Sade te li inteira,
Ejaculando mel na tua boca alcoviteira.

Ainda ontem penetrei tuas entranhas,
Que eram tão pervertidas e estranhas.
E na tua boca enfiei língua e palavras,
Quentes feito a desejos, pães e lavras.

Ontem abri as pernas da tua ignorância,
E gozei feito louco com tua abundância.
Me esfreguei na tua mente feito nefasto,
Tendo orgasmos de um touro no pasto.

Ainda ontem engoli tuas palavras salgadas,
Virei do teu livro várias páginas rasgadas,
Cuspindo nos dedos um escarro libidinoso,
E lendo cada frase como um poema gososo.

Ainda ontem rolávamos na cama do hotel,
Feito páginas de livros de poesia de bordel,
Éramos tantas histórias se amando sem dor,
Que foi inevitável um orgasmo provocador.

Ontem gozei no teu rosto como amante,
O gozo feliz de quem acha um diamante.
Um tanto poeta, outro simples jardineiro,
Do meio das tuas pernas colhi o canteiro,

Ainda ontem éramos um par de vadios,
Sem culpas ou arrependimentos tardios,
E nossas palavras eram todas de infamia,
Boquirrotos tortos, e repletos de insânia.

Ontem rompi o hímen da tua verdade,
Tudo foi tão bom quanto à felicidade.
Hoje eu ainda te conto sobre o que vivi,
E mostro um livro que ainda não escrevi.

18/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

07/03/2020

Cospe ou Engole?

Cospe ou Engole?
Barata Cichetto



Eu engulo no cálice da tua inconstância
Um liquido amargo da oval redundância.
Trago comigo um cigarro de gosto amargo,
E bebo até cair, antes de causar um estrago.

Acendo no meio das tuas pernas o paieiro,
Um paiol de pólvora teu desejo derradeiro.
Fecho os olhos e vejo teus lábios enrugados,
E quando beijo é por desejos não explicados.

São teus medos que me causam furor, bela,
Ou os segredos que não mostras na janela?
Descobri o fogo numa jornada atemporal,
E agora sou o relâmpago do seu temporal.

Ainda espero na cama tua impávida nudez,
E derreto na chama da tua inválida viuvez.
Mostro meu pênis inflado por pura safadeza,
Depois engulo seco o desejo junto à tristeza.

07/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

02/03/2020

Qual é a Diferença?

Qual é a Diferença?
Barata Cichetto



Sou homem da rua, matemático, somo e subtraio,
Conto até cem e divido por dois, mas nunca traio.
Ando descalço, tenho pés sujos, e multiplico a dor,
Dois e dois são quatro, duplicando o multiplicador.

Diferença não faço, diferente só aquilo que restou,
E se a conta não bate é que sua caneta não prestou.
O primus interpares é um numero primo indigente,
Então qual a diferença entre o igual e o diferente?

Radical e radicando, duas vezes quatro igual a oito,
E a raiz quadrada de um é o resultado do seu coito.
Sou o impar, número bastardo elevado ao extremo,
E se existe um deus, é apenas um número supremo.

Tenho em mim uma diferença feita apenas de fatos,
Então calcule o tamanho dos pés, nunca dos sapatos.
Conclua o valor do meu pau em relação à sua vagina,
O resultado da conta nem sempre é o que se imagina.

Meça a distância, calcule a rota, compre a passagem,
E deixe o motorista carregar o peso da sua bagagem.
Calcule o quadrado dos catetos, some à hipotenusa,
Num teorema sem nexo nem sexo, que ninguém usa.

Tire a prova dos nove, faça a prova real, fique sentada,
Enquanto a matemática do tempo lhe dá uma dentada.
Não faça a conta, apenas faça de conta que quer sofrer,
E esqueça o caderno em cima da cama antes de morrer.

02/03/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

01/02/2020

Solemnias Verbas

Solemnias Verbas
Barata Cichetto

Arte Alicia Rihko


Penso ao pé da letra, em pé, na porta do Paraíso. Solemnias verbas, querido Antero. Não quero entrar, mas um anjo torto me convida para um vinho e uma maconha, e eu o sigo até a porta da saída. Ficamos bêbados e rolamos no colchão da Aurora. Aquele anjo tem asas finas que cheiram alecrim, e ai de mim, é um anjo sacana, de pernas finas e peitinhos minúsculos. Eu beijo seus seios, e na calada da noite calada fala que ama. Sua vagina é quente e espera por mim. Penso em latim "naturale eius debent" e digo em português: vagina. Penso ao pé da letra: "litterali". Penso em pé, dentro da letra "V" que forma as pernas abertas daquele anjo pornográfico. Sua literalidade molhada com o suor de desejo. Há um anjo de saída do paraíso, e nós fumamos e bebemos vinho barato numa cama de hotel na beira do Ribeirão.  O anjo é Sol. Sol é anjo. Sol angel. Sou Lua, luz, Luiz. Apenas aprendiz de anjo, mestre de demônios. Somos feiticeiros enfeitiçados. Bruxos esdrúxulos. Santos que não. Meu anjo torto me chama de seu, eu a chamo de sua. E nós dois, exaustos nos deixamos ser nossos, por momentos preciosos quanto preciosas são as palavras que dizemos, mesmo quando indecorosas. Somos é boa palavra. Nós também. Mas a palavra revolucionária é Eu. De meu Eu ao seu Eu, do seu Eu ao meu Eu. E se sou Seu, por premissa e com permissão, permito gozar na porta do Céu, urinar no Paraíso e ejacular na boca do Inferno. Sou Virgílio sem Caronte, mirando o Aqueronte. Às portas do Inferno de Dante há um elefante. Elegante e efervescente. Um elefante indecente, tão inocente quanto senciente. E o elefante toca o sino, Hell Bell, e eu lembro que é hora de partir. Sem ir a nenhum lugar. Quem sabe ao mar. Pegar sereias pelo rabo. Sou Lúcifer em tarde cinza, ou apenas um idoso ranzinza, que teima em pensar? Penso ao pé da letra, literalmente propenso a pensar, que se não há mais pensamento, penso eu, não há o que chorar. Choro de pensar nisso. Não oro, que não sei orar. Penso ao pé da letra. Em pé, à frente daquele anjo que chupa meu pau, solene. Solan. Soland. Sol. Angel. Um anjo de Sol. Sol Anjo. Angel Sun. So long, so longer. Penso ao pé da letra, aos pés de uma letra qualquer, com jeito de mulher. Uma letra que quer ser ponto. Final. Ou de exclamação, mas é um ponto de interrogação. Penso, ao pé da letra, que já não existem letras em que pensar. Esgotei o abecedário, de Ângela a Zulmira, todas as letras, todas as tetas, todas as bucetas. E que letra ainda não? Lembro do "S" e penso que não. O "S" é uma serpente se contorcendo. E penso se, ao pé da letra, o "S" sabe que é serpente ou somente sedução? Se o "S" sabe que sabe, com "S", ou se somente sacode a cauda e subjuga o sofredor. Ah, a letra "S", é de safada, sem-vergonha, mas também de solene e de satisfação.  Serpente não, ser gente. E a letra que penso agora, de pé,  enquanto ela se dobra em forma de "L" curvada com as mãos na cama é a letra de uma música que esqueci a melodia, mas conheço o arranjo e o tom. "Vicious"... E ela me bate a toda hora. E está fazendo isso agora. Ela é viciada. E eu viciado nas letras do seu nome. Ela tem nome de escritora, de poeta, e o meu ela apenas soletra, como quem bebe vinho e fuma maconha. E sonha com um príncipe barbudo que faça tudo. Sobretudo sobreviver. Viciada nunca saciada, uma tarada. Ah, letras, letras, letras... Quero soletrar ao pé da letra, no pé do teu ouvido, palavras solenes sem explicação. Solemnias verbas sem condição. Ah, minhas palavras, que tanto te causam tesão! Quero declamar meu abecedário de besteiras, meu dicionário de sacanagem no seu ouvido. De "A" a "Z", uso todas as letras para pensar. E penso. Ao pé da letra. Aos pés do anjo. Solemnias verbas. Solenes palavras ditas dentro da tua boca. Palavras lambidas, palavras engolidas. E ejaculadas na tua língua, meu anjo, de pernas finas, canelas esfoladas e peitos pequenos, deitada na cama da Aurora, e eu agora sei apenas que penso ao pé da letra, que solenes são as farpas da sua língua, enquanto eu, poeta pequeno, na minha fala fálica, apenas falo, sem jeito, que quero apenas teu leito, e em nada mais, com efeito e por direito, pensar. 

11/12/2019
©Direitos Autorais Reservados - Luiz Carlos Cichetto

02/01/2020

Solemnia

Solemnia
Barata Cichetto


Arte: Alicia Rihko

Solenes palavras. - Disse o poeta que era um bufão.
Ouvindo ao longe a chegada de um enorme furacão.
Longe, longe, longe. - Ainda bufou um general guardião.
E que soltem as feras! - Gritou o carniceiro da prisão.
Mas o poeta era de longe, e avançou contra a multidão:
Nunca, em tempo algum. - Bradou com a fúria de legião,
Infringindo um golpe fatal na garganta do imundo rufião.
Agora era livre a princesa, e morto o rei da escravidão.
Soland era a nobre, e o sol se fez dentro da escuridão.

Vês, nobre princesa, o imenso mundo a sua disposição.
E enrodilhou-se o poeta aos pés da musa com afeição:
Rogo-lhe que liberte-me, senhora - Disse com aflição.
Basta que me ame, bardo de valor, e terás a libertação.
A princesa disse terna, como se entoasse a uma canção,
Sacudindo a saia estampada e se entregando de coração.

02/01/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados.

20/12/2019

Quadro Vivo

Quadro Vivo
Barata Cichetto


Pintura (Látex Sobre Papel Paraná) 2016 - Barata Cichetto

Eu queria desenhar a tua silhueta à mão,
Teus contornos finos com lápis ou carvão.
Queria ser artista, te moldar em escultura,
E retirar da pedra a tua mais fiel estrutura.

Queria saber te desenhar, imperfeita e invulgar,
Com as cores mais puras que pudesse enxergar.
Rabiscar tuas mãos magras e tuas veias salientes,
E tuas coxas estreitas fazer de telas permanentes.

Queria ser um artista, te pintar nua sobre a relva,
A boca bucólica e o olhar ferino que mira a selva,
Moldar com as mãos nuas teus seios e contornos,
E desenhar as linhas finas de todos teus entornos.

Queria mesmo ser artista, quem sabe até trovador,
E te descrever com tintas quentes de um sonhador.
Fazer-te musa e quadro vivo na parede do meu solar,
E em todas as noites ter a tua imagem a me consolar.

18/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

19/12/2019

Queria Saber Chover

Queria Saber Chover
Barata Cichetto



Há tempos que eu não consigo chorar,
Não é por machismo ou não saber orar.
Deixei minhas lágrimas em sua sepultura,
E no caixão de Isaura decretei a ditadura.

Há tempos não choro e o rir é muito pouco,
Que penso que sou apenas um pobre louco.
Lágrimas transformo em rancor, o ódio destilo,
E a tristeza é apenas a parte boa do meu estilo.

Há tempos não morro, há um ano a última vez,
E nem é tanto, pois antes morria uma por mês.
Chego a invejar a quem chora lágrimas sinceras,
Enquanto árido eu ainda espero por outras eras.

Nem a morte é tão forte que me torne pranto,
E nem a sorte e a falta quebram meu encanto.
Ao menos de alegria eu queria poder derramar,
Mas em tempos de chuva, não se entra no mar.

Se há tempestades nos teus olhos de princesa,
Nos meus há apenas areia, deserto e a tristeza.
Eu queria chover, e quem me dera ainda poder,
Mas na minha aridez, sofro seco sem entender.

Seca agora minha boca e na língua nem saliva,
Então penso nas lágrimas que te mantém viva.
Queria saber chorar, quem sabe quando morrer,
Eu chore de mim, de tanta pena por não sofrer.

19/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

16/12/2019

Paraíso Artificial

Paraíso Artificial
Barata Cichetto


Podemos criar paraísos de forma artificial, Baudelaire e seus cometas no país das salamandras. O Paraíso é meu, e crio onde quiser. Quero em Minas, quero no fim do mundo, quero daqui um segundo. Um Paraíso artificial, com cheiro de café. Um cigarro de palha, minhas gatas vadiando no terreiro, e no fim de tudo, uma buceta bem quentinha. Uma mulher, de vestido longo de chita, com nada por baixo a não ser o arrepio. Quero criar meus paraísos, e posso criá-los até no Inferno. Estou comprando uma passagem só de ida. Morar no ar, no mar, no bar, em qualquer lugar, que possa chamar de lar. Nas montanhas de Minas, no Cerrado, no Sertão. Escondido atrás dos teus mamilos. Quero beber café na xícara da tua boca, e te chamar de louca, assim por chamar. Dormir pelado, abraçado aos teus pés. Erguer uma casa de bambu, tomar banho sem xampu, e é claro, comer seu cu. Simples as coisas que quero, além de um Paraíso artificial, construído sobre a terra batida, com palha no chão, tua mão por cobertor e teu colo por travesseiro. Ah, mas tem o vinho, que não pode faltar. Bebido nas taças dos teus seios, no colo em V. Podemos criar paraísos com um passe de mágica, assim como se cria poesia, assim como se cria desejo. Em nenhum paraíso artificial pode faltar poesia e desejo. E não pode faltar Sol...

16/12/2019

15/12/2019

Íncubos

Íncubos
Barata Cichetto



Quero entrar pela tua janela feito um anjo safado,
Pendurar no cabide as minhas asas e ficar pelado.
Andar pelo quarto quieto, nas pontas dos dedos,
Vendo sombras vivas que habitam teus segredos.

Vou-te olhar deitada sob o branco clarão da lua,
Enquanto dorme pintada de estrelas, bela e nua.
Pegar uma cadeira e me sentar junto a teu leito,
E sem te tocar, fazer amor como nunca foi feito.

De manhã, quando pela mesma janela entrar o sol,
Partirei te deixando coberta apenas com um lençol,
E anjo vadio, irei aos deuses confessar meus desejos,
Enquanto acorda serena, embriagada de meus beijos.

Nunca saberá de mim, duvidará da própria sanidade,
Mas dentro de si sempre haverá o fruto da eternidade,
E quando eu à Terra retornar, feito um homem carnal,
Nos amaremos até chegar a última noite do juízo final.

14/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

08/12/2019

Solemnia Soletude

Solemnia Soletude
Barata Cichetto




Não queira saber onde ando, que é lugar estranho,
Tem um cheiro forte de enxofre, amônia e estanho.
Lugar esquisito cheio de poesia e literatura doente,
E onde poetas estão mortos, e nada há de coerente.
Neste lugar as fadas andam de fardas à moda antiga,
E as putas são soldados, e me chamam para a briga.

Não queira saber onde, que estou em lugar nenhum,
Nem dentro de mim existo e nem vou a lugar algum.
E se não vou, não sou e nem estou, o que resta fazer,
Senão ficar escondido até que eu possa te satisfazer?
Estou dentro do teu pensamento feito vontade fatal,
Um lugar estranho, onde a verdade é o vírus mortal.

8/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

06/12/2019

Caixa de Pandorga

Caixa de Pandorga
Barata Cichetto




Eu não guardo desejos na caixa de segredos,
Abro a tampa e deixo soltos todos os medos.

Guardo na caixa apenas presentes e balas,
Delícias que não cabem num par de malas.

Nas caixas não há males que não possa suportar,
Somente prazeres, que dos medos podem libertar.

06/12/2019

05/12/2019

Insomnia Solemnia

Insomnia Solemnia
Barata Cichetto



Estou deitado no sofá da sala. É madrugada, e todos dormem, até mesmo quem nesta noite me causa os pensamentos mais confusos. 
Apanho o celular e entro num desses sites de filmes pornôs. Quem sabe toda aquele escancaramento de gente se comendo, de bucetas e bundas, afastem meus pensamentos confusos sobre ela, que dorme.
Pior. Ali todas as mulheres parecem as mesmas. Ou melhor, a mesma. Ela. E todos os caras que as comem se parecem comigo. A diferença é que eles comem, mas eu não. Ela dorme. Eu não. Ela sonha. Eu apenas espero. Com o pau na mão, até um pouco frouxo, de tanto esperar. 
Aquela gemedeira nos pornôs nem me excita. Dão até raiva. Gosto de mulheres que gritam e gemem alto, e nesse momento sou até capaz de imaginar o quão alto seriam os gemidos dela. Mas ela dorme, e eu estou no silêncio total, sem sequer um suspiro que sopre um ar quente e rápido no meu rosto.
Queria dormir, mas só pensar que agora ela dorme, com as pernas seminuas, solitárias e carentes, enquanto também as minhas estão sobre o solitário braço do sofá,  minha mão instintivamente tateia minha cueca e alisa meu pinto.
Liberto, ele se ergue e equilibra buscando o ar. Ele a deseja, sonha tanto quanto eu estar dentro dela. Somos dois solitários. Eu e meu pinto. E ela também, e sua vagina também. Eu e meu pinto pensamos nela e na sua vagina. 
Ah, aquela bundinha magrinha, aqueles peitinhos pequenos, aquele pescoço longo, digo ao meu pinto. Ele se anima, e ficamos um bom tempo trocando fábulas de desejo, e lamentando. 
Eu o seguro pelo pescoço e massageio. Ele quase que sorri.  E depois dorme. Até ele dorme. E eu não. 

04/12/2019

02/12/2019

Poesia Líquida (Solemnia)

Poesia Líquida
(Solemnia)
Barata Cichetto




Eu quero a poesia nervosa do meio das tuas pernas finas,
Rimar teus segredos com meus medos, presos nas retinas.
Abraçar tua bunda, lamber tua vagina e esperar teus jatos,
Esquecer o que existe e o que não haverá depois dos fatos.

Quero tua boca grudada, guardada pelas tuas incoerências,
Beber cerveja nos teus lábios, e descobrir tuas indecências.
Escutar um grito que sai de dentro do teu útero libidinoso,
E falar que quero o que preciso e preciso do que é delicioso.

Uma tarde, uma noite, uma manhã, a qualquer tempo do dia,
Correr pelo teu paraíso e escorrer pelos infernos da covardia.
O caminho do desejo é o único a ser perseguido antes do fim,
E não quero ir antes de hoje, não quero morrer antes de mim.

Penso nos teus olhos tristes e imagino tuas lutas sangrentas,
Em si existe um mundo pintado apenas com cores magentas.
Quero tuas cores mais intensas, pintar de laranja a tua fome,
E depois te dar minha poesia líquida, gritando pelo teu nome.

1/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

26/11/2019

Solidão Bucólica

Solidão Bucólica
Barata Cichetto




Quero saber do teu decote e da tua imaginação inescrupulosa,
De teus olhos melancólicos, e da tua boca tremida cor de rosa.
Onde passam teus cabelos jogados no rosto ao sabor da brisa,
E saber por quem tremem suas narinas, e tua mente indecisa.

Quero saber dos teus pés ligeiros, dos teus cheiros e sabores,
Entender o que pensa, saber onde te dói, cheirar teus odores.
Dizer-te que te quero, às seis da manhã, e às quatro da tarde,
E te possuir por trás, pela frente e soprar a ferida que te arde.

Quero querer, te amar ou te foder, usar palavras com poder,
E se não for te pedir demais, não deixar jamais de te comer.
Na solidão bucólica de teus desejos espero feito um monge,
Paciente e derretendo minhas asas de plástico ao sol longe,

Quero saber, apenas por saudades multicoloridas maiores,
Sobre teus desejos íntimos, detalhes ínfimos e pormenores.
Quero ser teu amigo constante, e amante por antigo prazer,
Mas apenas posso dar em troca aquilo que possa me trazer.

25/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

25/11/2019

Sol_Angel

Sol_Angel
Luiz Carlos Cichetto



Na ponta dos pés o homem entrou na cozinha, que era simples e com poucos utensílios. A mulher, trajada também simplesmente não percebeu sua chegada, entretida nos seus afazeres. Ela estava descalça e cantarolava alegremente, enquanto mexia nas louças da pia. Uma blusa cor-de-rosa de alça, com um grande decote deixava à mostra o colo dos seus seios, pequenos, mas de bicos pontiagudos.  
Ele se se encostou às nádegas da mulher e seus braços, magros e longos envolveram sua cintura. Ela fez que não percebesse, mas apertou a bunda de encontro ao pau dele, que a essa altura também estava duro.
Com delicadeza, mas firmemente ele abriu o zíper da calça comprida dela e desceu até o meio das coxas, magras, mas firmes. Ela soltou um gemido, que parecia um ronronado de gato, e jogou o pescoço para trás.
As mãos do homem, de dedos longos e finos percorreram o meio das pernas tateando a calcinha, que era um pouco gasta. Em segundos a calça jazia entre os pés da mulher e sobre ela a lingerie branca. Sua boca lhe percorreu o pescoço, depois a orelha. A língua desenhava círculos na pele dela, que se arrepiava a cada movimento.
Sem dizer nada, a mulher apoiou as mãos, que ainda estavam molhadas, na pia e ergueu os quadris. Toda sua pele tremia de desejo, suas pernas bambeavam e a vagina estava tão molhada que ela percebia uma gosma quente a lhe escorrer.
Em silêncio, o homem abriu o cinto de sua calça com rapidez e a desceu juntamente com a cueca, chutando-as para longe. Abraçou-a, apertando delicadamente os seios, ergueu-lhe os cabelos e mordiscou-lhe a nuca.  Sua respiração estava ofegante, descompassada e um vermelhidão tomava conta de seu rosto.
A mulher abriu as pernas num convite, e ele a segurou pela cintura e penetrou, calma e mansamente. Seu pênis ereto entrava e saía em movimentos que pareciam de um bailado, cuidadosamente ensaiado, acompanhando o mover das ancas dela, para frente e para trás.
A vagina dela estava quente e úmida, pois há muito esperava por aquele homem misterioso por quem ela sempre tivera desejo, e que agora aparecia ali, na sua cozinha, e a possuía como ninguém a tinha possuído até então. Era firme, seguro, forte, mas sem violência, e a possuía no sentido mais claro, tirando dela todo o prazer que jamais imaginara ser capaz.
Sua língua a percorria por onde era possível alcançar, seus dedos se enroscavam nos pelos da vagina dela. Seus gemidos agora eram tão altos que temeu acordar a vizinhança. Há quanto tempo ela esperara por aquilo, nem sabia dizer.
Depois de cerca de uma dúzia de minutos, o êxtase. Primeiro ela sentiu um choque elétrico, um orgasmo como nunca tinha sentido antes, percebeu que seu corpo inteiro tremia com aquele prazer. No mesmo momento, sentiu um jato quente lhe penetrar, como se fosse lava de um vulcão. O homem soltou um urro e a abraçou mais forte, quase esmagando-a contra a pia.
Delicadamente ela a virou de encontro a ele, olhou-me bem nos olhos e ameaçou dizer alguma coisa, mas se calou e beijou-lhe as pálpebras e o rosto, deu alguns passos e apanhou a calça e cueca num canto, vestiu-se e saiu, deixando a porta aberta.
Atrás de si, a mulher ficou parada, certa de que aquilo era apenas um sonho. Ou não...?

31/10/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

Segredos

Segredos
Barata Cichetto



Pergunta se um segredo nos torna maiores,
E te respondo que jamais seremos menores:
Segredos nos fazem cúmplices das verdades,
De acordo com as nossas próprias vontades.

25/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

24/11/2019

Bastião do Paraíso

Bastião do Paraíso 
Barata Cichetto
(Bastião: Obra avançada de uma fortificação, com dois flancos e duas faces; lugar completamente seguro; pessoa que luta por uma causa; defensor.)


Sua respiração acelerada é o desejo pulsante,
Minhas palavras te desejam, delícia delirante,
E se tuas pernas tremem e tua pele enrubesce,
É o desejo libertador que na tua alma floresce.

Pense em mim no chuveiro e use seus dedos,
Enquanto espero escondido de teus segredos.
Caminhe pela praça deserta do Paraíso, nua,
Que te espero armado no outro canto da rua.

Acorde de manhã, sentindo o pulsar do coração,
E sinta no meio das pernas um ligeiro comichão,
Depois se entregue ao desejo puro de quem vive,
E não ao desespero parco daquele que sobrevive.

Teus lábios tremulam, tuas narinas se distendem,
Há tolos que se contraem, outros que te prendem,
Enquanto eu, do prazer soldado ferido sem glória,
Luto por seu desejo, na maior batalha da história.

24/11/2019

Calcinha Vermelha no Banheiro

Calcinha Vermelha no Banheiro
Barata Cichetto



Tua calcinha vermelha, no banheiro pendurada,
É a bandeira de uma luta que acabou empatada.
Tomei teu território como um nobre conquistador,
E nas tuas terras finquei o meu mastro libertador.

Dominei teu desejo selvagem com a espada afiada,
Escutando os gritos de quem tinha sido desafiada.
Arranquei as bandeiras de seu território inexplorado,
E desnudei terras santas como bárbaro abandeirado.

Entregaste-me teu precioso tesouro sem resistência,
E nas tuas costas, de praias desertas, fiz residência.
Percorri tuas matas e desci pelos teus rios inóspitos,
E descobri segredos puros guardados nos depósitos.

E tua calcinha vermelha no banheiro hora pendente,
Repousa satisfeita junto com a tua escova de dente.
Enquanto durmo ao teu lado cansado da conquista,
Satisfeito e pelado, com o prazer livre de anarquista.

24/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

21/11/2019

Virtual

Virtual
Barata Cichetto




Não era para ser assim, mas foi mesmo sem ser. Não era para gozar sem eu ver. Não era para ser assim. Era para eu sentir tua carne tremendo, teus olhos revirando, teus lábios se espremerem e tua respiração ofegante. Era para eu sentir seu coração pulsando, fazendo os bicos dos teus seios ficarem duros e escuros. Mas foi assim mesmo, sem que de outro jeito pudesse ser. Não era para ser pelas teclas do computador, mas pelos meus dedos, não era para ser pela tela, mas pela pele; não era para ser apenas por palavras escritas, mas sussurradas nos teus ouvidos. Não era para ser assim, mas foi, e de outro jeito não poderia ser. Não era para ser tão longe, não era para ser sem ruídos, nem suores e sem outros líquidos, era para nos escorregarmos um no outro, nos lambuzarmos de tudo que fosse líquido. Não era para ser pela imaginação, mas pela respiração, não era para ser cada um com sua mão, era para serem quatro mãos em dois corpos, esparramados pelas nossas peles. Era para serem duas bocas grudadas: boca em boca, boca em qualquer lugar, em que pudéssemos grudar, chupar, colar. Não era para ser assim, mas foi. Era para serem pernas e braços enroscados, colchões rasgados e travesseiros arrancados. Era para ser subir e descer, descer e subir. Um sobre outro, outro sobre um. Um embaixo do outro, outro embaixo de um. Em cima, embaixo, do lado, de lado. De qualquer lado e em qualquer posição. Era para chupar, não imaginar. Era para lamber, não pretender; era para gozar, não apenas para sonhar. Não era para ser assim. E um dia não será assim. Ou não?

21/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

07/11/2019

Poemas Sacanas de Um Bêbado As Duas da Manhã

Poemas Sacanas de Um Bêbado As Duas da Manhã


Barata Cichetto - "Sexo Oral" Tinta Látex sobre Papel Paraná - 2016


(Parte 1)

E quando você acabar de jantar,
Diga se ainda tenho que esperar,
Antes de te comer e até saborear,
E se quer foder ou apenas transar.

Quero te fazer sexo oral
E chupar-te até o anal,
Mas se não faz um mal,
Eu të chupo até o final .

Se minhas palavras são raras,
Imagine então minhas taras?
Minhas intenções são claras,
E tuas todas as minhas caras.

Pouco importa se sou velho ou poeta,
Quero te comer à torto e em linha reta.
Conjurar na tua buceta, macho atleta,
E na tua cama ser tua forma predileta.

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(Parte 2)

O que pensas que é foder, minha cara?
Só gozar em ti, satisfazer minha tara?
Ou sonhas que te comer é dar-me inteiro,
E chupar e gozar como ato companheiro?
Se te chupo e como, se me come chupas,
E gozarmos juntos, a sós e sem culpas?

06/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto, Direitos Autorais Reservados