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05/12/2019

Insomnia Solemnia

Insomnia Solemnia
Barata Cichetto



Estou deitado no sofá da sala. É madrugada, e todos dormem, até mesmo quem nesta noite me causa os pensamentos mais confusos. 
Apanho o celular e entro num desses sites de filmes pornôs. Quem sabe toda aquele escancaramento de gente se comendo, de bucetas e bundas, afastem meus pensamentos confusos sobre ela, que dorme.
Pior. Ali todas as mulheres parecem as mesmas. Ou melhor, a mesma. Ela. E todos os caras que as comem se parecem comigo. A diferença é que eles comem, mas eu não. Ela dorme. Eu não. Ela sonha. Eu apenas espero. Com o pau na mão, até um pouco frouxo, de tanto esperar. 
Aquela gemedeira nos pornôs nem me excita. Dão até raiva. Gosto de mulheres que gritam e gemem alto, e nesse momento sou até capaz de imaginar o quão alto seriam os gemidos dela. Mas ela dorme, e eu estou no silêncio total, sem sequer um suspiro que sopre um ar quente e rápido no meu rosto.
Queria dormir, mas só pensar que agora ela dorme, com as pernas seminuas, solitárias e carentes, enquanto também as minhas estão sobre o solitário braço do sofá,  minha mão instintivamente tateia minha cueca e alisa meu pinto.
Liberto, ele se ergue e equilibra buscando o ar. Ele a deseja, sonha tanto quanto eu estar dentro dela. Somos dois solitários. Eu e meu pinto. E ela também, e sua vagina também. Eu e meu pinto pensamos nela e na sua vagina. 
Ah, aquela bundinha magrinha, aqueles peitinhos pequenos, aquele pescoço longo, digo ao meu pinto. Ele se anima, e ficamos um bom tempo trocando fábulas de desejo, e lamentando. 
Eu o seguro pelo pescoço e massageio. Ele quase que sorri.  E depois dorme. Até ele dorme. E eu não. 

04/12/2019

30/07/2019

Solidão é o Tudo

Solidão é o Tudo

Penso agora nas pessoas que sentem solidão. Eu não sinto. E não é por estar só. É bem por não estar, mesmo. O que é estar só? Pergunto ao passarinho. E nem ele me responde. Penso na solidão como algo a ser pensado. A solidão é o medo de estar só. O resto não é solidão. É só medo. Tenho tanto medo da solidão quanto tenho da morte. O medo não é da coisa em si, mas da dor. Na dor a dor que a antecede, na solidão a que a sucede. Penso na solidão como algo inevitável quanto à morte. Quanto à própria existência. A existência é inevitável, a morte é inevitável, mas seria a solidão também?

Penso agora nas pessoas que sentem solidão, e não sei se as invejo ou as temo. Não sei se as procuro ou as deixo em paz. Não tenho pena delas, como ademais de ninguém. Por escolha ou por consequência, a solidão é o destino. Sempre. Não procuro afagos, nem carinhos, sequer um boquete de uma puta. E quando a gente não procura nada disso, é por não sentir solidão. Se falo sobre isso, entretanto, é por sentir solidão? Se não sentisse solidão, eu estaria escrevendo sobre solidão?  Pode ser que sim, pode ser que não. Não se escreve apenas sobre o que se sente falta, embora nossas faltas sempre forneçam bom material para a escrita. Escreve-se também por aquilo que se tem. Como o prazer e a dor. E a solidão, que é o que se tem. Sempre é o que se tem, mesmo quando ela é enganada, ludibriada por alguma ou centenas ou milhares de companhias.

O "um" é o humano. E o humano é o um. E o um é solidão. Sempre foi, sempre será. A solidão é individualismo, embora às vezes seja egoísmo.

Penso agora em que acredita em não estar só. Solidão não é presente, é conquista; solidão não é desejo, é prazer; solidão não é janela, é porta; solidão não é incolor, é arco-íris. Solidão não é escolha nem opção, não é momento, nem situação; solidão não é porém nem talvez, não é mas nem porém; solidão não é erro nem acerto, solidão não é efeito, nem causa, não é bonita, nem feia; solidão não é solução nem problema, não é doença, nem cura; solidão não é verdade nem mentira, não é dor nem prazer; solidão não é macho, nem fêmea, não é alegria nem tristeza solidão não é nada, nem é tudo. Solidão é o nada e é o tudo. É o todo do nada, e o nada do tudo.

Outro dia perguntei à solidão: sabe quem com quem está lidando? E ela respondeu: não o conheço. Então eu lhe disse: deixe-me a sós, então. Incomode a outro.

28/07/2019