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06/08/2019

E Eu Nem Sei Porque Escrevi Esta Merda

E Eu Nem Sei Porque Escrevi Esta Merda
Luiz Carlos Cichetto, Barata Cichetto



Depois de concluir "Jorro" em 2013, texto que mereceu a atenção, correção e até elogios por parte do amigo escritor doutor Eduardo Amaro, texto que foi rechaçado por editoras e acabou abandonado nalgum canto do meu computador. Ainda inseguro no gênero Romance, tentei outras coisas, mas só o que consegui foram longos contos abruptamente concluídos.

Em 2017, em menos de um mês, escrevi e revisei outro romance que tinha em mente há muito tempo, e a ele batizei de "A Mulher Líquida", mas nesse não pude contar com leituras críticas, afinal, é um saco esse negócio de ficar lendo textos dos outros quando se tem os próprios para pensar. O calhamaço que rendeu mais de seiscentas páginas impressas, depois de também ser recusado por várias editoras. Recusado nem é bem a palavra, pois neste Brasil de merda, sequer o prazer de ser recusado as malditas editoras nos dão. Enviei-o, entre outras à Record, aquela que chupa o pau das sandices e ainda dá dinheiro para o tal de "Bukowiski da Amazônia", mesmo quando o sujeito é pego com a mão no bolso alheio e depois desaparece. O livro acabou sendo publicado, por sugestão de meu irmão Genecy Souza na Amazon, que não oferece qualquer apoio a escritores sem editora, sem dinheiro e sem prestígio, o que relega qualquer obra ao limbo, somente vendendo algo por esforço único do autor, além de estar sujeito às chamadas "Diretrizes da Comunidade", a forma sutil de censura, já que qualquer menção à sexo, por exemplo, condena o autor a ter seu trabalho bloqueado. 

Sem desistir, mas sem saber o caminho a seguir, já que todos parecem estar fechado para nós que não somos jovens, e ao contrário somos velhos, sem dinheiro, sem amigos importantes e vindos do interior, parafraseando o amigo Belchior, ainda este ano de 2019 lancei-me em nova empreitada, e em uma semana escrevi novo romance, ao qual dei o nome de "Satânia", que também foi submetido à algumas editoras e concursos literários, sem qualquer resultado positivo. Uma editora de Portugal, indicada pelo amigo Carlos Manuel, a quem enviei o manuscrito respondeu: "Caro senhor, após análise do seu livro, lamentamos, mas não foi aceite para publicação por não cumprir padrões literários e linguísticos de qualidade. Com os melhores cumprimentos." Ao menos respondeu. Eu tentei.

Sem quaisquer dos requisitos necessários atualmente solicitados pelas editoras, brasileiras, como: alinhamento ideológico de esquerda, engajamento no politicamente correto, e alguma forma de ligação com os poderosos que determinam que come e quem não no mercado editorial, o que me resta afinal, além de um cotidiano de perdas e danos, de desilusão e em que oportunidades de trabalho, especialmente a quem já passou dos sessenta anos são praticamente impossíveis? O que resta, se não brigar com a depressão e desejar não acordar? O que sobra, senão as sobras?

Com uma pilha de mais de um metro de textos impressos, sem contar as pilhas virtuais de outros empilhados no meu computador, cujo monitor tem mal de Parkinson já que fica tremendo, a única conclusão, seguindo o poema de Pessoa, "a única conclusão é morrer". O maldito século XXI, me cerca feito um facínora querendo meu sangue. Ele me despreza e eu também o desprezo. Não há lugar dentro dele para mim e não há lugar para mim dentro dele.

06/08/2019


Foto: Carlos Manuel (Portugal)

Foto: Carlos Manuel (Portugal)






04/08/2019

Cristo na Piscina Com Doze Putas

Cristo na Piscina Com Doze Putas
Barata Cichetto
Ao Amigo Carlos Manuel

Queria ser como Jim Morrison, morrer em Paris, afogado numa banheira. Queria morrer num bacanal, em Lisboa com doze putas numa piscina cheia de champagne, proclamando igual um cristo meu evangelho da sacanagem. Apóstolas apóstatas bebendo do meu vinho, comendo do meu pão, e fodendo até eu morrer, afogado em meu próprio gozo. E depois elas sairiam pelo mundo, pregando minha palavra, em poemas sacanas como de Bocage. Queria morrer na Europa, em qualquer lugar, que não fosse em Moscou, com suas putas secas de pernas longas e cérebros de minhoca. Podia ser em Roma, a eterna cidade de Fellini e de Sophia, ou até mesmo em Madrid, na terra de Dali, o anarco monaquista, me fingindo de artista Queria morrer longe daqui, onde fui sentenciado, mas nunca declarado morto, nem sepultado. Em Paris a meia noite, com Agnes filmando a tragédia. E a comédia. E transformando minha morte num falso documentário. Eu compraria um tumulo no Cemitério do Père-Lachaise, ao lado de Proust e Wilde, ou no Montparnasse onde seria enterrado na mesma terra de Baudelaire. E as doze putas iriam me visitar, depositar flores e roubar meu corpo da sepultura, gritando aleluia, ressurreição. E depois cantariam a Marselhessa em ritmo de Rock and Roll dançando peladas debaixo da Torre Eiffel, que cairia com o peso do pecado. Queria morrer lendo minha poesia no palco do Moulin Rouge, com as doze putas me beijando e jurando por algum deus, que são apenas meus os pecados das cadelas. Postar a mesa e no meio da ceia, perguntar qual delas irá me trair, com algum comunista anão, por trinta moedas, e todas elas se levantariam e ergueriam a mão. Queria morrer, batendo punheta na esquina mais sórdida de Lisboa, de Paris ou de Madrid. Ou sendo chupado por alguma matrona de tetas grandes nos becos imundos de Roma. Tenho uma morte anunciada, organizada e denunciada e não encontro as palavras para escrever o que sinto, enquanto meu pinto repousa nas minhas calças, sem nenhuma dançarina de cancan, nenhuma puta dos Bálcãs ou quaisquer megeras pagãs para chupar. Queria morrer em Berlin, violentando o muro de verde. E as doze putas chupando meu pau no caixão, enquanto uma orquestra toca "O Crepúsculo dos Deuses". "Du hast?" eu perguntaria a todas elas. E jamais saberia a resposta. Queria morrer em qualquer lugar, que fosse longe o suficiente de mim, mas perto de doze putas apóstolas de um evangelho profano. Mas morro, nas esquinas de uma cidade morta, no hemisfério sul de lugar nenhum. "I'm finally dead."

03/08/2019