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24/05/2018

Virada Cultural ou Virada Criminal?

Virada Cultural ou Virada Criminal?
Luiz Carlos Cichetto

Em The Purge, uma franquia que chega agora em Julho ao quarto filme, o mote é acompanhar os eventos que se desenrolam na noite anual de caos e violência em que todo tipo de crime, inclusive homicídio, é permitidos por lei. A data foi instituída para que as pessoas extravasem seus impulsos hediondos em um horário delimitado pelo governo, o que diminui os índices de violência nos outros dias do ano... Assisti um dos três disponíveis, e com exceção à permissão legal para homicídio, o resto se parece muito com a Virada Criminal, ops, quer dizer Cultural de São Paulo.

Não em 12 como no filme, mas em 24 horas, as pessoas vão ao que define como "cultural", mas é de fato a purgação, onde todos, de artistas à público, de governantes a produtores purgam suas culpas e colocam para fora seus "demônios". As pessoas roubam, estupram, cagam, mijam, se drogam, bebem, e fazem tudo mais ainda que no Carnaval. Artistas têm aí uma boa chance de faturar cachês polpudos e então entram na roda; a corrupção, através de contratos espúrios colocam suas manguinhas de fora; comerciantes e ambulantes faturam alto; a segurança pública se omite e é inibida; e os governantes cacifam com a ideia de que estão promovendo cultura de graça. Tudo muito certo, para todos. E o populacho solta tudo que tem dentro de si. Trens, ônibus, estações de metrô e até mesmo viaturas policiais são depredados, sob a complacência dos órgãos de mídia que silenciam criminosamente. 

A Cultura, sempre violentada e prostituída dá as tintas; os impulsos selvagens reprimidos dão o tom; e a música fica por conta de artistas que tem ali uma chance de engordar seus cachês, normalmente minguados durante o restante do ano, por culpa do mesmo sistema que alimenta essa tal de Virada Cultural.

Desde o início, nas suas primeiras edições, a Virada Cultural de São Paulo tem experimentado todos os esses elementos. Na de 2007 presenciei a depredação de uma banca de jornal na Praça da Sé, incentivada pelos membros do Racionais MC, e em todos os anos seguintes, até a ultima, de 2012 em que estive presente e abandonei no início da madrugada de domingo, apavorado com o nível de violência e sujeira nas ruas. 

Músicos internacionais em fim de carreira ou absolutamente medíocres, como nessa última, em que a banda Iron Butterfly se apresentou depois de um dos músicos entrar no palco de andador, são pagos à peso de ouro; artistas de outros estados idem, enquanto a própria claque de artistas paulistas e paulistanos são deixados de lado. Esse é outro aspecto a se considerar.

Em resumo, como purgação, exatamente como na sequencia de filmes, funciona bem. Na segunda-feira, as mesmas pessoas que quebram, estupram, cagam, mijam e se drogam ao som de todos os tipos de música, vestem seus uniformes e, no que restou de meios de transporte, se dirigem aos seus locais de trabalho e estudo, onde passarão os próximos 364 dias acumulando seus ódios, que serão purgados.

A vida imita a arte? Mas que arte é essa?

24/05/2018