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27/05/2018

Deus Está Nu - Prefácio a Peregrinações de Isaías ao Redor de Si Mesmo, de Jorge Bandeira

Deus Está Nu
Prefácio ao livro Peregrinações de Isaías ao Redor de Si Mesmo, de Jorge Bandeira
Barata Cichetto

"Somente se a nudez profética se concretizar teremos chance de termos um novo amanhã."

A nudez humana sempre foi polêmica. Desde tempos remotos, em que, calcada em conceitos religiosos propositalmente mal interpretados, foi atrelada à ideia do pecado, da luxúria, e até mesmo da maldade. A serpente do Paraíso teria feito o primeiro casal do mundo sentir vergonha por estar nu. Teria. E a partir daí toda nudez passou a ser castigada. Perseguida. Banida. Confinada aos ambientes privados. E às revistas e filmes onde sempre foi tratada de acordo com interesses de mercado, sempre apelando à ideia do voyeurismo, do espiar no buraco da fechadura do quarto ao lado. E assim, dentro das roupas da marca Hipocrisia, a humanidade tem se sustentado.

Mas onde entra Deus nessa história? É justamente, em meu entender, que está o principal sofisma impetrado por Jorge Bandeira em "Peregrinações de Isaías ao Redor de Si Mesmo".  Mas a aparente refutação sofística é também silogismo sofístico. Ou seja, mediante a argumentação de Isaías, que quer defender algo falso e confundir o contraditor, num primeiro momento afirmando que conheceu Deus e que ele estava vestido com "manto esvoaçante que deixava antever uma visão indefinida entre o corpo nu e uma pele feita de alva coloração", há a pura conotação de que Deus está, de fato, nu.

Desfeita a confusão, proposital, o que resta ao leitor é uma verdadeira oração, um mantra à nudez humana, como forma de libertação verdadeira do ser humano. E não essa liberdade propalada pelos cantos e pelas ruas, mas que de fato se revela como prisão. A chamada liberdade sexual se revelou nisso, uma prisão, onde as pessoas são escravizadas a desejos nem sempre puros, mas de interesses externos. E assim retornamos aos primórdios da era da nudez como pecado maior, ensejado todas as formas de abominação. E ao contrário do que muito se afirma, não caminhamos adiante nas nossas liberdades individuais, não andamos para frente em nenhum sentido moral. Muito pelo contrário. A nudez, exposta de todas as formas na Internet é ainda, e mais ainda, tratada como pecado, como maldição, como crime. E por isso forjada pelos interessados em fomentar as pequenas subversões para angariar mais e mais poder. 

O caminho é mesmo o proposto por "Peregrinações...", em que Isaías, uma espécie de alter-ego de Jorge Bandeira, nos propõe. Precisamos nos despir não apenas de roupas para atingir a nudez. Precisamos nos despir não apenas de pudores. Precisamos nos despir de nossos próprios conceitos de Deus e de Liberdade, para atingir o que seria a ataraxia da humanidade, a nudez plena do espírito. E não apenas as roupas precisam ser feitas de "substâncias nuas", como nosso próprio caráter, nossos objetivos e dogmas. Nossas vestes atuais, tecidas com dogmas, ideologias e pensamentos estão sujas, imundas. Precisamos, sim, aniquilar, queimas essas vestes e ressurgir enquanto espécie, nus. Talvez nesse momento, nos defrontemos com um Deus que de fato não conhecíamos, escondido dentro de vestes sagradas inóspitas. É possível que no momento em que despojados também de nossas vestes, que tanto nos impedem de enxergar nossa própria nudez, encontrar o verdadeiro Deus. E com certeza ele se nos mostrará completamente nu!

7/10/2015

15/05/2018

Prefácio para "O Funcionamento da Morte", de Jorge Bandeira

Prefácio para "O Funcionamento da Morte", de Jorge Bandeira, Editor'A Barata Artesanal,

A morte, que nos salva, que nos alivia, surpreende e maltrata. A morte, maldita e bendita, puta bandida de ancas largas e buceta gostosa. A morte, criatura sem pele e sem alma, sem pudor nem rima certa ou com rima forçada com a sorte. Morte não rima com sorte, nem com porte. Não rima com nada.

Uma índia de pele azul, roxa ou amarela, escondida debaixo da minha cama enquanto eu fodo gostoso e penso que sou rei. A morte com sua "bucetavagina" e seu "anuscu", como escreve Jorge Caveira Bandeira. A morte que não pede licença, mal educada feito um traficante de haxixi ou uma bicha vestida de preto.

Coragem, é o que é preciso para ler "O Funcionamento da Morte". E é preciso fôlego também. Um texto para ser lido de apenas um fôlego, sem pausas, sem tempo para fumar um cigarro, sequer respirar. Não há virgulas nem pontos, apenas o final. Como convém à morte.

Fascinante, belo, maldito. Soco no estômago ou na alma de quem acredita em alma. Porrada na cabeça de quem tem. Medusa. Golpe de misericórdia, fatal, final. Leia, releia, pense e queime. Do pó ao pó, inconsciente de sua maldição sobre a Terra, o ser humano carrega sua carcaça imunda e pensa ser rei. Leia, releia, pense e ... Morra!

Luiz Carlos Barata Cichetto, Artesão de Livros, Verão de 2014