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07/05/2020

Luiz Domingues: "Luz, Câmera & Rock'n'Roll"

Luiz Domingues: "Luz, Câmera & Rock'n'Roll"
Barata Cichetto





Acredito que tenha sido em 1977 que conheci Luiz Antônio Domingues. Era ele quem respondia as cartas endereçadas ao "Sarrumor Jovem", revistinha criada pelo Laert Julio, que posteriormente viria ser conhecido como criador da banda Língua de Trapo. Nas cartas que trocamos por algum tempo, Luiz dizia estar estudando contrabaixo e que pretendia montar uma banda. (*) 

De lá para cá muita coisa aconteceu. Laert Julio se transformou em Laert Sarrumor, Luiz saiu do Língua de Trapo e foi tocar em e por outras bandas, como A Chave do Sol, The Key, Pittbulls On Crack e muitos etc. Luiz Antônio Domingues ficou conhecido como Tiguês, apelido que há muito ele execra, e o Rock brasileiro, que conheceu um momento de alguma - não muita - glória nos anos 1980, cedeu lugar a outros gêneros e estilos, e retornou ao gueto onde foi criado, e muitos músicos foram tocar em outros terreiros.

Mas Luiz Domingues nunca cedeu a modismos, e sempre se manteve fiel ao Espírito do Rock. Em 1999 se uniu ao capitão da Patrulha do Espaço, juntamente com - na época dois garotos quase imberbes - Marcello Schevano e Rodrigo Hid, para uma das mais icônicas formações da banda. Foram quatro discos com essa formação, até 2004, quando ele foi convidado pelo guitarrista Xando Zupo para, juntamente com Rodrigo, integrar a banda Pedra.

Foi durante uma boa parte do período da Patrulha do Espaço em que estreitamos nossos laços, viajando a bordo do "Azulão", icônico ônibus da Patrulha do Espaço pilotado pelo Walter Gonçalves, o Alemão, pelas estradas do interior de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Horas e horas de chão, e conversas e histórias pra lá de interessantes. Isso acabou por render uma série de crônicas com o título genérico de "Diário de Bordo", que eram publicadas em meu site A Barata, e depois incorporadas ao meu livro "Patrulha do Espaço no Planeta Rock".

Ao longo do tempo essa amizade sempre se manteve, já que Luiz Domingues é um amigo que sempre apóia todas as boas iniciativas relacionadas ao mundo do Rock, e sendo assim sempre compareceu a muitos dos eventos que criei, entre 2002 e 2015. Sempre com uma educação e nobreza, motivos pelos quais eu lhe conferi o título de "Gentleman do Rock Brasileiro".

Mas não é apenas Rock que Luiz Domingues respira. Literatura e cinema são outras de suas paixões e que agora em 2020 se unem em uma coleção: "Luz; Câmera & Rock'n'Roll". 

Dividido em três volumes, a coleção traz 131 resenhas sobre filmes produzidos direta ou indiretamente com o mote do Rock'n'Roll, numa combinação fortíssima e apaixonante entre Rock e Cinema, que historiadores modernos batizaram de "Rock Movies". "Luz; Câmera & Rock'n'Roll" é uma coleção imprescindível para quem ama Rock e Cinema.

Atualmente, Luiz Domingues participa da banda Kim Kehl & Os Kurandeiros, somando mais um grande trabalho a sua vasta carreira que inclui mais de vinte álbuns lançados no mercado fonográfico brasileiro. Como escritor, mantém três blogs na Internet e colabora com diversos outros, além de colaborações em revistas impressas.

Lançado através da plataforma Clube de Autores em parceira com a Matilda Produções, os três volumes podem ser comprados juntos ou em separado.

Indispensável!

Serviço:
Luz; Câmera & Rock’n’ Roll
(Obra Em Três Volumes)
Autor: Luiz Domingues
Editora: Matilda Produções
Apoio Gráfico: Clube de Autores
Editor: Cristiano Rocha Affonso da Costa
Revisão, Diagramação, Ficha Catalográfica: Alynne Cavalcante
Capa (Criação e Lay-out): Victoria Costa
Foto do Autor: Lincoln Baraccat

Link para Compra: https://bit.ly/2YeYIa9
Blog 1: http://luiz-domingues.blogspot.com

(*) (Comentário factual de Luiz Domingues, posterior à publicação: "Na verdade, eu já estava em uma banda, mesmo ainda a aprender a tocar a duras penas. O Boca do Céu fora fundado em 1976." 
Foi nessa época, pré criação da banda Língua de Trapo, que recebi um convite para uma reunião daquele pessoal em frente ao Teatro Municipal de São Paulo. Fui, mas, encalacrado na minha profunda timidez, fiquei observando de longe, sem coragem de me aproximar, e assim perdi a oportunidade de conhecer aquelas pessoas, o que só ocorreria muitos e muitos anos depois. Comentei essa história há pouco tempo com Laert, e agora com Luiz. Ambos ficaram abismados.

15/08/2018

Resenha de Disco: "High Level Low Profile" - CA$CH

Resenha de Disco:
"High Level Low Profile"
CA$CH

Ano: 2018
Gravadora: Rock Artisan
Músicos:
Marcello Schevano - Vocais/Guitarra/Teclados
Ricardo Schevano - Baixo
Rolando Castello Jr. - Bateria
Faixas:
High Level
God
Earth Spinning Backwards
Big Paul's Basement
Flesh
 
Houve uma época em que os chamados "power trios" de Rock, mais por intenção de juntar três dos melhores baixistas, guitarristas e bateristas, e possivelmente menos por juntar muita grana, enchiam o mundo do Rock de trabalhos geniais. Assim aconteceu com bandas como Cream, Beck, Boggert & Appice, West, Bruce & Laing e outros históricos e emblemáticos, como a Jimmi Hendrix Experience. Isso foi há muito tempo, quando a maioria dos chamados "rockers" da atualidade sequer tinha nascido. Agora, na segunda década do século XXI, a união de três músicos fora de série não tem mais o mesmo apelo, e quando tem, é por pura questão de mercado.

Acontece que quando a gente conhece um trabalho, como o da "Ca$ch", ótima sacada com os nomes dos integrantes, o batera Rolando Castello Junior, uma autêntica lenda do Rock Latino Americano, que dispensa maiores apresentações, e o multinstrumentista e cantor Marcello Schevano e seu irmão Ricardo Schevano, um baixista absurdamente acima da média, a coisa se torna um pouco mais complicada. Rolando, decerto o maior baterista brasileiro, e influenciou uma verdade legião de bateras Brasil afora (e possivelmente fora dele, mesmo que não reconheçam) e Marcello já tocaram juntos na formação da Patrulha do Espaço que se reuniu em 99 e durou até 2004 e Ricardo é o mestre do ritmo na banda Baranga, desde sua formação, onde toca com outro fera das baquetas, o Paulão, um dos confessos discípulos do mestre Junior.

Por algum motivo, que a banda pode explicar, todas as letras de "High Level Low Profile" são em inglês. Já escutei milhares de explicações sobre as razões pelas quais uma banda formada por brasileiros, no Brasil, compõe em inglês, e nenhuma delas me deixou totalmente satisfeito, mas nesse caso específico, pensei: "dane-se, que isso é Rock'n'Roll, baby!". Então, "let's Rock!". A sonoridade ficou perfeita, e é isso o que, no final, importa.

O disco começa com a batida característica de Rolando, na faixa "High Level", extremamente pesada e rápida, de cujo refrão "High level, low profile", foi tirado o nome do disco. Os solos de guitarra de Marcello ponteiam a musica, que já mostra bem o que iremos encontrar nesse disco.

A segunda faixa do disco, "God", começa com um teclado dando a impressão que estaremos à beira de uma canção daquelas características com Rock Progressivo setentista, mas depois de poucos minutos, a coisa começa a mudar, e o que parecia ser, simplesmente não é. A pegada se torna mais forte e mais pesada, com o baixo do Ricardo se destacando soberbamente. O ritmo vai ficando cada vez mais rápido e mais tenso, com a letra sendo quase urrada pelo vocalista. Difícil não lembrar de Black Sabbath nas suas seções mais pesadas. Entretanto, o desenrolar dessa faixa, de mais de nove minutos, reserva muitas surpresas. Todas elas maravilhosas. Quando a quebradeira parece ir até o final, com a guitarra solando sobre um ritmo alucinante, entra um piano ponteando um vocal em tom quase suplicante. E ai vem o ponto alto, com o teclado voando sobre uma cama rítmica feroz e densa, que faz a gente prender a respiração, só esperando o êxtase.

Depois disso, só a gente dando uma parada, né?! Respirar um pouco, beber uma água, um café, uma cerveja, qualquer coisa assim. Levantei com o intuito de respirar, mas aí acabou a energia elétrica do bairro. Acho que nem a hidrelétrica da região aguentou tanta energia.

Meia hora depois, retomo a audição, que, aliás, é a quarta ou quinta de hoje, poucas horas depois de ser chamado pelo carteiro ao portão com o pacote contendo esse disco. "Earth Spinning Backwards" é quase uma balada, que lembrou bem as músicas da formação de 1999, que além de Rolando e Marcello, tinham ainda outros dois músicos excepcionais, o baixista Luiz Domingues e o guitarrista Rodrigo Hid. Formação essa que pude acompanhar bem de perto, durante cerca de três anos, pelas estradas e palcos do Brasil.

A quarta faixa, "Big Paul's Basement", é um Rock bem básico, embora tanto pesadinho, e a letra faz referência, com certeza a certo porão do Paulão, uma referência que decerto os músicos de Rock de São Paulo, e os fãs mais aficcionados irão entender. Uma faixa sem grandes novidades, nem virtuosismos, mas competente e, enfim, como diz o refrão: "always rock'n'roll in Big Paul's Basement".

A quinta e última faixa desse disco, que além de me tirar o fôlego, fez cair a energia elétrica na cidade é: "Flesh", que já na primeira audição se tornou a minha predileta do disco. A coesão entre os músicos, o ritmo preciso entre os instrumentos e o amálgama com a letra, tornam essa música, em minha opinião, um clássico do Rock pesado. Uma levada que lembra em alguns momentos Uriah Heep, em outras Grand Funk Railroad, e inúmeras bandas de Rock Progressivo. O trecho onde há um solo de teclado, sobre a base rítmica é esplêndido e remete aos bons tempos do Prog Italiano. Uma preciosidade que merece ser escutada centenas, milhares de vezes.

O disco foi lançado recentemente, dia 6 de Agosto, data em que se lembra da explosão da bomba atômica sobre Hiroshima. E fico pensando sobre o fato de que os sujeitos que criaram o Rock, ou ao menos os que fizeram dele o que se tornou a maior expressão cultural e artística, no sentido de popularidade, do mundo. Então, uma data como essa, não poderia ser mais bem escolhida para o lançamento desse disco. Espero apenas que aconteçam apresentações ao vivo dessa banda, e que venham muitos outros discos.

A ressalva, na minha nota de avaliação fica por conta do "quero mais", ou seja, apenas cinco faixas? A gente queria no mínimo dez. Fora isso, estou certo de que o público roqueiro, especialmente os fãs de uma música mais elaborada e feita com profissionalismo irão simplesmente ficar apaixonados. Esperemos que, ao contrário do que sempre acontece, prestigiem, comprando o disco e indo aos shows.

Escrito por Barata Cichetto, um admirador do trabalho e um amigo de longa data do genial Rolando Castello Junior, e desses irmãos prodígios, Marcello e Ricardo, sobre um exemplar ofertado pelo amigo, em Araraquara, Morada do Sol, em 15 de Agosto de 2018.


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