O CONTEÚDO DESTE BLOG É ESPELHADO DO BLOG BARATA CICHETTO. O CONTEÚDO FOI RESTAURADO EM 01/09/2019, SENDO PERDIDAS TODAS AS VISUALIZAÇÕES DESDE 2011.
Plágio é Crime: Todos os Textos Publicados, Exceto Quando Indicados, São de Autoria de Luiz Carlos Cichetto, e Têm Direitos Autorais Registrados no E.D.A. (Escritório de Direitos Autorais) - Reprodução Proibida!


Mostrando postagens com marcador Whiplash. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Whiplash. Mostrar todas as postagens

04/10/2012

Cansei de Rock!


Cansei de Rock!
Luiz Carlos Barata Cichetto
"Sabidos seguindo a saga,
salvando símbolos,
signos sobressalentes,
saberes soberanos,
seguindo sorridentes
sarcástica sociedade suicida."
- Artur Martins

Caro Amigo João Paulo Andrade, criador e editor do Whiplash:

15/09/2012 - Fanzinada - São Paulo - Foto: Bell Giraçol

Há um tempo escrevi uma matéria falando sobre a falência do Rock no Brasil. Iniciei o texto falando sobre a primeira gravação, "Ronda das Horas", apenas com o titulo traduzido. A gravação foi lançada em 24 de outubro de 1955 e os registros apontam que ela, uma cantora de Samba-Canção, foi a escolhida apenas por ser a única a saber cantar em inglês no "cast" da gravadora. Mas seis anos depois, irritada pelo "domínio" do Rock gravou: "Cansei de Rock", cuja letra criticava a "invasão". Ela participara da criação do monstro e agora se debatia para se livrar dele. 

E esse preâmbulo é necessário para que possa explicitar meu sentimento de indignação não por seu website, muito menos por sua pessoa, a qual tenho no mais profundo respeito. Começamos mais ou menos na mesma época, ainda quando a Internet era uma coisa que pouca gente conhecia. O seu Whiplash e o meu A Barata foram pioneiros em sites voltados à Cultura Rock. Foi em A Barata que lancei muitas idéias e projetos de apoio a bandas de Rock no Brasil. E bem antes do My Space, as bandas tinham gratuitamente um site personalizado. Fora isso, publiquei mais de 500 autores inéditos, sem nunca sequer ganhar um real. Fazia isso por uma paixão à Poesia e ao Rock, minhas paixões, e como tributo a artistas que sabia que não teriam espaço em outras midias. Criei vários eventos sempre com a presença de bandas, brigando com donos de estabelecimentos que queriam apenas bandas "cover", para colocar trabalhos autorais. Mas, com a chegada dos "blogs", do “My Space” e das chamadas redes sociais, as bandas e artistas partiram e não fazia mais sentido manter a coisa dessa forma. Tínhamos, nós dois, projetos voltados a Rock, mas o Whiplash trilhava um caminho diferente, priorizando noticias, fatos e detalhes da vida dos artistas. Assim, A Barata deixou de ser um site colaborativo para ser um site pessoal. E o Whiplash se tornou, como seria esperado por seu trabalho árduo, o maior do Brasil. 

Em 2002, me convidastes a ter uma coluna no Whiplash. Escrevi algumas matérias, mas depois, por uma série de problemas pessoais deixei de colaborar. A minha prioridade era a poesia, como alias sempre foi, e escrever sobre musica era um prazer que exercitei embasado em tudo aquilo que já tinha escutado e lido durante mais de quatro décadas. Já relatei minha trajetória dentro do Rock em outras matérias e tenho essa história publicada num livro que conheces bem.

Quando no inicio deste ano percebi que tinha muitos artigos sobre Rock escritos e publicados em meu website e blog, me propus retornar a publicar. Mas nunca o fiz em busca de "ser famoso" como apregoas na página inicial do Whiplash. Fazia aquilo apenas para colaborar e mostrar o que penso e conheço sobre o assunto. O que poderia pretender? Nada, além de fazer as coisas que mais amo no mundo: Rock e Literatura. 

Mas eu não sabia que muita coisa tinha mudado, não apenas no site, mas na cabeça das pessoas. Escrevi algumas biografias de bandas mais ou menos conhecidas e procurei sempre falar sobre trabalhos desconhecidos, com o intuito de trazer alguma justiça a esses trabalhos. Claro que pouca gente se interessou por essas matérias, afinal, a mídia trabalha sério na lavagem cerebral. E foi justamente essa lobotomia que eu quis combater com uma série de artigos que comecei a escrever colocando o dedo em determinadas feridas, demonstrando que mesmo nossos maiores ídolos cometem erros, tem falhas até mesmo de caráter. E principalmente mostrando que determinados astros eram incoerentes em se demonstrar publicamente uma coisa e viver outra. Claro que sabia do risco que corria, que seria atacado por certos fanáticos que não enxergam nada além do alvo de suas paixões cegas. Mas nunca imaginei que a coisa chegaria a níveis tão rasteiros, que até mesmo ameaças físicas eu receberia. Confiei naquilo que acreditava: que "roqueiros" eram pessoas esclarecidas, com a mente aberta. Mas o que percebi foi que na imensa maioria, isso não acontece. São fanáticos alienados e não são melhores que esses que andam por ai proibindo filmes e livros, que andam por ai pregando um ateísmo fanático, que andam por ai apedrejando não ao Rei, mas aquele que denuncia sua nudez. O Rei está Nu, sim! Todos os reis estão nus e todos os deuses estão mortos ou nunca existiram.

Se ataquei os grandes mitos, se desmascarei deuses, foi simplesmente por acreditar que essa fé cega em nada contribui para o crescimento da humanidade. Se provoquei aqueles que acreditam que um simples musico, por melhor que seja, deva ser endeusado, foi justamente para mostrar que estamos nos diminuindo como pessoas quando colocamos outras num pedestal. Que somos tão bons como qualquer um deles, desde que nos convençamos disso, trabalhemos por isso e paremos de mirar o alto de qualquer pedestal e olhemos para nós mesmos. Os ídolos podem, e devem, servir de exemplos, mas nunca ser alvo de uma dedicação cega. Fé cega e faca amolada é um belo nome para uma musica, mas ambas são muito perigosas. 

Recebi também ataques dentro e fora das hostes do Whiplash, de alguns jornalistas que acreditam que seus diplomas de jornalismo lhes dá o direito único à informação. Não sou jornalista especializado mas garanto que tenho muito mais informação musical e cultura geral que boa parte desses. E o que esse tipo de ataque demonstra, é que tanto essas pessoas quanto o publico por eles formado, se considera tão soberbo quanto aqueles a quem "ataquei", e, portanto tinham mesmo que subir no pedestal e contra-atacar, muitas vezes usando de fatos distorcidos apenas no intuito de provar uma verdade da qual se arvoram em únicos donos.

Mas por outra parte, esses fatos suscitaram em algumas pessoas um sentimento que não era apenas meu: o de que estamos todos nós que ousamos pensar e discorrer sobre esses pensamentos, condenados a uma fogueira santa. Pessoas como a de Roque Zanol, a quem desconheço e sobre quem não há referencias no Whiplash, e que publicou no próprio site uma defesa não a mim, embora faça referências diretas a meus artigos, mas particularmente aos textos opiniativos, apontando a inutilidade e falta de educação e conhecimento presentes na maior parte dos comentários. O autor termina seu texto com “É possível aceitar a escolha do outro e fazer críticas, utilizando-se o bom senso sempre, evidentemente. Espero que este texto sirva de resposta, também por outros, ainda que uma minoria, tenho consciência, e, por favor, leiam duas vezes e pensem três antes de comentar” Mas de nada adiantou, pois o próprio Zanol foi atacado com baixarias.
(Fonte: Comentários: Quando Eles Não Acrescentam ao Diálogo - http://whiplash.net/materias/opinioes/164187.html#ixzz285qLPZvM)

O jornalista Marcelo Moreira do Jornal da Tarde, em um artigo intitulado ”Politicamente correto e mediocridade elegem novo alvo: a crítica”, publicado em seu Blog “Combate Rock” também comenta a respeito desse assunto: “Ninguém diverge, contesta ou discorda com educação ou argumentos. Diverge-se, contesta-se e se discorda com ameaças e agressões verbais de todos os tempos. É um movimento inaceitável de cassação do direito de criticar e opinar.” Nesse texto, Marcelo cita o massacre imposto a mim pelos leitores do Whiplash: “O poeta e escritor Luiz Carlos ‘Barata’ Cichetto, conhecido no meio underground do rock e dos cenários literários alternativos de São Paulo e Rio de Janeiro, sofreu uma ação massiva de xingamentos e desqualificações quando publicou no site Whiplash...”.

Acredito por fim, que a maior parte dessas ofensas tenham origem, por parte de alguns, a necessidade de terem de santos, deuses e ídolos, colocados em altares e palcos que lhe apontem o caminho e lhes sirvam de muleta. E por parte de outros de se sentirem os próprios. Musica não é isso, não pode ser isso. Essas pessoas alardeiam a liberdade de expressão de forma irresponsável, para dar vazão à sua falta de educação e de cultura, sem a menor consciência do que ela representa. E parafraseando Roosevelt; "Liberdade de expressão não serve para quem não tem nada a dizer". E eu, embasado em tudo aquilo que já li, escutei e escrevi, garanto que tenho o que falar e principalmente escrever! 

Outra coisa que acredito é que atrelar um site a uma rede social é uma faca de dois gumes. Comercialmente, com intuito de alavancar audiência é muito válido, mas pelo ponto de vista da qualidade é perigoso. Os riscos são iminentes, principalmente aos colunistas que ficam ali, à mercê de loucos e fanáticos, recebendo toda sorte de ameaças, até mesmo à integridade física como aconteceu comigo. Estudos mostram que essas redes sociais desenvolveram uma esquizofrenia coletiva, com todo mundo se achando escritor, filosofo, poeta, humorista, etc. Em outras palavras, deram voz a quem não tem o que falar e que antes tinha que se manter no silêncio de sua mediocridade. Tudo se horizontalizou, nivelou por baixo, mesmo! Todo mundo quer aparecer, escrevendo o que vem na cabeça e acredita que ofender a um autor de um texto que desmascarou seu ídolo vai deixar ele de bem com o próprio. E quando as pessoas postam comentários logados no Facebook, está claro que o único objetivo é aparecer, normalmente mais que o autor do texto, e ficar bem com sua "galera" (ô palavra nojenta!).

E essa “evangelização do Rock” simplesmente não combina. As pessoas reagem com ídolos do Rock da mesma forma que os fanáticos religiosos. Falar que Jimmy Page plagiou mais de 20 musicas tem o mesmo efeito que falar que Jesus Cristo era gay ou comia Madalena. Como se a santidade tivesse que ser algo inerente a um “astro do Rock”. E essas pessoas se julgam melhores que os religiosos que se atacam uns aos outros. E afirmar que seus ídolos do Rock podem tudo, beira não apenas o ridículo, mas ao cumulo da falta de caráter. São essas as pessoas que reclamam da falta de caráter dos políticos? E são, sim! E reclamam não por terem uma consciência política, mas porque não podem estar no lugar deles. E isso vale para essa defesa incontinenti dos ídolos, sejam do que for. 

Resumindo meu objetivo, meu amigo João Paulo: estou saindo. E antes que fale que estou correndo de medo, que borrei nas botas, que não aceito criticas, deixo claro: aceito criticas, mas não tolero ofensas gratuitas e não reconheço nenhum dos leitores do Whiplash como representantes de nenhum artista. A maioria, infelizmente, é um bando de fanáticos sem cultura, seres cujos espíritos pobres e cultura mais ainda, são incapazes sequer de ler e compreender um texto. Não borrei nas botas, mas cansei de ficar usando um tempo que a mim é muito caro, para pesquisar e escrever matérias que serão alvo de ofensas e xingamentos.

Sou um artista, autor de quase um milhar de poesias, dois milhares de crônicas e dois romances. Editei 15 livros meus e mantenho meu site às minhas próprias expensas há 15 anos. Não vou servir mais de saco de pancadas de um bando de moleques querendo aparecer às minhas custas. Em outras palavras, não dou mais minhas pérolas a porcos e a galinhas. E digo mais: "Cansei de Rock" e principalmente, cansei de roqueiros.

Por fim, amigo João Paulo, desejo-lhe sucesso e sorte nesse seu trabalho árduo e frutífero à frente do Whiplash, o melhor site de Rock em português. Grande abraço!

Atenciosamente:

Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Escritor, Poeta, Webdesigner, Artesão, Editor Artesanal e Webradialista
Site: www.abarata.com.br
www.baratacichetto.blogspot.com



1/10/2012

02/10/2012

(Marcelo Moreira) Politicamente Correto e Mediocridade Elegem Novo Alvo: A Crítica



O grande jornalista Marcelo Moreira, editor do Combate Rock, do Jornal da Tarde (SP), publicou o texto abaixo onde fala sobre a perigosa onda do "Politicamente Correto" Num texto claro e lúcido, ele discorre sobre a falta de critério, de educação e de informação das pessoas que tentam calar quem discorda ou ataca determinados "estandartes" da cultura. Entre outras coisas, ele cita o massacre que sofri por parte dos leitores do Whiplash, quando da publicação de textos falando sobre "plágios" de Led Zeppelin e Raul Seixas. Um texto para ser lido e refletido. (Os negritos são meus).
-----------------------------
Politicamente Correto e Mediocridade Elegem Novo Alvo: A Crítica
1 de outubro de 2012
Marcelo Moreira

O politicamente correto está em cruzada firme para matar a liberdade de expressão e de opinião. Tem fracassado na maioria das vezes, principalmente quando “respaldado” por argumentos ideológicos retrógrados ou de origem religiosa igualmente estapafúrdios.

De mãos dadas com a ignorância e com a falta de respeito, o politicamente correto agora está atacando, ainda que de forma atabalhoada, a crítica nas áreas de cultura, artes e espetáculos, tanto em jornais como na internet.

Parece existir uma regra não escrita de que é proibido falar mal de qualquer coisa e de alguém, e que tudo precisa ser sempre relativizado, e que a tal “contextualização” serve como muleta para toda e qualquer justificativa para que se não se fale mal de uma obra de arte.

Os exemplos vão do mais simples e rasteiro – legiões de fãs inconformado com críticas negativas a seus ídolos – ao mais pedante e arrogante pseudointelectualismo de boteco movido a tintas malcheirosas de ideologia burra e ultrapassada – a situação absurda mais recente é o patrulhamento em cima do suposto conteúdo racista de algumas obras de Monteiro Lobato.

Se a internet revolucionou a forma de como o ser humano lida e obtém informação, também mudou para pior a forma de como as pessoas discutem e debatem. A internet jogou o debate na lata do lixo em grande parte dos assuntos relevantes em qualquer parte do mundo.

Transformou-se em uma enorme cracolândia (parafraseando o sábio jornalista Décio Trujillo Júnior), onde a desqualificação virou o principal argumento de discussão – e ferramenta obrigatória de indigentes intelectuais e culturais para mascarar a própria ignorância.

Ter opinião é pecado no século XXI dominado pela tecnologia, pela web e pelas redes sociais. A crítica negativa de um disco ou um livro é apedrejada de forma inacreditável apenas por ser negativa – com a interatividade, leitores/internautas travam um debate de baixíssimo nível, como se o ídolo fosse unanimidade e inatacável.

Não se respeita mais na internet e nos jornais o direito de jornalistas, críticos e especialistas respeitados, com pelo menos duas ou três décadas de ofício, de opinar. Ninguém diverge, contesta ou discorda com educação ou argumentos. Diverge-se, contesta-se e se discorda com ameaças e agressões verbais de todos os tempos. É um movimento inaceitável de cassação do direito de criticar e opinar. 

Tal quadro desalentador é observado de forma mais acentuada na área de cultura popular, particularmente na música. O anonimato e a distância tornaram a covardia e a agressão gratuita ferramentas essenciais para a imposição de ideias ou para protestar de forma a intimidar articulistas ou especialistas de todos os matizes.

Os ataques veementes e constantes contra a opinião e a crítica, quase sempre de forma tola, vazia e inconsequente, instauraram um clima de inquisição na internet. Mais do que a arquibancada violenta de um Fla-Flu ou um Corinthians e Palmeiras, qualquer crítica ao trabalho de certos artistas vira motivo para um autêntico linchamento moral e ético contra o autor.

Vários textos do Combate Rock foram alvo de leitores enfurecidos e atormentados por conta de críticas aos trabalhos de gente como Mutantes, Nirvana, Raul Seixas, Legião Urbana, Restart, Charlie Brown Jr e Los Hermanos, entre outros.

Parte expressiva dos “comentários”, em língua com algum parentesco com o português, abusou de xingamentos, desqualificações rasteiras e protestos estéreis contra os autores. Em nenhum momento chegaram perto de argumentar com algum nível de decência o objeto da questão – as críticas em si.

O poeta e escritor Luiz Carlos “Barata” Cichetto, conhecido no meio underground do rock e dos cenários literários alternativos de São Paulo e Rio de Janeiro, sofreu uma ação massiva de xingamentos e desqualificações quando publicou no site Whiplash, o melhor e mais diversificado sobre rock em português.

Ele escreveu um texto onde apontava as coincidências e quase plágios na obra de Raul Seixas – texto já reproduzido no Combate Rock. Detalhado e bem fundamentado, o artigo foi desqualificado por todos, mas em nenhum momento foi contestado de forma séria.

Acreditar que toda essa várzea é o retrato da internet é um equívoco tremendo e uma injustiça para com a imensa maioria de pessoas sérias e que usam a web com prudência e inteligência. No entanto, não há como ignorar a sensação de que é justamente a cracolândia é que domina o ambiente virtual, tanto em português como em qualquer língua. A precarização e o baixo nível não são privilégio dos brasileiros.

Ainda assim, é assustadora a indigência intelectual que dominam fóruns e páginas de opinião de blogs, portais e sites brasileiros. Nem é o caso de mencionar os ambientes esportivos dedicados ao futebol, onde o clima de arquibancada é compatível com a ausência de educação e inteligência na maioria das vezes – na verdade, parece que isso é requisito básico para tais ambientes.

O desconhecimento total da função de jornalistas e críticos revela de forma inequívoca o elevado grau de desinformação do público em geral, evidenciando, por outro lado, um viés extremamente perigoso: a intolerância para com a divergência, a diversidade e a diferença.

Não são poucos os iletrados que “questionam” o papel do jornalismo, da mídia e da imprensa, chegando à petulância de dizer (ou seria “determinar”) o que um jornalista deve ou não escrever, e como tem de escrever. “Jornalista não pode dar opinião” é apenas a mais frequente dos lixos publicados em páginas de comentários em grandes portais de internet.

O baixo nível predominante na internet e a incapacidade – ou recusa – de compreensão de qualquer texto opinativo é um indicativo preocupante de uma tendência autoritária que predomina no grande público – algo bastante comum em ambientes de discussão política, seja de direita ou esquerda, igualmente de níveis baixos de inteligência, cultura e tolerância.

A tentativa de imposição de uma “homogeneização” de pensamento artístico-cultural – onde o politicamente correto, a ausência de senso crítico e a esterilidade de ideias predominam – é inócua, mas não menos desalentadora.

Qual o sentido de opinar, criticar, debater e pensar em um ambiente que repele a vida inteligente, onde o que interessa é a futilidade e o entretenimento mais rasteiro e pueril que existe?

Levar luz às trevas? Por mais que intelectualmente seja tentador, essa motivação é pedante demais. Satisfação pessoal? Egoísta demais.

O fato é que críticos, colunistas e jornalistas especializados são cada vez mais lidos na internet, seja em blogs pessoais ou em espaços próprios em grandes portais ou portais de grandes jornais.

Os acessos e o número de comentários só aumentam no Estadão.com e na maioria dos blogs e espaços de colunistas no UOL, só para citar alguns exemplos. Portanto, eis a maior vitória da vida inteligente na internet: criticados, desqualificados, xingados e até ameaçados, mas cada vez mais lidos em um verdadeiro mar de mediocridade.

É maior prova de vida inteligente na web – prova incontestável de que críticos, colunistas e jornalistas especializados serão sempre cada vez mais necessários.

------
Link Original: http://blogs.estadao.com.br/combate_rock/politicamente-correto-e-mediocridade-elegem-novo-alvo-a-critica/#comments
Outras Ligações:
O Suprassumo dos Subestimados: Rolando Castello Junior: http://whiplash.net/materias/biografias/164331-patrulhadoespaco.html
Led Zeppelin: Cópia Infiel Ato 2, Moral e Ética Parte 2: http://whiplash.net/materias/biografias/163867-ledzeppelin.html
Led Zeppelin: Cópia Infiel Ato 2, Moral e Ética Parte 1: http://whiplash.net/materias/biografias/163317-ledzeppelin.html
Cópia Infiel: Ato 1: Raul Seixas e o Dolo de Ouro: http://whiplash.net/materias/biografias/163133-raulseixas.html

Nota Final: Na data de ontem, enviei um e-mail ao editor do Whiplash, informando que não mais publicaria meus textos naquele site.

27/09/2012

O Suprassumo dos Subestimados - Parte 1 - Rolando Castello Junior


O Suprassumo dos Subestimados - Parte 1 - Rolando Castello Junior
Luiz Carlos Cichetto
Foto:Site Oficial de Rolando Castello Junior (Fotógrafa:  Lyrian Oliveira)

Há tempos atrás, quando comecei a publicar minhas listas no Whiplash, listas estas que despertaram a ira dos fanáticos a ponto de receber até mesmo ameaças veladas, tenho pensando sobre mostrar artistas e bandas que mereceriam ser melhor conhecidas pelo grande publico, mas que não o são por razões das mais diversas, hediondas e até criminosas possíveis. Sim até criminosas, pois os critérios usados pela mídia e pelas máfias das gravadoras e editoras de musica são dos mais perversos e violentos, destacando apenas aqueles cujos retornos financeiros são imediatos e garantidos. E nada como um cantor ou cantora bonitinho e ordinário, sem nenhum talento e devidamente remontados e remanufaturados em estúdio. Uma carinha bonitinha, uma bunda gostosa e dane-se se há talento artístico ou não.  

Aparentemente a máxima do sucesso "estar no lugar certo, na hora certa e com as pessoas certas" nunca se aplica aos verdadeiros artistas, particularmente que tocam Rock no Brasil. O chamado "Pop Rock", essa escrotisse inventada pelas gravadoras com o intuito de trajar de Rock bandas e artistas que nada tem a ver, parece ser a única coisa aceita. 

A mentalidade brasileira, mesmo mais de 50 anos do Rock ter chegado ao Brasil ainda o trata como "estrangeirismo" estabelecendo uma linha de atuação absurda que admite o Rock que é feito no exterior e chega aqui de todas as formas, mas não os artistas daqui. Velhos e caquéticos medalhões, que nem brilham tanto ou não brilham mais, são tratados como verdadeiras majestades não apenas pela mídia, mas pelo próprio público e pelos "artistas" da terra. Enquanto artistas do Rock internacional, milionários são tratados com pompa, gala e reverência e colocados em castelos; os daqui são tratados como parias e a pontapés. Enquanto artistas americanos e ingleses e de toda parte do mundo ganham fortunas enriquecendo ainda mais, os daqui ganham misérias e migalhas. Enquanto os "gringos" lotam arenas a preços exorbitantes, os "nativos" não recebem publico, nem a preços irrisórios. Uma demonstração clara de estamos ainda sob a égide do jugo, vivendo eternamente a condição de colonizados.

E para não perder o costume, estou criando uma outra lista. Mas a idéia agora é traçar o perfil de um artista em cada artigo, para que possa ser demonstrado de forma mais apurada o trabalho de cada um. Foi difícil criar esta lista, pois não queria deixar de lado ninguém que merecesse estar nela. Ser injusto com “Ídolos”, não me deixa com a consciência pesada, mas com pessoas que já por si só estão sendo injustiças pelas circunstâncias, me deixaria com a consciência pesando toneladas. 
Aeroblus Pappo, Rolando e Alejando Medina:
Fonte:  http://aeroblusoficial.com.ar

.: Rolando Castello Júnior 

Recentemente, Rolando Castello Junior foi eleito por uma revista argentina como "O Mais Grande Baterista do Mundo". Na matéria, Rolando é comparado aos grandes bateristas de Rock do Mundo, como John Bonhan e Keith Moon, ambos falecidos. E de fato, se fosse ele americano ou inglês estaria com seu lugar assegurado em qualquer lista dos melhores, cantado e ovacionado e merecedor de lugar de destaque em qualquer “Hall of Fame”. Mas como estamos no Brasil, pátria das chuteiras e das injustiças culturais...

Desde o inicio de carreira, ainda nos primeiros anos da década de 1970, com passagens por bandas no México (Parada Suprimida, Tarantula e Three Souls In My Mind), que ele se destaca, por sua técnica impar de tocar o instrumento. Em 1974, "Junior", foi o baterista do primeiro disco do “Made In Brazil”, o lendário “disco da banana”.  Em 1977 foi para a Argentina onde formou com o mestre da guitarra Norberto Pappo Napolitano uma das mais emblemáticas bandas portenhas, o “Aeroblus”, até hoje reverenciada e homenageada por todos os roqueiros do país de Maradona. E esse fato, aliado ao reconhecimento dos argentinos ao talento do baterista, fazem dele um ídolo.

Enquanto isso no Brasil... Rolando que foi um dos fundadores da “Patrulha do Espaço” juntamente com Arnaldo Baptista, segue carregando o legado da banda nas costas por 35 anos, tendo gravado com a “Patrulha” cerca de 20 discos, além de participação em discos de outras bandas e artistas do Rock “Nacional”. Segue em frente, tocando e ainda acreditando no Rock, como poucos.

Dono de uma técnica insuperável no instrumento, Rolando é referenciado pela maior parte dos grandes bateristas brasileiros como Paulo Tomás do Baranga, Paulo Zinner, ex Golpe de Estado e dezenas de outros. Sua forma de tocar é inconfundível e única, frutos de uma genialidade nata aliada a fatores de superação física. Embora não goste de falar sobre o assunto, Rolando teve poliomielite na infância que deixou fortes sequelas, que decerto colaboraram com sua forma de usar o instrumento.

Há um tempo atrás, li uma matéria sobre medicina em que um ortopedista dizia que a genialidade de Garrincha se devia a um "defeito físico" nas pernas que mudava todo o seu centro de gravidade e que isso, aliado à sua genialidade genética o transformara num gênio. Um gênio sufocado por Pelé e seu Marketing Pessoal melhor construído. Não vejo uma comparação melhor do que a existente entre Rolando e Garrincha, pois enquanto Pelé é um milionário, Garrincha morreu pobre. A esperteza e ganância da mídia fazem ídolos a seu bel interesse e, por mais genial que um ser possa ser, ele jamais desfrutará dos justos patamares de glória caso não se "venda", de alguma forma, a seus interesses mesquinhos. 

E assim, por estes e outros obscuros motivos, o trabalho de Rolando Castello Junior permanece desconhecido da maior parte do publico, mesmo dentro do publico de Rock, que normalmente rende glórias aos grandes bateristas da história do Rock e desconhece que aqui mesmo existe um músico, vivo e produtivo e que ainda coloca nos ares sua banda, com muito esforço e dedicação a um Rock que, tal como o restante da Cultura nacional é cega, surda e muda.

E, usando ainda a comparação com o futebol, atualmente se rende loas a "cabeças-de-bagre" (usando um jargão futebolístico), como os "neymares" e se acredita (porque a mídia assim o impôs) que Pelé foi o maior craque de todos os tempos. Mas se esquece ou não se conhece a genialidade de Manuel Francisco dos Santos, o Garrincha. E se rende homenagens a tocadores de bateria e fazedores de barulho como (Huuuuum, deixa pra lá!...) e desconhecem o talento, e porque não dizer a genialidade, de Rolando Castello Júnior.

Ah, os argentinos acham que foi Maradona o maior, mas sempre lembram que Rolando Castello Junior é o "Mais Grande Baterista do Mundo". Futebolisticamente falando podem estar errados, mas com certeza, entendem de Rock melhor do que “nosostros”.
Disco Mais Recente da Patrulha do Espaço (2012)
http://www.patrulhadoespaco.com.br

Discografia Completa:
(Em Ordem Decrescente)
2012 - Patrulha do Espaço - Dormindo em Cama de Pregos - Indie
2007 - Patrulha do Espaço - Capturados ao Vivo no CCSP  -  Voice Music
2006 - Aeroblus - Aeroblus (Digipack) - Universal
2006 - René Seabra - As Cores de Maria - Lâmpada Records
2005 - Brasil Papaya - Esperanza - Beluga
2004 - Patrulha do Espaço - Missão na Área 13  -  Indie
2003 - Patrulha do Espaço - Sim São Paulo - Baratos Afins
2003 - Patrulha do Espaço - Compacto - Indie
2003 - Patrulha do Espaço - Demo Sul - Braço Direito Records
2002 - Patrulha do Espaço - Dossiê Volume 4 - Indie
2001 - Patrulha do Espaço - Música Para Reciclar
2000 - Patrulha do Espaço - Chronophagia  -  Indie
1999 - Made in Brazil - Made in Brazil - BMG
1998 - Relespública - E o Rock’n’Roll Brasil!? - Indie
1998 - Patrulha do Espaço - Dossiê Volume 3 -  Baratos Afins
1998 - Patrulha do Espaço - Dossiê Volume 2 - Baratos Afins
1997 - Patrulha do Espaço - Dossiê Volume 1 - Temptation
1997 - Aeroblus - Libre Acceso / Aeroblus - Polydor
1995 - Made in Brazil - Acervo -  RCA
1994 - Patrulha do Espaço - Primus Inter Pares - Aqualung
1993 - Beijo AA Força - Coletânea - Tinitus
1993 - Aeroblus - Aeroblus -  Phillips
1993 - Quantum - Quantum -  Record Runner
1993 - Beijo AA Força - Beijo AA Força  -  Tinitus
1992 – Pappo - El Riff - Trípoli Records
1990 - Cemitério de Elefantes - Coletânea - Vinil Urbano
1989 - Maria Angélica - Outsider - Vinil Urbano
1989 - Arnaldo e Patrulha do Espaço - Elo Perdido - Vinil Urbano
1988 – Arnaldo e Patrulha do Espaço - Faremos uma Noitada Excelente  -  Vinil Urbano
1986 - Inox - Inox - CBS / Epic
1985 - Patrulha do Espaço - Patrulha 85  -  Baratos Afins
1983 - Mario Garcia - Sr. Cisne - Indie
1983 - Quantum - Quantum - Café
1983 - Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço 4 -  Baratos Afins
1982 - Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço - Baratos Afins
1981 - Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço - Seta / Ariola
1980 - Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço - Halley
1979 - Billy Bond - Billy Bond and The Jets - Sazan
1977 - Aeroblus - Aeroblus - Phillips
1975 - Made in Brazil - Coletânea - RCA
1974 - Made in Brazil - Made in Brazil - RCA
Internet:
.: www.rolandorock.com
.: www.patrulhadoespaco.com.br
.: www.aeroblusoficial.com.ar 

Entrevista de Barata Cichetto com Rolando Castello Junior - KFK Webradio - 2012


(Apertura del Tributo a Aeroblus encabezada por Castello, Medina y Chizzo Napoli, ademas contó con la Participación Millo , "Tete" y "Tanque" Iglesias.)

(Virada Cultural de São Paulo - 2010 - "Festa do Rock" - Vocal Percy Weiss)

26/09/2012

21/09/2012

Encontrada Gravação Inédita do Led Zeppelin

Encontrada Gravação Inédita do Led Zeppelin
Barata Cichetto
(Em Colaboração com Agências Internacionais)
Rótulo do "Legítimo" Jimmy Walker - "LED Label"

Uma música inédita do Led Zeppelin foi encontrada recentemente no castelo Bron-Yr-Au, em New Hampshire, Escócia. Segundo a France Press, agencia noticiosa local, um funcionário da empresa de limpeza “Federal Brush Iscovation” chamado Peter Grant encontrou a gravação dentro de uma caixa de “whisky” falsificado nos porões do castelo.

Feita em uma fita cassete com um rótulo onde está escrito: "LZ - Yellow Cow Pregnant – Feb-29-1977", a gravação tem péssima qualidade de audição, onde pode ser escutada apenas parte da letra. A Scotland Yard aprendeu as caixas da bebida cujos rótulos ostentavam a imagem de um Lord inglês caminhando e tocando uma guitarra de dois braços com algo que aparenta ser uma bengala ou arco de violino, além da marca: “Jimmy Walker”.

Levada para Londres e analisada, a gravação foi considerada como autêntica pelo órgão governamental americano responsável por detectar fraudes, a “F.A.L.S.E. - Fuck Autoral Laws Society Enemy”: "É uma autêntica gravação de Robert Johnson", declarou o funcionário. E complementou "Há uma séria tendência a acreditarmos pode se tratar também de uma gravação original de Howlin' Wolf, ou ainda de Bert Jansch, embora as similaridades apontem mesmo para ser de “Public Domain”.

Baseados nas evidencias inscritas na etiqueta da fita e por ter sido este o local onde o Led Zeppelin gravou seu mais conhecido disco "Houses of The Holy", os repórteres do jornal da costa oeste da Inglaterra The Sun, que tiveram acesso à gravação, procuraram por Jimmy Page, guitarrista e operador de xerox da banda Led Zeppelin que, às lágrimas, confessou serem eles mesmos os autores da musica, inclusive contando detalhes de como a compuseram: "Robert, John-Paul e Bonhan estavam discutindo e ninguém se entendia. Eu estava num canto tentando tirar mais uma musica do Bert para gravar e aquela discussão me irritou e eu gritei 'The yellow cow shit saucepan, whoever comes first eats all her crap'. Os três pararam de imediato, me olharam e Bob gritou: 'É isso, man... Fabulous! Pega aquela musica aí do Bert e coloca essa letra. Vai ficar genial'. E assim fizemos mais uma composição inédita com a assinatura Page/Plant."

Mas, nem bem a notícia deu a volta ao mundo através da Internet, poucas horas depois a RIA, empresa chinesa de telecomunicações, presidida por Kim Dotcom abriu processo contra o LZ por plágio, pleiteando um milhão de libras francesas em nome de 555 compositores de blues americanos e do "The Union of Composers of Music Public Domain".

Procurado por jornalistas em seu castelo na Baviera Holandesa que pertenceu ao satanista brasileiro Aleister Crowley, aka Paulo Coelho, Page se confessou ressentido com tanta perseguição:”Isto é um ‘absurd’, os versos de 'Yellow Cow Pregnant' foram criados por mim. Falar que plagiei isso (N.do.T.: ‘I stole this’ no original) de alguém é totalmente ‘ridiculous, injurious and mentirous’. E afinal, eu nem sei quem se trata esse tal de 'Public Domain'. A mim parece nome de rapper. Ademais, todas as musicas que compus para são absolutamente originais, como “Whole Lotta Love e outras. Nunca ouvi falar de Willie Dixon (N. do T.: "The only thing I heard that Willie Dixon, that was a boxer”, no original).

A polícia russa tentou gentilmente inquirir o musico, mas este, se fazendo passar por um velho japonês mestre de Kung Fu, disse não conhecer nenhum James Patrick. O caso deverá ir a julgamento na próxima semana no Senado, em Brasília. As pizzas já foram devidamente encomendadas.

De qualquer forma, representantes da Pacific Records adiantaram que a gravação será remasterizada e lançada num single ainda este ano. O website da empresa congestionou e acabou saindo do ar devido aos milhões de pedidos em pré-venda.

Procurados pelo redator do Whiplash, familiares de "Public Domain" não foram encontrados. Entretanto, ontem à noite a polícia precisou se chamada para conter fãs ensandecidos do Led Zeppelin que apedrejaram o prédio da redação aos gritos de “Viva o Led Zeppelin e morte às Baratas!”.

18/09/2012

04/09/2012

O Rock Está Morto


O Rock Está Morto
Luiz Carlos Barata Cichetto

Confesso que superestimei os leitores do Whiplash! Quando elaborei e publiquei minhas listas de superestimados da musica e uma matéria sobre os plágios de Raul Seixas, claro que sabia que muita gente iria discordar, retrucar, espernear. Mas, sempre tive comigo que roqueiros são pessoas bem informadas, que tem um certo nível cultural e portanto reagiriam ao texto. Mas não da forma como aconteceu.  Quando da publicação da primeira lista, com nomes brasileiros, comecei a responder um a um os comentários postados, no intuito de ser participativo, interativo. Tenho por conduta dar uma resposta de acordo com o tom da pergunta e, portanto, aqueles que reagiram com humor foram tratados com humor, os que retrucaram com inteligência, mesmo discordando, também assim foram tratados. Mas os que partiram para a ofensa pessoal, esses também tiveram suas respostas à altura. Enfim, não agredi sem antes ser agredido.

O tom do meu texto era apaixonado, como todos os meus textos o são. Não sou repórter, portanto meu objetivo não é o de apenas noticiar fatos, mas sim de posse deles e da minha sensibilidade a eles, interpretá-los, juntando a isso minha experiência com relação a esses fatos. Quase que integramente, os artistas citados eu escutei durante décadas, tinha muitos discos, fui a shows e etc. Muitos fizeram parte da minha adolescência e alguns fazem parte do meu cotidiano até os dias de hoje. Escuto ou escutei esses artistas durante cerca de quarenta anos, comprei discos e em determinados momentos também os coloquei na posição de gênios. Tenho, portanto, uma base de informação musical que, estou certo a imensa maioria deles não tem. Não fui criado escutando musica em computador, cresci escutando bons discos de vinil. Minha informação musical não é restrita ao mundo da Internet, embora eu esteja dentro dela muito antes também de boa parte dos meus atacantes terem nascido. Aliás, escutei mais musica que todos esses juntos, podem ter certeza. E em discos comprados com dinheiro do meu trabalho. Não conheço apenas duas ou três das mais conhecidas dos ídolos do Rock, escutadas em alguma rádio descolada, ou em MP3 baixado de graça na Internet.

Não sou dono de nenhuma verdade a não ser a minha. Não existem verdades coletivas. A única verdade é a pessoal. E foi essa verdade que expus em meus artigos, de forma veemente e clara. Não busquei nem abordei nenhum aspecto técnico musical por não ter tal conhecimento. E não era esse o ponto. O ponto principal, que pouquíssima gente entendeu, foi o de tentar mostrar às pessoas que mesmo ídolos cometem erros, que não são perfeitos. E que eu tenho o direito de não achar bom um cantor, um artista que é aclamado pela maioria. Todos têm esse direito. Um direito que todos têm sim, mas que a maioria prefere não usar, deixando que o senso comum prevaleça sobre o senso crítico, que a imposição dos donos do poder seja aceita como verdade. A verdade deles. Enfim, o mote principal dos meus textos é: não pense com a cabeça alheia, pense com a sua. 

Mas o que realmente me deixou pasmo e indignado foi o tom empregado pelos que não concordaram comigo. Ataques pessoais, ofensas, palavrões, em sua imensa maioria com erros básicos de português, denotando que cultura e inteligência realmente não é seu forte. Chegaram ao ponto até de mandar e-mails, ligar para meu telefone com ofensas e ameaças e ofender o trabalho de um amigo e parceiro musical deixando mensagens ofensivas a quem não tem nada com a história. Como se, quando eu "ofendi" seus ídolos, estivesse ofendo pessoalmente a cada um deles. Se usei dados da vida pessoal dos artistas citados era no intuito de traçar um perfil dos mesmos, mostrando a incoerência entre a vida e o trabalho, que é, afinal de contas a obra de uma pessoa. Explicando melhor: uma pessoa não é boa, genial, fantástica apenas porque canta bem ou é bonito. Não é uma deidade porque escreve letras boas ou toca bem um instrumento, pois junto a tudo isso há de existir o seu próprio exemplo como pessoa. Se, por exemplo, eu me senti traído por John Lennon ao saber que ele pregava a pobreza e vivia na riqueza é porque um "idolo" tem que ter responsabilidade para com seus seguidores. O fato é que essas pessoas, que pedem respeito a seus ídolos, agem da mesmíssima forma que todos os fanáticos religiosos por seus deuses e dogmas. E queimam em fogueiras burras aqueles que dizem que o rei está nu. E enfim, eu tenho sim, o direito de berrar minhas verdades num espaço que me foi colocado a disposição por seu dono, como é o caso do Whiplash. Não quer saber? É simples, não clique, não leia. Ou se o fizer e não concordar diga isso, mas não ofendendo pessoalmente a quem não o fez. 

Uma anotação final: as pessoas, a maioria desses que me ofenderam no Whiplash, reclama que não acontece nada de novo dentro do Rock, mas publiquei inúmeros artigos falando e mostrando o trabalho de bandas e artistas desconhecidos com ótimos trabalhos e a audiência e os comentários foram praticamente nulos. Conheço músicos com trabalhos de décadas nas costas que sequer são lembrados ou reconhecidos. Seus shows, os poucos que conseguem, estão sempre vazios, enquanto essas pessoas, - são as mesmas não tenho duvida - pagam fortunas para assistir apresentações desses monstros sagrados que tanto eles defendem. E que deles se alimentam.

Realmente superestimei a inteligência dos leitores do Whiplash e quebrei a cara. E a conclusão: o Rock como espírito e atitude não errou. Está morto! Os fanáticos o mataram. Pobre Rock, que em sua origem pressupunha exatamente o oposto. Descanse em Paz, meu velho!

E quem sabe eu não faça mais uma lista: a dos 1.111 Suprassumos dos Superestimados leitores do Whiplash.