Barata Cichetto
Não era para ser assim, mas foi mesmo sem ser. Não era para gozar sem eu ver. Não era para ser assim. Era para eu sentir tua carne tremendo, teus olhos revirando, teus lábios se espremerem e tua respiração ofegante. Era para eu sentir seu coração pulsando, fazendo os bicos dos teus seios ficarem duros e escuros. Mas foi assim mesmo, sem que de outro jeito pudesse ser. Não era para ser pelas teclas do computador, mas pelos meus dedos, não era para ser pela tela, mas pela pele; não era para ser apenas por palavras escritas, mas sussurradas nos teus ouvidos. Não era para ser assim, mas foi, e de outro jeito não poderia ser. Não era para ser tão longe, não era para ser sem ruídos, nem suores e sem outros líquidos, era para nos escorregarmos um no outro, nos lambuzarmos de tudo que fosse líquido. Não era para ser pela imaginação, mas pela respiração, não era para ser cada um com sua mão, era para serem quatro mãos em dois corpos, esparramados pelas nossas peles. Era para serem duas bocas grudadas: boca em boca, boca em qualquer lugar, em que pudéssemos grudar, chupar, colar. Não era para ser assim, mas foi. Era para serem pernas e braços enroscados, colchões rasgados e travesseiros arrancados. Era para ser subir e descer, descer e subir. Um sobre outro, outro sobre um. Um embaixo do outro, outro embaixo de um. Em cima, embaixo, do lado, de lado. De qualquer lado e em qualquer posição. Era para chupar, não imaginar. Era para lamber, não pretender; era para gozar, não apenas para sonhar. Não era para ser assim. E um dia não será assim. Ou não?
21/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Respeite o Direito do Autor e Não Esqueça de Deixar um Comentário.
Todos os Textos Publicados Têm Direitos Autorais Registrados no E.D.A. - Reprodução Proibida!