Direito de Herança
(Trecho do Livro: "Barata: Sexo, Poesia & Rock'n'Roll")
Editor'A Barata Artesanal - 2012 - 140 Páginas
Lançamento Oficial: 8/7/2012

Minha primeira mulher me “obrigou” a jogar fora uma mala cheia de poesias e, depois de 15 anos, quando retornei a escrever, passou a afirmar que odiava o personagem principal de “O Feijão e o Sonho”, tachando a ele, e por tabela a mim, de “irresponsável”. Um detalhe: trabalho desde os 12 anos, quando comecei a ajudar meu avô empurrando um carrinho de vasos pesado pelas ruas. E nunca, com exceção de algumas épocas em que fiquei desempregado por poucos meses, deixei de trabalhar e manter família. Mas é certo que, acaso minha poesia, minha literatura rendesse um bom dinheiro, as coisas seriam diferentes. Filhos? Ah, filhos querem pais bem sucedidos, gordos, carecas e ricos para que possam confrontar, confortar e no fim... Serem idênticos... Enfim, é justo que após a morte, essas pessoas obtenham lucro com algo do qual, além de não terem participação alguma, sempre execraram? Sou da seguinte opinião: o “lucro” de um trabalho artístico deve ser dado apenas e tão somente ao artista enquanto pagamento por seu trabalho. Morto o artista, o lucro advindo da venda de seu trabalho deveria ser administrado por um fundo destinado ao financiamento de outras obras artísticas, assim mantendo-se, alimentando-se a arte da própria arte.. Isso é um assunto complexo e extenso, reconheço, mas de minha parte, é meu desejo que, acaso um dia, minhas obras tenham algum rendimento pecuniário, que seja ele destinado ao financiamento de outras. Nada mais! Se meus filhos desejam obter algum rendimento sobre arte, que façam suas próprias, usando a herança maior que poderia lhes dar: a genética e o incentivo às artes, à leitura e ao pensamento livre.
Barata, acho que é por aí.
ResponderExcluirLembro de certa vez ter lido uma matéria na qual Chuck Berry, quando no início de sua carreira, era criticado pela sua família religiosa por tocar "aquela música do Diabo" (ou algo do tipo), mas que dizia amém quando os dólares entravam em casa.
Obrigado pelo ótimo excerto.
Sim, amigo Genecy, é assim mesmo, são exemplos e mais exemplos disso que não faltam. Há uns anos, questionei a uma puta, cuja familia era catolica fervorosa no interior, se não questionava seus ganhos. E ela disse: Familia? Eles só querem saber da grana...
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