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11/10/2012

Cabeças de Tomate

Cabeças de Tomate
Luiz Carlos Barata Cichetto


Dia desses, relendo "Olga", de Fernando Morais, deparei com um detalhe, sobre a Policia Politica do Ditador Getulio Vargas, que era chamada pela população de "Cabeças de Tomate", por causa dos quepes vermelhos que usavam. Era uma milícia truculenta, ignorante e inculta, com o objetivo de caçar "terroristas". E esses chamados terroristas nada mais eram que pessoas que percebiam que o Brasil estava sendo dominado por tiranos burros e truculentos e tentaram, em vão, libertar seu povo.. Os "Cabeças de Tomate" das décadas de 1930/40 usavam armas como metralhadoras e truculência física para prender, espancar e torturar "inimigos do regime" ditatorial de Getúlio Vargas, que foi um dos mais vorazes e furiosos de todos os tempos. Matou muita gente, torturou sem piedade, massacrou sem dó. E parece que eles renasceram depois de mais de 70 anos.

Recentemente fui vítima dessa reencarnação maldita dos "Cabeças de Tomate" modernos. Não que fosse eu um guerrilheiro moderno tentando libertar o Brasil das botas de ditadores sanguinários, mas o objetivo da minha "guerrilha" era outra: o de fomentar o debate em cima de um fanatismo burro (todo fanatismo é burro) que faz com que as pessoas criem deuses intocáveis dentro das artes, particularmente. Basicamente os artigos mostravam que determinados artistas tinham seu valor exacerbado e superestimado, sendo que suas obras eram incoerentes com suas vidas, que pregavam exemplos e não os viviam e que, em outras palavras, enganavam os incautos, sendo portanto, carismáticos e perigosos lideres que incitavam pessoas a agirem de acordo com suas vontades. Em outros mostrava através de relatos pesquisados e comprovados de plágios, demonstrando o caráter falho (e portanto humano) desses ídolos. O tempo todo o mote era: pensem, não admitam ser levados pela midia desonesta que lhes impõem ídolos com o objetivo de fechar sua mente com o único propósito do consumo cego. Pensem que ídolos não são deuses e coisas assim. Mas o que aconteceu foi uma defesa cega desses ídolos e desse Estado de Coisas, usando como armas ataques violentos e fanáticos contra a minha pessoa, até com ameaças físicas. Pouquíssimos foram os que debateram e até discordaram com base em argumentos lógicos ou opiniões sensatas.

E traçando agora alguns paralelos com a Policia Política do Sr.Vargas e a Policia Política(mente Correta) dos dias atuais, ambas representadas pelos "Cabeças de Tomate", "fardados ou não, amados ou não" percebemos que ambas tem muitas coisas em comum. É referido na história que os "Cabeças" de Getulio e Filinto Muller eram assim chamados por causa da cor dos quepes. Será? Ou seria porque tinham cérebros tanto quanto tomates, ou couves, ou cebolas? Eram paus mandados que invadiam casas e prendiam aqueles que ousassem desafiar o sistema dominante. Esses "ousados" intelectuais, jornalistas, artistas e até mesmo outros militares que pretendiam abrir os olhos do povo para a sua condição de "ovelhas". No fim, as ovelhas nunca deixaram de balir e os ousados foram exterminados nas masmorras do Ditador.

E o que, portanto, difere as duas eras de Cabeças de Tomate? Apenas o tempo, o uniforme e os meios. Não estamos mais em 1940, eles não mais usam quepes vermelhos, mas cabelos longos ou cabelos curtos penteados com gel. E os meios, não são mais metralhadoras compradas pelo Exército alimentados por mão de obra escrava, mas teclados de computadores que são alimentados pelas mesmas mãos. Não dão tiros, não prendem, não espancam fisicamente, mas destroem aqueles que ousam pensar e principalmente falar, que ousam imaginar estar contribuindo para que as pessoas se libertem dessa vocação de gado encurralado nas garras do poder.

Aqueles morreram sem ver seu sonho realizado e aqueles poucos tolos da atualidade que ainda acreditam nesse sonho de libertar uma raça do jugo de uma ditadura bem maior e bem mais destrutiva que a militar e que não arranca o sangue, mas destrói a mente, também em breve sucumbirão e serão esquecidos pela história do mesmo jeito que os outros.

A história tem sido sistematicamente mudada e esquecida. E aqueles que ainda insistem em mudá-la, aqueles que insistem em construir uma espécie melhor, aqueles que construíram de alguma forma sua história baseada em lutas por alguma causa são desacreditados, taxados de loucos e jogados na escuridão. Desacreditar os mais velhos fazendo-os parecer inúteis e tolos, dignos apenas de lugares privilegiados em atendimento publica e em filas de espera é jogar no lixo a história.

Prega a máxima que a história é contada pelos vencedores. E que sempre foi e será assim. E quem foram os vencedores na história? Os ditadores, os gananciosos e os corruptos. Os Cabeças de Tomate, que nada mais são do que idiotas recrutados no meio do povo para cumprir um papel fundamental no esquema de dominação serão sempre a escória, nem povo nem poder. E se a história nunca será contada pelo ponto de vista dos perdedores eternos, o povo que vê neles aquilo que gostariam de ser, também nunca será contada por eles.

Os "Cabeça de Tomate", Varrem as Ruas do Rio de Janeiro - Foto: http://bloghistoriacritica.blogspot.com.br

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