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31/01/2013

O Cigarro é Meu Escarro


O Cigarro é Meu Escarro
Luiz Carlos "Barata" Cichetto

Fugi da escola, erro nas contas, sou incerto, mas faço de conta que acerto. Ainda consigo contar nos dedos e com eles conto todos meus medos. Minha mão fechada guarda segredos, mas aberta se agarra a meus sonhos com garra, unhas e carnes. Carne e unha, sangue do meu sangue. Ainda consigo cortar meus dedos e mesmo assim datilografar, digitar um poema, agarrado ao resto. Eu não presto, disseram muito, eu sou resto, bradaram tantos. E entre o que resto e o que presto, empresto meu isqueiro, acendo seu cigarro e vamos fumar. Pelas ruas, porque dentro de casa é proibido fumar. Eu fumo para poder pensar e não sei pensar parado e sem um cigarro. Então saio pra fumar e encontro em qualquer parte uma placa de proibido fumar. Fumar é proibido, mas sacanear a bunda dos pobres não é. Bando de filhos da puta. Meu cigarro é minha revolta, meu grito inconformado contra regras estúpidas, leis preconceituosas e políticos nojentos. Odeio políticos, política e gente sem caráter. Honestamente, não sei mais o que é ser honesto, ninguém mais sabe. Esquecemos... (?) A poesia é fumaça e eu fumei um poema ontem a noite. Fiquei doidão, tendo alucinação com Edgar Allan Poe, bêbado, caindo e morrendo na sarjeta. Meu gato ficou branco e cor de rosa e eu nem usei droga nenhuma.  Antes podíamos ser amigos e fumar juntos em qualquer lugar, agora estamos separados até mesmo na mesa do bar. Estava fumando na calçada e uma puta rendada reclamou da fumaça do meu cigarro, depois entrou num carro, acelerou vomitando fumaça de gasolina na minha cara e foi embora com cara de nojo. Cadela maldita! Não, maldita não é ela, malditos são esses nojentos, rabugentos, mal comidos e mal amados que cagam regras e leis se fingindo de bacanas. Quero estar sozinho, fumar meu cigarro e se um câncer no pulmão um dia me impedir de respirar, seja um preço justo a pagar por minha rebeldia. Isso é parte do jogo deles. Eles sempre ganham o jogo. As cartas estão marcadas e eles são donos do cassino. Trocaram o circulo vermelho cortado por um mapa. Aquele símbolo parece uma suástica. Gasto meu dinheiro em cigarro, não tenho carro e não roubo leite de crianças. Adoro o perfume do cigarro, ele enche minhas narinas e minha língua de desejo. E eu fumo porque amo. Minha mulher também fuma, nós fumamos juntos, na cama enquanto trepamos. Misturamos desejo com fumaça de cigarro, fogo com chama. Amamos. E eu digo a ela, que quando eu morrer e ela arranjar outro companheiro, que não seja um que fuma, que respeite minha lembrança. O cigarro é meu escarro, meu vômito, minha ânsia diante de tanta nojeira. E então, fique agora sozinho na frente do seu computador, que eu vou sair para comprar cigarros e fumar. Não sei se volto. Se eu não voltar é porque o bar era muito longe. Longe demais. Então leva um maço de cigarros, Marlboro vermelho, por favor, até o crematório e queima junto comigo.


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