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21/05/2013

Admirável Mundo Novo


Admirável Mundo Novo
Barata Cichetto

Carros tomaram as calçadas, as máquinas as casas
Eletricidade é o fogo moderno, Prometeu sem asas.

Computador, Internet e geladeira inteligente
E os lares agora não precisam mais de gente.

Somos escravos contentes em nosso cativeiro
Pássaros alegres cantando dentro do viveiro.

E gritamos contra a prisão, mas pintamos suas grades
Amaldiçoamos religião, beijando as mãos dos padres.

Criticamos aqueles que amaldiçoam a escuridão
E somos escravos adorando nossa própria servidão.

Nunca nos furtamos de sermos consumistas idiotas
Comprando à prestação com dinheiro de agiotas.

E nos achamos belos, Narcisos mirando ao esgoto
Enquanto o abismo nos contempla com desgosto.

Nos fartamos de mentiras e arrotamos hipocrisia
E achamos nojento o poeta de vomita sua poesia.

Estamos todos mortos dentro de nós mesmos agora
Fingindo que amamos tudo aquilo que nos devora.

E somos todos apenas porcos andando de duas pernas
Achando que burros são os donos de verdades eternas.

Brincamos de morte, de sorte e de sermos deuses
Transamos sem desejo e morremos todas às vezes.

Nos fartamos de drogas, da farmácia e da favela
Sem saber a verdade que a droga um dia revela.

Somos, enfim, aquilo que desejam que sejamos
Achando ser aquilo que nós mesmos desejamos.

Elegemos políticos e lutamos por uma democracia
Sem perceber somos apenas parte da plutocracia.

Achamos normal o anormal, temos mentira por verdade
E que não existe mais vida quando acaba a eletricidade.

Caminhamos feito gigantes em direção ao próprio fim
E sinceramente espero que tudo acabe depois de mim.

22/05/2013

2 comentários:

  1. Excelente poema, franco, verdadeiro, direto como um punch bem dado. No diafragma da sociedade. Que ela pereça sem ar.

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