"Essa Coisa Obscura, Que Chamamos de Vida" (*)
Em Memória de Paulo de Tharso
Barata Cichetto
(*) Trecho do poema "Oração", último publicado por Paulo de Tharso em seu blogue, em 14/05/2012, precisamente um ano antes de sua morte
Sinto-a chegar perto e interesseira feito puta ao dinheiro
Lábios doces, carícias e uma rápida trepada no banheiro
E ela chega perto demais de quem a tem em tanto temor
Perto o suficiente de quem a odeia tanto feito um tumor.
Sinto-a chegar, e ela carregou muitos de meus amigos
Perto o bastante para carregar aos novos e os antigos
Carregando nas mãos um par não de foices ou adagas
Mas um par de gestos torpes e outro de doces chagas.
Sinto-a chegar, tão perto que estremece a toda aldeia
E sem parar, com os pés enormes caminha e incendeia
Sem deixar de queimar nenhum dos seres ainda viventes
E à sua sanha não existem feridos, não há sobreviventes.
Sinto-a chegar a todos sem distinção de cor ou de raça
A todos chega, de padres da igreja a mendigos da praça
E tão mais perto, mais o desespero toma conta de mim
Com a tristeza de saber que a sua chegada é o meu fim.
16/05/2013
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