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13/06/2013

O Poeta, a Costureira e o Aprendiz

O Poeta, a Costureira e o Aprendiz
Barata Cichetto
Foto: Janaisa (http://bicicletariosimaginarios.blogspot.com.br)
"Espelho / de tantos poetas.. / espelho / de vida e morte / espelho de sonhos e ruas / de ruas de Porto Alegre!" - Joanna.Franko

E nos sentamos, eu o aprendiz e a costureira Joanna
Numa das praças da Porto Alegre de Mario Quintana
E então o tempo num de seus esconderijos se escondeu
E no silêncio da Rua dos Cataventos o Poeta respondeu:

(*) "Olho o mapa da cidade como quem examinasse a anatomia de um corpo..."

Não havia ninguém, apenas som de olhos piscando
E apenas os relâmpagos no céu poemas rabiscando
Olhamos aos mapas e não encontramos uma cidade
Encontramos um mundo girando sem excentricidade.

(*) "Sinto uma dor infinita das ruas de Porto Alegre onde jamais passarei..."

E a dor que eu sentia, infinita feito saudade sem rima
Corria pelas ruas fugindo de mim antes que a reprima
E no clic-clic da agulha da costureira, poemas tecidos
Na linha vermelha do sangue de poetas adormecidos.

(*) "Há tanta moça bonita nas ruas que não andei - e há uma rua encantada que nem em sonhos sonhei..."

Há muitas esquinas esquisitas em cidades amortecidas
E nas ruas encantadas, moças bonitas e desconhecidas
Mas nas praças de Porto Alegre, eu aprendiz de feiticeiro
Costuro letras e tecidos sonhando ser poeta e costureiro.

(*) "Quando eu for, um dia desses, poeira ou folha levada no vento da madrugada..."

- Há um poeta no espelho, apontou a costureira
Na janela, o poeta, sorria da forma costumeira
E falamos, eu, a costureira e o poeta, sobre a dor
Sobre gatos no tapete e sobre chocolate com licor.

(*) "Suave mistério amoroso, cidade de meu andar - Deste já tão longo andar! - E talvez de meu repouso..."

- E há gotas condensadas de poesia no vidro da janela
Bradei eu, escandaloso, limpando o vidro com flanela
E pelas ruas da Porto Alegre de Quintana, valorosa e leal
Deixei meu andar invisível e solto, entre o sonho e o real.

(*) Citações de "O Mapa" de Mario Quintana (30 de Julho de 1906, Alegrete - 5 de Maio de 1994, Porto Alegre, Rio Grande do Sul)

13/06/2013

O Mapa
- Mário Quintana
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(É nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso..
.

Um comentário:

  1. Doce Quintana que como a costureira alinhavava pelas ruas da minha Porto Alegre. Com um sorriso acanhado, mas não desprovido de uma docilidade encantadora. Seu olhar era um céu infinito de poesias, de cantigas de ninar os anjos. Ele mesmo era um anjo perambulando pela Rua dos Andradas. Um anjo suave, de olhos e gestos calmos. Uma vez eu o encontrei em uma das ruas daqui e embasbaquei diante de tanta simplicidade, de tanta poesia no olhar. Não consegui articular nenhuma palavra, mas até hoje eu tenho a impressão de que vi um anjo perdido nas ruas da minha Porto Alegre.
    Muito bem alinhavado o texto, com toda a beleza e magia permeando as entrelinhas.

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