Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Exatamente no dia em que completo 55 anos de idade e cerca de quarenta anos como poeta e escritor, concluo outra série de poemas. Uma idéia, meio espontânea, surgiu quando, após iniciar uma nova série em 25 de Março de 2013. Portador de uma ânsia absurda de escrever, criei um objetivo intimo: 90 poemas em 90 dias. Não era um compromisso formal, mas algo realmente interno e tive o cuidado de não forçar a escrita para não perder a espontaneidade, fator essencial à poesia.
Mas as coisas foram saindo, e teve dias de eu escrever três ou quatro poemas. Mais uma vez decidi colocar fim à carreira de poeta por achar que já disse tudo o que tinha o que dizer usando tal forma de expressão. E estabeleci que 25 de Junho seria o "dead end". O fato é que, quatro ou cinco dias antes desse dia já tinha 99. Faltava uma, que não saia. Parecia que estava realmente esperando o nascer do dia 25 para completar o ciclo proposto. E foi realmente assim que ocorreu.
"Cohena Vive!" era titulo de um de meus livros mais recentes, baseado num sonho e onde eu demonstrava meus sentimentos de luta. E um final para o atual não poderia ser diferente do que a morte desse "personagem". "Cohena" tinha que morrer, pois assim se fechava um ciclo. E eu o matei!
O titulo desse trabalho foi indiretamente dado pela amiga Joanna Franko, uma pessoa que tem sido uma das maiores incentivadoras do meu trabalho, quando ao comentar outro texto meu que tinha por mote os espelhos usou a frase: "O Poeta e Seus Espelhos".
Estes cem poemas completam oitocentos da minha era moderna. E todos, sem exceção, frutos talvez podres da minha cabeça que não pára de se assustar com uma sociedade humana de merda, que caminha rápido à extinção. Não acredito mais em nada mais do que se possa chamar de apego á humanidade. E acredito que ao retratar isso, sob a forma de poemas que são na verdade espelhos, coloco não apenas o meu, mas o sentimento de toda a humanidade, que no fundo tem medo desse espelho.
E por fim, espero que sintam, mais que qualquer outra coisa, o desejo constante nestes poemas. Sintam-nos como sentem orgasmo. Pois sentir é a única coisa que nos sobra neste momento. A Poesia morre a cada dia, porque morre a capacidade dos seres humanos de sentir orgasmos verdadeiros. E se eu puder, de alguma forma causar-te um orgasmo com algum desses meus poemas-pintos estarei feliz. Se em 100 poemas, gozados em 90 dias, eu puder te causar apenas um orgasmo... Decerto gozarei contigo. No espelho!
Cohena Está Morto! Viva o prazer!
Luiz Carlos "Barata" Cichetto, 25 de Junho de 2013
PEDIDOS: http://www.abarata.com.br/livros.asp?secao=L®istro=1
Para um escritor prolífico, escrever 101 poemas em 90 dias não chega a ser uma façanha. Façanha, se há, é não ser prolixo, entediante, enfim, um enchedor de linguiças pseudointelectual. De intelectuais blasés estou/estamos fartos. Digamos que Barata Cichetto esteja - como direi? - mantendo a tradição. A dele, claro.
ResponderExcluirA "tradição baratiana" faz coexistir nas brancas páginas deste livro Deus(es), putas, vagabundos; Frida Kahlo, demônios; a morte onipresente. Pênis e vaginas sedentos de prazer e de fugas da realidade. Fica a dica para que cada leitor encontre os seus espelhos.
Em resumo: o que parece fantasias saídas da cabeça de um pervertido, no fundo, pode ser a realidade que muitos evitam reconhecer, embora estejam metidos nela.
Sempre grato por seus coerentes e isentos comentários, meu amigo Genecy! Façanhas ou não, garanto-lhe que escrever esses poemas quase me custou o resto de sanidade e saúde fisica. Acredite, cada um é um parto, à fórceps como se fazia antigamente. Doloroso e sangrento. Mas... e porquê não? - prazeroso! E ler comentários neste blog, algo que parece em desuso... (aliás manifestar opiniões parece ser ter um unico local apropriado atualmente: nas redes sociais, onde os falsos holofotes podem rendem segundos de glória) é sempre bom. Obrigado, portanto. Espero sempre suas opiniões! Abraço!
ResponderExcluirSei lá, Barata, mas creio que uma característica que os poetas não possuem é, oras, a sanidade. E, assim penso, a poesia é uma forma de sentir as dores do mundo. Nada mais que um parto natural. Primeiro a dor, depois o prazer.
ResponderExcluirParabéns pelo livro!
PS. Emoções Baratas está na fila.