Seren Goch: 2332
"O criador exige independência. Ele não serve, nem domina. Ele faz com homens uma troca livre e de escolha voluntária. O parasita procura o poder. Ele quer reunir todos os homens num ato comum a todos e de escravização comum. Ele alega que o homem é somente uma ferramenta para o uso de outros, que deve pensar como eles pensam e agir como eles agem. E viver em abnegada e triste servidão de qualquer necessidade, menos a dele mesmo." - Ayn Rand, em "A Nascente" (The Fountainhead).
Seren Goch significa "Estrela Vermelha", no idioma galês. 2332 é o fictício ano onde toda a Terra foi dominada por "Cientistas" que implantaram o coletivismo como única forma de governo e pensamento. As pessoas se enxergam idênticas, não falam nem escrevem e todo pensamento foi canalizado para o coletivo. Os sentimentos e desejos individuais, como o sexo e a família, foram totalmente eliminados. "Seren Goch: 2332" é uma critica ao totalitarismo e parte da constatação de que o ser humano é, antes de coletivo, um ser individual, com vontades e aspirações puramente pessoais. E é este o caminho da história humana. O progresso, o avanço da humanidade, se baseiam em conquistas pessoais e a competição é o motor do desenvolvimento humano.
A "igualdade" é uma mentira daqueles que controlam de fato a humanidade difundem como forma de controle total e absoluto. O ser humano por essência é um ser único e sendo único é individual, e sua vontade deve prevalecer. Fazer com se que ignore as diferenças, sejam elas de que espécies forem, é mentir descaradamente. O proveito desse erro é sempre deles, pois tal sentimento nivela a todos num patamar rasteiro, além de gerar atritos nas camadas controladas, afastando qualquer forma de resistência, que sempre partiu daqueles que, com seu poder individual, sempre lideraram revoluções e criaram grandes obras de arte, por exemplo.
A solução seria bem simples: em lugar de se enganar as pessoas com ilusões sobre igualdade, que fosse criada e fomentada a idéia do respeito às diferenças. Entretanto é mais fácil e proveitoso que se engane as pessoas com um conceito de igualdade que de fato não existe. Somos então colocados num mesmo patamar, bandidos e honestos, preguiçosos e trabalhadores, assassinos e médicos. Afinal, seguindo essa premissa, somos todos iguais. Só que não. Tratam sobre direitos, mas nunca sobre deveres, tratam sobre prêmios e abominam a punição. Um sistema que gera a preguiça, a maldade e a intolerância. O preguiçoso não trabalha e é sustentado pelo que trabalha, que após algum tempo, desestimulado, também se recusa a trabalhar para não sustentar o que não o faz. Assim, da mesma forma com estudantes, artistas e todos os segmentos da sociedade. E numa bola de neve, caminhamos certamente para a indolência e a letargia, jogando por terra todas as conquistas da humanidade. A questão essencial é o respeito, que é algo, muito antes de coletivo, individual.
A Internet é uma máquina eficaz nesse nivelamento, pois dá a todos a ilusão de que não existe mais propriedade, nem autores, artistas, ou formadores de opinião. Todos se sentem com um poder que de fato não têm. E esse caminho é muito perigoso. Desde que a humanidade existe há lideres e liderados, comandantes e comandados, escritores e leitores, e assim por diante. Esse é o fluxo, essa é a forma que a humanidade se diferenciou dos babuínos, por exemplo. Os construtores desse ideal socialista moderna sabem disso, mas através da infusão de uma mentira querem fazer acreditar o contrário. Nesse caminho, nosso futuro, talvez bem antes do distante 2332, será o da escuridão e das trevas, onde não haverá mais humanidade, mas um amontoado de seres que se enxergam da mesma cor e forma, comem a mesma comida e consomem tudo que lhes é oferecido, sem pensar. E não haverá mais o que falar, portanto.
Há três referências importantes na criação de "Seren Goch: 2332". A primeira, uma frase dita por um dos personagens de "Animal Farm", escrito por George Orwell em 1945, e que conta sobre uma fictícia revolução socialista liderada por porcos e que pressupunha a igualdade entre todos os "animais". Uma metáfora clara com os destinos de qualquer experiência baseada nesse sistema de governo, até agora no mundo. O resultado, no final da história, é que sobra uma única lei daquelas que definiam a igualdade e o bem de todos: "Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.". Como de fato.
A segunda referência importante é a música "2112", da banda canadense Rush, lançada em 1976. Nessa obra, a sociedade é dominada por Sacerdotes, que entre outras atitudes arbitrárias eliminaram a musica, mas o protagonista encontra uma guitarra e imagina que aquilo traria mais beleza e conforto à humanidade. Claro que os controladores rejeitam a idéia e o garoto musico se entrega à morte. Embora a musica possa ser executada por um conjunto, ela é um trabalho individual, baseado em experiências pessoais de cada um, que no caso de uma banda, é somada e compartilhada com os demais. As artes com um todo são criações individuais Pessoas criam arte, grupos apenas se aproveitam dela. Não há arte no coletivismo, pois não existe arte coletiva.
"2112" é uma composição musical dos três músicos da banda, mas a letra, criada pelo baterista Neil Peart, foi baseada no livro "Anthem", da escritora russo-americana Ayn Rand e fez com que fossem mal vistos pela maior parte da imprensa, pois a autora defendia suas idéias com base no Individualismo. É esta, naturalmente minha terceira referencia na criação deste texto.
A escolha do musico, compositor e filosofo Amyr Cantusio Jr., foi natural. Poucas pessoas seriam tão qualificadas quanto ele para a tarefa de colocar minhas idéias sob a forma de musica do que ele. Já havíamos feito uma parceria fantástica com a inédita Opera Rock "Vitória, ou a Filha de Adão e Eva", em 2010. E além de sua capacidade intelectual e musical, estão dois fatores importantes: a disposição para o trabalho, que faz com que componha e crie numa velocidade espantosa, e a aversão a todos os sistemas totalitaristas. Amyr é um batalhador, uma das cabeças pensantes mais lúcidas que conheço e criou elementos musicais extraordinários.
Quando passei o titulo e a sua tradução ao "apolítico e agnóstico" Amyr , este perguntou-me se o mesmo era uma alusão ao planeta Marte, chamado de "Estrela Vermelha", cujo nome, segundo a mitologia romana representava o deus da guerra e dos conflitos. Respondi que não era essa a associação que tinha em mente quando escrevi, mas sim ao símbolo socialista. Mas, aquela pergunta me deixou pensando muito tempo. Marte, equivalente ao grego Ares, filho de Juno e de Júpiter, é considerado o deus da guerra sangrenta, ao contrário da sua irmã Minerva, que representa a guerra justa e diplomática. Eles sempre tiveram uma relação difícil, até que numa batalha final, onde se enfrentaram nas muralhas de Tróia, Marte é derrotado pela irmã. Outra parte da mitologia dá conta que o deus teve um caso de amor com Vênus, esposa de Vulcano. Dessa relação adúltera, teriam nascido um deus chamado Cupido uma mortal batizada de Harmonia. O planeta Marte provavelmente recebeu este nome devido à sua cor vermelha, associada à do sangue.
Segundo as enciclopédias, "A estrela vermelha de cinco pontas, um pentagrama sem o pentágono no seu interior, é um símbolo do comunismo e amplamente do socialismo em geral. É muitas vezes interpretado como representação dos dedos das mãos dos trabalhadores, bem como os cinco continentes." Há inúmeras explicações adicionais, mas decerto nenhum dos criadores desse símbolo o associou ao planeta e muito menos ao deus que o batizou. Certo também é que se, a estrela representa uma mão, deviam considerar que nela todos os dedos são diferentes, mas ambos trabalham individualmente em prol de um trabalho a ser feito pela mão, em beneficio do restante do corpo. A mão, em si, sem os dedos "individualistas" nada representa. Deviam ter pensado nessas associações, tanto à do deus da guerra sangrenta, quanto do que é efetivamente uma mão, antes de associarem seu símbolo a eles.
Luiz Carlos Cichetto, 20/03/2014
Seren Goch: 2332
Midia: CD Livro
Lançamento Previsto: Junho de 2014
Criação e Texto: Barata Cichetto
Musica e Produção Musical: Amyr Cantusio Jr.
Edição: Editor'A Barata Artesanal
Apoio: Revista Gatos & Alfaces
Apoio: Revista Gatos & Alfaces
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