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05/04/2015

Sexta-Feira da Paixão

Sexta-Feira da Paixão
Barata Cichetto
(Proibida a Publicação Sem Autorização do Autor)
Imagem: https://br.pinterest.com/pin/444660163181234476/

Pois tenho feridas e calos imensos nas palmas das mãos
E nas costas chagas doloridas de carregar meus irmãos
Filhos não há por diminuir a carga, socialistas por inércia
Enquanto eu reacionário, sou comparado ao rei da Pérsia.

Quase sessenta e antes longos, meus cabelos são ralos
E se outrora fui Barata, agora sou apenas o Luiz Carlos
Mas se entretanto e portanto fui e sempre serei o poeta
Um dia serei apenas um defunto como previu o profeta.

Descreio das sinas, dos destinos e da praga santificada
Sofro por minha crença e busco a prostituta crucificada
Fui condenado ao desprezo por um tribunal de exceção
E meu direito a paternidade executado pós condenação.

No fim das contas, faço cálculos, mas não chego ao resultado
A quantas penas de morte um homem poderá ser condenado?
Na Sexta-Feira da Paixão, sinto a dor de toda a cristandade
E concluo que na espécie humana não é possível Irmandade.

03/04/2015

(Este poema é parte da trilogia "Escritos Sinóticos", que contem ainda: "Sábado de Aleluia" e "Domingo de Páscoa" e foram escritos nesses dias)

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