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21/08/2016

Nós Não

Nós Não
Ao amigo Del Wendell
Barata Cichetto


Renunciamos à renúncia, destacamos a pronúncia, pronunciamos a denúncia. Das emergências e urgências fazemos mingau. Sopa de indecências, curau de inocências, pudim de incoerências. Impaciência! Moemos palavras, esfarelamos e soltamos ao vento. Empilhadores, amontoamos letras feito sacos de farinha. Estivadores as carregamos num caminhão que desce uma ladeira sem freios, atropelando cavalos sem arreios. Esteios. Estios. Estilos. Estilizamos a feiura do tempo. Matamos de fome a farsa. À força. Mordemos a jugular do vampiro, arrancamos os dentes do leão e espiamos pelo buraco da fechadura dos sete segredos. Batemos nossos medos no liquidificador, esmagamos o crânio do ditador. Algazarra de moleques na rua, futebol de pés de chinelo no gol. Travessuras amargas aos velhos de andador, que assistem televisão antes ver a noticia da própria morte em rede nacional. Sofrimento é inspiração. Em detrimento da emoção. Viva a revolução. Por requerimento da evolução. Batemos na porta, esmurramos o porteiro. Arrancamos os ponteiros de um relógio que nunca marca as horas certas. Ou certas horas. Por horas, dias, anos batemos em portas. De aço. De um armazém sempre fechado. Atrás da porta tem um porto. Do porto outras portas. Sem cadeado.  Enferrujado. Somos os artistas da fome de Kafka. Baratas assassinas em busca de sangue de virgens sacrificadas ao som de Black Metal.  Ou do mais puro sangue Rock'n'Roll. Não pisem em nossos sapatos de camurça azul. Walk a mile on my shoes? Andamos cada um com seus sapatos, mas andamos lado a lado. Cada um andando com os seus. Nós e nossos gatos. Gatos e sapatos. Eu lhe empresto o pé direito dos meus. Me empresta o esquerdo dos seus. Calço botas quarenta e dois. E nem sei o numero dos seus sapatos. Fatos: caminhamos em busca dos fatos, fugindo dos ratos. Sofremos maus-tratos e da mesma doença crônica. Ou da doença das crônicas, das poesias, dos traços. Troços e arrotos. Marotos. Somos escrotos? Bichos querendo sair dos esgotos. Rotos. Somos o roto e o rasgado. Um falando com o outro. Não do outro. Mas dos outros, que são nossos infernos. Eternos. Rasgamos nossos ternos. Somos gênios gêmeos, de gênios degenerados, gêmeos regenerados. Gerados à força. E por força. De um destino cretino. Gênios de gênio irascível. Incrível. Inominável. Formidável? Formados por beats e bits, bytes e o caralho a quatro. Somos gêmeos idênticos, autênticos. Separados no nascimento. Por obra do esquecimento. Cortamos nossas veias deixando correr o sangue pelas bocas famintas. Pagamos pelas sobras que cobras não comem. Caro. Pagamos caro, meu caro amigo. Das convergências fazemos pastel.  E das letras suco. Nem que seja de gosto amargo.  Que saco! E se nos furtam a glória, nos afastam da nossas histórias e dos aplausos, se nos roubam a vitória, tomemo-las, pois nos pertencem. Em vida. Agora! Morreremos decerto, mas que não seja um desfecho de dor, mas o grand finale de um espetáculo esplêndido, que criamos ao longo de nossas existências. Os que não pagaram para participar se perderão na própria poeira. Então teremos a satisfação, mesmo que seja no ultimo suspiro, o ultimo sorriso antes da morte, de poder ir ao nada com a certeza de que tudo fizemos. Aos paspalhos, idiotas e imbecis restará o consolo de continuarem sendo. A nós não! Vamos em frente! Conte comigo. Conte pra mim!

20/08/2016

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