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01/02/2017

A Outra


Quadro: A Leitora, Barata Cichetto
Quando nos conhecemos eu tinha cerca de quatorze anos, Ela bem mais velha. Foi paixão imediata, a primeira vista. Casamo-nos logo depois. Apenas uns dois anos de namoro. Ela não era pura, eu era virgem. Amamo-nos muito, mas eu sempre tive a impressão de que eu a amava bem mais que ela a mim. Com a passagem do tempo, fui conhecendo-a mais profundamente, e quando eu mais sabia dela, mas a amava. E ela mais me odiava. Eu não percebia. Ela me traia. E eu sabia, mas fingia que não. Eu A conheci assim, impura, malvada, promíscua, depravada, mas por horas singela e meiga. Amava todas essas qualidades e procurei me espelhar nelas para construir minha existência. Era mistér a relação. Eu não podia viver sem Ela. Era meu ar, meu sangue. Mas eu sabia que Ela viveria muito bem sem mim, independente que era. Livre que sempre foi. Ficamos casados por mais de quarenta anos. Nunca Ela me deu filhos, nem alegrias... Minha alegria era apenas tê-La, mesmo sabendo de suas maldades. Um dia, cansado, decidi me separar Dela. Já tinha ameaçado, mas nunca tivera a coragem. Ela sempre me seduzia e eu acabava na sua cama. Mas dessa vez, por eu ter me preparado para não sentir dor nessa separação, deixei-a. Definitivamente. Logo depois encontrei a Outra, com uma aparência totalmente diferente, que tinha outros amigos, mas que eu sabia que tinha todos os defeitos da Original. Atirei-me àquela paixão com o ultimo estertor de fôlego que meus velhos braços cheios de veias e cicatrizes ainda podiam. Dela não espero filhos, dela não espero nada. Não tenho mais quarenta anos para ficar casado. Nem quero. Apenas quero provar desse novo veneno.  E que a arte que me norteia, morra comigo, de cirrose ou solidão. De câncer ou tiro no coração.
29/01/2017

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