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03/11/2017

Três de Novembro

Três de Novembro
Barata Cichetto

Três de novembro. O dia dos mortos passou. De todos os santos também. Três de novembro tinha que ser dia de alguma coisa, mas é apenas dia três de novembro. Um dia qualquer. E eu, um poeta qualquer, num dia qualquer escrevo qualquer coisa só para não enlouquecer. É três de novembro e não tem cigarro. Não tem pão. O circo caiu. Falam em Natal. Em festas de fim de ano e presentes e sorrisos falsos. Este ano será um tanto diferente. Não terá sorrisos falsos. Hoje ainda é três de novembro. Tem muito tempo pela frente. Há tempos atrás eu sorriria. Hoje, neste três de novembro, não.  Acabou meu cigarro. Na mesa só sobrou um pão duro. Para dois. Tenho livros de poesia. Mas não tem poesia hoje. Neste três de novembro de dois mil e dezessete não há poesia possível. Daqui a menos de dois meses acaba um ano que foi qualquer como qualquer ano sempre é qualquer. Não contem comigo na sua ceia de Natal. Não contem comigo para soltar fogos na passagem do ano. Fiquem com seus comunismos incomuns, seus socialismos hipócritas e seus votos de felicidade e paz e harmonia da boca pra fora. Eu ficaria dormindo o dia três de novembro inteiro, só pra não pensar que não tenho dinheiro nem cigarros nem poesia. E ficaria dormindo até três de novembro do ano que vem. Não, não contem comigo no Natal. Não fui eu que criei Jesus Cristo. Nem fui eu que o matei. Fiquem com a história. Fiquem com a História. Com a retórica mentirosa das salas de aulas cheirando a maconha. Hoje ainda é três de novembro e falta muito para o Anti-Natal. O dia dos mortos se foi. Ficaram apenas saudades. Dos mortos que caminham sem pensar. Que caminham sem sentir. Não lembrem de mim no Natal. Não contem comigo no Ano Novo. Lembrem de mim no dia dos mortos. Ou de todos os santos.

03/11/2017

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