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16/01/2018

Renúncia à Vida

Renúncia à Vida
Luiz Carlos Giraçol Cichetto, ou simplesmente "Barata"

"A obsessão pelo suicídio é própria de quem não pode viver, nem morrer, e cuja atenção nunca se afasta dessa dupla impossibilidade." - Emil Cioran

Todas as religiões indistintamente condenam o suicídio, mas não por nenhuma razão espiritual ou humanitária, mas simplesmente, para manter as coisas do jeito que são. E isso significa que, se não fosse dado aos deuses a prerrogativa da morte, até mesmo muito mais do que da vida, de que forma os seres humanos reagiriam?

O suicídio é, afinal a única decisão que um ser humano pode ter com relação a coisa mais importante de todas, que é sua própria vida. Não escolhemos nascer, dependemos da vontade de nossos pais, não escolhemos quase que absolutamente nada do que fazemos, embora tenhamos a ilusão de que algumas vezes decidimos. Todas as nossas decisões são sempre moldadas por leis, por interesses, pessoais ou alheios, sociais, financeiros, políticos, morais. Não decidimos de fato e conscientemente nada com relação à praticamente nada. Então, a prerrogativa do suicídio é a única e ultima decisão que podemos ter sobre nós mesmos. Em outras palavras, um ato anarquista altamente extremo.

As religiões e os governos do mundo precisam manter seu poder. Então as primeiras criam a ideia de que somente o seu deus pode decidir sobre a morte. Tirar esse poder de um deus, seria simplesmente aniquilar o motivo de sua existência, já que todo o resto seria permitido. Da mesma forma que considerar como ato criminoso, ilegal ou fruto apenas de pervertidos, loucos e doentes o suicídio dá diretamente ou indiretamente o poder dos governos sobre a vida de seus cidadãos. O que temem as religiões, já que todas pregam um deus onipotente e onipresente, e sendo assim teria o poder de influir e impedir tal ato? Se temem e penalizam com o Inferno, por exemplo, é porque no mínimo não tem tanta convicção do poder dos seus senhores.

Mesmo nas sociedades mais culturalmente evoluídas, é normal que se considere o suicídio como ato de covardia, deixando ao imaginário popular, o julgamento de que um suicida é um derrotado, um fraco. A aceitação do suicídio como algo natural deve ser a prerrogativa máxima de qualquer sociedade. O suicida, absolutamente, não é nem covarde nem herói, apenas um ser humano que, por motivos pura e absolutamente seus, decide o que fazer de sua própria vida, o que no caso significa não ter mais nenhuma vida. As pessoas devem ter o direito de decidir isso da mesma forma que decidem ter ou não filhos, duas situações que são irreversíveis.

(Trecho do romance)

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