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17/07/2018

Esgoto

Esgoto
Barata Cichetto

Aquele que nunca é convidado a uma festa, nunca pode ser acusado de chegar atrasado. Já em um velório, não é possível culpar o morto. A festa acabou. O velório é na porta ao lado. Deixem suas mensagens no livro preto de visitas. E mantenham suas consciências tranquilas. Não me convidaram para a festa que deram. Não foram na festa que eu dei. Não os convido para o velório, então. Fico sozinho. Com os vermes e as velas. Tirem as rosas do meu caixão. Detesto todo tipo de rosas. Incluindo adálias e margaridas. E outras flores fedorentas, com cheiro de morte e solidão. Deixem os vermes. São meus convidados. Estão dentro de mim há tempos. Convidem as chamas. As damas também, menos as das camélias, que essas são flores também. Roubaram tudo o que eu tinha, roubaram até o que eu não tinha. Queriam tudo. Ficaram sem nada. Por que a única coisa que eu tinha era a mim. E me roubaram de mim. Me deixaram sem eu. Agora sou apenas um deus, um anjo do inferno. Meu caralho é minha lança e enfio no seu rabo. Não geme. Não grita. Cala a boca e me esquece. Não desce do ônibus. Continua seu caminho. Não olha para trás. Não me ligue. Não ligo. Não digo. Não diga. Não diga alô. Nem adeus. Não digo adeus. Não estou morto. Não sou morto. Mortos são todos que roubam de mim meu direito de ser. O que sou. Apenas o esquecimento será sua herança. Não busque na lembrança minha imagem. Que por semelhança é torta. Não ore. Não chore. Não adore. Sua sorte não é sua. É emprestada. Devolva. E pague os juros. Sua casa não é sua. Sua bunda não é sua. Devolva as calcinhas que roubou do varal da vizinha. Devolva o que roubou. Não a mim. A mim não precisa. Nada do que me roubou tinha valor. Apenas preço. Empreste. Jogue. Queime. Engula. Morra. Escorra. Essas sentenças são tão extensas, e tão pouco extensas, mas foram feitas pelas minhas crenças. Se crê há. Se há crê. E se nada há, nada há de se perder. Nunca me perdi. Nunca perdi nada que não pudesse encontrar. Não me roubaste nada que eu não pudesse lhe dar. Não deixo lágrimas sobre a terra. Deixo apenas um nada enorme que jamais poderá preencher o buraco que há no seu caráter. Não deixo nenhuma culpa atrás da porta. Pode arrombar a minha casa. Pilhe o suor esparramado no chão, mas não se esqueça da maldição. Que nem todo o sangue podre poderá apagar. Não revise meu texto. Enfie no rabo seu pretexto. Foda-se o contexto. O sol é minha morada. Lá estou indo. Fique na tua escuridão.

17/07/2018

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