O CONTEÚDO DESTE BLOG É ESPELHADO DO BLOG BARATA CICHETTO. O CONTEÚDO FOI RESTAURADO EM 01/09/2019, SENDO PERDIDAS TODAS AS VISUALIZAÇÕES DESDE 2011.
Plágio é Crime: Todos os Textos Publicados, Exceto Quando Indicados, São de Autoria de Luiz Carlos Cichetto, e Têm Direitos Autorais Registrados no E.D.A. (Escritório de Direitos Autorais) - Reprodução Proibida!


04/02/2019

1000 Caracteres

1000 Caracteres
Barata Cichetto

Recolho-me à insignificância das coisas; à significância das palavras, que ainda teimam em ter significado, mas que no fim sabem que nada mais significam: estão tão perdidas e são tão insignificantes quanto eu. Recolho-me à insignificância dos gestos perdidos, dos afetos escondidos e dos tetos destruídos. Não há mais palavras: estão mortas. Mas eu ainda as chamo, feito um ator no final de uma peça, chama pela musa morta em seus braços, enquanto a plateia aplaude, e depois vai para casa, sem nenhum remorso. Não há mais o que falar. Tudo já foi dito. E não resta nada a não ser me recolher à insignificância. Do não ser, do não estar. E não estou aqui, não sou daqui, não sou de lugar nenhum, e não estou em lugar algum. Não moro aqui, não moro em ninguém, não moro em mim. Encolho a cada dia, feito personagem de um filme antigo, em preto e branco: desbotado, apagado, rasgado. No escuro. Encolho até não restar. Sou menor que uma partícula de nada. Não há mais lugares aonde ir. Fui longe demais quando me afastei de mim. E o caminho não tem volta. Sem revolta e sem metáforas, sem poesia, sem palavras. Sem nenhum significado a mais. Ou a menos. Apenas minha própria insignificância. Recolhida em palavras.

04/02/2019

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Respeite o Direito do Autor e Não Esqueça de Deixar um Comentário.
Todos os Textos Publicados Têm Direitos Autorais Registrados no E.D.A. - Reprodução Proibida!