Ditador da Liberdade
Barata Cichetto
Pintura: Barata Cichetto "Rivotril" 2017 |
Eu! Que aposto no aposto. Desgosto do gosto. Morro em agosto. Fui aposto. Preposto. Disposto. Ao posto. De gasolina. De brinquedo. Em segredo. Por medo. Por ser cedo. Por se nunca. Por ser morto. Eu que fui porto. Torto. Absorto. Agora sou morto. E poeira. Sem eira. Nem beira. Eu que fiz feira. Terça-feira. Inteira. Eu que fui sem ter ido. E fui sem ter sido. Que fui. Que fiz. E que diz. E não importa o que fiz. Importa quem diz. O que diz. A meu respeito. Faca no peito. Não tem jeito. Perfeito ou imperfeito. Fui sujeito. E sou sujeito. Ao reto. Ao torto. Ao teto. A ter neto. Já que fui feto. Sem nascer. Sem crescer. Sem ser. Nem merecer. E não importa o que bate. Importa quem late. Importa o iate. Importa o que importa. E o que não. E tudo importa. Até a porta. Menos meu coração. E a minha existência. Que por desistência. Abri mão. Eu aposto. Que não sabia. Que mais valia. Não saber não. Pois o que importa. É o seu cu. Na minha mão. Me dê a chave. Da algema. E não tema. Fujo não. Sou prisioneiro da metáfora. Carrasco do poder. E ditador da liberdade. Agora é tarde. Esqueçam de mim. Que o que arde. Nunca cura. E o que dura. Nunca é tarde.
03/05/2019
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