Barata Cichetto
Nada de praia, nada de dominó, nada de respirar na praça. Os pombos da praça estão com depressão, que não tem em quem cagar, o mendigo sem fumar, que não há a quem pedir o cigarro, os sem teto estão famintos, por não terem quem lhes dê uma moeda. Não há odores nas ruas, nem do pão da chaminé da padaria, nem das flores do florista, nem do perfume das putas, nem dos suores dos trabalhadores, nem dos cigarros, nem dos escapamentos. Não há odores, apenas cheiros. De medo e de terror. De morte. E todos, absolutamente todos, com medo simplesmente de respirar. Enquanto isso, políticos decretam o fim. Brigam numa rinha infinita por poder. Todos eles ganham, todos nós perdemos. Agora, nosso existir resume-se a caminhadas pelos retângulos cinzas dessa moldura azul. É a rua que nos permitem.
06/04/2020
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados
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