Como Eu Crio Minha Poesia?
Resposta a Uma Enquete de Claudio Willer
Luiz Carlos Barata Cichetto
A pergunta do poeta é muito pertinente, eu mesmo a fiz. Falaria ele da criação como ato físico de escrever uma porção de letras, umas grudadas às outras, com espaços, formando linhas chamadas de versos, com ou sem rimas? Ou deseja ele saber sobre o ato mental da criação? Ato mental sim, pois deixemos dessa balela inútil de poesia criada com o coração. O coração não cria nada, é um músculo. "Ih!" - o poeta retruca – “Começou mal esse aí, falando mal do coração, especulando com a ciência em lugar da emoção. Poeta que é poeta sabe que a poesia está no coração!" Mas eu garanto, que depois de umas mil delas escritas, que nenhuma brotou do coração. Ah, sim, o coração acelera quando cometo meus poemas. Mas isso é apenas porque o trabalho cerebral intenso necessita de maior quantidade de oxigênio. Tal como no sexo. Deixemos então de bobagem, deixemos o coração quieto, poupemo-lo do infarto. Ah, meu amigo poeta, ainda desejas saber como eu crio minha poesia? E eu a crio com o suor do trabalho duro que alimenta minha boca, com o sangue que escorre das porradas que tomei, com o esperma que (não) derramei pelas putas que não amei ou não me amaram. Minha poesia eu crio com as dores nas costas e nos pés de caminhar a pé por ruas que nunca terminam, por ônibus que nunca chegam (ou nunca levam a lugar nenhum). Minha poesia eu crio com os litros de bebida barata que tomo para espantar o frio e me fazer esquecer que a poesia é a maior culpada do teto que eu não tenho, do dinheiro que não ganhei, das noites que fico sem dormir, do respeito que não tive.. E finalmente, querido poeta, minha poesia eu crio com as lágrimas da tristeza em saber que minha poesia permanece ainda relegada ao quinto plano enquanto menininhas mimadas e moleques com pose de rebeldes tomam meu lugar. As lágrimas da incompreensão. Portanto, minha poesia é um processo químico, matemático. O mesmo que gera a dor, o cansaço e a ira. O coração, ele não tem nada a ver com isso.
A Ciência da Poesia
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Penso eu agora que a Poesia é a mais pura matemática
Arte concreta a somar emoção com regras de gramática
Mas ainda calculo solene olhando o meu verso
O tamanho da Poesia em relação ao Universo.
Seria a Poesia a métrica, uma fria e exata ciência
Ou seria Ela um estado alterado de consciência?
Inspiração ou conhecimento, a adição da cultura ao talento
Ou alucinação, percepção modificada por falta de alimento?
Seria, pergunto porta escancarada de uma alma liberta
Ou apenas a fresta de uma janela que nunca foi aberta?
Oh céus, seria então a Poesia manifestação mediúnica
Sendo então de tal forma de autoria exclusiva e única?
Penso enfim que de qualquer origem, forma ou trajetória
Sendo feita da ciência, do cálculo ou da arte premonitória
Sem negação existe a Poesia e é o que importa, afinal
Porque sem Poesia não existem ciências e ponto final.
5/12/2009
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NOTA ADICIONAL: O TEXTO ACIMA FOI ESCRITO COMO UMA RESPOSTA A UMA ENQUETE CRIADA POR CLAUDIO WILLER E DIVULGADA NO FACEBOOK. ATÉ O FINAL DA NOITE A POSTAGEM FICOU LÁ, MAS NA MANHÃ TINHA DESAPARECIDO. QUESTIONEI O SR. WILLER QUE SIMPLESMENTE NÃO RESPONDEU O PORQUE DA MINHA POSTAGEM TER SIDO SUMARIAMENTE REMOVIDA. AGORA EU ENTENDO PORQUE CERTAS COISAS NÃO ACONTECEM. A POESIA TEM DONOS... E EU SOU APENAS POETA.
"Nasceu da mente, subiu do dedão do pé até o cérebro. Ah, sim, o coração acelera quando cometo meus poemas".
ResponderExcluirSem mais.
È.. Pinna's... Cometi um erro. Acho que foi por isso que o Willer deletou minha postagem. Na ansia de escrever, coloquei a mente no pé...
ExcluirE esqueci: Sem mais!
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