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13/10/2012

Kerouac

Kerouac
Luiz Carlos Barata Cichetto


"Pômos do pênis a ponto de semear.
Mais gargantas cortadas que grãos de areia.
Como beijar minha gata na barriga.
A suavidade de nossa recompensa."
(Jack Kerouac. Poema 230 do livro Mexico City Blues)

Não há dureza nas palavras, a dureza está nos corações. Kerouac sabia disso. Morro e não mato, sou poeta, não sou coveiro. A morte tem batido em minha porta diariamente. Tranquei a porta e engoli a chave, portanto é a chave que liberta a morte e não a chave da liberdade que está dentro de mim. Ninguém consegue pensar com o estômago doendo de fome e tem horas que sequer lembro do meu nome. Meu nome próprio, impróprio para menores. Não ouso sentir, não ouso mentir. Estou amortecido e não tenho crença alguma que possa me dar consolo. E o não crer não é a minha religião. Não tenho palavras para proferir, nem armas para ferir. O silêncio se faz sobre minha Poesia. Tem um livro que ainda quero ler antes de morrer, mas ainda não sei qual é. Sempre li cada livro pensando que seria o ultimo antes de morrer. E sempre escrevi cada poesia como se ao terminá-la eu estaria morto sobre a folha de papel, que meu sangue escorreria sobre ela se misturando às letras. Estou escrevendo agora e não sei como isso acaba. Estou sempre a perigo e nunca corri com meus versos em portas de editoras, mercadores malditos, em busca de glória. Não existe mais literatura, apenas coisas como estas que escrevo agora. Somos apenas vaidosos que acreditam que colocar palavras umas depois das outras, feito isto que faço agora, possa ser um dia considerado literatura. Nunca! Esqueçamos isso, contemporâneos. Não temos a cultura e a clareza de idéias que nos possibilitaria sermos escritores. Nunca seremos. Nunca soubemos compreender a verdadeira literatura, muito menos a Poesia. A Poesia morreu na Europa há mais de 100 anos, no fim do século XIX. Acabaram-se os salões e os saraus. Poesia escrita em teclados de computadores não tem nenhum valor. É lixo digital. Não se enganem com o contrário. Eu mesmo não escrevo mais poesias desde que minha máquina de escrever quebrou. Não existem mais bobinas de telex, não existem mais máquinas de escrever e não existem mais poetas. Escrevo sob o efeito de cafeína e nicotina, as palavras saem feito fumaça da minha boca. E eu não estou interessado em saber qual será o futuro dos livros, se em papel, bytes ou implantes dentro de cérebros. A mim interessa saber se um dia a poesia renascerá. Não há dureza nas minhas palavras, não há dureza em nenhuma palavra. A dureza está apenas nas mentes. Kerouac não sabia disso, afinal.

12/10/2012

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