A Ponte Bêbada
Barata Cichetto
Margem do rio, córrego de esgoto coberto de espuma
Restos de comida podre, pedaços de sofás, bichos mortos
Trepadas da noite, porra e pedaços de corpos de abortos.
Ponte bêbada sobre o rio que barco agora não carrega
Nem bêbado nem nada, rio que da morte se encarrega
Concreto armado, vergalhões retorcidos ao vento imoral
Minhas costas doem e ranjo de dor ao sabor do temporal.
Sobre mim carros egoístas, ônibus lotados de esperanças
E taxis que carregam a dor dentro de corpos de crianças
E eu apenas uma ponte bêbada, sábia, arrogante e triste
Rígida feito o falo de ditador que ao tempo ainda resiste.
Lembrai-vos sim das flores, da montanha, do sol e do monte
Mas lembrai-vos também de mim, bêbada e dolorida ponte
Que esticada entre dois pontos é o consolo dos desesperados
E o desespero dos bêbados, poetas e dos amantes esperados.
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