Luiz Carlos Barata Cichetto
Ano: 2013
Edição: 1ª
Formato: 14 X 21
Gênero: Cronicas
Páginas: 288
Preço: R$ 40,00 + Frete
Editora: Editor'A Barata Artesanal
49 crônicas e artigos sobre Rock.
Trecho
Syd Barrett criou a essência do Pink Floyd, mas depois não coube mais dentro de sua própria criação. Aquilo era pequeno demais para caber sua genialidade. Syd Barrett era maior que o Pink Floyd. Sempre foi e sempre será. Segundo conta a história, ou melhor, contam os remanescentes da banda, Syd foi colocado de escanteio por causa de sua "deterioração mental". Afinal, aprisionar aquela gostosa da Karine (a peladona que aparece na capa de “Madcap Laughs” era a namorada dele na época) num apartamento e lhe passar bolachas por baixo da porta era coisa de doido mesmo. Aparecer no palco com a cabeça cheia com uma pasta de comprimidos é coisa de maluco mesmo. Ficar tocando uma nota apenas na guitarra, então, isso é coisa de doente mental.
Mas Roger Keith Barrett não era maluco, maluco eram eles. E sabiam disso. Tanto sabiam que continuaram a usar as idéias digamos pouco ortodoxas de Syd em um monte de discos que seguiram a saída dele. "The Dark Side Of The Moon", segundo Waters e Gilmour era uma homenagem a ele, pois "apenas os lunáticos podem enxergar o lado escuro da lua". Lunático? Syd era lunático? Claro que não. Chamar Syd Barrett de lunático é o mesmo que chamar Freud, Schopenhauer, Da Vinci, Einstein também de lunáticos.
Um sujeito que pegou o Rock e disse: "Ok, vamos à lavanderia!". Que pegou as experiências sonoras de John Cage (outro lunático?), colocou uma pitada de musica erudita, um quilo de Rock'n'Roll, bateu num liquidificador mental e transformou essa pasta num belo e florido Elefante Efervescente. Um elefante que esmagou os conceitos sobre música para sempre. Não era um maluco, nem doido, nem doente mental. Era um gênio. E a história da musica deverá ser escrita no futuro da seguinte forma: AB/DB, ou seja, Antes de Barrett e Depois de Barrett.
PEDIDOS: http://abarata.com.br/livros.asp?secao=L®istro=1
É fato que o território infinito da internet permite tudo. E muito desse tudo se perde ou foge da atenção dos interessados, dada a efemeridade e o envelhecimento precoce do que é bom ou ruim publicado em blogues, sites e afins. A rotatividade é alta e veloz. E a tela reluzente do computador ainda não substituiu a milenar folha de papel com palavras impressas nela. Ideias, papel e tinta. Assim, para nossa felicidade, ainda não há nada mais moderno e avançado do que reunir ideias em um livro. Syd Barrett Não Mora Mais Aqui prova a que veio, e garante a eternização de ideias que a internet até já faz, mas não da maneira mais simples e, o que é melhor (depois da visão) ao alcance do tato e do olfato.
ResponderExcluirO mentor da maior banda de rock da História, herói de quem aprendeu a pensar muito além dos riffs de guitarra, de fato, não mora mais aqui -- até acho que ele nunca morou mesmo --, porém, deixou aberta a porta que dá acesso a uma parte do vasto material publicado no blogue do Barata Cichetto. E não é pouca coisa. O prolífico e inquieto escritor tem material para mais algumas continuações.
O livro concede ao leitor a oportunidade de analisar os muitos enfoques a que o rock se permite, contudo, sem cair no lugar comum das matérias rabo preso que abundam por aí. O autor, bastante conhecido por suas posições politicamente incorretas, e já calejado das pedradas que recebeu, recebe e receberá, não teme em expor seus pontos de vista, tampouco em ferir sentimentos de fãs empedernidos da banda A, B, C, enfim. Não há nada mais sacal que aturar choradeira de fã radical, seja ele do Metallica, do Raul Seixas, do U2, do Morrissey ou do Led Zeppelin, só para ficar nestes exemplos. Nossos heróis são (ou foram) gente como a gente, só que, noves fora as devidas exceções, com mais dinheiro.
Em "Syd Barrett...", Barata Cichetto reuniu uma série de matérias sobre seus pontos de vista a respeito de temas ligados ao rock e seus personagens, divulgados em seu blogue e no site Whiplash!, e, salvo engano, em outros veículos. Uma das características das matérias está na diminuição da altura do pedestal de alguns astros do rock, além do desnudamento e exposição pública de seus desvios, fraquezas e contradições. Todavia, esses desacertos de caráter, resultantes, sobretudo, da adulação a que esses astros foram (e são) submetidos, pouco ou nada reduz a qualidade de suas obras, Cichetto apenas tentar dar-lhes o tamanho e a forma, digamos, mais realistas. E, quem não gostar, que morda a própria orelha.
Outro aspecto igualmente interessante, está no fato do autor trazer à luz nomes que os holofotes da grande mídia ignora. Bandas veteranas, como a Patrulha do Espaço e Made In Brazil, além de nomes infelizmente relegados ao underground musical, todavia, possuidores de trabalhos que deixam bandinha da moda no chinelo, como a Carro Bomba, Tublues e Psychothic Eyes.
Por fim, com perdão do clichê, é leitura obrigatória para quem gosta e precisa saber que o rock é muito mais -- ou muito menos -- do que parece. E já fica devendo o volume dois.
Obrigado, meu caro amigo, pela presença constante comentando aqui no blogue. Numa era em que tudo parece estranho e confuso, quando as pessoas parecer apenas externar opiniões de forma alucinada e apenas se puderem aparecer ao seus pares em redes sociais, é cada vez mais raro comentários nos blogues. E obrigado, sempre, por adquirir e indicar meus livros. Ainda sou muito teimoso e acredito na forma impressa como literatura de verdade...
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