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27/07/2015

Barata Sem Eira Nem Beira - Programa 15

Barata Sem Eira Nem Beira - Programa 15
27/07/2015


Temas de Fundo: Alpha III - Missa Lounge II
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Duduca e Dalvan - Massa Falida

Poesia: Barata - Deserto (Tema de Fundo: Alpha III - 05. Oraculus)
Celio Balona - Tema de Batman
Fabio - Lindo Sonho Delirante
Loyce e os Gnomos - Era Uma Nota de 50 Cruzeiros (1969)

Texto: Pessoal Intransferível - Torquato Neto
(Gilberto Gil - Todo Dia é Dia D)
John Larkin (Scatman John) - The Misfits
Miles Davis - John McLaughlin
The Who - Sparks

Poesia: Barata - A Maldição do Tempo
Black Sabbath - N.I.B
Paul McCartney - Band on the Run
Uriah Heep - Lady in Black (Live)

Barata: Sub-Versões - Cum Mortuis in Língua Mortua
Pepeu Gomes - Linda Cross
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Massa Falida
Duduca e Dalvan

Eu confesso já estou cansado de ser enganado com tanto cinismo
Não sou parte integrante do crime e o próprio regime nos leva ao abismo
Se alcançamos as margens do incerto foram as decretos da incompetência
Falam tanto sem nada de novo e levam o povo a grande falência!

Não aborte os seus ideais
No ventre da covardia
Vá a luta empunhando a verdade
Que a liberdade não é utopia!

Os camuflados e samaritanos nos estão levando a fatalidade
Ignorando o holocausto da fome, tirando do homem a prioridade
O operário do lucro expoente e a parte excedente não lhe é revertida
Se aderirmos aos jogos políticos seremos síndicos da massa falida!

Não aborte os seus ideais...

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Deserto
(A partir de uma conversa com Joanna Franko, no domingo 5 de Julho)
Barata Cichetto

Feito um deserto, crio poesia dura e seca. Da pedra à areia, da areia ao pó, e do pó ao nada. E  do nada crio tudo. Poesia do nada, poesia de tudo. Ao meu redor enxergo apenas poeira e escuridão. Das minhas noites geladas aos meus dias escaldantes. Nunca fui mar, mentem sobre mim, sempre desértico e inóspito. E meus ventos sopram em direção aos seus cabelos e na areia me faço amar. Deserto. Sou decerto. Poesia não rima com hipocrisia, menti sobre isso, também. Não estou morto, mas absorto do que sou: um deserto, árido e insolente, perturbador e insólito. Ser vivo. Ser. Apenas ser. Estar ou ter é uma condição humana. Desertos não conhecem essa condição. Sou deserto, portanto. Infértil,  mas nunca servil. Sou senhor de mim e de minhas mazelas, senhor das moscas e tempestades de areia. Mudo, surdo e insepulto. Um limite, um grito na garganta... Cheia de areia. Grito? Ou não grito. Sou Cristo e sou Judas, Buda, Maomé e o caralho. Sou deserto, esqueceram? O primeiro a chorar, o penúltimo a esquecer e o ultimo a morrer. Deserto. É certo que sou. Atacama ou Saara, meu nome nem sei. É apenas Deserto. Por certo. Incerto apenas meu futuro, tão certo quanto sou deserto. É tão distante o mar que chego a enjoar. Só de pensar. O mar e suas sereias de mentira, seus bêbados de uísque e seus poetas preguiçosos e ricos. Odeio poetas e odeio preguiçosos. A mim não odeio, pois não sou poeta nem preguiçoso. Sou rico. Rico de mim, rico em vastidão, rico em luxuria, rico em imensidão. Que mantenham o mar longe de mim, com suas águas imundas de urina e esperma. Sou areia, sou seco, sou duro, sou tempestade. Deserto! É certo!

06/07/2015

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Pessoal Intransferível
Torquato Neto.

“Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada nos bolsos e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso.

Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, ?herdeiro? da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus.

E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão (14/09/ 1971 – 3a feira).”

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