Luiz Carlos Cichetto
Sorrateiramente espreito por portas trancadas, e nelas encontro também tristezas identificadas, com documentos, certidão de nascimento, titulo de eleitor. Elas têm rostos, mas não têm mais faces, o que as tornam identificáveis, mas não verdadeiras. Tem identidades, mas perderam a identidade. São vitimas de mim? Ou são meus carrascos? Refaço os meus passos todos até a porta, olho para trás e as pegadas estão lá: são mesmo minhas. Atrás dessas portas trancadas não há mais nada a não ser rancor, inveja e desrespeito. Entreguei-lhes a chave da porta, e eles trocaram o segredo. Chamaram um chaveiro ladrão para ajudar. Trocaram segredos com o chaveiro, e as portas não podem mais ser abertas. E agora começa a chover. Fico na chuva, do lado de fora da porta que abri que abri num muro cerrado. Lá dentro não há mais lugar para mim. Estão muito ocupados com seus jogos e planos. Identifico cada rosto daqueles. Conheço a cada um, mas naqueles rostos há apenas... Indiferença. Triste, quero sair andando, sem olhar para trás. Mas não há aonde ir. Todas as rotas de fuga também estão trancadas. Espreito. Estreito.
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