Barata Cichetto
Um dia eu também fui um crente. Acreditei em todos os tipos de deuses; dos de barro aos de louça, dos de madeira aos de plástico; dos feitos de cristal aos de metal; afinal, eu era um crente total. Um dia acreditei em todos os tipos de deusas; das de carne às de papel, das de pano às de plástico; das de celuloide às de fantasia; e até mesmo nas que tinham forma virtual ou intelectual.; afinal era um amante imortal Acreditei em deuses e deusas de todos os nomes, de todas cores, de todos os tipos; de todas raças, de todas as culturas, e de todas estaturas. E tinha crença na noite e no dia, no pão e no circo, e em amores e eternidade também; e muito além, no a quem e no amém, afinal eu era um crente, e crentes apenas acreditam no que não têm. Um dia eu fui de todos, a todos e por todos esses deuses e deusas; e fui a tanta igreja, a tanto puteiro, tanto cinema e a tanto bar, que já nem sabia mais onde eu tinha que estar. E de católico a cafetão, de protestante a ladrão, de apostólico a patrão, e de caótico a traficante, fui tanta coisa, que nem sabia mais quem eu tinha que ser. E foram tantas crenças, tanta certeza, tanta esperteza, tantas palavras, e tantas juras, que nenhuma fé eu poderia deixar de ter, e nenhuma verdade poderia desconhecer. De poeta dos deuses a profeta das deusas, fui apenas um pateta, ateu, que prometeu o fogo, e no jogo se fodeu. E fui acreditando em deusas e deuses de tantas religiões, legiões, cores e úteros, que a única forma desses deuses e deusas continuarem a existir era eu deixar de acreditar em suas existências. Ou eles continuavam a existir ou eu. E talvez hoje esses deuses e deusas sejam crentes em mim, e talvez ainda continuem a existir dentro da crença de alguém.
25/10/2018
25/10/2018
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