Barata Cichetto
O desejo das feras e a bela morte vestida de cetim.
Uma coisa intensa, metamorfose, desespero e solidão,
E eu tenho medo das sombras, mas não da escuridão.
Há tanto em mim quanto em Raul o pensamento,
Que existir sem ser, é ser apenas o esquecimento.
E que não importa o que lhe aponta na rua o sinal,
Porque sempre a sentença termina com ponto final.
Há uma ideia em mim, em Raul e em outros tantos,
Que reis podem ser belos, mas nunca serão santos.
Acreditar que posso ser rei sem ter sua majestade,
E que falta de luz não é a desculpa da tempestade.
Há tanto do Diabo em Raul e tanto de Raul na deidade,
Que nem sei quando eu morri, e nem sei a minha idade.
Estamos dentro do caldeirão do Diabo e não somos um,
Queimando no inferno gelado enxergando céu nenhum.
Há tanto de Messias em mim, em Raul e em qualquer,
E penso que não é seu senhor apenas quem não quiser.
Somos cavalos calados sem nomes, nem endereço fixos,
Contentes em sermos verbos transformados por sufixos.
Há tanto de mim em Raul que creio ser um egoísta,
Acreditando que posso ser bom sem ser comunista.
E que somos palhaços incendiando lixo na madrugada,
Com a certeza de que o fim é apenas o começo do nada.
21/08/2019
(Poema lido no Gyroscopio 69, de 01/09/2019)
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