Barata Cichetto
Ela disse que eu era Lispector com um pau,
E respondi: "Ah, mas eu nem sou tão mau."
E se eu fosse eu, disse eu, jamais seria ela:
Eu estaria morto e não pulando pela janela.
Clarice, disse àquela poeta cruel e amarga,
Era vício, cigarro mortal que não se apaga.
A poeta morreu, e foi apenas há um instante,
E se eu fosse eu, eu seria um livro na estante.
Ah, clara Clarice, dos estreitos olhos sem cor,
Serei eu sendo eu, até mesmo quando não for.
Ah, minha rainha imortal de olhares tristes,
Trago em minhas mãos o doce que pedistes.
E eu, poeta menor, de joelhos diante de Clarice,
Insisto no caminho errado dos coelhos de Alice.
Em frente de espelhos, ainda tento em vão chorar,
Pensando que a morte não pode mais me esperar.
19/11/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados.
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