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13/03/2020

Novecentos e Noventa e Nove

Novecentos e Noventa e Nove
Barata Cichetto



Ontem calculei o final da minha saga, feito um conquistador,
Que nada além de desertos e de desgraças foi o despertador.
Termino aos sessenta o que comecei aos quinze sem piedade,
Concluindo que em mim existe algo muito além da maldade.

Carreguei quase mil, nas costas magras de um quase aborto,
E foram tantos poemas que pelo peso me sinto quase morto.
Novecentos e noventa e nove é um bom número para se parar,
E em dois mil e dezenove, nada mais da poesia tenho a esperar.

Aos meus filhos, que esperam de mim que eu seja esquecido,
Digo apenas que fui sem ser, e também fui sem nunca ter ido,
E também às megeras que dela se fartaram sem matar sua fome,
Apenas falo, porque falo é meu pinto e nunca foi o meu nome.

Sem eira nem beira pode um homem, mesmo um poeta, viver,
Mas sem esperança, neste mundo, nada pode ousar sobreviver.
E não espero que leiam o que foi escrito, ou que vivam por mim
Pois eu vivi outras vidas e agora todas elas chegaram ao seu fim.

28/04/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

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