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10/02/2016

Rainha de Paus

E já que acabou o Carnaval, já que acabou tanta coisa, incluindo meu sono... Há uns quatro dias. Bem, já que acabou, que fique acabado. Sem acabamento, sem juramento, sem mais momento. Nem sentimento. E já que acabou o Carnaval, e fantasia foi rasgada, desnudemos nossas fantasias. Já usei fantasia de herói, mas agora isso me dói. Corrói. Destrói. E se o Carnaval acabou, pode retirar a fantasia. E tudo que começa acaba, a tudo há um fim. Até mesmo o fim tem um fim. Mesmo. Há caminhos que precisam ser trilhados, não olhe para trás. A vergonha que não lhe cabe é sinônimo da hipocrisia plena que permeou sua existência, mesquinha e mundana. E se tudo acaba, acabou meu cigarro, e agora nem tenho fumaça para filosofar. Acabou. Já era. Então espanco essas teclas e fico pensando, escorado na escuridão dessa maldita madrugada que teima em não acabar. Ainda demora para abrir a padaria. Ainda demora para ficar? Onde? Então... Quando sair, deixe a porta trancada, que assim ninguém entra mais. "É proibida a entrada de pessoas não autorizadas", diz a tabuleta. Ah, tem tabuletas demais no mundo. Na mureta, tem tabuleta. Em qualquer lugar tem tabuleta. Até na buceta tem tabuleta. E, como disse Pessoa, um dia não haverá mais tabuletas, nem prédios, nem muros, nem nada onde colocar tabuletas. Nem mundo onde colocar. Não haverá eu, não haverá ninguém. Por enquanto só não há sono, não há cigarros... E nem buceta! Então, disse o poeta: não acredite em sonhos. E outro respondeu: dane-se! Mas se o que começou, e eram quatro ou cinco, fora o um, sobra agora só minha metade. Achei que era momento, mas era história. Achei que era desengano, mas estava enganado. Achei que era fraqueza, e enfraqueci, deixei minhas forças. E superei meus medos perante os covardes, silenciei minha ira em nome daquilo que acreditei ser verdadeiro, mas que era, como tudo, mentira. Não há verdade, decerto. Achei que era remédio, mas era outra ferida. Achei que era prazer, mas era dor. Achei que era... Mas não foi. Agora só me resta esperar a padaria abrir para comprar cigarros. E quem sabe tomar uma bem quente. Não escrevo diários, nem guardo demônios dentro do meu armário. Minha vida está na minha poesia, na minha fala alto e em tudo o que faço. Sou o pior dos seres sobre a face da Terra: sou aquele que tem por birra acreditar sozinho. Sou sim, um filho da puta. Que nem o outro e o outro... E o outro e o mais outro. Não me chame de filho da puta, sou seu irmão, disse. E completo: não me chame de filho da puta do mesmo jeito que chamas aqueles que ama. Não, não chame de nada. Ou melhor, me chame de "nada". E não fui eu quem queimou o computador, portanto não precisa bater na minha porta, nem pedir perdão. Não há perdão, apenas prisão. Daqui a pouco a padaria abre e ai vou ser feliz. Tem Cynar, tem cigarros... Então o que posso querer mais da vida? Além de fazer poesia com minha desgraça? Não, não sou um desgraçado. Nem engraçado. Apenas uma barata que não virou Kafka. Espanco as paredes, acordo os gatos e mijo nos retratos. Tem filme pornô passando na madrugada. Na TV a cabo. Agora me acabo... De desgosto. Mas por gosto, antes de agosto estarei curado... Ou morto. Que diferença faz? Aliás, falando em diferença, não há diferença entre o que chamam de morte e o que chamam de amor, que não é, enfim, como disse Schopenhauer. Se há uma compensação da morte é a dor. Então, por cima dos ombros, apenas meus escombros. Material de demolição. Há crueldade profunda nos atos. Nos fatos. Nos olhos. Na bunda. Agora, pago o preço da minha confiança. Esperança? A ocasião pode não fazer o ladrão, mas faz a puta. E se o ser humano é história, se seu caráter é medido pela sua história... É melhor contar outra, que aquelas desnudaram. E a monstruosidade ficou nua. E tinha a bunda enorme e gostosa. Era um monstro de bunda grande e gostosa. Quente. E se era de um, de dois ou cem, ninguém sabia quem. E de ninguém. Em troca do esperma engolido, tive que engoliu veneno. Sem vomitar. Agora escarro com gosto, a cinza do cigarro. E eu, que já morei no Inferno, que verti sangue feito um vampiro inverso, agora derramo á água do café e lavo a louça sem vontade. Dou uma cagada e deixo a bosta ali, flutuando. Meu mundo está naquela merda que não deixei descer pelo vaso. Bato uma punheta e depois espero o dia amanhecer. Deve ter alguma puta perambulando pelas ruas a essas horas da madrugada... Ah, mas deve estar bêbada e não gosto de foder com bêbadas. Bêbadas só querem dar o cu. As drogadas também. Nas madrugadas monstruosas feito esta. Entre fugas e retornos, ficaram as rugas e os cornos. Me chame de maldito, me chame de perverso. Escuter meu verso. Inverso. Há culpa no cartório e não fui eu. Há muitos filhos da puta no mundo. É só escolher outro. Escolha bem. Ou não. Que importa? São todos filhos da puta mesmo... E o que importa é jorrar num gozo. Gostoso. Pastoso. Ninguém pode ensinar o que não conhece do prazer. Aliás, muito prazer. Em conhecer. Agora que conheço, estou de partida. Façam silêncio! Psiu! A rainha dorme. Inconsciente. E não há consciência que a faça acordar. Sono eterno. Sono das justas. Causas. Estás despedida, Rainha. Por justa causa. E eu, que sou juiz e réu numa causa perdida, decreto a minha própria sentença. Prisão perpétua por falta da pena de morte. Crime cruel o meu. Confesso! Há um séquito na porta. Retirem suas senhas, senhores. E senhoras. Pouco importa, que a Rainha deseja gozar. Com a dor alheia. O Reino Encantado, dos príncipes desencantados está devastado. O príncipe foi traído e o rei comeu o peão num jogo de xadrez maldito. Tudo é jogo. A rainha sempre ganha. Perde o peão, perde o bispo, perde o rei. Quem chegou, comeu. O que importa é que a Rainha goze. O tabuleiro está montado. Tudo é um jogo na terra da Rainha. E perde quem não joga. E o maldito relógio não funciona direito. Ainda demora... Quero fumar. Enquanto quem dorme não se lembra da dor... Alheia. Não há verdades nesse mundo, apenas mentiras contadas e recontadas com o esmero e segurança. Há mentira na bondade e verdade na maldade. Eu já morri tanto que nem faço mais mortalha nem compro sapatos novos para meu enterro. Vou pelado e descalço. E não há verdade refletida no espelho do teto motel, é tudo ilusão. A beleza é uma mentira. Há tanta beleza no mundo, que não sei mais em que espelho olhar. Mijei na esquina e fotografei meu pau mijando. O que há de mal (ou de mau) em foder por cima? Ainda por cima... Nada mal, nada de mal, nada de anormal. Anormal é ser normal. Foder com animal? Depende do sexo: se o sexo for bom, foda! A Rainha de Paus... Nunca de Espadas. De Ouro? Nem de Tolo. A Rainha se deu mal. Durante o Carnaval. Etc. e tal. A liberdade é uma faca. De dois gumes. Amolada. Nos dentes. Cuidado, ela pode cortar. Sua língua. É hora de a padaria abrir. Vou comprar cigarros e quem sabe mais alguma coisa no caminho. Tem muita coisa em meu caminho que eu não conheço. Mudou meu endereço, e o numero do meu telefone. Não ligue a cobrar. Não tenho crédito. Nem débito. Mudaram o ponto do ônibus, não espero mais ninguém no ponto. Nem na vírgula. A cópia da chave está na geladeira, junto com meu caralho. E no freezer meu coração. Não há mais o que dizer, não há mais o que pensar. As crianças estão esperando para recuperar o tempo dos pais. Então, entre o pânico e o pinico, enfie a cabeça na privada e enxergue sua bosta. Depois aperte a descarga. Direito. Para que não reste nada de ninguém. Não há desculpas, apenas culpas. Acredite: foi bom foder. Então... Foda-se!
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30/01/2016

Limites

Limites
    Para R.

Barata Cichetto   
(Registrado no Escritório de Direitos Autorais - Reprodução e Cópia Vetadas)


Eu estou sempre no limite de fúria e tesão
A dinamite e orgasmo na mesma explosão
Sempre a beira de um precipício imaginário
Ou ao centro de um orifício extraordinário.

Estou sempre a perigo correndo risco mortal
Não há nenhuma satisfação que me seja total
Cordas prendendo as minhas pernas e braços
E não sei a diferença entre porradas e abraços.

Não me sigas que me perco, se perca de mim
Procure o meu começo e encontre o meu fim
E o que agora eu amo, odeio em um segundo
Sem saber sobre o buraco em que me afundo.

Seguro nas mãos uma arma contra a cabeça
A minha ou de quem quer que me apareça
E se me arrasto ou me queixo da tua rejeição
É pelo resto do que deixo para a tua refeição.

Pinto o teu retrato das cores que te enxergo
E depois o apago como os olhos de um cego
Busco minha morte sem planos e por impulso
E arranco as cordas que prendem o meu pulso.

Céu e Inferno são minhas vizinhas fronteiras
Deuses e demônios guardam as suas porteiras
E numa guerra eterna travada dentro de mim
O mal e o bem transam sobre a relva carmim.

É certo que agora te use, errado que te acuse
E que das tuas carnes tenras eu coma e abuse
Pois há em mim a mesma tirania das crianças
Que punem aos adultos com doces esperanças.

Suporte meus acessos de ira e ataques de fúria
Que suporto teus excessos e palavras de injuria
E se não tolero comigo nenhuma frustração
Morro agora, mas não aceito tua contradição.

Receba meu afeto surdo até perder os sentidos
Aceite minhas culpas, desculpas e desmentidos
E entenda meus receios contra tudo o que vive
Pois em mim nada há e nada de fato sobrevive.

Preciso sossegar meu coração, afagar minh'alma
Mas onde anda o que preciso por minha calma?
E se deito e me masturbo buscando meu prazer
Apenas encontro a dor e o horror do desprazer.

Há buracos em mim e os preencho de vazio
Depois encho de cacos de ti e a sacos esvazio
E enquanto esperas que passe minha tormenta
Trago tempestades que da tua fome se alimenta.

Amarre meus pés e me aperte nos teus braços
Guarde-me na carteira, e junte meus pedaços
Escutes a meus gritos antes de chegar até a porta
Bebas de tudo de mim quando abrir a comporta.

E fiques longe de mim, que não quero estar a sós
Permaneça distante de si, desapareça diante de nós
Afasta-te daquilo que te mutila, corte-me a corda
Que estarei dormindo do jeito que não se acorda.

Manipule-me e te manipulo, chupe e te chupo
Mas não me desculpes, porque eu não te culpo
E se nas tuas fantasias brutas, bebes o meu mijo
Saibas que te saciarei com prazer, dor e regozijo.

Arrasta-te a meus pés e te chuto o rosto imundo
E por impulso te abandono só por um segundo
Mas se julgares a mim por meu caráter impulsivo
É certo que te tratarei feito a um inseto repulsivo.

Mas não temas, que mal algum lhe posso fazer
Pois tenho em minha bolsa um quilo de prazer
E se nas minhas carnes finas deixares teus dentes
Saberei que é paixão o que por mim ainda sentes.

12/10/2015

27/01/2016

Prefácio ao Livro "Manual do Adultério Moderno", Por Jorge Bandeira

Pervertidos de Todo o Mundo, Uni-vos!
Jorge Bandeira
 

Um Manual do Adultério Moderno com todas as características de obra inacabada, como se a gozada fosse interrompida no ápice da foda. A explicação seria biológica e não literária, pois as manifestações corporais tem limite, ao contrário das invenções e inovações de cunho litero-poético, e neste libelo pornográfico existe uma confraria de hereges e profanos de não mais se esgotar no tempo e no espaço, vitimados pelo maravilho fluxo de consciência de Luiz Carlos Barata Cichetto. Sade está tocando uma punheta no túmulo agora. São informações sexuais estapafúrdias, mas estranhamente possíveis, pois as neuroses humanas são infindáveis, são dinâmicas e o que é melhor, não são como as teias falsas da política: são todas verdadeiras e sem titubeios, não há rabo preso aqui, tudo se fode e é fodido. Um vodu da putaria desregrada, um ritual linguístico onde a língua penetra em todos os buracos do corpo humano, de animais, plantas e o caralho que exista em toda a imaginação planetária. Vômito e substâncias em profusão. São jatos aleatórios que se agrupam dentro de uma lógica sexual, ou um caos erótico, exorcismo sádico engendrado pelo poder de uma palavra criatura, palavra criada pela cabeça pensante e antenada de Luis Carlos Barata Cichetto, o representante oficial do Marquês de Sade para o Século XXI. O resto são migalhas que Barata rejeita neste mundo de escapadas ao convencional ululante, como diria outro pervertido odiado, o senhor Nelson Rodrigues. E haja putaria, pois a putaria é como um manifesto subterrâneo da alma humana que está aprisionada em todos e todas, ninguém assume, mas todos querem ou fazem na primeira oportunidade das madrugadas, nas fugas da vigília alheia. Homo Putaes Sapiens e não se fala mais nisso. O que é engraçado nisso tudo, apesar da seriedade do tema em questão, é que Barata também é sinônimo de Buceta (vide o dicionário do palavrão do Glauco Matoso!). A chave para se entender esta literatura, este ensaio sincero de um homem que tem a música e os livros em sua imensa cabeça de glande, ops, grande pensador contemporâneo é ativar no ato da leitura estes comandos que são fragmentados por pontos como se fossem um coito de cada vez, o que por si só já mataria qualquer um de exaustão sexual, uma overdose de sexo, com frases ditas como ejaculações e fluidos sexuais que nos desafiariam ao limite de nosso corpo. Prepare seu Viagra homens, batam muita siririca, mulheres, gays e lésbicas deleitem-se com o banquete de prazeres incontidos, e tudo isso com as bênçãos do Papa Francisco. Eis o que seria este livro de comilanças escrito pelo Barata. São frases diretas, citações de livros e músicas, tudo isso mapeado e colocado em nota de pontapé, com todo cuidado, pois aqui se pode ler até de camisinha para não se fuder mais adiante, ao longo de suas páginas, pois a pica do Kid Bengala ainda vive! O risco ao se ler também é evidente, o leitor trava uma batalha com seus impulsos mais recendidos, no universo destas palavras-nervo, uma nervura de corpo esponjoso como uma piroca que vai crescendo a cada página que se vira, em cada sofreguidão que o corpo e a cabeça absorvem do que está ali impresso para sempre. A nervura da mente não mente, despeja suas paranoias infindáveis, são como aqueles antigos filmes de putaria chamuscados pelo tempo e que agora o computador retrabalha para ficarem colorizados, vívidos, como se a putaria avançasse neste momento a cada um dos leitores, feito um jogo paciente de montar um quebra-cabeça da pica e da buceta, onde o último pedaço, a derradeira fatia que seria o gozo essencial, é deixado de lado, pois a foda não se completa tão facilmente por aqui. Ponto. As músicas viram orgias e zoofilias, elas estão aqui a serviço da putaria, espasmos se foram descomprimidos pelo Barata, imagine a cena como se o culhão do Robert Plant sem cueca espocasse a calça apertada num show do Led Zeppelin enquanto ele canta Stairway to Heaven e o Page aloprava naquele inesquecível solo de guitarra. É isso que é o Manual do Adultério Moderno, uma literatura onde nada se esconde, tudo, explicitamente, é mostrado ao leitor. Não aprecie com moderação. Viagre-se até explodir sua pica ou escancare a buceta e o cu até não mais aguentar de prazer. Tudo aqui está a serviço da putaria, dos fantasmas de pau duro, das bucetas incendiárias, dos cus piscantes de todo mundo, nesta confraria de Rabelais, nas galas ejaculadas de Pasolini assassinado, nas perversões lindas de Pauline Reage (História de O), nas confissões de Gaetane (História do I), este é um libelo de toda literatura erótica e pornográfica que você, leitor e leitora, já ousaram ler e fazer. Tente fazer algo do que estas páginas indicam e serás feliz, ou pelo menos vai ter um prazer, e prazer e gozo é o que há neste mundo fudido e mal pago. A gente aqui é fudido, mas goza junto. O sêmen da alucinação carrega pensamentos que se encontram e desencontram ao longo desta obra, numa espécie de urgência literária, de alguém que ou fode ou se fode. E ainda bem que o senhor Barata deu um basta nisso, ninguém pode fugir do sexo, ele é elemento perigoso e de utilidade pública, como as putas que equilibram a vida social, afinal, todo cristão tem tesão. Aqui toda a palavra foi possuída e nem me venha com exorcismo da palavra, deixe o Ç ir tomando no cu porque ele gosta. Deixe a letra A assim mesmo, bem aberta para levar vara. Deixe o B parecer estas tetas que você sente vontade de apertar. O alfabeto que forma este texto do senhor Barata é esta putaria mesmo. É como se o Zé Celso, bem velho agora, tivesse o último pedido atendido pelo gênio da lâmpada e fosse enrabar o dicionarista Antônio Houaiss. Isso é este livro. Eis a compulsão da palavra. As palavras também são estupradas, e elas gostam de fuder e de serem fudidas por aqui. Aqui o Rio Negro vira uma foda amazônica, Alice no País das Maravilhas vira Alice Cooper depois de experimentar o cogumelo da lagarta azul ou o chá de ayahuasca servido pelo Chapeleiro Louco de nome Syd Barrett. Eu não sei mais nem o que dizer depois de ler tudo isso numa cusparada só, vou para por aqui e tentar comer alguém, ou ser comido. Como diria o saudoso poeta pornográfico Marcileudo Barros: das coisas mais santas e sagradas deste mundo, eu gosto mesmo é de fuder.
    Jorge Bandeira
    Manaus, Setembro de 2015