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27/09/2017

Bolo de Tolo

Sou tolo. Até que me provem o contrário. Ou o contrário do contrário. Sou um tolo. Por acreditar na inocência das mulheres. Por acreditar no sentido de palavras que não tem. Por acreditar em palavras de mulheres. Ou simplesmente em palavras. Ou ainda simplesmente em mulheres. Sou um tolo. Idiota que pensa. Que pensa que não é idiota. Uma cenoura pendurada em frente a meu focinho e ando o dia inteiro, sem nunca perceber que jamais poderei alcançar. A tolice é parte de mim. Como a cor dos meus olhos e dos meus cabelos. E não confundam tolice com ingenuidade. Ingênuos nem sempre são tolos. E tolos nem sempre são ingênuos. Há sempre tolice na ingenuidade, no entanto. Sou um tolo, por direito, não por decreto. Um tonto que acredita nas cenouras que apodrecem e nunca serão alcançadas. E nunca percebe que elas apodrecem. E as palavras são como cenouras que apodreceram e eu não percebo. Fazer poesia é diferente que fazer um bolo de cenouras. Um bolo é algo util. Mas a poesia é o bolo do tolo. Que não come. Não sei fazer bolos. Sou tolo. Apenas trabalhar. E escrever. E escrever por trabalho. E trabalhar por paixão. A paixão pelo trabalho, pela escrita, pelo que podem produzir minha cabeça e minhas mãos fazem de mim um tolo eterno. Então fico aqui serrando e lixando palavras feito um marceneiro tolo. Pregando pregos em palavras, cimentando rimas, sedimentando sentidos e sentimentos tolos. Tolos. Tolos. Sou mesmo um tolo. Jamais deixarei de ser. Ninguém acredita o quanto sou. E às vezes me iludo que não sou. Mas sou. Adoçam-me a boca. Tiram o açúcar. Me deixam sem nada. Perdas e danos. Herança de tolos. Não há herança aos tolos. E cobram mais e mais e quanto mais dou, mais querem. E o tolo dá tudo. Menos a cenoura pendurada em seu focinho. O cabresto da tolice é foda. Não enxerga o tolo um centímetro adiante de seu nariz de cavalo. E "não se mata cavalo?" Cavalos de patas quebradas são inúteis. Não servem pra nada. São tolos. Acaba assim, como apenas um tolo terminaria um texto.

27/09/2017

25/09/2017

Vaca Profana

Lembra de mim? Eu não. Não lembro de mim. Lembro de ti. E de quanto era bom. Lembrar de existir. Lembro bem de ti. Do teu melado escorrendo pelas minhas pernas. Sentada no meu pau. E lembro de mim, sim. Te colocando de quatro na cama. E chupando teu cu. Segurando teus peitos enormes. Que desafiavam a Lei da Gravidade. Lembro que queria engravidar. De mim. Lembro daquilo que me pedia. E lembro que fedia. Quando gozava. E peidava. Lembro dos gemidos. Temidos. Grunhidos. Latidos. Uivos. Loba criança. Menina. Lembro do cheiro. Da tua buceta. Lembro que me pedia. Mais. Que me mordia. Demais. Que sabia. Menos. Mais ou menos. Jamais. Lembro que não era mais ou menos. Era mais. Demais. Jamais. Que era pequena. Que era grande. A tua bunda. Que era puta. Que era lésbica. Era tudo o que queria. E eu era sempre o teu querer. E eu queria. Te foder. Te bater. Te comer. Eu era um tolo. E queria teu bolo. Enfeitado de sangue. Coração triturado. Desamado padrão. Podre. Poeta. Nobre. Pobre. E era rico. Quando te via. Sentada no pinico. A mijar. Sangue. Tua calcinha enterrada na bunda. Uniforme de vagabunda. Tetas. Short de nylon. Chinelos de couro. Ouro nos olhos. Gozo instantâneo. De quatro. Chupava meu pau. E a eletricidade acabou na casa. E eu, brincando de eletricista. Lhe dei um choque. E mordeu meu rosto. Com gosto. Depois passou os dedos. Lambeu meu sangue. E soube de meus segredos. E eu e meus medos. Tinha todos. Os que podia. E com meus medos. Te fodia. E queria. Foder mais. Era amante. Concubina do diabo. Fugida da igreja. Nascida na desgraça. Congregada. Desejo do Cão. Manteiga com pão. Saudades do não. De te foder no chão. No carpete. Queimar meu joelho. Te foder no espelho. Quebrar o encanto. Ah, que pranto é esse agora? Por que chora? Morta? Enterrada? Cremada? Gorda? Jogada? Pelada? Pirada? Drogada? Que nada! Não existe mais nada. A não ser a maldita poesia. Que insiste. Resiste. Em riste. Feito meu pau. Que fode. Que pode. E que explode. Quando chega. Ao fim. E numa manhã de segunda sem feira. Bato punheta pensando em tua buceta. Amarga. Com gosto de giro. E de quebra. Toda a angustia torta. Te pensando morta. Em pé na porta. Da solidão. Lembro dos teus pedidos. Dos gemidos. Fremidos. Lembro de me mandar embora. A tal hora. E chorar pela volta. Na hora tal. E tal senhora. Besuntar de óleo de amêndoas. Doces. Comida baiana. Na feira de artesanato. Da Praia. Grande. Enorme. Demais. Ir a feira. Com sacola e chinelos havaianas azuis. Comprar brócolis. Alface. Repolho. Sob o olho esperto e desejoso. Do feirante. Que te queria feito fruta. Na sua banca. Que a queria feito puta. Na sua cama. E eu sabia. Que não era nem puta. Nem freira. Nem Maria. Nem Rita. Era vadia. Escrava. Senhoria. E sabia. Que tinha desejo. Por teu pai. E eu por teu espírito. Era um santo. No teu altar. Profano. Humano. Demais. E penso que o Inferno. Não é um lugar. Onde possas estar. E nos outros. Não pode passar. Olho as cicatrizes dos teus cigarros nas minhas pernas e costas. E pergunto se ainda gostas. De maltratar. Sade. Sadista. Maloqueira. A beira. Da linha. E não há mais trem de carga. Na tua ferrovia. Não ande na linha. Ouça Johnny Cash. Não sabe? Percebe. Recebe. Há um pote de ouro no fim do teu arco-íris. E na tua íris cor de mel. Lentes de contato que te dei. Já que não podia te dar olhos. Nem visão. Nem vistas ao mar. Nem televisão. Canivetes ao mar. Calcinha lambuzada de porra alheia. E ali alheia. A mim. E a minha vontade. De te matar. Cortar tua garganta. Servir na janta. Aos cachorros da rua. Depois uivar para a Lua. Cheia de malícia. De quem chama a Polícia. O pai. Ou o Pai. Ninguém poderia te salvar. Nem eu. Nem ninguém. E eu. Um eterno desajeitado. Rejeitado. Nem sabia o que era esporrar. Mesmo assim esporrei. Na tua cara. E a minha tara. Era te fuder. Na frente da outra. De outras. De outros. De todos. Com quem pudesse fuder. Fudida. Querida. Ferida sangrando. Numa segunda. Sem feira. Nem feirantes. Sem amantes. Sem brilho. Só o Sol. Idiota. Teimando aquecer. E eu. Idiota. Tentando esquecer.

25/09/2017

21/09/2017

Nem São Nem Salvo

Sobrevivi. Nem são nem salvo. Nem tão são. Nem tão salvo. Nem sujo nem alvo. Nem cabeludo nem calvo. Sobrevivi. Alvo! De balas. Doces. De festim. Alvo! De denúncias. De renúncias. De pronúncias. Dei três tiros na cara da morte. E sobrevivi. Por sorte.  E não há mais nada a ser feito. Aproveito. Em proveito próprio. Do conceito. De misericórdia. Misantropia. Entropia. Distopia. Há mais porcos que chiqueiros. Admirável. Mundo. Novo. Bravo mundo novo. Bravo! Escravo. Da dor. E da agonia. Bravo mundo. Alvo mundo. Salvo mundo. Cada uma no seu dia. E todas no mesmo minuto. Mas é fato. Que sobrevivi. Sem saber de fato. Se vivi.

20/09/2017

18/09/2017

O Menino Que Matou o Homem

O Menino Que Matou o Homem
Barata Cichetto
 
Quero ser lido. Ser tido. Como ídolo. Ter ido. Ter sido. Temido. (Tímido). Não ter medos. Ter segredos. Quero ser visto. Como perigo. Às famílias. Um perigo. Constante. Inconstante. Por um instante. Que seja. Por um mutante. Que enseja. Amante. De cerveja. Quero ser lido. Agora. Por uma senhora. De salto. E um senhor. Alto. Do alto do meu ser. E saber. Saber das coisas. Que não sei. Se são. Ser são. São Barata. Aos que não são.  Nem serão. Santos. Nem putos. Nem brutos. Dos lutos. De bruços. Na cama. De bunda pra cima. Em cima de si. Só sendo. Quero continuar sendo. O que sou. O que fui. E ser o que ainda serei. Nunca o homem que matou o menino. Mas o menino que matou o homem. Com um estilingue. Com forquilha de galho de árvore. E uma pedra. Que nem era de Drummond. Nem de nenhum Andrade. Quero ser o que fui. Mas que é apenas o que será. Quero ser lido. Feito qualquer escritor. De filme americano. Morar numa cabana. Feito qualquer personagem. Ser a imagem. E semelhança. De uma criança. Com espírito de ancião. Assim não. Ser mais que sou. Menos que fui. Igual ao que serei. Quero ser lido. Quero ser tido. Como inimigo. Publico numero um. Dois. Três. O tarado do quarteirão. O malvado de plantão. O alvo das críticas. Dos críticos. E dos políticos. Ser noticia de jornal. Estar da televisão. Às oito da noite. Antes da novela. Depois do pastor. E antes do padre. De colarinho. E do outro de gravata. Quero vender palavras. Sem querer troco. Vender caro. Ao caro amigo. Barato. Ao inimigo. Alugar verbos. Advérbios. Comprar sentenças inteiras. Apenas para trocar de adjetivo. Ou de objetivo. Vender a alma. Ou trocar por calma. Quero ser belo. Ter um pau de dez polegadas. Comer a Delegada. A Advogada. E a Empregada. Quero ser pai. E mãe. De tudo que eu criar. Criar até passarinho. E galinha em terreiro. Quero ser guerreiro. Inteiro. Guerrilheiro. Atirar pedras em placas de trânsito. Dar tiros em estudantes de segundo grau. Subir outro degrau. Na escala de evolução humana. E de dois em dois. Subir a escada para o Céu. Heaven and Hell. And réu. Do tribunal. De Justiça Celestial. Ser Juiz. Ser Luiz. Quero caminhar. Ao contrário. Beber na fonte. Derrubar a ponte. Comer meretriz. A imperatriz. A embaixatriz. Sou Luiz. Aprendiz. De feiticeiro. De justiceiro. Carniceiro. De arruaceiro. De cachaceiro. De carpinteiro. Pedreiro. Faceiro. Quero ser lido. Metido. Fluído. E tido. Como perigoso. Glorioso. Gostoso. Incestuoso. Maldoso. Melindroso. Quero se poeta. Profeta. Esteta. Pai da estética. E da esquelética. Morfética. Antiética. Poesia. Escrever em jornal. Comer coxinha. Mortadela. Pão com manteiga. E arrotar presunto. Na cara do punk. Do repórter. De terno. Ser eterno. Quero foder. Poder. Empoderar. O imponderável. Quero ser mito. Acredito. Quero ser Cristo. Duvido. Quero ser Belial. Belo e tal. O Mal. Encarnado. O Bem. Encantado. Ser. Ser. Ser. Quero crescer. Quero ser lido. Quero ter. Ter. Ter. Meter. Não apenas. Escrever. Sobre o ser. E ser apenas o escrito. Ser proscrito. Com a conta bancária lotada. Andar de carro. Na estrada cheia de pedágios. Pagar as contas com cartão ouro. De tolo. O vento no rosto. Motocicletas. Carros. Seres. Quero ser visto. Quisto. Um cisto. No ovário. No calvário. Sudário. Guardar no armário. A carteira de identidade. Armar a liberdade. Com balas de festim. Festejar o Dia da Padroeira. E do Padrão. Ser patrão. Patrono. Ter um trono. Com adorno. De serpentes. E cachos de uvas. Mandar as chuvas. Molhar as vulvas. De viúvas. Ser rei. Serei. Da tempestade. E do tempo. Em tempo. De ser. Elevado. A categoria de imortal. Da Academia. Busto de metal. Na Praça da Republica. Nome de rua. No centro da cidade. Avenida. Na periferia. Viaduto em estrada. Nome de estância hidromineral. Escritor fulano de tal. De tal e qual. Vate de filme. Com ciúme da vaidade. Vaiado em festival. Rei do Carnaval. Dono de canavial. Quero ser escritor. Criador. Deus. Qualquer um. Dos seus. Escrever dedicatória. Em página de rosto. Ter o gosto. Nascer em Agosto. Morrer em Julho. Ter orgulho. De ser. Sal. Pimenta.  Cagar no prato. Que comi. Cagar regra. De três. Para seis. Trocar seis. Por uma dúzia. E meia. Andar de meia no chão de terra. Declarar guerra. Com a Terra. Mandar leitor tomar no cu. E assinar contrato. Com editora de grife. Multinacional. Ser internacional. Universal. Ter meu reino. Ser um deus. Para ateus. E judeus. E quero ser lido. Polido. Tido. Como intelectual. Mostrar meu pau. No sarau. Sujeito legal. E coisa e tal. E por fim perguntar. O que há de mal. Em ser lido?

18/09/2017

14/09/2017

Sofismas de Sofia

Ontem transei com a Sofia. Fi-lo porque queria. E tanto queria que tive um orgasmo. De filosofia. E de poesia. Gozei muito. Gozamos. Porque quisemos. Porque fizemos. Poesia. E Filosofia. Eu e Sofia. Sofia e eu. Fiz amor com Sofia. E ela queria. E porquê quis. Então fiz. Poesia. Com Sofia. Mas a Filosofia era o que eu queria. Mas Sofia nem sabia. O que era Poesia. E eu nem sabia. Quem era Sofia.
11/09/2017