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26/12/2019

As Próprias Custas

As Próprias Custas
Barata Cichetto




Qual o preço do metro do seu desespero,
E quanto custa um quilo do seu tempero?
O pesar e medir, réguas e balanças injustas,
E ainda quero saber o valor das tuas custas.

Quanto é a multa por atraso de pagamento,
E a mora e juros a pagar pelo sofrimento?
Cobrar e jurar, quanto custa a justiça afinal,
E o preço da passagem até meu destino final?

18/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

22/12/2019

Sobre Fomes e Nomes

Sobre Fomes e Nomes
Barata Cichetto



1  -
Ultimamente tenho sentido muita fome:
A voracidade daquele que nunca come.
É uma gana imensa que ainda não tem nome,
Então dou a minha esganação teu sobrenome.

2  -
Tem horas que eu me sinto tão imenso,
Que escrevo o sobrenome por extenso,
Mas em outras me sinto tão minúsculo,
Que nem o nome eu escrevo maiúsculo.

19/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

20/12/2019

Quadro Vivo

Quadro Vivo
Barata Cichetto


Pintura (Látex Sobre Papel Paraná) 2016 - Barata Cichetto

Eu queria desenhar a tua silhueta à mão,
Teus contornos finos com lápis ou carvão.
Queria ser artista, te moldar em escultura,
E retirar da pedra a tua mais fiel estrutura.

Queria saber te desenhar, imperfeita e invulgar,
Com as cores mais puras que pudesse enxergar.
Rabiscar tuas mãos magras e tuas veias salientes,
E tuas coxas estreitas fazer de telas permanentes.

Queria ser um artista, te pintar nua sobre a relva,
A boca bucólica e o olhar ferino que mira a selva,
Moldar com as mãos nuas teus seios e contornos,
E desenhar as linhas finas de todos teus entornos.

Queria mesmo ser artista, quem sabe até trovador,
E te descrever com tintas quentes de um sonhador.
Fazer-te musa e quadro vivo na parede do meu solar,
E em todas as noites ter a tua imagem a me consolar.

18/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

19/12/2019

Queria Saber Chover

Queria Saber Chover
Barata Cichetto



Há tempos que eu não consigo chorar,
Não é por machismo ou não saber orar.
Deixei minhas lágrimas em sua sepultura,
E no caixão de Isaura decretei a ditadura.

Há tempos não choro e o rir é muito pouco,
Que penso que sou apenas um pobre louco.
Lágrimas transformo em rancor, o ódio destilo,
E a tristeza é apenas a parte boa do meu estilo.

Há tempos não morro, há um ano a última vez,
E nem é tanto, pois antes morria uma por mês.
Chego a invejar a quem chora lágrimas sinceras,
Enquanto árido eu ainda espero por outras eras.

Nem a morte é tão forte que me torne pranto,
E nem a sorte e a falta quebram meu encanto.
Ao menos de alegria eu queria poder derramar,
Mas em tempos de chuva, não se entra no mar.

Se há tempestades nos teus olhos de princesa,
Nos meus há apenas areia, deserto e a tristeza.
Eu queria chover, e quem me dera ainda poder,
Mas na minha aridez, sofro seco sem entender.

Seca agora minha boca e na língua nem saliva,
Então penso nas lágrimas que te mantém viva.
Queria saber chorar, quem sabe quando morrer,
Eu chore de mim, de tanta pena por não sofrer.

19/12/2019
©Luiz Carlos Cichetto - Direitos Autorais Reservados

18/12/2019

Pessoas e Deuses

Pessoas e Deuses
Barata Cichetto



Ontem, caminhando numa avenida movimentada no centro de Araraquara, com minha barba e cabelos quase todos brancos e longos, cruzo com uma senhora de cerca de uns 80 anos. Ao passar por mim, ela diz algo que não entendo. Paro e pergunto à idosa: "O que a senhora disse?". E ela: "Eu disse pra mim mesma: eu sabia que Jesus voltaria. E agora estou vendo." E deu um gostoso sorriso. Fiquei uns segundos longos olhando para ela, querendo falar alguma coisa. Nesse tempo um milhão de coisas me passou na cabeça. "Sou ateu. Tenho quase o dobro da idade de Cristo quando morreu. Muito obrigado. A senhora é simpática. Ah, eu não sou não, estou mais pra demônio que pra santo." Foram algumas delas. Mas apenas lhe sorri e continuamos, cada um em sua direção, nossa caminhada. Eu nunca a tinha visto, e possivelmente jamais a verei. Ela não sabia quem eu era, e eu muito menos que é ela. É claro que a senhora não é doida, não me confundiu com nenhum Jesus, mas sua atitude simpática e sorridente me associando a alguém que para ela deve ser o símbolo máximo de bondade, paz e justiça, me fez perceber que, acima de quaisquer dogmas, quaisquer crenças, e seja lá o que nos desune, sempre haverá pessoas capazes de nos atribuir, pela própria bondade, um sentimento bom, mesmo que não tenhamos. Então, é Natal... E eu continuo como ateu. Não há deuses, existem pessoas.

18/12/2019